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Educação

4 coisas que você


precisa saber sobre:
RETENÇÕES
DE IMPOSTOS
NA FONTE
Educação

SUMÁRIO
1 Você sabe quais são os impostos que
devem ser retidos na fonte?
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Você sabe como parametrizar sistemas


2 de informação com os tributos sujeitos
à retenção tributária na fonte?
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Como lidar com os prestadores de


3 serviços que são optantes do regime
tributário do Simples Nacional?
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O que está envolvido em ser o


4 responsável pela retenção de tributos
na fonte?
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sumário 2
Educação

VOCÊ SABE
QUAIS SÃO
OS IMPOSTOS
QUE DEVEM
SER RETIDOS
NA FONTE?

4 coisas que você


precisa saber sobre:
RETENÇÕES
DE IMPOSTOS
NA FONTE
sumário 3
Educação

1. Você sabe quais são os


impostos que devem ser retidos
na fonte?
Quando pensamos nos tributos no Brasil, vem à nossa mente uma verdadeira sopa
de letrinhas: IRPJ, Pis, IOF, Cide, INSS, CSLL, Cofins, ICMS, ISS, IPI, CPRB, IPTU e aí
por diante. Isso por si só já bastaria para nos deixar perdidos e desnorteados. Mas
acrescente a isso a grande quantidade de mudanças que a legislação tributária
sofre: em média 45 novos dispositivos legais por dia!&
A quantidade de normas legais tributárias em vigor é tão assustadoramente grande
que há diversas tentativas de mensurá-la, com resultados surpreendentes.
Note, por exemplo, o seguinte trecho de uma reportagem da Revista Exame*:

O aventureiro que quiser esmiuçar toda a legislação tributária brasileira,


vai se deliciar nas 41,2 mil páginas do livro “Pátria Amada”, obra que reúne
praticamente – isto mesmo, apenas praticamente – todas as leis nacionais
relacionadas à arrecadação de impostos nos níveis federal, estadual e municipal
do país. O livro é candidato ao posto de maior do mundo e será auditado pelo
Guinness World Records.
Com 7,5 toneladas, a obra pesa o equivalente a dois hipopótamos grandes, segundo
informações da National Geographic. Mas é bem mais alta que esses animais.
Só a página é maior que uma pessoa, com 2,1 metros de altura e 1,4 metro de
largura. A fonte utilizada é a Arial tamanho 22, que nem parece grande nas
folhas enormes.
(...) Se ninguém impedir, portanto, os hipopótamos caminham para se transformar
em uma verdadeira baleia, daquelas que passam facilmente das 10 toneladas.

sumário 4
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Como vemos, pode parecer uma piada, mas lidar com essa absurda complexidade
é tarefa das mais árduas.
Então, qualquer profissional que necessite lidar com apurações e recolhimentos
de impostos precisa conhecer a base, os aspectos gerais de classificação destes.
E o desafio fica maior quando pensamos que todos nós lidamos com este tema,
quer a gente se aperceba, quer não. Pense nisso: quando consultamos o nosso
demonstrativo de pagamento, ali está o valor da contribuição ao INSS descontada
do salário. Será que entendemos o que este desconto significa?
Todos nós que trabalhamos pensamos que um dia iremos nos aposentar e, para
isso, precisamos ter algum tipo de reserva acumulada para viver. Todo Governo se
preocupa com isso e cria um sistema de previdência, como uma espécie de poupança
para este fim. No Brasil este sistema é gerido pelo INSS, o Instituto Nacional de
Seguridade Social. Então, embora essa sigla, INSS, seja a do instituto que gerencia
os recursos previdenciários, para muitos significa algum tipo de tributo.
Na verdade, o INSS gerencia as contribuições previdenciárias que, dentre outros
meios, são descontadas de nossos salários. Ao mesmo tempo em que temos este
desconto, o INSS também cobra das empresas que nos empregam um tributo para
custear nossa aposentaria. Assim, as empresas pagam o INSS Patronal, ou Parte
Empresa, para cada colaborador empregado ou mão de obra contratada.
E aí temos um detalhe bastante interessante: a contribuição ao INSS devida pelo
empregado é descontada de sua folha de pagamento, ou seja, retida na fonte. Isso
é feito através da aplicação de um percentual que varia entre 8% a 11% (limitado a
um valor teto). Independe da atuação dele. Na verdade, mesmo que ele se oponha,
nada pode fazer a respeito. Esse tributo será descontado de seu contracheque. Se
trata de uma obrigação de seu empregador, e este pode ser punido caso não a faça.
No entanto, a contribuição ao INSS Patronal, ou seja, custeada pelo nosso
empregador, é feita sem retenção na fonte. Cabe a empresa efetuar o cálculo sobre
todas as verbas pagas ao colaborador e recolhê-la mediante documento à parte.
Então, o que temos aqui é um determinado tipo de tributo, a contribuição
previdenciária, recebendo 2 tratamentos distintos para cálculo de pagamento: um
deles através de retenção na fonte e outro feito diretamente pelo responsável.
Acha ser esta uma exceção?
Considere o caso do IR. Este é também um imposto que parece ser um dos mais
genéricos que temos.

sumário 5
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O famoso Imposto de Renda incide, como o próprio nome diz, em todos os tipos
de renda: seja de salários, aluguéis, juros de investimentos, comissões, etc, para
pessoas físicas, e também sobre lucros, receitas de juros financeiros, indenizações
recebidas, comissões de negócios, etc, para pessoas jurídicas.
Novamente aqui cada um de nós que recebe salário ou renda de aluguel deve pagar
este imposto. Não se trata de uma contribuição que custeia aposentadoria ou algo
que diretamente beneficie quem o paga. Na verdade, os recursos dos impostos são
destinados aos objetivos que o Governo desejar atingir. A destinação é de inteira
escolha e decisão governamental. Ele é livre para usar os recursos de modo como
entender melhor. A lógica de cobrança é de que, ao receber rendas, o contribuinte
tem uma parte desta renda descontada para usufruto da coletividade, dos demais
da sociedade.
Pois bem, aqui também temos uma situação se pagamento que é semelhante
à contribuição previdenciária: o IR é descontado na fonte. Ao receber salário ou
renda de aluguel, o imposto de renda é automaticamente descontado, retido na
fonte (caso atinja o valor de limite para isso, é claro). E neste caso o procedimento
de desconto na fonte independe da vontade de quem recebe a renda.
As empresas também recebem rendas de todos os tipos. Quando apura lucro, por
exemplo, deve destinar uma parte dele para o pagamento deste mesmo tributo, o
imposto de renda. No entanto, este pagamento não é feito mediante retenção na
fonte. Cabe à empresa efetuar o cálculo de seu lucro tributável, declarar o valor ao
Fisco de diversos modos e pagar o imposto em documento próprio para tal.
Quando pensamos nestes 2 casos, será que chegamos à conclusão que os tributos
que são custeados por pessoas físicas devem ser descontados ou retidos na fonte,
ao passo que os tributos custeados pelas empresas são pagos diretamente?
Se você achou que sim, que a diferença entre retenção na fonte é o tipo de
contribuinte (pessoa física ou jurídica), errou.
Empresas que prestam serviços de limpeza, por exemplo, sofrem retenção na fonte
de imposto de renda ao terem seus serviços pagos por seus clientes. Empresas que
prestam serviços de vigilância e segurança também sofrem o mesmo desconto
também quando são pagas por seus clientes.
Diante disso, existe uma regra que nos norteie, que ensine em quais momentos
um tributo é pago mediante pagamento e apuração à parte e quando ele é quitado
por meio de retenção na fonte? Como discernir qual o modelo a ser aplicado?

