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Fiscal
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes
sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. José Carlos Pereira de Almeida

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Sistema Tributário Nacional – Tributos
Incidentes sobre Operações com
Mercadorias e Serviços

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• O Sistema Tributário Nacional;
• ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços;
• IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados;
• Programa de Integração Social - PIS;

Fonte: Getty Images


• COFINS – Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social;
• ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.

Objetivos
• Ter uma visão geral do Sistema Tributário Nacional;
• Conhecer os principais tributos incidentes sobre as operações com mercadorias e serviços.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Contextualização
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, que ultrapassa os 37% do
Produto Interno Bruto (PIB). Isso mesmo, de tudo que o país produz, mais de 37% ficam
com os governos Federal, Estaduais, Municipais e Distrito Federal, a título de tributos.

Um excelente estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário –


IBPT, denominado “QUANTIDADE DE NORMAS EDITADAS NO BRASIL – 30 anos
da constituição federal de 1.988”, nos mostra que:
Desde 05 de outubro de 1988 (data da promulgação da atual Constitui-
ção Federal), até agora (base 30/09/2018), foram editadas 5.876.143
(cinco milhões, oitocentos e setenta e seis mil, cento e quarenta e três)
normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em
média, 536 normas editadas todos os dias ou 774 normas editadas
por dia útil.

Quantidade de NORMAS EDITADAS NO BRASIL: 30 anos da constituição federal de 1988.


Disponível em: https://bit.ly/2JdYbOj

No que diz respeito a tributos, o mesmo estudo mostra que:


Desde 05/10/1988 (data da promulgação da Constituição atual), até
agora (base 30/09/2018), foram editadas 390.726 normas. São mais
de 1,92 normas tributárias por hora (dia útil). Em 30 anos, houve 16
emendas constitucionais tributárias, foram criados inúmeros tributos,
como CPMF, COFINS, CIDES, CIP, CSLL, PIS IMPORTAÇÃO, CO-
FINS IMPORTAÇÃO, ISS IMPORTAÇÃO, foram majorados pratica-
mente todos os tributos, em média cada norma tem 3 mil palavras.

Não fique assustado(a), esse é o ambiente que você escolheu para trabalhar, então se
prepare, não se acomode, estude sempre, esteja sempre atualizado(a) para desenvolver
o seu trabalho da melhor forma possível.

A nossa missão enquanto Gestores Tributários é fazer com que nossas empresas
recolham seus impostos de maneira correta e que esses recolhimentos tenham o menor
impacto possível nas operações das empresas, isso porque a concorrência é grande,
os custos são iguais para todos, só resta ganhar eficiência no quesito tributos. Existem
várias formas de recolher tributos com economia e de forma legal.

Nesse sentido, esta disciplina tem por objetivo dar ao(à) aluno(a) uma visão simplifi-
cada dos tributos incidentes sobre as operações das empresas. Não é nossa pretensão
citar tudo, sobre todos os tributos, isso seria impossível nesse ambiente, mas certamente,
após a leitura dessa e das próximas unidades e elaboração das atividades propostas,
você vai ter condições de entender o funcionamento dos principais tributos incidentes
nas operações das empresas. Daí em diante, é contigo, não pare por aqui, estude, pes-
quise e faça o melhor que você conseguir, tanto para o seu sucesso profissional quanto
para o bom desempenho de sua empresa.

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O Sistema Tributário Nacional
Decidimos iniciar esta unidade com as frases acima, a primeira creditada a Benjamin
Franklin, escritor e político americano (1706 a 1790), e a segunda a Samuel Johnson,
escritor e pensador inglês (1709 a 1784), para que você perceba que o assunto “impos-
tos” incomoda já há muito tempo. Nenhum país conseguiria sobreviver sem a cobrança
de tributos, que são a ferramenta necessária para que ele possa se desenvolver e gerar
bem-estar para os seus cidadãos.
“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”.

“Só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos.”

No Brasil, não é diferente, os tributos existem, são regulamentados pela Constituição


e contam com uma estrutura básica definida no Código Tributário Nacional, como nos
ensina Pêgas (2018, p. 30).

Conforme citamos anteriormente, a Constituição Federal define como os Entes Fe-


derativos (União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) podem instituir os tributos
por ela especificados e, também, as limitações que devem cumprir ao instituir tributos.

