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APRESENTAÇÃO
A legislação tributária brasileira é muito ampla e, por vezes, complexa. A não cumulatividade d
o PIS e da Cofins, por exemplo, tem características singulares: há direito de aproveitamento de c
réditos de valores não necessariamente pagos na fase anterior da cadeia produtiva; há vedação d
e créditos; há isenções e tantas outras peculiaridades previstas no texto das Leis no 10.637/02 e
no 10.833/03 do PIS/PASEP e da Cofins, respectivamente.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre o sistema das contribuições para o PIS/P
ASEP e para a Cofins. Aprenderá, também, a calcular os seus valores de débito e crédito e conh
ecerá os casos específicos, previstos na legislação, para a incidência dessas duas modalidades de
contribuição tributária.
Bons estudos.
DESAFIO
Assim, você é o mais novo contador de uma empresa que tributa com base no lucro real e que es
tá obrigada ao regime não cumulativo para as contribuições de PIS/Pasep e Cofins. A empresa r
egistrou os seguintes valores referentes a gastos e vendas de mercadorias, no mês de setembro d
e 2020:
Você, na condição de contador da empresa, terá que apresentar para
a administração os débitos de PIS/Pasep e Cofins e seus possíveis créditos, bem como os val
ores a recolher. Portanto:
INFOGRÁFICO
Dessa forma, o cálculo do PIS e da Cofins, pelo regime não cumulativo, é considerado mais co
mplexo, pois passa por algumas etapas, como
a apuração da base de cálculo para a incidência das alíquotas das contribuições, a apuração dos d
ébitos e créditos de PIS e Cofins e
a apuração do valor devido das contribuições.
CONTEÚDO DO LIVRO
A sistemática não cumulativa para o PIS/Pasep e a Cofins foi instituída pela Lei no10.637/02 e n
o 10.833/03, respectivamente. O objetivo da não cumulatividade para essas contribuições é o be
nefício de obtenção de créditos nas operações de insumos, frete, aquisição de matéria-prima, den
tre outras.
No capítulo PIS e Cofins: sistemática não cumulativa, da obra Tópicos especiais da contabilidad
e fiscal e tributária, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre o cálcul
o de apuração das contribuições do PIS/Pasep e da Cofins sob o regime não cumulativo e sobre
os principais créditos tributários permitidos pela legislação brasileira. Analisará, também, os cas
os especiais de incidência de PIS/Pasep e Cofins.
Boa leitura.
TÓPICOS ESPECIAIS
DA CONTABILIDADE
FISCAL E TRIBUTÁRIA
Introdução
O Brasil é um país com uma grande carga tributária e que sofre constantes al-
terações na legislação em relação às formas de tributação. Isso demanda que o
profissional responsável por apurar esses tributos tenha um excelente domínio
sobre a legislação tributária brasileira. Você vai conhecer as leis que tratam do
Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e a sistemática de apuração dessas contribuições para
as empresas que seguem o regime de tributação do lucro real. Tratam-se de con-
tribuições com potencial de arrecadação no País, pois incidem sobre as receitas
totais ou sobre o faturamento das empresas. O PIS e a Cofins são contribuições
arrecadadas para serem utilizadas no desenvolvimento social, na melhoria da
vida do trabalhador e no financiamento da seguridade social, a qual compreende
a saúde, a previdência e a assistência social.
Neste capítulo, você vai aprender sobre a apuração das contribuições para o
PIS/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e para a
Cofins sob a sistemática não cumulativa. Além disso, você vai conhecer os prin-
cipais créditos tributários que podem ser deduzidos na apuração do PIS/Pasep
e da Cofins permitidos pela legislação brasileira. Por fim, você vai conhecer os
casos especiais de incidência do PIS/Pasep e da Cofins.
2 PIS e Cofins: sistemática não cumulativa
PJ – Lucro Real
A sistemática não cumulativa de
apuração do PIS/PASEP e da
Cofins é restrita às pessoas
jurídicas que optarem por recolher
o IRPJ pelo lucro real
PIS/Pasep
1,65%
Base de cálculo:
Ao aplicar as alíquotas do PIS e
Receitas totais da Cofins chega-se aos débitos
Cofins tributários dos quais é permitido
A base de cálculo destas 7,6% deduzir os respectivos créditos
contribuições sociais são as admitidos pela legislação
receitas totais
(Continuação)
Você deve ter percebido quão extenso é o conjunto de receitas não tribu-
tadas para o cálculo do PIS e da Cofins, e deve estar se perguntando: quais
outras receitas operacionais são incluídas nas bases de cálculo do PIS/Pasep
e da Cofins? Receitas de aluguel, receitas oriundas de multas cobradas e
ganhos por compra vantajosa são exemplos de outras receitas que entram
para a base de cálculo do PIS e da Cofins.