sumário 6
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A resposta a esta pergunta é: não existe uma única regra. O que temos de fazer
para entender este tema é conhecer os principais tipos de tributos e as hipóteses
em que a lei determina a retenção na fonte.
Apenas com relação ao IR, quantos tipos existem? Considerando apenas os que
se sujeitam ao desconto na fonte, a lista é grande$:

Código Descrição

3208 IRRF - ALUGUÉIS E ROYALTIES PAGOS A PESSOA FÍSICA


9478 IRRF - ALUGUEL E ARRENDAMENTO - RESIDENTES NO EXTERIOR
IRRF - APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE RESIDENTES NO EXTERIOR
5286
(ART. 81 L. 8981/95)
IRRF - APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTO DE
0490
CONVERSÃO DE DÉBITOS EXTERNOS
6813 IRRF - FUNDOS DE INVESTIMENTO - AÇÕES
IRRF - APLICAÇÕES FINANCEIRAS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
6800
DE RENDA FIXA
IRRF - APLICAÇÕES FINANCEIRAS EM FUNDOS DE INVESTIMENTO
5232
IMOBILIÁRIO
IRRF - APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE RENDA FIXA - PESSOA
8053
FÍSICA
IRRF - APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE RENDA FIXA - PESSOA
3426
JURÍDICA
IRRF - APOSENTADORIA REGIME GERAL OU DO SERVIDOR
3533
PÚBLICO
IRRF - BENEFÍCIOS E RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI
9466
- RESIDE
IRRF - BENEFÍCIO PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR/OPTANTE
5565
TRIB EXCLUSIVA

sumário 7
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8673 IRRF - BINGOS (DECRETO 3659/2000, ART 14,I )


2808 IRRF - CONVERSÃO DEPÓSITO JUDICIAL (EXTINTO)
8468 IRRF - DAY-TRADE OPERAÇÕES EM BOLSA
IRRF -REND DECOR DECISÃO JUSTIÇA FEDERAL, EXCETO ART
5928
12A L 7713/88
0924 IRRF - DEMAIS RENDIMENTOS CAPITAL
8045 IRRF - OUTROS RENDIMENTOS
7769 IRRF - DEMAIS RENDIMENTOS TRANS NAVIOS
7594 IRRF - DEPOSITO ADMINISTRATIVO
7431 IRRF - DEPÓSITO JUDICIAL
9412 IRRF - FRETES INTERNACIONAIS - RESIDENTES NO EXTERIOR
IRRF - GANHO CAPITAL - INTEGRAL COTA C/ ATIVO -L
5029
13043/2014(ART 1)
IRRF - GANHOS LÍQUIDOS EM OPERAÇÕES EM BOLSAS E
5557
ASSEMELHADOS
6904 IRRF - RENDIMENTOS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
IRRF - JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO - RESIDENTES NO
9453
EXTERIOR
IRRF - JUROS CADERNETA DE POUPANÇA E LETRAS
3251
HIPOTECÁRIAS - PESSOA JURÍDICA (EXTINTO)
IRRF - JUROS E COMISSÕES EM GERAL - RESIDENTES NO
0481
EXTERIOR
5299 IRRF - JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS EXTERNOS (DL 2303/86)
5204 IRRF - JUROS INDENIZAÇÕES LUCROS CESSANTES
5706 IRRF - JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO
2932 IRRF - LANÇAMENTO DE OFÍCIO

sumário 8
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9385 IRRF - MULTAS E VANTAGENS


5273 IRRF - OPERAÇÕES DE SWAP (ART. 74 L 8981/95)
3249 IRRF - OURO ATIVO FINANCEIRO/MUTUO/REVENDA (EXTINTO)
3576 IRRF - OUTROS RENDIMENTOS - COBRANÇA
5217 IRRF - PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO
5944 IRRF - PAGAMENTO DE PJ A PJ POR SERVIÇOS DE FACTORING
3562 IRRF - PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS - PLR
IRRF - PGT A PF FORN INSUMO/TRANSP CARGA GERA DIR CRÉD
3850
PRESUMIDO (EXTINTO)
IRRF - PGT A PJ FORN INSUMO/TRANSP CARGA GERA DIR CRÉD
3842
PRESUMIDO (EXTINTO)
0916 IRRF - PRÊMIOS OBTIDOS EM CONCURSOS SORTEIOS
IRRF-REMUNERAÇÃO SOBRE SERVIÇOS PRESTADOS POR ASSOC.
3280
DE COOPERATIVA DE TRABALHO
IRRF - REMUNERAÇÃO SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOA
1708
JURÍDICA
9427 IRRF - REMUNERAÇÃO DE DIREITOS - RESIDENTES NO EXTERIOR
3563 IRRF - RENDIMENTOS DE CAPITAL - COBRANÇA (EXTINTO)
IRRF-RENDIMENTOS PAGOS PELA ADMINISTRAÇÃO
4371
DIRETA,FUNDAÇÕES E AUTARQUIAS FEDERAIS (EXTINTO)
IRRF - RENDIMENTOS DE PARTES BENEFICIÁRIAS OU DE
3277
FUNDADOR
3550 IRRF - RENDIMENTO DO TRABALHO - COBRANÇA
0588 IRRF - RENDIMENTO DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO
IRRF - REND TRABALHO - HONORÁRIOS ADVOC SUCUMBÊNCIA
5200
- LEI 13327/16

sumário 9
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1889 IRRF - RENDIMENTOS ACUMULADOS - ART. 12-A LEI Nº 7.713/1988