Vamos passear um pouco pela Constituição e pelo Código Tributário Nacional?

Definição de Tributo
O Artigo 3º do Código Tributário Nacional assim define tributo:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.

Conforme Pêgas (2018), o entendimento dessa definição é o seguinte:

Tabela 1
TRIBUTO – CARACTERÍSTICA EXPLICAÇÃO
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA O pagamento do tributo é obrigatório, não sendo possível fugir da
COMPULSÓRIA sua obrigação. É algo impositivo, não opcional.
O pagamento do tributo só poderá ser feito em R$ (moeda oficial
EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA do Brasil), não podendo, em nenhuma hipótese, ser realizado em
SE POSSA EXPRIMIR bens ou serviços. Admite-se que o tributo seja devido em índices,
tipo a UFIR, posteriormente convertidos em R$.
O tributo visa intervir em situações sociais ou econômicas,
tributando a renda, o consumo e o patrimônio. Não pode ser
considerado como punição, sendo cobrado apenas quando o
QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO contribuinte emite sinal de capacidade de pagamento. A multa, por
POR ATO ILÍCITO outro lado, constitui-se sanção por ato ilícito, sendo cobrada por
algum tipo de infração vinculada ao pagamento de tributo.
A multa não tem (ou não deveria ter) função arrecadatória, pois
visa somente coibir o ato ilícito.

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

TRIBUTO – CARACTERÍSTICA EXPLICAÇÃO


A lógica é a da representatividade, pois como a lei é feita pelos
representantes do povo, teoricamente o povo só terá que arcar
com os impostos que aceitou pagar. Tal ideia veio do direito
americano, onde é manifestada no brocardo “no taxation
INSTITUÍDA EM LEI
without representation” (não haverá cobrança de tributos sem
representação). Importante lembrar que há exceção somente para
majoração de alíquotas de alguns impostos, mas sua instituição
está preservada pelo dispositivo do CTN.
A cobrança de tributo se vincula à lei e à sua compulsoriedade.
Assim, a autoridade tributária não tem poder para analisar a
COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE
situação, verificando se é conveniente, justo ou não cobrar os
ADMINISTRATIVA PLENAMENTE
tributos. Deve vincular a cobrança às demais definições inseridas
VINCULADA
no conceito de tributo, principalmente a obrigação compulsória de
instituição por lei e o pagamento em moeda. (PÊGAS, 2018, p. 30.)
Fonte: PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2018

Os tributos são divididos em três categorias: os Impostos, as Taxas e as Contribuições


de Melhoria, que podem ser classificados como vinculados e não vinculados.

Os tributos vinculados referem-se àqueles valores recolhidos e têm uma contrapres-


tação por parte do Estado, como, por exemplo, uma taxa para emissão de documento,
uma taxa para licenciamento de atividade comercial ou industrial, etc.

Já os tributos não vinculados referem-se àqueles valores recolhidos ao Estado em que


o mesmo não tem qualquer obrigação de vinculá-los a serviços, ou seja, esses recursos
entrarão no caixa do Estado e serão destinados conforme as necessidades orçamentárias.

No Brasil, os tributos incidem sobre a Renda, o Patrimônio, o Consumo e os En-


cargos Sociais, mas, antes de abordamos mais detalhadamente as incidências, vamos a
mais algumas definições presentes no Código Tributário Nacional, o qual passaremos a
chamar de CTN neste capítulo.

Impostos
O artigo 16 do CTN assim define imposto: “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obri-
gação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte”.

Podemos entender dessa definição que o pagamento de um imposto por qualquer


que seja o fato gerador não obriga o Estado a prestar qualquer serviço em relação a ele,
ou seja, os impostos não são vinculados.

Taxas
O artigo 77 do CTN assim define taxa:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Fe-
deral ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a

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utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisí-
vel, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Com base nessa definição, entendemos que o contribuinte só paga uma taxa quando ne-
cessita de algum serviço a ser prestado pelo Estado, ou seja, as taxas são tributos vinculados.

