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ORSER Jr., C.E. A teoria de rede e a Arqueologia da História Modema. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, Suplemento 3: 87-101, 1999.
centrando suas atenções na noção de rede social. na Arqueologia Histórica. Os arqueológos que es
Radcliffe-Brown (1940: 3) escreveu que todo indi tudam o colonialismo posterior a Colombo têm
víduo era parte de “uma imensa rede de relações incorporado paradigmas culturalistas graças à apa
sociais, na qual estavam envolvidas várias outras rente capacidade que tais paradigmas têm de ex
pessoas”, e Lesser (1961: 42) argumentou que os plicar a transferência de uma cultura de um lugar
grupos humanos estavam “inextrincavelmente en para outro. De acordo com essa perspectiva, James
volvidos com outros agregados, próximos e distan Deetz, um reconhecido profissional da área, tem
tes, em associações que se assemelham a redes ou concedido a essa perspectiva um lugar de proemi-
teias”. Ao longo desse período, outros cientistas so nência no aparato interpretativo da Arqueologia
ciais adotaram o conceito de teia social para desen Histórica. Conseqüentemente, para ele, uma “pai
volver uma explícita “análise de rede social” Na sagem cultural” é “aquela parte do terreno que é
Antropologia, J. A. Bames (1954) e J. C. Mitchell modificada de acordo com um grupo de planos
(1974) foram pioneiros no desenvolvimento de tais culturais” (Deetz 1990: 2). Dentro dessa compreen
abordagens, e, hoje, um campo francamente aberto são, paisagens construídas pelo homem parecem
à análise de rede social existe tanto na Antropologia ser como são por causa da cultura. As pessoas dão
quanto na Sociologia (Wasserman e Faust 1994). forma a suas paisagens materiais de acordo com o
Mais recentemente, o antropólogo Michael Carri- que as toma confortáveis para elas. Em situações
thers (1992:11) tem usado o termo mutualismo para coloniais, então, a transferência da cultura, de uma
se referir à idéia de que as relações sociais são “o parte do mundo para outra, tem sido interpretada,
material básico da vida humana” literalmente, a partir de uma perspectiva que pro
Seguindo a trilha aberta pelo estudo pioneiro põe que: “Na extremidade meridional do continen
de Bames (1954), no qual esse autor estuda as re te africano, tem-se um pequeno pedaço da Inglater
des sociais criadas e em atividade em uma peque ra” (Deetz 1990: 1). Dado que os homens e as mu
na vila pesqueira norueguesa, um número de pes lheres que viajam pelo globo carregam consigo
quisadores refinou e ampliou a idéia de rede soci suas culturas, tem sentido o fato de que tais pesso
al, tentando descobrir: como redes operam; como as construirão meio-ambientes que se encaixem
redes são construídas; como homens e mulheres - com seus modelos cognitivos, de acordo com o
assim como outros grupos sociais coletivos - pro que elas compreendem como certo e errado. Des
duzem e reproduzem os elos que os unem. Pesqui sa maneira, a perspectiva culturalista explica, a
sas posteriores têm mostrado, por exemplo, que partir da comparação com uma rede, por que exis
tais ligações podem incluir uma ampla variedade tem estruturas similares em diferentes partes do
de fatores: laços de família, lealdades e percep mundo. O Fort Orange (Forte Orange), no estado
ções de classe, percepcções ambientais, estratégi de Nova Iorque, por exemplo, assemelha-se à For
as econômicas, relações de poder e percepções cog taleza de Santa Cruz do Itamaracá, no nordeste do
nitivas (Knole e Kuklinski 1982:15; Schweizer 1997; Brasil, pois foi a Coroa holandesa que construiu
Wolf 1982, 1984). ambas as fortificações. Os construtores e engenheiros
Uma das implicações de se adotar uma pers de ambos os fortes, obviamente, erigiram estrutu
pectiva de rede é que ela permite ao investigador ras que, de acordo com suas compreensões cultu
atenuar os misteriosos efeitos da cultura. Em um rais, representavam apropriadamente um lugar for
ponto de vista puramente “culturalista”, os indiví tificado. Outra maneira de dizer isso é que os cons
duos fazem coisas por causa de sua cultura. A cul trutores dos fortes, com efeito, viviam sob uma
tura parece flutuar por sobre eles como uma nu influência difusa de sua cultura; um fato que os
vem etérea, invisível ainda que presente, ineluta- objetos materiais por eles construídos parecem re
velmente exercendo seu poder por sobre tudo o que fletir extremamente bem.