0561 IRRF - RENDIMENTO DO TRABALHO ASSALARIADO
IRRF - RENDIMENTOS DO TRABALHO E DE QUALQUER NATUREZA,
0473
COMO OS PRO
IRRF - RESGATE DE FUNDO DE APOSENTADORIA PROGRAMADA
6799
INDIVIDUAL - FAPI (EXTINTO)
IRRF - RESGATE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR/OPTANTE TRIB
3579
EXCLUSIVA
IRRF - ROYALTIES E ASSISTÊNCIA TÉCNICA - RESIDENTES
0422
EXTERIOR
2063 IRRF - TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA SOBRE REMUNERAÇÃO INDIRETA
3699 IRRF - TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA - ART. 2º DA LEI Nº 12.431/2011
6891 IRRF - VIDA GERADOR DE BENEFICIO LIVRE - VGBL
IRRF -BENEFÍCIO PREV COMPLEMENTAR/NÃO OPTANTE
3540
TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA
IRRF - REND DECOR DEC JUSTIÇA TRABALHO, EXCETO ART 12A
5936
L. 7.713/88
IRRF - EMPRÉSTIMO DE ATIVO -FUNDO INVESTIMENTO -L
5035
13043/14 (ART 8)
IRRF - REND DECOR DECISÃO JUSTIÇA EST/DF, EXCETO ART 12A
1895
L 7713/88
5192 IRRF - OBRAS AUDIOV CINEM/VIDEOF (LEI 8.685/93) - RES EXT
IRRF-RESGATE PREV COMPL/MOD CONTRIB DEF/VAR - NÃO OPT
3223
TRIB EXCLUS
IRRF - RESGATE PREV COMPL/MOD BENEF DEF- NÃO OPTANTE
3556
TRIB EXCLUSIV
IRRF - TRANSPORTE RODOVIARIO INTERN CARGA-PG PJ A PF-
0610
PARAGUAI

sumário 10
Educação

6583 JUROS IRRF - (ART. 43 L.9430)


6380 MULTA ISOLADA - IRRF (ART. 43 L.9430)

Antes de se assustar, pense que é preciso conhecer a sistemática do imposto para


saber consultar as hipóteses de incidência e aplica-las.
Não pense que apenas o IR e a contribuição ao INSS são tributos sujeitos à diversas
hipóteses de incidência e modalidades de pagamento. O sistema tributário
brasileiro não é nada criativo na escolha de nomes e diferenciação dos tributos e,
de verdade, eles confundem bastante quem é leigo.
Considere, por exemplo, o Pis/Cofins.
Se trata de um tributo que se destina para financiar a seguridade social, aí incluídos
recursos pagos como seguro-desemprego, licença maternidade, dentre outros. É
um dos tributos mais importantes e com maior arrecadação.
Como é apurado o Pis/Cofins? De vários modos. Há várias modalidades deste
tributo: há o Regime Cumulativo, o Não Cumulativo, o Regime Monofásico, o
incidente sobre folha de salários e outros.
Com tantos tipos de tributos sendo chamados pelo mesmo nome, como saber
qual deles é o que se retém na fonte? É preciso entender a legislação de todas
essas modalidades? Não necessariamente. Conhecer a Lei nº. 10.833/2003 já
é uma boa direção para entender quando o Pis/Cofins deve ser retido na fonte.
Também ali poderemos compreender se são 2 tributos diferentes, o Pis e a Cofins,
e porque são mencionados sempre juntos. Afinal, há hipóteses em que seriam
cobrados de forma distinta? Todas essas perguntas são respondidas no texto
dessa lei mencionada.
Outra pergunta que muitos fazem é se o imposto a ser descontado, retido, na fonte
deve necessariamente constar na nota fiscal.
Essa é uma boa pergunta. O que vemos são vários tributos sendo informados em
cupons fiscais, notas fiscais e até em recibos de pagamento.
Em primeiro lugar precisamos entender a diferença entre notas e cupons fiscais e
os documentos financeiros, como recibos, invoices e faturas.
Os documentos financeiros têm a função de auxiliar no processo de cobrança.

sumário 11
Educação

Formalizam valores a serem pagos. Portanto, servem apenas como comprovação


de pagamento, como documentos de caixa.
No caso dos documentos fiscais, a função é de formalizar a operação de acordo
com as leis tributárias vigentes. São documentos com lastro, criados com
determinadas formalidades legais e que constituem a base para recolhimento de
impostos, fiscalizações, registro de operações, entre outras funções.
Então, diante das diferenças entre os dois tipos de documentos, já podemos
concluir que impostos destacados em documentos financeiros costumam não ter
valor fiscal. São meramente informativos.
A exceção à esta regra são as faturas que registram operações internacionais, que
costumam demonstrar os impostos que devem ser pagos na fonte e o valor a ser
remetido em moeda estrangeira e nacional. Isso porque geralmente o prestador do
serviço determina o valor que quer receber, líquido de tributos. Nos demais casos,
se os impostos são informados em documentos financeiros, são meramente como
demonstração, como indicação de tributação, para fins de custeio. Não possuem
efeito fiscal, ou seja, não servem como base para apuração e recolhimento.
Os documentos fiscais que realmente constituem base para a apuração de tributos
são as notas fiscais. Nem mesmo os cupons fiscais possuem essa função de
forma plena porque não apresentam todas as informações completas para tal. São
documentos simplificados. E possuem a indicação de tributação em cumprimento
à Lei nº. 12.741/12, criada para dar maior transparência, para que o consumidor
saiba qual a carga tributária aproximada de tudo o que consome.
As notas fiscais são mais completas. Geralmente obedecem a leiaute determinado
em legislação fiscal. E no caso dos impostos retidos, constituem a base correta de
consulta e apuração tributária.
Isso, no entanto, não quer dizer que se deve apenas observar o que a nota fiscal
indica para que se faça a correta retenção tributária. Um dos motivos é que a falta
de conhecimento no assunto pode levar quem a recebe a ter dúvidas sobre qual
imposto deve ser descontado na fonte e recolhido à parte. Além disso, infelizmente
não são muitas as empresas que fazem o destaque correto e adequado de tributos
em suas notas ficais. A maioria delas informa poucos tributos, se é que algum.
Um dos tributos que comumente aparece nas notas fiscais é o ICMS, o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Se trata de um imposto comum
nas operações mercantis, de vendas de produtos. É verdade que as operações

sumário 12
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mercantis não costumam servir de base para retenção de impostos. Mas nos
casos em que há indicação de mercadorias e serviços na mesma nota fiscal (em
serviços de construção e obras, por exemplo) a indicação do ICMS nela pode
causar confusão.
De fato, a simples menção de impostos nas notas fiscais não obriga quem a recebe
a fazer o seu desconto na fonte. Assim também, a falta de informação de impostos
nas notas fiscais não desobriga quem a recebe de fazer as corretas retenções na
fonte, se a lei assim o determinar. Não se pode basear nas informações ou na falta
de informações numa nota fiscal para atuar nisso ou não.
Assim, é evidente que se faz necessário ter um conhecimento básico sobre as
hipóteses em que o contratante ou tomador de um serviço deve fazer a retenção
tributária na fonte como responsável designado por lei.
Para ter este conhecimento não é necessário que se conheça todos os tributos em
vigor no Brasil. Isso é um alívio, não é mesmo? Temos mais de 90 tributos em vigor
e regulamentados atualmente. Analisar a cada um deles para determinar regras de
retenção na fonte seria uma tarefa enorme e nada produtiva, além de impossível.
Modesta e realisticamente falando, é impossível entender profundamente cada
tributo que existe no Brasil. Daí o fato de termos especialistas em determinados
ramos da tributação.
Visto que a retenção tributária é um dos instrumentos do Governo para adiantar
recebíveis, é de interesse dele que as regras tenham um bom grau de clareza.
E existem determinadas leis e regulamentos que são claros quanto aos fatos
que constituem hipótese de retenção tributária na fonte. Há listas de serviços e
hipóteses de operações sujeitas à retenção para consulta na legislação.
Ter um conhecimento básico sobre o sistema tributário brasileiro também ajuda.
Isso porque algumas das regras de retenção tributária variam conforme o regime
tributário da empresa que presta o serviço. Isso é importante porque podemos
achar, de forma equivocada, que a opção de regime de tributação de uma empresa
é informação privada, estratégica e que não cabe a outros sabe-la. Sem dúvida,
conhecer qual é o regime do prestador de serviço servirá de base para qual tipo
de retenção tributária será feita em seus pagamentos e até que tipo de alíquotas
específicas podem existir nestes casos.
Outro fator importante é entender a frequência com que se exige a retenção
tributária na fonte. Os tributos sujeitos à retenção podem ser federais e municipais.
Um determinado tipo de serviço pode ter desde 1 tipo único de retenção ou até