Contribuições De Melhoria
As Contribuições de Melhoria estão definidas no artigo 81 do CTN:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Es-
tados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Veja que, do mesmo jeito que as Taxas, as Contribuições de Melhoria também são
vinculadas, nesse caso vinculadas a um benefício gerado pelo Estado ao contribuinte.

Contribuições Sociais
Para finalizar, temos as Contribuições Sociais, que atualmente são consideradas
como mais uma espécie de tributo.

Veja o que nos ensina Pêgas (2018, p. 32):


As contribuições sociais representam, sem dúvida, uma quarta espé-
cie de tributo, conforme vem sendo escrito por renomados autores da
área do direito tributário.

O saudoso Professor Láudio Camargo Fabretti escreveu em seu ex-


celente livro Contabilidade tributária o seguinte sobre a contribuição
social: “Analisando-se a relação custo/benefício para o contribuinte,
verifica-se que ora seu impacto é de imposto, ora é de taxa, ou seja, é
um tributo misto de imposto e taxa.”

As contribuições sociais são de dois tipos: as destinadas especifica-


mente para atender à seguridade social, instituídas na Constituição
Federal, em seu art. 195, e modificadas na Emenda Constitucional
nº. 20/98; e as outras contribuições sociais.

As contribuições sociais direcionadas para a seguridade social incidem


sobre:

Folha de Salários e de Terceiros – INSS;

Faturamento ou Receita – PIS e COFINS;

Lucro – CSLL.

A seguridade social é entendida como o conjunto dos ministérios da


Previdência Social, Assistência Social e Saúde.

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Existem, ainda, outras contribuições sociais, não direcionadas para a se-


guridade social, como o PIS/PASEP, cuja destinação é para o Fundo de
Amparo ao Trabalhador, vinculado ao Ministério do Trabalho e do Em-
prego. Outras contribuições sociais são aquelas destinadas para o sistema
S: SESC, SENAC, Salário-Educação, INCRA, SEBRAE, entre outros.

Quando falamos em tributo, sempre temos que entender que existem dois sujeitos,
que são o Sujeito Ativo e o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária, como apresentado
a seguir.

Sujeito Ativoe e Sujeito Passivo da Obrigação Tributária


Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para
exigir o seu cumprimento, ou seja, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.

Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo


ou penalidade pecuniária, assim definido como Contribuinte.

Conforme citado anteriormente, o Sistema Tributário Nacional (STN) rege e formali-


za a cobrança dos tributos no Brasil. Essas regras seguem os limites estabelecidos pela
Carta Magna para que os entes federativos não excedam aos seus poderes de tributar.
Os principais limites estabelecidos pela Constituição estão elencados no artigo 150 e
são os seguintes:
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: é proibido à União, aos Estados e aos Municí-
pios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
2. PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE TRIBUTÁRIA: é proibido à
União, aos Estados e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contri-
buintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independente-
mente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
3. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: é proibido à União, aos Estados e aos
Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início
da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
4. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE SIMPLES: é proibido à União, aos Esta-
dos e aos Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Elencamos acima aqueles que julgamos ser os principais limites estabelecidos no que tange
à liberdade dos Entes Federativos em questões de tributos, mas convidamos você a ler por
completo o Artigo 150 da Constituição Federal, para que tenha conhecimento de todas as
limitações ali estabelecidas. Disponível em: https://bit.ly/1dFiRrW

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A Constituição também estabelece quais tributos podem ser criados pela União, pelos
Estados e pelos Municípios, conforme previsto nos artigos 153 a 156, que reproduziremos
a seguir resumidamente, e já aproveitamos para repetir o mesmo convite do parágrafo
anterior, lembrando que eles podem ser acessados no mesmo endereço citado acima:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impos-


tos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni-
cação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.

Agora, para melhorar o seu entendimento, vamos citar os impostos – você percebeu
que passamos da expressão “tributos” para a expressão “impostos”? Isso porque todo
imposto é um tributo, e assim facilitará o seu entendimento daqui em diante – divididos
por entes da federação, observe:
• Impostos Federais:
» Imposto sobre a Importação de produtos estrangeiros – (II);
» Imposto sobre a Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados – (IE);
» Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza – (IR);
» Imposto sobre Produtos Industrializados – (IPI);
» Imposto sobre Operações Financeiras – (IOF);
» Imposto Territorial Rural – (ITR);
» Imposto sobre Grandes Fortunas – (IGF).