as pessoas fazem. A perspectiva culturalista ajuda A concepção culturalista da paisagem cultu
a explicar, por exemplo, como os colonizadores po ral parece fazer bastante sentido e muitos estudio
dem mover-se de uma parte a outra do mundo e criar sos da Arqueologia Histórica têm usado esse mo
uma imagem de sua terra natal, em um diferente delo em suas pesquisas {vide, por exemplo, os ar
meio ambiente. tigos em Kelso e Most 1990, e Yamin e Metheny
Explicações culturalistas têm sido particular 1996). Muitos arqueólogos, treinados na tradição
mente dominantes na Arqueologia, especialmente antropológica, sentem-se à vontade em usar a cul-
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tura como a explicação final para compreender as isto “simbolizava a terra natal da Alemanha, da
maneiras através das quais o mundo funciona. O qual eles foram forçados a fugir” (De Cunzo et al.
meio ambiente construído, como quase todo o res 1996:111). Enquanto que nenhum arqueólogo, des
to, reflete a cultura. Essa conclusão é, talvez, em considerando o interesse particular de cada um, é
alguma medida, adequada, mas será suficiente? desatento èm relação à mudança diacrônica, a pers
Mesmo Deetz (1991: 8) disse que a Arqueologia pectiva culturalista, por outra parte, toma possí
Histórica deveria com freqüência refutar a Espada vel, e até fácil, aceitar algum grau de sincronicida-
de Occam,1querendo dizer, é claro, que a explica de. Os alemães criaram uma pequena Alemanha na
ção mais simples pode não ser sempre a melhor. Tal Pennsylvania, como que parada no tempo. Esta
é o caso com a explicação culturalista. afirmação é, em alguma medida, verdadeira. Entre
A opção culturalista tem, sem dúvida, encon tanto, de maneira geral, é difícil modelar interna
trado uma audiência atenta entre vários profissio mente a mudança cultural de uma paisagem, quan
nais da Arqueologia Histórica, mas ela apresenta do ela, como um todo, é vista como uma criação cul
dois problemas que não podem ser ignorados. Em tural.
primeiro lugar, tal opção incorpora uma vaga no Uma abordagem de rede rejeita de maneira
ção de cultura, dando-lhe poder explicativo. Mui franca a posição culturalista e propõe, em seu lugar,
tos arqueólogos são, sem dúvida, acadêmicos cuida que paisagens sejam compreendidas como criações
dosos, mas a opção culturalista toma muito fácil conscientes, baseadas não estritamente na cultura
concluir uma investigação de maneira simplista, mas nas interações e associações de agentes mas
por meio de uma “explicação” culturalista do tipo: culinos e femininos. As associações e relações de
“Sua cultura fez com que eles fizessem isso”. Em um indivíduo são criações conscientes que estão
outras palavras, o ponto de vista culturalista propõe livres para mudar de acordo com a situação. Em se
explicações e interpretações por demais simplistas tratando de um lugar físico, material, ao invés de
para dar conta, por exemplo, de situações históri uma paisagem cultural - um espaço criado pelos
cas extremamente complexas. A apresentação de caprichos da cultura - , a abordagem de rede en
interpretações simplistas não contribui para a pro tende que as criações físicas, materiais, requerem,
fissão arqueológica, especialmente em uma época para que se as compreenda, um íntimo conheci
na qual os financiamentos para projetos arqueoló mento do tempo e do espaço. Para que tal conhe
gicos correm o risco de serem reduzidos ou de de cimento seja construído, deve-se levar em consi
saparecerem por completo. A segunda deficiência deração duas dimensões interconexas, as estrutu
da perspectiva culturalista é que ela tende a des ras sócio-históricas e sócio-ambientais. Essas es
prezar ou mesmo esconder relações sociais truturas são compostas de relações “ser humano
mutáveis, históricas, criando nesse vazio pinturas para com ser humano” e “ser humano para com
aparentemente sincrónicas do passado. Dessa ma meio ambiente”. Se quisermos, podemos nos refe
neira, um culturalista pode pretender que uma pai rir a essas estruturas como culturais, mas apenas
sagem construída pelo homem represente um dis de uma forma denominativa; o uso de “cultura” nes
tintivo cultural, enquanto, de fato, tal paisagem re se exemplo, entretanto, não tem qualquer finali
pousa por muitos anos como que congelada no tem dade e potencialidade explicativas.
