Você está na página 1de 15

ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS

E SOCIOLÓGICOS
UNIDADE 1
O QUE É A ANTROPOLOGIA
RAMIFICAÇÕES E ATRIBUIÇÕES
ENCONTRO DOS EUROPEUS COM
NOVOS POVOS
 Dos primeiros contatos dos europeus
com povos da América e outros
territórios nasceu o interesse pelo outro –
tônica da Antropologia;
 Sensação de estranhamento diante de
novas culturas;
 Desejo de levar a “civilização” a esses
povos.
RAMIFICAÇÕES E ATRIBUIÇÕES DA
ANTROPOLOGIA
 EVOLUCIONISMO SOCIAL:
 A partir de 1830, influenciada pelas ideias
evolucionistas da Biologia, surge o embrião de uma
antropologia evolucionista, na Inglaterra;
 Herbert Spencer – acreditava na escala evolutiva
ascendente – todos os seres humanos em sociedade
passariam por estágios até que evoluíssem;
 Essas ideias foram apropriadas para o estudo do
homem e reforçaram a explicação de que as
sociedades passariam pelos mesmos estágios até
que se alcançassem a “civilização”;
- Durante o século XIX, temos três
representantes do evolucionismo social,
são eles: Lewis Henry Morgan, Edward
Burnett Tylor e James George Frazer.
- Cada um criou a sua teoria dentro do
evolucionismo social.
Escola Sociológica Francesa
 Fundada por Émile Durkheim, no final do século XIX,
essa escola defende que a sociedade é uma realidade
sui generis;
 Caberia a sociologia estudar os ‘fatos sociais’, sendo
que eles agiriam sobre os indivíduos de forma
coercitiva, externa e geral;
 O seu sobrinho, Marcel Mauss (1974, p. 41), deu
continuidade às suas ideias e aprofundou a abordagem
de estudo, pois, para ele, o estudo da sociedade, a
partir de características, poderia elucidar a totalidade
dessa sociedade, chegando, então, ao conceito de “fato
social total”;
- Com isso, por meio do método comparativo,
Mauss estudou a reciprocidade e a troca de
objetos entre pessoas ou grupos sociais
defendendo a dádiva como fundamento da
vida social;
- Esse compromisso é entendido como o
vínculo das almas em que se deve dar um
presente, não se deve recusá-lo e ainda é
preciso retribuí-lo.
Funcionalismo
 Considerado o pai da Antropologia
Britânica, Bronislaw Malinowski (1984)
desenvolveu uma análise por meio do
funcionalismo e afirmava que todas as
partes de uma cultura local desempenham
um papel de funcionamento;
 Logo, o pesquisador teria que fazer um
trabalho de campo intensivo para apreender
todos os detalhes culturais;
- No início, esses detalhes pareceriam arbitrários e sem sentido
– tanto nas práticas da população local, quanto no modo das
pessoas sobreviverem no ambiente local – mas, com a
acumulação de dados anotados durante o tempo em que o
pesquisador permanece em campo, alguns núcleos de sentido
viriam à tona, e o antropólogo seria o mediador dos
significados da sociedade do outro;
- Radcliffe-Brown (2013) se baseia em uma perspectiva
metodológica comparativa, uma vez que ele prefere traçar
comparações entre o povo estudado e outros povos. Seu
objetivo era realizar generalizações sobre a forma estrutural da
sociedade e entender sua continuidade ao longo do tempo.
Culturalismo norte-americano
 Franz Boas se opôs aos métodos dedutivistas das
análises comparativas e defendeu o método da
indução empírica, a fim de não enquadrar os
fenômenos em um conceito que não lhe cabia.
Assim, ele analisou os costumes semelhantes entre
tribos vizinhas, para traçar paralelos considerando o
contexto social na perspectiva histórica e geográfica;
 Preferiu elucidar o conceito de cultura de modo
plural, holístico, integrado, de acordo com regiões
culturais determinadas, para só então estabelecer
leis gerais e generalizações teóricas.
- Ruth Benedict e Margareth Mead
são discípulas de Boas e dão
continuidade aos estudos de culturas
particulares, a partir dos anos 20 nos
Estados Unidos. Esses estudos levam
em consideração a noção de cultura
como transmissão geracional e a
formação da personalidade na relação
entre o indivíduo e o grupo.
Estruturalismo
 Em 1908, Claude Lévi-Strauss nasce em Bruxelas, mas é
em Paris que ele será reconhecido como antropólogo
renomado. Seus estudos buscavam a análise das
estruturas da mente humana, a fim de evidenciar as
estruturas das sociedades como relações constantes,
apesar da diversidade e das diferenças entre elas;
 Assim, por meio das estruturas do inconsciente,
estudadas nos fenômenos conscientes, Lévi-Strauss
(1973) acessaria as leis gerais do pensamento humano e,
nessa estrutura rígida e imutável, desvendada no plano
lógico, estariam articuladas simbolismos e ação social.
ANTROPOLOGIA NAS ÚLTIMAS
DÉCADAS
 Em 1973, Clifford Geertz publica A interpretação das
culturas, fundando a Antropologia Interpretativa nos
Estados Unidos, baseada no paradigma hermenêutico.
Geertz se filiou às ideias de Evans-Pritchard, no que se
referia a questionamento da antropologia como
ciência e na proposição de um caráter mais
interpretativo para a disciplina, aproximando-a de
outras matérias no âmbito das Ciências Humanas;
 Para ele, “a cultura não era mais gramática a ser
desvendada, e sim uma língua a ser traduzida a partir
da cultura do antropólogo para os membros de outras
culturas”;
- O conceito de cultura, em Geertz, terá um caráter semiótico e
será designado como teia de significados constituída pelo
homem, conforme inspiração em Max Weber, o que dá abertura
para estabelecer o seu estudo a partir de uma ciência
interpretativa, na busca por significados, e não necessariamente
por leis que regem a sociedade;
- Nesse sentido, caberia ao antropólogo a prática etnográfica,
realizando uma “descrição densa” (GEERTZ, 2008, p. 13) sobre
a cultura do outro, por meio de escritos em diários, genealogias
entre os indivíduos, mapeamento do campo de modo
sistemático, para compreender o contexto cultural em que ocorre
a ação simbólica;
- Essa interpretação elucidada não é única e também não
reivindica status de verdade absoluta, é apenas uma
afirmação etnográfica sobre sua interpretação das estruturas
de significado socialmente estabelecidas;
- No final do século XX, o antropólogo norte-americano
James Clifford publica A experiência etnográfica, a fim de
pensar sobre a autoridade da produção etnográfica e as
possibilidades de escritura do outro. Com isso, aproxima a
literatura da antropologia e aposta na ideia de que as
etnografias são verdades parciais, afastando-se da noção
totalizante que algumas ramificações da antropologia
pretendiam dar para as etnografias realizadas.
- Marcus Georges escreve com Clifford A escritura
da cultura, em 1986, para evidenciar a relação entre
a antropologia e o colonialismo, questionando sobre
as dimensões políticas e poéticas da etnografia;
- Deste modo, os autores defendem que os modos
narrativos e os recursos retóricos, utilizados pelo
antropólogo na escrita sobre o outro, também
incidem na apresentação desse;
- Desde o século XIX, a Antropologia vem se
firmando como uma disciplina científica difundida
nas principais universidades existentes, tanto como
curso de graduação, quanto como matéria
introdutória a ser cursada nas diferentes áreas do
conhecimento.

Você também pode gostar