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

• Impostos Estaduais:
» Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – (ICMS);
» Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – (IPVA);
» Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de qualquer bem – (ITCMD).
• Impostos Municipais:
» Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – (IPTU);
» Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais
Relativos – (ITBI);
» Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – (ISS).

Finalizando essa primeira parte da Unidade, vamos dividir os impostos em duas ca-
tegorias, os Impostos Diretos e os Impostos Indiretos.
• Impostos Diretos:
» Incidem sobre o Patrimônio e a Renda, ex.: IRPF, IRPJ, IPTU, ITR, IPVA, etc.
• Impostos Indiretos:
» Incidem sobre a produção e a circulação de bens e serviços, ex.: IPI, ICMS, ISS,
COFINS, PIS, etc.

Os impostos ainda podem ser Cumulativos e Não Cumulativos, cuja definição é


a seguinte.
• Impostos Cumulativos:
» Incidem sobre todas as fases da cadeia de produção ou comercialização.
• Impostos não Cumulativos
» Incidem também sobre todas as fases da cadeia de produção ou comercialização,
porém é permitida a compensação do imposto de mesma denominação pago na
cadeia anterior.

Fique tranquilo(a), que mais adiante detalharemos e explicaremos cada uma das ex-
pressões utilizadas acima.

Vamos agora conhecer um pouco mais das particularidades de cada imposto e con-
tribuição que incide sobre as operações com mercadorias.

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ICMS - Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços
Imposto de competência estadual que incide sobre as operações que envolvam:
• Circulação de mercadorias;
• Prestação de serviços de transportes;
• Prestação de serviços de comunicação;
• Importação de mercadorias.

Importante citar o que nos relata Pêgas (2018, p. 178):


O ICMS está presente em nossa vida em quase todos os momen-
tos. Quando tomamos o café da manhã, quando almoçamos, quando
compramos um caderno, uma água mineral, quando ouvimos rádio
ou ligamos a TV para assistir a um programa favorito, em todas essas
situações há participação do ICMS.

O ICMS é a principal fonte de arrecadação dos Governos Estaduais e, por ser de


competência estadual, é um imposto muito complexo, porque temos 27 Estados, então
temos 27 legislações diferentes relativas a esse imposto. Normalmente, o que vale para
um estado não vale para o outro, isso acaba tornando as operações de compra e venda
entre contribuintes de estados diferentes muito onerosas e às vezes inviáveis.
O Contribuinte do ICMS, conforme previsto na legislação, é qualquer pessoa, natu-
ral ou jurídica, que de modo habitual ou em volume que caracterize intuito comercial,
realize operações relativas à circulação de mercadorias ou preste serviços de transporte
interestadual ou intermunicipal ou de comunicação.
Conforme vimos anteriormente, o ICMS está previsto no inciso II do parágrafo pri-
meiro do artigo 155 e, como já sabemos, ao conceder aos estados o direito de criar um
imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, a Carta Magna fixa algumas diretri-
zes para o imposto, que no caso do ICMS são aquelas constantes do Parágrafo segundo
do artigo acima citado, veja:
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de ser-
viços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário


da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido


nas operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias


e dos serviços;

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Além desse, convido o(a) aluno(a) a tomar conhecimento dos outros dispositivos limitado-
res constantes dos demais incisos e parágrafos do artigo 155 relativos ao ICMS para melhor
entender o que citamos anteriormente sobre as limitações do poder de tributar, que po-
dem ser consultados em: https://bit.ly/1dFiRrW

O Controle e arrecadação do ICMS são feitos através de diversas obrigações acessó-


rias e livros próprios para o registro das operações, entre eles:

Obrigações Acessórias:
• Registro de Entradas, modelo 1 ou 1-A;
• Registro de Saídas, modelo 2 ou 2-A;
• Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3;
• Registro de Impressão de Documentos Fiscais, modelo 5;
• Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, modelo 6;
• Registro de Inventário, modelo 7.

Aspectos do Tributo
Sujeito ativo:
• Governos Estaduais e Distrito Federal.

Sujeito passivo:
• Contribuinte (de fato): tem relação direta com o fato gerador;
• Contribuinte responsável: eleito pela Lei para responder à obrigação tributária.