po. Da mesma maneira, quando os membros da
sociedade utópica Harmony Society criaram sua
“paisagem cultural” em Economy, Pennsylvania, Análises de rede no passado da Arqueologia
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Hodder e Orton 1976; Kent 1984; Zimmerman 1977). O uso sensivelmente datado que Clarke faz
Tem emergido desses estudos, assim como daque das estruturas totalizadoras dos níveis micro (den
les desenvolvidos por acadêmicos de outros cam tro das estruturas) e macro (entre sítios) pode ser
pos, a noção de que o lugar onde as coisas não desculpado, mas sua compreensão básica é, de for
estão é tão importante como aquele onde elas estão. ma geral, coerente com a abordagem de rede que
Embora os arqueólogos, necessariamente, centrem defendo. Clarke explicitamente compreendeu a
suas escavações nos lugares singulares onde as diferença entre “Arquelogia espacial” - como uma
atividades do passado ocorreram - onde as coisas tentativa de compreender a relevância de lugares
estão - eles também compreendem a importância e espaços - e uma Arqueologia de assentamento -
do lugar onde as coisas não estão. Um exemplo compreendida como uma Arqueologia que estuda
clássico pode ser encontrado na Esfera de Interação lugares com vida humana. Uma Arqueologia que
Hopewell, um modelo que propõe que os indiví busque compreender as redes do passado tem mui
duos das comunidades pré-históricas do Meio- tas similaridades com a Arqueologia espacial de
Oeste dos Estados Unidos (de aproximadamente Clarke, com a exceção de que a minha abordagem
100 a.C. a 300-350 d.C.) desenvolveram atividades dá muito mais ênfase à teoria social de rede, um
econômicas em uma série de extensas redes. As assunto não tão bem formulado vinte anos atrás
redes em operação incluíam manifestações intra- como é hoje. Embora Clarke não tenha feito ne
locais e interlocais, intra-regionais e inter-regio- nhum uso detalhado da teoria de rede, mesmo
nais, e mesmo manifestações trans-regionais, que, quando ela foi então formulada (Haggett e Chorley
eventualmente, ligavam sítios separados entre si 1969), ele, entretanto, tinha um surpreendente in
por centenas de quilômetros (Struever 1964; Strue- teresse em compreender as redes na pesquisa ar
ver e Houart 1972). Esse modelo foi criado para queológica (Clarke 1968: 469-72).
dar uma explicação para a presença de artefatos Exemplos que mostrem a importância das re
similares, que foram encontrados separados entre des sociais nas análises da Arqueologia Histórica
si por grandes distâncias. Entretanto, os criadores não são predominantes, mas eles de fato existem
desse modelo tinham uma compreensão intuitiva (Orser 1998b). Dois estudos derivados de pesqui
de que tais objetos se moviam através do espaço sas recentes em Annapolis, Maryland, demonstram
com o propósito de que fossem depositados no isso (Shackel, Mullins e Warner 1998). No pri
lugar onde eles foram encontrados. Em outras pa meiro exemplo, Mark Warner (1998) investiga
lavras, com o propósito de alcançar seu lugar de duas casas habitadas por famílias afro-americanas,
repouso definitivo, os artefatos tinham, necessari no final do século XIX e começo do XX. Exami
amente, de ter ocupado uma série de diferentes nando a posição social e sua identificação com os
posições ao longo de sua rota. artefatos - um tópico recorrente em Arqueologia
A necessidade que os arqueólogos têm de en Histórica - Warner observa que as comunidades
tender as interligações entre espaço e lugar foi afro-americanas não representavam uma comuni
percebida, de maneira explícita, alguns anos atrás, dade monolítica. Ao contrário, os moradores da
por David Clarke (1977b), que descreveu o que comunidade pareciam fazer escolhas conscientes
ele denominou “Arqueologia espacial” Como ele a partir do que lhes era cobrado socialmente e do
a definiu, Arqueologia espacial é: que era significativo de acordo com a situação. Os
“(...) a retirada de informação das rela indivíduos, nessa perspectiva, tomam certas atitu
ções arqueológicas espaciais e o estudo das des dentro de suas comunidades, não porque suas
conseqüências espaciais dos padrões de ativi culturas façam-nos agir dessa maneira, mas por
dade dos antigos hominídios dentro e entre que algumas oportunidades determinadas pela si
estruturas, assim como as articulações de tais tuação se apresentaram a eles naquele momento.
informações, dentro dos sítios, dos sistemas Warner usa o consumo de chá como um exemplo,
de sítio e dos seus meio ambientes: o estudo mostrando como alguns afro-americanos, de ma
do fluxo e integração de atividades dentro e neira consciente, assimilaram o hábito de beber chá
entre as estruturas e os espaços de recurso a como uma estratégia para produzir benefícios so
partir de uma escala micro para escalas semi ciais diretos. Homens e mulheres bebiam chá, não
micro e macro de agregação” (Clarke 1977: 9; porque beber chá fosse alguma espécie de marca
ênfase do autor). cultural, mas porque seu consumo promovia e man
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fácil conceituar a ação das relações de poder entre tas em ação e mantidas dentro de uma complexa
indivíduos, podemos também observar, de nosso teia de interação.