São deduzidas da base de cálculo: as vendas canceladas, as devoluções de
venda e os descontos incondicionais concedidos, incluindo as bonificações.
Portanto, a base de cálculo das empresas tributadas pelo lucro real é o
somatório das receitas menos as deduções previstas. Sobre essa base de
cálculo, são aplicadas as alíquotas de 1,65% para o PIS/Pasep e de 7,6% para
a Cofins. No entanto, para o regime não cumulativo, há a previsão legal de
dedução de créditos do valor a pagar. A Figura 2 apresenta, de forma sim-
plificada, o processo de apuração das contribuições para o PIS e a Cofins.
PIS e Cofins: sistemática não cumulativa 7
Ou débitos de
PIS e Cofins
Receitas totais da
empresa, exceto
as não tributadas, Cofins = 7,6% Despesa de
(x) (=)
menos as PIS = 1,65% PIS e Cofins
deduções
permitidas
(-) Menos
Ou créditos de
Créditos permitidos Cofins = 7,6% PIS e Cofins
(x) (=) PIS e Cofins a recuperar
em lei PIS = 1,65%
(=) Igual
Figura 2. Processo de apuração das contribuições para o PIS e a Cofins. Cofins, Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social; PIS, Programa de Integração Social.
Fonte: Adaptada de Pêgas (2018).
Agora você vai ver quais créditos podem ser deduzidos do valor a pagar do
PIS e da Cofins. No total, nove tipos de créditos foram instituídos pelo artigo
3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003 (BRASIL, 2002, 2003). Os créditos
permitidos na legislação são apresentados a seguir.
( ) BASE DE CÁLCULO
(x) ALÍQUOTA DE PIS ou Cofins
( ) Débitos de PIS ou Cofins (PIS e Cofins a recolher)
PIS/Pasep Cofins
(Continuação)
PIS/Pasep Cofins
Tributação monofásica
De acordo com Pêgas (2018), no modelo de tributação monofásica, a incidência
de PIS e Cofins ocorre em uma única etapa da cadeia produtiva, normalmente
no início do processo produtivo, com alíquota zero para as operações se-
guintes. A incidência monofásica acontece quando o recolhimento do PIS e
da Cofins é retido pelo fabricante ou importador, tornando-se, dessa forma,
substitutos dos varejistas e atacadistas. Assim, os valores retidos são devidos
no preço de venda para os comerciantes, bem como os consumidores finais
(FABRETTI, 2016). Portanto, o produtor ou importador das mercadorias tributa
o PIS/Pasep e a Cofins na primeira etapa da cadeia produtiva, com alíquotas
maiores do que aquelas utilizadas geralmente para outras receitas, e as
próximas etapas (atacadistas e varejistas) são beneficiadas com a tributação
à alíquota zero, que resulta em não desembolso financeiro com tributos.
A lista dos produtos que sofrem essa concentração é extensa, conforme
pode ser consultado no site da RFB por meio da Tabela 4.3.10, que lista produtos
sujeitos a alíquotas diferenciadas (BRASIL, 2018). O Quadro 3 apresentada as
alíquotas desses produtos de forma genérica e simplificada.
12 PIS e Cofins: sistemática não cumulativa
Alíquota Venda
Descrição do
Produtos realizada
produto
PIS Cofins por
Defensivos agropecuários
Produtos isentos
Também há produtos aos quais a legislação concede o benefício da isenção
para as contribuições de PIS/Pasep e Cofins. Na isenção, as contribuições não
são devidas e os produtos isentos não geram direito a créditos.
Assim como os produtos monofásicos e de alíquota zero, a lista de produtos
isentos também é bastante ampla, conforme apresentado no site da RFB por
meio da Tabela 4.3.14, que relaciona as operações com isenção (BRASIL, 2013).
A seguir, são apresentados apenas alguns exemplos.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência
da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.718. de 27 de novembro de 1998. Altera a Legislação Tributária Federal.