Uma das características do ICMS é que esse tributo, dependendo do tipo de operação
ou mercadoria, pode apresentar mais de um Sujeito Passivo. O primeiro citado acima
é aquele que efetivamente adquiriu a mercadoria e, ao comprá-la, pagou o imposto que
estava embutido no seu preço final. O outro é aquele que, também, dependendo da
operação ou da mercadoria, mesmo não tendo dado origem ao fato gerador, responde
pelo pagamento antecipado do imposto, é o caso da Substituição Tributária, que vere-
mos mais à frente.

O ICMS é um imposto seletivo, ou seja, suas alíquotas variam de acordo com a es-
sencialidade do produto; regra geral, suas alíquotas são:

Alíquotas Internas
• 0 ou 7% Produtos da Cesta Básica;
• 12% Serviços de Transportes em geral;
• 25% Serviços de Comunicações;

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• 4% Serviços de Transporte Aéreo;
• 18% Nos demais produtos.

Alíquotas Interestaduais
• 7% Saídas para Regiões NO, NE, CO e ES;
• 12% Saídas para as Regiões SUL e SUDESTE.

Vale lembrar que as alíquotas internas podem variar nos diversos estados da federa-
ção, já com relação às alíquotas interestaduais são fixas porque são regulamentadas pelo
Senado Federal.

Base de Cálculo
Regra Geral, a base de cálculo do ICMS é o valor da operação, incluídas as despesas
acessórias, entendidas como frete, seguro e outras.

Valor do ICMS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto +


Frete + Seguro + Outras Despesas Acessórias)

Exemplo
A Cia. América efetuou a venda de um lote de mercadorias por R$ 5.000,00.
Para entregar essas mercadorias ao adquirente, a Cia. América cobrou frete de
R$ 300,00 mais seguro de R$ 200,00, assim o total da nota fiscal, ou da operação, é de
R$ 5.500,00, e é sobre esse valor que vai incidir a alíquota do ICMS.

O ICMS tem como fato gerador a circulação de mercadorias ou serviços, porém o


legislador foi cuidadoso ao estabelecer que não é qualquer circulação de mercadorias
que dá margem à incidência do tributo. Para isso elegeu algumas operações em que
pode haver a Não Incidência, a Isenção, a Suspensão e o Diferimento da cobrança do
imposto, vejamos:

Não incidência
Operações que contam com a não incidência do ICMS:
• Saídas para armazéns gerais;
• Saídas para depósito fechado;
• Retorno de armazéns ou depósitos;
• Remessas para consertos;
• Retornos de consertos;

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• Raídas de bens do ativo permanente;


• Operações com livros, jornais, periódicos.

Isenção
Operações que contam com a isenção do ICMS:
• Produtos destinados a pessoas portadoras de deficiências física, visual ou auditiva;
• Hortifrutigranjeiros;
• Insumos agropecuários;
• Moluscos;
• Importação de soros e vacinas.

Suspensão
Suspensão nada mais é do que o adiamento do pagamento do imposto por
determinado período; entre outras, estão suspensas da cobrança do ICMS as
seguintes operações:
• Remessas para demonstração.

(Os produtos que são remetidos devem retornar em 60 dias, caso não ocorra o
retorno o imposto será cobrado do remetente do produto.)

Diferimento
O diferimento promove o adiamento do pagamento do imposto, a ser feito em outro
período e por outro contribuinte.

Ocorre nas operações com:


• Algodão em caroço;
• Cana-de-açúcar em caule;
• Polpa de fruta;
• Chá em folha;
• Girassol;
• Pescados.
Em algum parágrafo anterior, citamos que o ICMS em algumas operações ou pro-
dutos elege um outro responsável tributário que não aquele que deu origem ao fato
gerador, que é o Substituto Tributário. Antes de entrarmos mais a fundo nesse assunto,
convocamos você a responder à seguinte pergunta.

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Sabemos que o estado tem que fiscalizar a cobrança e a arrecadação do ICMS, afinal
de contas esse imposto responde por uma parcela muito grande de tudo que ele arre-
cada. Nesse sentido, reflita e responda. O que seria mais fácil para os estados: fiscalizar
todos os bares, restaurantes, hotéis, casas noturnas, supermercados, padarias e outros
estabelecimentos que vendem cervejas e refrigerantes ou fiscalizar somente as indústrias
de cervejas e refrigerantes?