posto avançado de observação no século XX - em Relações sociais, relações de poder e a cons
vista da destruição de diversas comunidades de trução de ideologias são importantes tópicos ar
seres vivos - que o poder é também exercido pelos queológicos, pois cada um deles sempre está asso
seres humanos sobre comunidades animais e ve ciado a um lugar particular e a um certo tempo his
getais (Mander 1996). Conseqüentemente, tanto tórico. Dada a natureza da pesquisa arqueológica,
em relações “ser humano para com ser humano” as manifestações históricas de tais relações podem
como “ser humano para com meio ambiente”, de ser avaliadas através do tempo. Porém, antes que
vemos aceitar a afirmação de Foucault de que “o possamos levar a termo tais estudos diacrônicos,
espaço é fundamental em qualquer exercício de devemos definir um método e uma terminologia
poder” (Rabinow 1984: 252). Onde existe espaço, para compreender as características sincrónicas das
particularmente em um contexto capitalista, exis próprias análises de rede. Tais análises de rede,
te também poder. Assim, a conduta própria do ca teoricamente modeladas, devem ter relações pro
pitalismo é, necessariamente, tanto uma busca por fundas com as realidades sociais e históricas do
espaço quanto um empreendimento social e eco contexto a ser investigado.
nômico (Scott 1998; Sheppard e Barnes 1990). Como um primeiro passo, podemos dizer que
Ao se introduzir as relações de poder, surge, os lugares onde se dá expressão às ligações so
necessariamente, a questão da ideologia. A ideolo ciais são “lugares”, enquanto que a distância entre
gia tem sido, e muito provavelmente continuará esses lugares são “espaços” Em linguagem de
sendo, um tópico acaloradamente debatido pelos rede, lugares são nós ou vértices, enquanto espaços
estudiosos. Para o propósito deste artigo - dado são elos ou limites. Lugares e espaços podem ser
que não é minha intenção levantar uma longa dis tanto entidades efetivas, físicas - jardins de palá
cussão a respeito da ideologia - será suficiente cios, estradas, casas - como podem ser estruturas
utilizar a compreensão clássica de ideologia, como cognitivas - laços de família, associações de clu
algo que serve tanto para representar de maneira be, e muitos outros. Em ambos os casos, os luga
equivocada quanto para esconder as diversas rela res definidos pelo homem e os espaços “espacial
ções entre homens e mulheres, compreendidos seja mente” representados, tem-se uma paisagem sócio-
individual ou coletivamente. Ao invés de consti física conscientemente criada. A espacialidade,
tuir uma força imutável exercida por uma classe conseqüentemente, não é um fenômeno que ocorre
sobre outra, os analistas mais sofisticados imagi naturalmente, ou um lugar onde uma cultura vive.
nam que as ideologias estão constantemente sen Pelo contrário, é uma “objetividade constituída,
do redefinidas, tanto de acordo com o contexto his uma realidade 'viva’” (Soja 1989: 79). A espaciali
tórico quanto de acordo com a localização, pelos dade é, finalmente, “a respeito da ordenação das
reais atores históricos. Muitos acadêmicos, hoje, relações entre as pessoas”, em um espaço e em um
também aceitam que ideologias não são criadas lugar (Hillier e Hanson 1984: 2).
unicamente pelas elites sociais, preferindo, em con A espacialidade pode ser a expressão da ideo
trapartida, argumentar que toda unidade social é logia impressa na superfície da terra, mostrando
livre para construir e promover suas próprias ideo que os humanos “não são tão conscientes de si mes
logias. Dada esta realidade, é pertinente considerar mos quanto conscientes de si e para além de si”
as características e as conseqüências do choque de (Carrithers 1992: 60). O que isso significa é que a
ideologias dentro de uma sociedade. Para os estu construção das paisagens modernas é uma função
diosos da Arqueologia Histórica, esse choque, usu das redes de relação que as pessoas mantêm tanto
almente, ocorre dentro de uma sociedade capita entre si mesmas quanto com o meio ambiente que
lista, ou em situações onde o capitalismo está sen as circunda. Ao construir estas paisagens, homens
do introduzido e ativamente promovido, esteja sen e mulheres não são apenas agentes de sua cultura,
do aceito ou sofrendo resistência (Orser 1996:160- eles são conscientes de si e para além de si. Homens
78). Desta maneira, compreender o choque de ideo e mulheres criam relações sociais e ambientais,
logias historicamente construídas em contextos ca dentro de uma complexa série de redes interliga
pitalistas, necessariamente incorpora algum conhe das, cada uma das quais com um significado histó
cimento de como relações de poder são criadas, pos rico específico. Por isso, somada à idéia de que es
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tradas antigas e vias de transporte eram “laços que coletar dados em extensas regiões, pois tal coleta
uniam” (Hassig 1991), podemos também dizer que tomaria vários anos de pesquisa. Como um exem
ligações sociais representadas por estradas também plo, o estudo de Struever da Esfera de Interação
unem homens e mulheres entre si. Os laços soci Hopewell, citado acima, só foi possível depois de
ais e os elos físicos trabalham em conjunto. ter sido precedido por, pelo menos, duas décadas
de um sério trabalho arqueológico. Os arqueólogos
têm sempre deparado com problemas referentes a
Princípios básicos da análise de uma adequada coleta de dados e tal problema tem