sumário 13
Educação

2, 3 ou 4 diferentes tributos a serem descontados na fonte. E dentre estes, a


combinação entre si pode variar bastante.
Os tributos que mais frequentemente são os sujeitos ao desconto na fonte são:
IR, INSS, Pis, Cofins e CS. Todos estes são federais, administrados pela Receita
Federal. Também o ISS é bastante frequente nas retenções tributárias na fonte,
sendo administrado pelos municípios. No caso dos Estados, a função de antecipar
recebíveis é cumprida através de outro instrumento: a Substituição Tributária,
bastante presente no ICMS. Mas este é um tema que desejamos conhecer em
outra ocasião...
Felizmente é possível conhecer bem como funciona a retenção tributária na fonte
por pesquisar e entender algumas leis e regulamentos. A legislação deste tema
está agrupada considerando as hipóteses de pagamentos de serviços que são
sujeitos ao desconto de impostos na fonte, formação de suas bases de cálculo,
alíquotas, meios e datas de recolhimento, principais formas de declará-las ao
Fisco, entre outras.

sumário 14
Educação

VOCÊ SABE COMO


PARAMETRIZAR
SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO
COM OS TRIBUTOS
SUJEITOS À
RETENÇÃO
TRIBUTÁRIA NA
FONTE?
4 coisas que você
precisa saber sobre:
RETENÇÕES
DE IMPOSTOS
NA FONTE
sumário 15
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2. Você sabe como parametrizar


sistemas de informação com
os tributos sujeitos à retenção
tributária na fonte?
Nunca fomos tão dependentes da tecnologia como hoje.
Quer gostemos disso, quer não, quando pensamos em todas as atividades que
realizamos diariamente, não conseguimos mais nos ver sem equipamentos que
facilitam a nossa vida, sem os meios de comunicação rápidos que nos conectam
com o mundo todo e tantas outras inovações. O mundo nunca mudou tanto, com
tanta constância e abrangência e num ritmo tão acelerado como agora.
O tema da vez é a discussão da inteligência artificial e seu papel no mundo de hoje.
Os profissionais de vários segmentos têm medo de falar no assunto. O que se
teme geralmente é que as máquinas e robôs substituam a mão de obra humana em
diversas funções num futuro não muito distante. E temos mesmo visto diversos
estudos e reportagens sendo publicadas abordando funções, atividades e até
profissões que não terão mais espaço para trabalho humano e que serão facilmente
realizadas por máquinas bem programadas, que possuam a capacidade racional
do ser humano. Já existem profissões que são consideradas em decadência,
devido ao potencial alto de automatização.
Falando sobre atividades fiscais, há um grande temor sobre a inteligência artificial
substituir as funções de assistentes, analistas e até de especialistas tributários e
contadores. Haveria como automatizar as funções deles?
Notem, porém, o que expressou este renomado professor#:

“O papel de apenas informante de saldos ou de zelador de assuntos fiscais vem sendo


cada vez mais superado, pois, se substitui pela tecnologia avançada da informática.”
prof. Antônio Lopes de Sá#

sumário 16
Educação

Então, o que temos visto é que funções e trabalhos burocráticos é que serão mais
rapidamente substituídos, conforme ponderação do mesmo professor:

“O que se extingue não é a profissão, como difundem os leigos sobre nossos


assuntos, mas, uma das funções que nos absorvia muito tempo e até nos
impedia de exercer a verdadeira e que é a de explicar os fatos e traçar modelos de
comportamento da riqueza.”
prof. Antônio Lopes de Sá#

Então, a alta tecnologia não deve assustar e sim ser uma aliada no trabalho.
Deve facilitar a rotina nas partes em que as tarefas são repetitivas, burocráticas e
grandes consumidoras de tempo e energia. Deve nos ajudar a usar o nosso tempo
para atividades de análise e gestão com base nos dados que obtemos pelos
meios digitais.
De fato, relatórios que levam muito tempo para serem obtidos podem ser
facilmente gerados. Obrigações acessórias tributárias que hoje levam dias para
serem elaboradas podem ser rapidamente preenchidas. Apurações de tributos
que levam enorme tempo para serem concluídas podem ser feitas com exatidão
e em pouco tempo.
Qual a chave para isso? Bons sistemas e parametrização exata e eficaz.
Esta é uma realidade ao alcance de todos, em maior ou menor grau. É obrigação do
profissional fiscal se assegurar de ter e usar boas ferramentas de processamento
de informações, que tenham informações atualizadas e façam correlações
inteligentes.
Se essa não é sua realidade, pergunte-se: quanto tempo eu reservei nos últimos
meses para apurar o custo de retrabalho em minha rotina? Será que eu sei quantas
horas gasto em atividades que poderiam ser sistematizadas com pouco esforço ou
investimento? Quantas atividades importantes e que gerariam valor para a empresa
eu deixo de fazer para corrigir erros decorrentes de sistemas deficitários ou mal
parametrizados? Sei qual é o custo de obter soluções tecnológicas simples ou até
melhorias aos sistemas que já temos? Eu realmente levantei essas informações
e as apresentei ao meu gestor? Investi tempo para demonstrar que os custos

sumário 17
Educação

com essas melhorias sistêmicas são compensados por ganho de tempo para
atividades mais importantes e que agregam valor, e também redução de gastos
com impostos pagos de forma errada e obrigações acessórias que precisam ser
refeitas e entregues?
Essas ponderações são muito importantes. Elas darão a resposta que vai nos
mostrar se temos nos esforçado em ter melhorias verdadeiras. Não ter tempo para
fazer essas averiguações não é desculpa para lidarmos com grande quantidade
de retrabalho e atividades repetitivas e sem valor real.
Hoje felizmente temos muitas opções de soluções fiscais com boa eficácia e
possibilidades de atualização sem custo muito elevado. Uma pesquisa na internet
e consultas com colegas de profissão mostrará isso. Tirar proveito dessas
ferramentas é fundamental para lidarmos com as complexidades tributárias do
sistema fiscal brasileiro sem desperdícios de recursos e com menor risco para a
empresa.
Especialmente nas retenções de tributos na fonte, ter boas soluções sistêmicas se
mostra ser uma decisão inteligente. É uma função que está ligada aos pagamentos,
às operações financeiras feitas pela empresa em sua rotina.
Os sistemas de pagamentos devem estar preparados para aplicar as regras de
retenção de tributos, procedendo ao correto desconto de cada um deles, gerando
informação de alíquotas e tipos de retenção e os enviando em uma base de dados
que os direcione para o preenchimento das declarações fiscais relativas a cada
tipo de tributo. Também deve acusar se os cadastros possuem as informações
necessárias para processar os dados fiscais.
A tarefa não é fácil, mas com informações básicas de funcionamento de cada
um dos principais tributos sujeitos à retenção na fonte é possível realizar este
trabalho. Embora haja mais de 90 tributos regulamentados, são poucos os que
são obrigados ao instituto da retenção tributária na fonte.
Uma parametrização eficaz é feita com base nas hipóteses de operações sujeitas
ao desconto de tributos na fonte. Assim, o sistema deve ter em seu desenho
interno uma lista de opções de serviços, pagamentos, operações comerciais e
contratuais, etc, que sejam fatos geradores tributários. Cabe ao profissional com
conhecimento fiscal listar essas opções, e se certificar de que o sistema possua
funcionalidade para acréscimo de novas operações. Por exemplo, serviços de
streaming. Até pouco tempo atrás não existia este tipo de serviço. Hoje já são
comuns. Então, conforme a tecnologia avança, surgem novos negócios e com isso