Se você respondeu que é mais fácil para o estado fiscalizar a indústria, acertou, por-
que certamente temos nos estados muito menos indústrias de cervejas e refrigerantes do
que quem os revende, não é mesmo?

Assim, os estados atribuem às indústrias de cervejas e refrigerantes a obrigação de


cobrar de seus clientes que vão revender os produtos o imposto que deveria ser pago
por eles após a venda. A essa modalidade de cobrança é dado o nome de Substituição
Tributária. Vamos ver como funciona?

A Substituição Tributária do ICMS


Em uma operação normal com mercadorias, a cobrança do ICMS é feita da se-
guinte maneira:

ICMS – Regime Normal – Alíquota de 18%

Circulação Circulação
Indústria Comerciante Consumidor

ICMS ICMS

Vende ao comércio Vende para o Consumidor por R$ 1500,00


R$ 1.000,00 Débito de ICMS R$ 270,00
Débito de ICMS R$ 180,00 (-) Crédito da Indústria R$ 180,00
Recolhe ao Estado R$ 90,00

Figura 1

Observe que na ilustração acima, a Indústria vendeu mercadorias para o Comerciante


e recolheu o ICMS por conta dessa operação; o Comerciante adquiriu as mercadorias
da indústria e as revendeu para o consumidor final. Esse Comerciante também recolheu
sua parcela de imposto já descontado o imposto pago quando adquiriu as mercadorias
da indústria, isso porque o ICMS, como já vimos anteriormente, é um imposto não
cumulativo. Isso está claro para você?

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Agora, vamos ver como funciona a cobrança do ICMS no Regime de Substituição


Tributária, veja:

ICMS – Substituição Tributária

Indústria Circulação Comerciante Circulação


Consumidor
(Substituto) (Substituído)

ICMS
ICMS
Figura 2

No Regime de Substituição Tributária, no caso da operação da ilustração acima, veri-


ficamos que a Indústria é a responsável pelo recolhimento do ICMS devido pela sua ven-
da ao Comerciante, o chamado ICMS da Operação Própria, e também responde pelo
recolhimento do ICMS devido pelo comerciante quando da venda das mercadorias ao
consumidor, nada mais é do que uma antecipação do recolhimento do imposto devido
nas fases seguintes de comercialização. Esse regime, por impedimento legal, não pode
ser aplicado à comercialização de produtos destinados ao processo de industrialização,
as matérias primas.

É uma forma de cobrança discutida porque o imposto é cobrado antecipadamente,


é cobrado no ato da venda pela indústria ao comerciante; assim, quando o comerciante
efetuar a venda para o consumidor, não haverá mais tributo a recolher porque o mesmo
foi pago antecipadamente. Veja como funciona esse sistema.

O fisco elege alguns produtos de grande circulação, por exemplo: pneus, cigarros,
tintas, medicamentos, material de limpeza, veículos novos, material de construção, etc.,
e estabelece para esses produtos a cobrança do ICMS no Regime de Substituição Tri-
butária, nas operações dentro do seu território. Para isso, fixa uma margem de valor
agregado através de um percentual que, aplicado sobre o valor da venda do produto na
indústria, determina o valor base para o cálculo do ICMS Substituição Tributária.

Nas operações interestaduais, há a cobrança do ICMS no regime de substituição


tributária somente se houver um protocolo firmado entre o estado remetente e o
estado destinatário, fixando o regime para aquele produto, caso contrário o ICMS
será cobrado.

Analise o quadro a seguir para entender como funciona o regime da substituição


tributária.