rede para a Arqueologia Histórica sérias implicações para análise de rede, mesmo que
tal análise seja conduzida por antropólogos cultu
Acadêmicos de várias disciplinas já há mui rais (Sanjek 1996: 397). O problema se toma mais
tos anos têm dirigido análises de rede, mas os ar grave quando os arqueólogos passam a pensar em
queólogos, em larga medida, têm relutado em se termos transregionais ou globais. O geógrafo Peter
guir os mesmos passos. Embora várias razões pos Haggett (1990: 28) atenua o problema quando ar
sam ser relacionadas para explicar o desinteresse gumenta que o “problema colocado por qualquer
geral dos arqueólogos pela análise de rede - algu assunto que objetiva ser global é simples e imedia
mas das quais seriam, possivelmente, puramente to: a superfície da terra é incomensuravelmente
pessoais - duas, ao menos, surgem imediatamente grande”
à mente. Em primeiro lugar, os arqueólogos que O interesse dos arqueólogos para com uma co
estudam a Pré-História são usualmente relutantes, leta de informação adequada e com a aplicação de
freqüentemente por boas razões, em adotar méto modelos apropriados é, obviamente, importante de
dos de pesquisa e abordagens que tenham sido ori se considerar. Mas, embora essas questões jus
ginalmente desenvolvidos para interpretar cenários tificadamente preocupem os pré-historiadores, elas
modernos. Muitos arqueólogos podem considerar não são de igual importância para o campo da Ar
que as grandes distâncias temporais que usualmen queologia Histórica. A presença do registro escrito,
te separam o objeto de seu estudo do objeto do e de outras fontes de informação oral ou escrita,
modelo enfraqueça, de algum modo, sua apli toma a análise de rede consideravelmente mais in
cabilidade. Por exemplo, alguns arqueólogos são teressante para os estudiosos da Arqueologia His
relutantes em usar informações a respeito do siste tórica. A presença de documentação textual, que
ma ferroviário da Nova Inglaterra do século XIX pode incluir mapas, esboços, plantas e descrições
em seus estudos dos sistemas viários da porção oeste escritas e verbais, pode mesmo diminuir a neces
da antiga América do Sul. Estabelecer a relevância sidade de se levar a termo levantamentos de cam
dessa analogia pode ser extremamente difícil, e os po de larga escala. Todo estudioso da Arqueologia
pré-historiadores, logicamente, estão cientes dos Histórica sabe que o registro escrito não pode ser
problemas envolvidos nesse caso específico. De usado de maneira aerifica - mesmo em contextos
certa maneira, é essa compreensão que leva Clarke onde aspectos materiais são levados em conside
(1977b: 28) a argumentar que “a Arqueologia deve ração. Entretanto, a maioria dos estudiosos con
desenvolver seu próprio campo específico de teoria cordaria que tais materiais podem ser excelentes
espacial” articulando-se, então, com outras disci fontes de informação. Na realidade, a presença de
plinas no exame do uso do espaço. informação textual tem, freqüentemente, sido usa
A segunda razão para que os Arqueólogos te da como uma característica definidora da Arqueo
nham amplamente rejeitado a análise de rede em logia Histórica. Uma das grandes vantagens de se
suas pesquisas, pode ter suas origens em conside usar informação textual e verbal na Arqueologia
rações práticas relacionadas com a coleta de da Histórica é que, onde os pesquisadores têm usado
dos. Posto de maneira simples, a coleta de informa tais informações para construir modelos de ocu
ção mais adequada é, na maioria das vezes, irreal, pação, elas fornecem, freqüentemente, correlações
ou mesmo impossível, quando se tem como preten ponto a ponto entre o modelo e a entidade arqueo
so foco de estudo redes de larga escala (Gorenflo lógica em estudo. Mesmo em casos onde a associ
e Bell 1991: 80). Os arqueólogos, não poucas vezes ação direta não ocorre, é possível, com freqüên
deparando com prazos e financiamentos diminu cia, alguma confiança justificável na aplicabilidade
tos, não podem, habitualmente, dar-se ao luxo de do modelo, graças à similaridade, ao longo do tem
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po, entre o modelo e a unidade de estudo. Desta Um modelo de rede e uma análise multiescalar
maneira, um modelo geográfico de uma ocupação caminham de mãos dadas. No decurso de suas vi
do século XIX, em Maine, baseada em registros das cotidianas, homens e mulheres conduzem suas
escritos e levantamento de campo, pode ser aplica ações ao longo de um número de diferentes escalas
do em um estudo arqueológico de uma ocupação e dentro de um diverso número de redes. Para além
do mesmo século, em Massachusetts. do infinito número de escalas que podem existir
Sem dúvida, as vantagens proporcionadas pela em qualquer entidade social, indivíduos “compre
presença de informação textual dá uma enorme po endem padrões, reconhecem homogeneidade, pla
tencialidade à aplicação da análise de rede na Ar nejam seu futuro e operam na presença de escalas
queologia Histórica. Documentos, cuidadosamente específicas” (Marquardt 1992: 107; vide também
apreciados e avaliados, podem incrementar a vali Marquardt 1985). Uma “escala efetiva”, a partir da
dade e o poder de uma interpretação arqueológica, qual um padrão ou um significado pode ser discer
compreendida em um contexto espacial. Para além nido, existe para cada decisão consciente feita por
desta simples preocupação de caráter prático, en um indivíduo (Crumley 1979: 166).