sumário 18
Educação

novas hipóteses de tributação. Uma solução fiscal adequada deve contemplar


campos específicos para inclusão de novos serviços.
Depois dessa etapa, é preciso analisar cada uma das operações para informar
quais os tributos incidentes. Se trata de uma etapa bastante trabalhosa, mas não
necessariamente difícil de ser feita. Com os conhecimentos básicos de qual a
base legal de cada um dos tributos é relativamente simples fazer essa tarefa.
Embora a legislação fiscal brasileira seja bastante vasta, complexa e detalhada, os
trechos que tratam das retenções tributárias são geralmente de fácil compreensão
e bastante específicos. Conhecer quais são estes trechos e saber encontrá-los, tê-
los à mão para consulta sempre que necessário já constituem uma excelente base
para a realização desse trabalho.
Após isso, a tarefa a ser feita é a de ligação das informações com as demais bases
de dados. Seria a geração de: lançamentos contábeis automáticos, informações
de pagamentos para envio às instituições bancárias conveniadas, dados para
relatórios de uso de várias áreas e, muito importante, registros para preenchimento
automático de obrigações acessórias de cada tributo envolvido.
Isso envolve ter conhecimento de tributos que são informados em mais de uma
declaração fiscal. Por exemplo, o Imposto de Renda retido sobre pagamentos de
folha de salários. Ele será informado, no mínimo, em 3 declarações fiscais: a DCTF
(Declaração de Contribuições e Tributos Federais), a Dirf (Declaração de Imposto
de Renda Retido na Fonte) e o eSocial, a declaração que foi criada para entre outras
substituir a GFip (Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdências
Social). Listar todas as obrigações acessórias fiscais e correlacionar os tributos
a cada uma delas é tarefa do profissional fiscal durante as parametrizações e
atualizações de sistema.
Outra informação relevante é contemplar o tipo de regime tributário do prestador
de serviços e se ele é Pessoa Jurídica ou Pessoa Física. Dependendo dele, a
obrigação de retenção tributária na fonte varia. Por exemplo, descontar tributo de
um prestador de serviços que é optante do Simples Nacional é diferente de realizar
o mesmo trabalho para as demais modalidades de prestadores de serviços.
Abordaremos este tema com maior atenção e detalhes nos subtópicos seguintes
deste texto.
Por fim, caberá a tarefa de informar as alíquotas de cada tributo. Essa é uma das
etapas mais trabalhosas do processo. Envolve conhecer as alíquotas de cada
tributo incidente em cada tipo de operação já definida nas etapas anteriores.

sumário 19
Educação

Para isso será necessário consultar diversas bases legais tributárias. E para
saber como e o quê consultar, novamente temos de destacar a importância de ter
conhecimento básico de cada tributo. A diversidade de alíquotas não é tão grande
nos tributos federais. No entanto, no ISS, de competência municipal, a diversidade
é bastante considerável.
Além disso, aqui também é imprescindível que o sistema contemple a possibilidade
de ajustamento dos campos informativos das alíquotas. É bem sabido que boa
parte das alterações de legislação fiscal é justamente a alteração dos percentuais
dos tributos. Muitas vezes essas alterações ocorrem nos dispositivos legais para
entrar em vigor já no dia de sua publicação. Isso é bastante injusto, mas não vamos
considerar este tema aqui. O nosso foco aqui é como lidar com essa realidade.
Além de todas essas etapas, algo que não pode ser desprezado é a parametrização
de informações que tratam de obrigações que interferem na retenção de impostos.
Um exemplo é o CPOM. Se trata da obrigação que algumas cidades impõem aos
seus contribuintes, ou seja, cadastrar os prestadores de serviços contratados por
ela que se sediem em outras cidades. Talvez na sua cidade exista essa obrigação,
mas com outro nome. Sua exigência, criada pela Prefeitura do Município de São
Paulo, já é adotada em quase todas as capitais e cidades de médio porte do país.
A não observância desta obrigação pode causar aumento de custo na forma de
bitributação. Portanto, a necessidade de verificar esta e outras obrigações que
porventura existam em sua localização é vital.
Um outro obstáculo que é bastante comum é saber traduzir os conceitos tributários
para os profissionais de TI.
Com o progresso veloz da tecnologia, a área de TI tem sido bastante demandada
em qualquer empresa. De fato, todas as áreas de uma empresa pedem soluções
tecnológicas para suas tarefas diárias.
O desafio de atender às demandas fiscais é enorme para a área de TI por duas
razões: 1) se tratam de demandas com alto nível de complexidade e criadas numa
linguagem técnica que é bastante específica e difícil para quem não é da área; e
2) necessitam de parametrizações flexíveis, que possam ser atualizadas ou até
alteradas de vez em quando, conforme as alterações legais.
Um bom profissional fiscal deve compreender os mecanismos tributários
profundamente, para que possa saber explicar de modo simples aos leigos. De
fato, somente quando compreendemos bem é que podemos explicar, ilustrar e
detalhar assuntos sem recorrer aos jargões da profissão, incompreensíveis aos