Brasília: Presidência da República, 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9718compilada.htm. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cumulatividade na
cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Brasília: Presidência da República, 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10637.htm. Acesso
em: 01 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária Federal
e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.833.htm. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.898, de 08 de janeiro de 2009. Institui o Regime de Tributação Unifi-
cada – RTU na importação, por via terrestre, de mercadorias procedentes do Paraguai;
e altera as Leis nº. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de
2003. Brasília: Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/L11898.htm. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. Instru-
ção Normativa nº 1.911, de 11 de outubro de 2019. Regulamenta a apuração, a cobrança,
a fiscalização, a arrecadação e a administração da Contribuição para o PIS/Pasep, da
Cofins, da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação. Diário
Oficial da União, Brasília, ed. 200, seção 1, p. 27, 15 out. 2019.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. Tabela
4.3.10: tabela produtos sujeitos a alíquotas diferenciadas: Incidência Monofásica e por
pautas (bebidas frias) (CST 02 e 04). Brasília: MF, 2018. Disponível em: http://sped.rfb.
gov.br/arquivo/show/1638. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil.
Tabela 4.3.13: tabela produtos sujeitos à alíquota zero da contribuição social (CST 06).
Brasília: MF, 2020. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/arquivo/show/1643. Acesso
em: 01 out. 2020.
16 PIS e Cofins: sistemática não cumulativa
Leituras Recomendadas
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. Tabelas
utilizadas na apuração das Contribuições para o PIS/Pasep e da Cofins. Brasília: MF,
2020. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pasta/show/1616. Acesso em: 01 out. 2020.
FAGUNDES, E.; TELES, V.; HASKEL, A. P. Discussões na apuração de créditos de PIS/
PASEP e COFINS - Ênfase nos insumos da atividade de transporte de cargas. Revista
de Administração e Contabilidade da Faculdade Anísio Teixeira, Feira de Santana, v. 11,
n. 2, p. 87–103, 2019. Disponível em: http://www.reacfat.com.br/index.php/reac/article/
view/203. Acesso em: 01 out. 2020.
O cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins pelo método não cumulativo requer algumas e
tapas, como a apuração da base de cálculo, da despesa de PIS e Cofins e dos créditos, para, entã
o, encontrar o valor devido dessas contribuições.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
EXERCÍCIOS
1) A partir de dezembro de 2002, por meio da Lei no 10.637, o PIS/Pasep passou a ser co
brado pelo método não cumulativo para as empresas que utilizam o lucro real como f
orma de tributação. No ano seguinte, em 2003, a não cumulatividade passou também
a vigorar para a Cofins, por meio da Lei no 10.833/03.
gastos com vale-alimentação e vale-transporte fornecidos aos empregados por pessoa juríd
D)
ica que presta serviços de manutenção e conservação não dão direito a créditos de PIS/Pas
ep e Cofins.
gastos com equipamentos de proteção individual, que são exigidos por lei para a execução
E)
de determinadas atividades, utilizados pelo pessoal empregado na produção geram créditos
de PIS/Pasep e Cofins.
III - Receita com vendas de mercadorias para o exterior e com venda de imobilizado.
Assinale a alternativa que contempla apenas receitas não tributadas para o PIS e a C
ofins.
III – Gastos com embalagens de apresentação utilizadas nos bens destinados à venda
não geram crédito de PIS e Cofins, enquanto gastos com embalagens utilizadas no tra
nsporte do produto acabado geram créditos.
I, apenas.
A)
III, apenas.
B)
II, apenas.
C)
I e III.
D)
II e III.
E)
A alternativa que apresenta o total de créditos permitidos da empresa XYZ, para fins
de dedução de PIS/Pasep e Cofins, é:
R$ 741.000,00.
A)
R$ 735.000,00.
B)
R$ 635.000,00.
C)
R$ 640.000,00.
D)
R$ 641.000,00.
E)
Dessa forma, com base no enunciado e nos seus conhecimentos, determine os valores
de PIS e Cofins devidos (em R$) em agosto pela Cia S&A e assinale a alternativa corr
eta.
R$ 8.019 e R$ 36.936.
A)
R$ 7.937 e R$ 36.556.
B)
R$ 8.250 e R$ 38.000.
C)
R$ 8.085 e R$ 37.240.
D)
R$ 8.102 e R$ 37.316.
E)
NA PRÁTICA
As empresas obrigadas ao regime não cumulativo de PIS e Cofins podem creditar bens e serviço
s utilizados como insumo na prestação
de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda.
Neste Na Prática, você conhecerá um caso prático da vivência dos contadores nas empresas.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
Veja este vídeo, em que são apresentadas três dicas importantes para quem revende ou adquire p
rodutos submetidos ao regime monofásico.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Neste artigo, você conhecerá os impactos causados em empresas de lucro real que utilizam a apu
ração do PIS e da Cofins no regime não cumulativo.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Neste artigo, você verá a apuração dos créditos do PIS e da Cofins e seu aproveitamento para ap
uração de impostos em uma concessionária de automóveis de atuação no mercado nacional no si
stema não cumulativo.
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