tretanto, a análise de rede na Arqueologia Históri Ao conduzir uma análise multiescalar aberta,
ca é mesmo mais relevante por fornecer uma fun o pesquisador parte de uma escala efetiva e busca
damentação empírica para questões que interes compreendê-la. Uma vez que tal análise seja satis
sam hoje a muitos antropólogos e arqueólogos: fatoriamente completada, o conhecimento é supera
“contextos estratigráficos, vozes múltiplas e pro do assim que o analista se move em direção a outra
cessos históricos” (Houseman 1997: 753). Neste escala. Este processo é repetido até que o investi
sentido, a aplicação da análise de rede para a Ar gador esteja satisfeito de que todas as possibilida
queologia, e particularmente para a Arqueologia des tenham sido exauridas. Assim, quando um in
Histórica, é oportuna e relevante. vestigador se move de uma escala para outra, toma-
A análise de rede começa com a simples no se, com freqüência, claro que as entidades sociais
ção, citada acima, de que homens e mulheres criam sobre investigação mantêm suas conexões ao lon
e mantêm relacionamentos. Tais redes de interação go do tempo e do espaço. Os estudiosos da Arqueo
ou de associação existem porque indivíduos têm logia Histórica, ao examinarem o mundo modemo,
diversos relacionamentos. Estes relacionamentos devem compreender que os agentes do colonialis
podem tomar a forma de conexões “verticais” e mo, do capitalismo, da globalização e do eurocen-
“horizontais” (Schweizer 1997: 740). Conexões trismo criam elos que trespassam várias escalas efe
verticais são aquelas de caráter hierárquico, rela tivas, tanto sociais quanto físicas.
cionadas com unidades sociais de tamanho cada A análise de rede dá preponderância inicial
vez maior. Conexões horizontais, por outro lado, para pessoas, compreendendo-as como nós, e luga
são aquelas relacionadas com a interligação entre res, compreendendo-os, respectivamente, como os
vários domínios dentro de uma unidade social. elos que conectam tais nós entre si. A análise de
É importante levar em consideração tanto os rede resultante, que indubitavelmente deve ser mul
elos horizontais quanto os verticais, mas um inte tiescalar, pode ser usada para modelar relaciona
resse em elos hierárquicos é de extrema pertinência mentos entre pessoas e pessoas, pessoas e lugares,
para um estudo de Arqueologia Histórica, pois tais lugares e lugares em dimensões tanto sincrônicas
conexões verticais conectam homens e mulheres a quanto diacrônicas.
uma série de redes, do mesmo tipo das que entra Vários conceitos-chave repousam no cerne de
ram em operação em 1492 (e que ainda operam): uma análise de rede formal. Em uma análise de rede
redes inter-regionais, extra-regionais e mesmo social, estes conceitos são, em uma ordem ascen
transnacionais. Dada a natureza dessas conexões, dente: ator, elo de relacionai, díade, tríade, subgrupo,
os estudiosos da Arqueologia Histórica devem grupo, relação e rede social (Wasserman e Faust
adotar, em suas análises, uma abordagem multies- 1994: 17-20). Em uma análise arqueológica, mode
calar. Uma perspectiva multiescalar é também ne lada a partir de uma análise de rede social, os con
cessária para se examinar as conexões horizontais, ceitos analíticos devem ser: sítio, conector, díade,
pois que tais conexões conectam entre si elemen tríade, área, região, relação e rede (vide Tabela 1).