sumário 20
Educação

demais. Esse é um talento, uma habilidade, ainda rara nos profissionais fiscais.
Infelizmente a maioria fala em linguagem técnica tributária, que causa confusão e
até repulsa para profissionais de outras áreas.
Portanto, saber falar de forma simples, evitando linguagem técnica, é uma aptidão
que deve ser desenvolvida por quem deseja inclusive avançar na carreira. Para
isso, cursos de custa duração, didáticos, e que expliquem conceitos que já
conhecemos, podem ser de muita ajuda para aprender as técnicas de informar e
explicar assuntos fiscais de forma lógica e usando o mínimo de linguagem fiscal.
Também incentivar profissionais de TI a fazerem estes cursos é outra maneira
interessante de ajudá-los com o conhecimento que precisam para desenvolver
as ferramentas fiscais. Este conhecimento agregará muito nas carreiras de
profissionais de TI. Isso porque a área fiscal é um grande cliente para soluções
tecnológicas. Se trata de uma demanda que tende a crescer com as iniciativas
governamentais de requerer todas as informações tributárias em formato digital e
com leiautes que facilitem a análise de dados.
E mesmo depois que todas as obrigações fiscais tiverem sido criadas em formato
digital, haverá a enorme necessidade de termos boas ferramentas de gestão
de informações. O potencial de dano é enorme quando pensamos em todas as
hipóteses que o Fisco tem para cruzar informações em várias bases de dados. E
os formulários e fichas das obrigações fiscais digitais tem sido elaboradas para
isso.
Seja como for, investir em conhecimento fiscal é sempre útil. Muito depende
de nossa postura e interesse em envolver colegas de outras áreas em nossos
assuntos. Afinal, o trabalho fiscal afeta a empresa como um todo.
Uma boa ferramenta sistêmica, bem atualizada, vai garantir um bom trabalho
nas retenções fiscais e nas outras atividades de rotina. Embora não substitua a
boa capacidade técnica do profissional fiscal, constitui uma excelente ajuda ao
trabalho. Mas como falamos, um dos desafios é lidar com prestadores de serviços
de vários regimes tributários. Vamos falar sobre um deles agora...

sumário 21
Educação

COMO LIDAR COM


OS PRESTADORES
DE SERVIÇOS QUE
SÃO OPTANTES
DO REGIME
TRIBUTÁRIO
DO SIMPLES
NACIONAL?
4 coisas que você
precisa saber sobre:
RETENÇÕES
DE IMPOSTOS
NA FONTE
sumário 22
Educação

3. Como lidar com os


prestadores de serviços que são
optantes do regime tributário do
Simples Nacional?
O regime do Simples Nacional é relativamente novo. Nascido em 1996, tem por
objetivo facilitar o recolhimento e a declaração de impostos e contribuições por
parte das pequenas e médias empresas.
Nesta sistemática, as empresas recolhem numa única guia um valor que será
distribuído em vários tributos: IRPJ, CSLL, Pis, Cofins, IPI, INSS Patronal, ICMS e em
muitos casos o ISS também. Então, aparentemente parece mesmo um sistema de
tributação bastante simples, porque concentra as obrigações fiscais em poucos
cálculos e declarações. Mas embora haja uma simplificação, ainda assim é uma
tarefa complexa. E quem toma serviços de prestadores optantes do Simples
Nacional também assume tarefas que possuem um nível razoavelmente grande
de complexidade.
O Sistema Simples Nacional é uma criação do Governo Federal. Por isso houve
muita negociação e discussão para incluir nele o ICMS, de competência estadual,
e o ISS, de competência municipal. E de fato não se pode dizer que estes dois
tributos estão automaticamente inclusos no valor recolhido pela empresa na guia
de tributos do Simples Nacional.
No caso do ICMS, o problema é a sistemática de ST (Substituição Tributária).
Essa é uma questão bastante interessante e que deve ser de conhecimento
de profissionais fiscais e de outras áreas. No entanto, neste momento não
abordaremos o assunto, porque este mecanismo não prevê a retenção tributária
na fonte, que é o nosso tema.
Em se tratando de ISS, entretanto, isso muito nos interessa neste instante. Isso
porque o ISS é um dos tributos mais sujeitos ao instituto da retenção na fonte. E
um dos mais complexos para apurar o percentual correto.
Considerando todas as hipóteses em que ele incide, e todas as legislações das

sumário 23
Educação

mais de 5.570 cidades, já seria assunto complexo o suficiente. Acrescente à


isso os novos negócios que são criados a cada ano com o advento das novas
formas de tecnologia. Por exemplo, o streaming é um serviço? Ou se trata apenas
da disponibilização de produtos em formato digital? Seja serviço ou atividade
comercial, poderia ser enquadrada em um regime simplificado como o Simples
Nacional? De fato, essas não são questões fáceis de serem respondidas.
Entender um pouco como funciona o Simples Nacional vai nos ajudar a lidar com
o ISS nas retenções na fonte.
O Simples Nacional envolve apurar a média dos faturamentos da Pessoa Jurídica
auferidos nos últimos 12 meses e aplicar uma fórmula que envolve alíquota
unificada e parcela a deduzir conforme a faixa de receita. Note um exemplo,
abaixo:**

É fácil perceber que a parcela dos tributos varia a cada faixa de receita bruta. O ISS
não é exceção.
Uma regra fundamental é saber a quem cabe fazer a retenção do imposto. Esta é
uma questão que suscita muita dúvida e que precisa ser compreendida com base
na Lei Complementar nº 116, que rege o ISS. Existem duas hipóteses mencionadas

sumário 24
Educação

na lei e que precisam ser entendidas e verificadas: o recolhimento cabe ao


município em que o prestador de serviço está sediado ou na cidade em que o
serviço é prestado? Estudar sobre a retenção de tributos na fonte aborda essa
questão quando considera o ISS, por se tratar de uma particularidade específica
deste imposto.
Se o ISS devido sobre a operação for de responsabilidade do tomador, o prestador
deverá informar na nota fiscal o percentual do imposto devido de acordo com a faixa
de enquadramento no Simples Nacional. Isso é necessário, afinal quem poderá
saber qual o nível ou média de faturamento que o prestador de serviço teve nos
últimos meses? Ou ainda, como saber qual o tipo de lista de faturamento a qual o
prestador de serviço está enquadrado? De fato, é mesmo de uma informação muito
particular e que somente pode ser provida pelo próprio prestador de serviços. Não
existe uma base de dados pública em que essa informação possa ser consultada.
Mesmo assim, ainda que o prestador de serviços seja obrigado a informar o
percentual de ISS a ser retido, são muitos os casos em que vemos que isso não
é feito. E esta situação causa muito transtorno ao tomador, já que ele precisa da
informação para fazer a retenção do imposto na fonte.
Existe alguma consequência para o caso de não haver essa informação na nota
fiscal? Sim, há. Se não fizer isso, o prestador de serviços poderá sofrer retenção de
acordo com a alíquota do município do tomador.
Isso pode causar até prejuízos a ele, visto que as alíquotas normais de retenção
dos municípios podem ser superiores aos percentuais que ele está sujeito por ser
optante do Simples Nacional (caso a prefeitura em que ele se sedie esteja com a
apuração de ISS integrada a este regime). E se forem menores, ele poderá ficar em
débito com o Fisco de sua cidade e sujeito a algumas penalidades.
Não bastasse a complexidade em ter de saber a quem cabe fazer a retenção deste
imposto e verificar se o prestador de serviço informou a alíquota cabível no corpo
da nota fiscal, ainda há outro aspecto a ser considerado aqui: as alíquotas de ISS
dos prestadores de serviços optantes pelo Simples Nacional são bastante diversas
e diferem bastante das alíquotas de ISS que são praticadas nos outros cenários.
Não deve causar estranheza vermos percentuais tais como: 4,01%, 4,31% e assim
por diante. Estamos acostumados com alíquotas que sejam números divisíveis
ou redondos. Notamos por estes exemplos que isso nem sempre corresponde
à realidade.
Essa variedade enorme de percentuais constitui uma verdadeira dor de cabeça

sumário 25
Educação

no momento de parametrizar sistemas de inteligência fiscal. Afinal, como prever


todos os tipos de alíquotas de retenção de ISS que podem existir? Como fazer a
desejável correlação entre modalidades de serviços e seu respectivo percentual
de retenção na fonte? Qual o nível de segurança de um sistema que possua um
campo de percentual de imposto que comporte tantas opções de uso e que
necessite ser alterado com tanta frequência?
É verdade que existem iniciativas governamentais para tentar unificar e padronizar
as informações fiscais. Existe, por exemplo, o Bloco B da EFD (Escrituração Fiscal
Digital) ICMS/IPI, que criou leiautes para as retenções e recolhimentos de ISS.
Também há a EFD Reinf, cuja expectativa é a de padronizar as informações de
tributos a serem retidos e consequentemente os nomes e códigos de operações
que se sujeitem às retenções tributárias na fonte.
Entretanto, essa é uma façanha e tanto. Se levarmos em conta o ISS, por exemplo,
em que cada uma das mais de 5.570 cidades cria sua própria legislação, e
também seus próprios códigos de serviços, parece bastante desafiador unificar as
estruturas do imposto com tantos tratamentos distintos. Será preciso esperar para
ver. Até lá, temos o desafio de lidar com o cenário atual, com suas complexidades.
Ufa! Abordamos apenas o ISS, mas na verdade a preocupação e cuidados devem
existir para todos os tributos sujeitos à retenção na fonte.
Diante destes desafios, o que temos de saber também é o que está envolvido
no papel/tarefa de tomador de serviço responsável pela retenção de impostos. É
sobre isso que iremos discorrer agora.

sumário 26
Educação

O QUE ESTÁ
ENVOLVIDO
EM SER O
RESPONSÁVEL
PELA RETENÇÃO
DE TRIBUTOS NA
FONTE?

4 coisas que você


precisa saber sobre:
RETENÇÕES
DE IMPOSTOS
NA FONTE
sumário 27
Educação

4. O que está envolvido em ser


o responsável pela retenção de
tributos na fonte?
Quando pensamos sobre as funções que o trabalho de descontar os tributos no
momento do pagamento e em tudo o que isso envolve, podemos às vezes ter
a impressão que estamos trabalhando para outras empresas e não para nosso
empregador. E essa é mesmo uma impressão que faz muito sentido.
De fato, quando realizamos a tarefa de reter impostos na fonte estamos, na verdade,
lidando com recursos que não são nossos. São do prestador de serviços ou de
quem é responsável pela operação que ensejou a retenção tributária. Então, na
verdade, estamos calculando e pagando um imposto que não é nosso, mas de outra
empresa ou entidade. Informamos este imposto em nossas declarações fiscais
também em benefício dele, não nosso. Mas se não o fazemos, ou cometemos
algum erro, a penalidade será aplicada a nós, contratantes ou tomadores desse
serviço e não necessariamente penaliza o prestador.
Este sistema foi feito, dentre outras razões, para evitar a sonegação. Envolver
várias empresas nas operações comerciais e fiscais dificulta desvios de recursos
de impostos. De fato, é um mecanismo bastante inteligente, pois seria necessário
que as empresas combinassem informações previamente para benefício de todas
as integrantes num conluio caso quisessem fraudar o Fisco. E temos visto mesmo
isso acontecer quando reportagens tratam de esquemas de corrupção e como
foi elaborado o esquema entre elas para tal fim. Então, ter este sistema integrado
interessa muito ao Governo e órgãos fiscalizadores, a fim de evitar a evasão fiscal
e outros crimes e práticas ilícitas.
Na prática, uma empresa lida com o dinheiro da outra, e vice-versa. E mais: se
torna assim corresponsável pelo modo como lida (calcula, apura, paga e declara)
esses impostos. Desta forma, tendo em vista a enorme possibilidade de que isso
lhe cause prejuízos, dado o enorme risco envolvido, as empresas são obrigadas a
reservar pessoal para lidar com bastante cuidado desta tarefa.
As empresas tem sido obrigadas a contratar equipes consideráveis para realizar

sumário 28
Educação

essas tarefas. Aqui no Brasil, em média, a cada 200 colaboradores, um trabalha na


área contábil/fiscal. Nos Estados Unidos, em contraste, a proporção é de 1 a cada
1.000%.
Isso, entre outras coisas, explica porque somos o país no mundo que mais exige
tempo das empresas para lidarem com assuntos fiscais. Veja o gráfico abaixo@:

É assustador! São 2.600 horas por ano gastas na média pelas empresas apenas
para apurar, recolher e declarar impostos. Gastamos um tempo enorme em
cumprir as burocráticas tarefas fiscais, contábeis e financeiras ao invés de usar
boa parte deste tempo precioso com atividades produtivas, geradoras de renda.
Isso não apenas destrói a produtividade, mas prejudica nossa competitividade
encarecendo nossos produtos e serviços, traz riscos enormes para as empresas,
entre outros danos.

sumário 29
Educação

A retenção de impostos na fonte faz parte dessa terrível estatística. Obriga os


tomadores de serviços a consultarem a legislação frequentemente para verificar
se há obrigações fiscais a cumprir a cada pagamento de serviço que fazem. Na
realidade, são transformadas em fiscais, por patrulharem umas as outras.
Como fazem isso? Verificando se o seu tomador de serviço está fazendo o
destaque do imposto corretamente na nota fiscal, se ele realmente está prestando
o serviço que contratualmente foi combinado, se ele realmente desempenha uma
função que pode ser enquadrada no regime tributário do Simples Nacional ou não,
e por aí vai.
E no papel de prestadoras de serviço, vigiam se seus clientes fazem o correto
pagamento de seus tributos, se os declaram de forma exata, se possuem
entendimento diverso do que eles mesmos tem, e assim por diante.
Toda essa preocupação faz todo o sentido. Cada empresa que toma serviços ou
realiza operações sujeitas à retenção de impostos na fonte se torna responsável
solidária no que se refere aos tributos. Esta responsabilidade solidária tem
implicações legais em caso de não cumprimento dos seus dispositivos, podendo
até ser considerado crime contra a ordem tributária.
Diante disso, é uma atitude bastante inteligente conhecer este assunto. Afinal,
qual empresa consegue sobreviver sem adquirir serviços, ter folha de pagamento,
fazer investimentos e outras operações tão comuns ao dia a dia? Considerando a
enormidade de hipóteses sujeitas ao desconto de impostos na fonte, conhecer o
básico do assunto é questão de eficácia e até de conhecer os riscos que se corre.
Há empresas que preferem lidar com este assunto sem terem a adequada
preocupação e cautela. Por exemplo, para efetuarem pagamentos e as retenções
de impostos algumas empresas escalam equipes ou colaboradores que não tem
conhecimento fiscal dessas funções. Infelizmente, a atividade de pagar as contas
pode ter sua importância subestimada, como que imaginando que qualquer
colaborador pode realizá-la, sem o mínimo de treinamento técnico (inclusive
tributário).
Nestes casos, com a falta de habilidade em questões tributárias, em saber por
exemplo onde consultar informações sobre alíquotas de impostos nas operações
diárias, os colaboradores podem ser levados a efetuarem as retenções em
percentuais errados, muitas vezes superiores aos que seriam aplicáveis.
E quais as consequências em, por exemplo, efetuar retenções de tributos em
alíquotas maiores do que seriam devidas?