tos políticos, econômicos, sociais, comunicativos, Em uma análise de rede social, os atores são
dentre outros de um corpo social. indivíduos distintos ou unidades sociais que tra-
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gal e o Brasil colonial, ou o reino colonizador da In dições do território de Palmares nos anos de 1670,
glaterra e a África do Sul colonial, eram parte da descreveu-o como “um lugar naturalmente rude,
mesma área ou região por causa de seus elos de liga montanhoso e seco, coberto com toda a variedade
ção. Essa compreensão é completamente distinta da de árvores, conhecidas e desconhecidas” (Drummond
quela proposta pela paisagem cultural, onde o que 1859: 304). A densa floresta e as montanhas ao
conecta áreas umas com as outras são os processos redor ajudaram a criar Palmares, da mesma maneira
cognitivos e culturais impostos pelos colonizadores. que tais características ajudaram a esconder e pro
teger os palmarinos dos exércitos da colônia, que
buscavam invadir o reino a partir da costa. Ao mes
Um breve exemplo mo tempo, o meio ambiente sustentava a popula
ção de Palmares. Documentos históricos deixam
Dados os detalhes requeridos em uma rigoro bastante claro que os habitantes criavam uma va
sa análise de rede multiescalar, muito mais espaço riedade de grãos, pescavam, e domesticavam aves
seria necessário para que se apresentasse, aqui, um selvagens. Usavam a vegetação para construir suas
exemplo completo. Todavia, é ainda importante casas, para confeccionar cestas e erguer suas bar
fornecer um breve exemplo específico demonstran ricadas, assim como se serviam da argila local para
do o potencial interpretativo da análise de rede na produzir cerâmica. É inquestionável que os pal
Arqueologia. Limitações de espaço proíbem um marinos criaram e mantiveram uma rede comple
exemplo completo, por isso meu exemplo será ne xa de relacionamentos com seu meio-ambiente.
cessariamente insuficiente e esquemático. Mas, Uma série de complexas redes sociais e de po
para demonstrar o valor da análise de rede, deter- der contribuíram para manter unido o reino. O rei
me-ei em um exemplo do século XVII: o reino de de Palmares era um homem chamado Ganga Zum
Palmares, no nordeste do Brasil. Como eu já apon ba, e seu irmão, Gana Zona, governava a segunda
tei em outro lugar (Orser 1994b, 1996), Palmares cidade do reino. Uma das cidades era governada
fornece um excelente estudo de caso para uma pelo sobrinho do rei, outra delas era governada por
análise de rede arqueológicamente informada. sua mãe. Zumbi, o último grande rei de Palmares,
Palmares foi um reino construído no atual es era o sobrinho do rei. Sem dúvida, laços de família
tado de Alagoas, no nordeste do Brasil, por um nú e relações de poder - agindo como uma série de día-
mero de escravos fugitivos, por volta do ano 1605. des e tríades interrelacionadas - ajudaram a man
O reino de Portugal destruiu a ocupação em 1694, ter unido o reino, mesmo face a um ataque armado.
mas, em seu acme, supõe-se que Palmares tenha tido Esta complexa série de confederações e relações
por volta de 20.000 habitantes. Em 1992 e 1993, tributárias ajudaram a definir Palmares tanto in
colaborei em um estudo de exploração arqueológi terna quanto externamente (Anderson 1996).
ca em Palmares, com Pedro Paulo A. Funari, e in Seria relativamente fácil argumentar que es
formação adicional a respeito deste esforço de pes tes relacionamentos, naturalmente, constituíam
quisa pode ser encontrada em outras publicações expressões culturais. O que todas as evidências dis
(Funari 1995a, 1995b, 1996a, 1996b; Orser 1992, poníveis indicam é que os palmarinos ocupavam-
1993, 1994a, 1994b, 1998a; Orser e Funari 1992). se com a construção de uma nova cultura no Novo
Palmares foi um reino unificado que visava Mundo. Mas mesmo esta compreensão permite a
resistir à escravidão e à degradação humana. No presença de duas escalas efetivas: as vilas individu
acme de seu desenvolvimento, Palmares era com ais e o reino em si. Apenas quando combinamos
posto por dez vilas singulares: Amaro, Arotirene, uma perspectiva multiescalar com uma abordagem
Tabocas (duas vilas), Zumbi, Aqualtene, Dambra- de rede é que podemos ver outras escalas efetivas.
banga, Subupira, Macaco e Andalaquituche, sen Por exemplo, dentro do reino em si existe uma se
do Macaco o lugar onde vivia o rei (vide Mapa ). vera divisão entre aqueles palmarinos que busca
A pesquisa não está suficientemente avançada para ram conciliação com os portugueses e aqueles que
indicar precisamente como as vilas individuais desejavam uma constante e contínua resistência ar
estavam conectadas entre si. Os registros históri mada. Este conflito foi o que, no final das contas, le
cos, entretanto, mostram claramente que os palma- vou Zumbi a assassinar o rei, seu tio, e a assumir as
rinos mantinham contínuas relações com seu meio- rédeas do reino. De maneira similar, existiu um cis
ambiente. Um observador, que conheceu as con ma entre os colonos portugueses, pois alguns deles,
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ORSER Jr., C.E. A teoria de rede e a Arqueologia da História Moderna. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, Suplemento 3: 87-101, 1999.
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ORSER Jr., C.E. A teoria de rede e a Arqueologia da História Moderna. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, Suplemento 3: 87-101, 1999.
que viviam na fronteira colonial, optaram por apoi ções era um sério obstáculo à expansão colonialista
ar Palmares contra seu próprio governo colonial. holandesa no interior da América do Sul. Supondo
Desta maneira, tanto na região externa à fronteira que os holandeses acreditavam poder arrebatar o Bra
do reino de Palmares quanto em seu interior, várias sil dos portugueses, eles podem ter decidido remo
relações de poder foram constantemente sendo ins ver Palmares em um momento propício. De qual
tituídas e redefinidas. Obviamente, uma compreen quer maneira, se os holandeses eram simplesmente
são plena de Palmares requer mais do que o sim racistas, teria sido óbvio que eles se unissem aos por
ples conhecimento de uma cultura sincrética que tugueses para destruir Palmares e, uma vez que essa
fugitivos e fugitivas construíram entre as palmeiras tarefa fosse concluída, começassem a lutar pelo im
do nordeste do Brasil. Uma compreensão mais com pério, opondo-se a seus antigos aliados europeus.
pleta pode ser obtida ao se adotar um modelo de A história e a cultura de Palmares foi, sem dú
rede explicitamente relacionai (relational). vida, complexa, e serão necessários ainda mais al
Ao incrementar a escala de análise toma-se pos guns anos de pesquisa antes que uma nova e signi
sível que outras questões - que, de outra maneira, ficativa reavaliação possa ser completada. Nossa
não seriam tão obviamente formuladas - sejam fei pesquisa arqueológica inicial tem apenas forneci
tas: Por que os holandeses atacaram Palmares durante do a compreensão mais breve do que é, sem dúvi
os anos em que estiveram no nordeste do Brasil? A da, uma história extremamente profunda e plena
resposta a esta questão pode parecer, à primeira vista, de significados. A aplicação de uma perspectiva
fácil demais de ser encontrada. Caspar Barleus (1923: de rede, entretanto, permite que os arqueólogos
315), um contemporâneo de Palmares, descreveu o façam novas perguntas a respeito de Palmares e
povo que lá vivia como um “grupo de assaltantes e que se aproximem de um velho tópico de uma ma
escravos fugitivos”. Barleus não estava sozinho em neira inteiramente nova.
sua visão de Palmares; muitos dos inimigos coloni
ais dos palmarinos descreviam o reino nos mesmos
termos. Para eles, os homens e as mulheres de Palma Conclusão
res eram simplesmente ladrões que roubavam suas
plantações costeiras. Tendo ciência de tal perspecti A análise de rede abre estimulantes oportuni
va, seria lógico que os colonos holandeses buscas dades para os arqueólogos, especialmente para aque
sem destruir o reino de Palmares. Mas, teria isso, de les que estudam a História Moderna. A presença de
fato, algum sentido, uma vez que compreendemos documentação escrita e de testemunho oral implica
que a Holanda e os portugueses eram, na realidade, que os arqueólogos podem, potencialmente, apren
inimigos mortais em terras brasileiras? Cada super der - de maneiras que não poderiam ser imediata
potência buscava controlar a população e as riquezas mente aparentes a partir dos depósitos arqueológi
nativas dessa parte da América do Sul. Tendo em cos - a respeito das ligações que mantêm ligados
mente o modelo de rede, devemos perguntar porque entre si homens e mulheres. As reais vantagens de
os colonos holandeses, inimigos dos colonos portu se usar a análise de rede, em uma pesquisa de Ar
gueses, não criaram um aliança com Palmares, tam queologia Histórica e a partir de um estudo de larga
bém estes inimigos dos colonos portugueses? O mero escala, devem ainda de ser demonstradas. A análise
ato de fazer tal pergunta leva-nos a outras questões: de rede, quando combinada com uma perspectiva
acaso estavam os holandeses tão apavorados pelas multiescalar, entretanto, permite que os arqueólo
ações dos palmarinos contra outra nação européia que gos tanto façam, como já dito, novas e interessan
buscaram destruí-los em nome de uma solidariedade tes questões, quanto forneçam novas e fundamen
européia? Ou eram os holandeses tão racistas que tais interpretações a respeito do passado.
simplesmente buscaram destruir um grupo de africa
nos renegados? Supondo um modelo de rede, pode
mos imaginar se acaso eram as ligações que os Agradecimentos
palmarinos tinham feito com os nativos da América,
com os colonos portugueses, e entre si mesmos, o Agradeço a Pedro Paulo A. Funari por convi
que de fato ofendia aos holandeses (para maiores dar-me para participar desta reunião e por seu con
detalhes dessas conexões, vide Orser 1994b, 1996: tínuo apoio e colaboração. Agradeço, também, a
41-53). Esta rede multifacetada e interligada de rela Jack Scott por desenhar a gravura.
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ORSER Jr., C.E. A teoria de rede e a Arqueologia da História Moderna. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
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Referências bibliográficas
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