sumário 30
Educação

A principal delas é o desperdício de dinheiro. Quando o prestador de serviços


percebe que o imposto foi descontado em valor maior do que deveria ser, ele
geralmente contata a empresa tomadora de serviço para pedir que ela o reembolse
da diferença. Por exemplo, imagine uma operação com preço combinado de R$
100, cuja retenção de impostos deveria ser sido feita em 5%, mas foi feita por
10%. Neste caso, o prestador recebeu R$ 90 reais pelo serviço e teve um crédito
fiscal de R$ 10 recolhidos em seu nome para o Governo. No entanto, ele esperava
receber R$ 95 pelo serviço e ter um crédito fiscal de R$ 5 naquela operação. E são
comuns as vezes em que, em situações como esta, ele peça a correção do valor
do crédito fiscal e o recebimento em dinheiro da diferença. Neste exemplo que
citamos, o prestador de serviços poderia pedir a correção de crédito fiscal, de R$
10 para R$ 5, e o recebimento adicional de R$ 5 em dinheiro pelo serviço.
É bem verdade que o crédito fiscal, uma vez pago e declarado, está seguro. Ou seja,
o prestador terá mesmo razão aos R$ 10 pagos. Ainda que a lei tenha previsto 5%
de retenção neste caso, não há prejuízo para ele na retenção ter sido feita em valor
maior porque o crédito fiscal será mantido no valor pago. Ele poderá usá-lo depois
para abater seus débitos de impostos.
No entanto, ele muitas vezes não quer abrir mão de um pequeno recebimento
hoje em benefício de um crédito que poderá usar dentro de algumas semanas
ou meses. E é nestes casos que o prestador de serviços exige uma correção de
informações e de pagamentos.
E aí começa a complicação para o tomador de serviços.
Efetuar o pagamento complementar da diferença que foi retida a maior é
relativamente fácil. Evidentemente, se isso se repete com uma certa frequência,
causa real prejuízo para a empresa: para o seu Fluxo de Caixa, por exemplo,
desembolsando valores que, sendo pequenos mais frequentes, podem impactar
as finanças. E quando os valores são elevados, maior ainda o prejuízo causado
com recursos que precisam pagar diferenças para prestadores de serviços ao
invés de serem aplicados na operação ou investidos.
Depois disso, a próxima etapa é corrigir os valores de créditos fiscais. Isso é feito
com retificações, ou reenvio, de declarações fiscais. Se a retenção a maior foi feita
em apenas um tributo, pode ser que haja apenas uma retificação a ser feita. Mas
raramente é assim. Na maioria dos casos, são diversas as declarações fiscais a
serem refeitas e reenviadas com o ajuste do valor retido e pago.
Isso é indesejável não apenas pelo retrabalho gerado. Pode ser que o prestador

sumário 31
Educação

leve muito tempo para se dar conta do que ocorreu e requerer a correção. Quanto
maior o tempo decorrido, maior o risco de reabrir e refazer declarações fiscais
pois, sempre que isso ocorre, o prazo para fiscalização dos fatos registrados ali é
renovado e dilatado. Na prática, a empresa corre mais risco fiscal.
Pior ainda é quando ocorre uma retenção de tributos indevida. Nestes casos, o que
o tomador de serviços precisa fazer é um pedido de ressarcimento junto ao Fisco
da prefeitura que se beneficiou do recolhimento do imposto. E essa é outra tarefa
complicada.
Em primeiro lugar, o valor envolvido pode ser pequeno e a tarefa de preencher
todos os documentos e requerimentos pode ser enorme. Isso faz com que o
esforço não compense o benefício e a empresa simplesmente desista de requerer
a devolução. E aí, novamente imagine que isso ocorra com alguma frequência. O
resultado é o aumento do prejuízo financeiro, na perda de recursos pagos que não
são recuperados.
E em segundo lugar, temos de admitir que determinadas cidades não possuem
a estrutura mínima fiscalizatória e de atendimento aos contribuintes. Algumas
prefeituras sequer tem site na internet, o que significa dizer que não possuem a
legislação do ISS disponível para consulta facilmente. Algumas fazem apenas o
atendimento presencial, muitas vezes realizado por um funcionário que lida com
questões de várias espécies, e que não tenha formação ou especialização fiscal.
Então, não é incomum que, mesmo que a lei geral do ISS (LC nº 116) determine que
não cabe a ela o imposto pago, a respectiva prefeitura manifeste o entendimento
de que o imposto é, sim, devido a ela e que não irá devolvê-lo. E neste caso, apenas
a abertura de um processo administrativo poderia de fato resolver a questão. Mas
aí novamente temos a enorme burocracia custando tempo e recursos valiosos da
empresa, que faz a análise de custo e benefício para decidir se segue em frente
ou desiste.
Não é incomum que as retenções de impostos sejam feitas indevidamente.
Há casos em que algumas empresas conseguem liminares (decisões judiciais
temporárias) para não sofreram a retenção de determinados tributos. Neste caso a
lei determina a retenção, mas há uma decisão judicial que impede o cumprimento
determinando a suspensão desse desconto. É notório e significativo o enorme
trabalho que seria causado por retenção de impostos indevida neste caso.
Isso tudo nos faz pensar no potencial que este assunto tem para causar problemas
para a empresa. Levando em conta a quantidade de hipóteses em que cabe a

sumário 32
Educação

retenção na fonte e a probabilidade de erros nelas, é evidente o cuidado necessário


para evitar danos.
Esperamos que este guia o tenha ajudado a ter ideias de como lidar com este
tema complexo e o tenha motivado a buscar informações adicionais para o seu
trabalho ou para a sua empresa.

sumário 33
Educação

Notas bibliográficas:

(&)
https://ibpt.com.br/img/uploads/novelty/estudo/2603/
QuantidadeDeNormas201628AnosCF.pdf
(*)
https://exame.abril.com.br/brasil/livro-gigante-revela-peso-de-impostos-no-pais-
2-hipopotamos/
($)
http://www.receita.fazenda.gov.br/Aplicacoes/ATSPO/CodigoReceita/default.asp
(#)
https://www.robertodiasduarte.com.br/inteligencia-artificial-na-contabilidade-o-
que-muda-para-o-contador/#.W-radOhKjIU
(**)
https://www.contabeis.com.br/noticias/37822/simples-nacional-2018-vamos-
aprender-a-calcular/
(%)
https://g1.globo.com/economia/noticia/empresas-gastam-1958-horas-e-r-60-
bilhoes-por-ano-para-vencer-burocracia-tributaria-apontam-pesquisas.ghtml
(@)
http://porque.uol.com.br/por-que-o-brasil-e-campeao-mundial-de-tempo-perdido-
com-impostos/

sumário 34

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