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ICMS – Substituição Tributária

Indústria Alfa Ltda. Venda Comercial Beta S. A. Venda


Consumidor
(Substituto) (Substituído)

Preço de Venda Margem de Lucro Estipulada pelo


R$ 3000,00 Fisco = 50% (IVA) - Preço de venda
ICMS da Operação Própria = Estimado = R$ 4500,00 - ICMS
R$ 540,00 (3000,00 x 18%) Devido sobre a Venda R$ 810,00
+ ICMS ST R$ 270,00 ICMS A RECOLHER R$ 270,00
(R$ 810,00 – R$ 540,00)

NOTA FISCAL DA INDÚSTRIA


Mercadorias R$ 3000,00 ICMS RECOLHIDO - INDÚSTRIA
ICMS ST R$ 270,00 R$ 810,00 (540,00 + 270,00)
TOTAL DA NF R$ 3270,00

Quando a Indústria Alfa Ltda vende as mercadorias para a Comercial Beta S.A por
R$ 3.000,00, ela passa a ser devedora de ICMS da ordem de R$ 540,00 (18% de
R$ 3.000,00), as mercadorias estão em regime de substituição tributária e têm uma
margem de valor agregado de 50%. Assim, estima-se a base para a cobrança do ICMS
Substituição Tributária, que é de R$ 4.500,00 (3.000,00 + 50%), aplicando-se a alíquo-
ta de 18% sobre o valor da base encontrada, ou seja, R$ 4.500,00; chega-se ao valor
do ICMS estimado, que seria o valor devido quando da venda das mercadorias pelo
comerciante no valor de R$ 810,00 (R$ 4.500,00 x 18%). Como o ICMS é um imposto
não cumulativo, conforme já vimos anteriormente, o valor a ser cobrado da Comercial
Beta S.A é de R$ 270,00 (R$ 810,00 – R$ 540,00). O total da nota fiscal emitida pela
Indústria Alfa Ltda será R$ 3.270,00, equivalentes a R$ 3.000,00, que foi o valor fixado
pelas mercadorias, e R$ 270,00 referentes ao valor do ICMS cobrado antecipadamente
da Comercial Beta S.A. E nesse momento, a Indústria Alfa Ltda passa a ser devedora da
importância de R$ 810,00 a título de ICMS da operação própria e antecipado.

Ao vender as mercadorias para os seus clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídi-
cas, desde que estabelecidos dentro do mesmo estado, a Comercial Beta S.A não mais
se preocupará com o recolhimento de ICMS porque ele já foi pago antecipadamente.
Outro aspecto importante a citar é que a Comercial Beta S.A não está obrigada a

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

vender as mercadorias pelo valor de R$ 4.500,00, que foi o valor fixado para cobrança
do ICMS Substituição Tributária, ela pode vender as mercadorias por qualquer valor,
maior ou menor do que o valor fixado, uma vez que a Margem de Valor Agregado não
determina o valor de comercialização da mercadoria e sim um valor para a cobrança
do imposto.

IPI – Imposto sobre


Produtos Industrializados
O IPI, de competência da União, tem a sua criação autorizada através do artigo 153,
inciso IV, da Constituição e suas limitações previstas no parágrafo terceiro do mesmo
artigo, sendo elas:
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior;

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital


pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.

A seletividade expressa no inciso I serve para garantir que quanto mais necessário o
produto industrializado, menor será a alíquota do imposto. A não cumulatividade, que
também é uma característica do IPI, garante ao industrial tomar crédito do imposto pago
na fase anterior.

As exportações também são beneficiadas com a não incidência do IPI. Vale lembrar
que as exportações de produtos nacionais na sua grande maioria não sofrem incidência
de tributos, pois exportar significa trazer divisas para o país, além de fomentar a indús-
tria nacional, gerando mais empregos.

Outra característica do IPI é aquela expressa no inciso IV, que garante uma menor
alíquota incidente sobre máquinas e equipamentos (bens de capital) quando adquiridos
pela indústria.

Conforme nos ensina Gustavo Pedro de Oliveira (2014, p. 135): “O IPI é um tributo
definido como indireto, cobrado pela União e que pode ser rotulado como extrafiscal,
ou seja, tem a função arrecadatória de controle da economia”.

Nesse sentido, o governo utiliza o IPI como uma ferramenta de arrecadação ou de fo-
mento à economia, arrecadação em determinados períodos de necessidade de recursos

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ou ainda para frear o consumo de determinado produto ou mercadorias, o que promove
o aumento da alíquota, podendo também acontecer o contrário, ou seja, havendo ne-
cessidade de estimular a venda de determinado produto ou mercadoria ele diminui as
alíquotas para gerar mais desenvolvimento industrial e, com isso, alavancar a economia.

São contribuintes do IPI:


• O importador;
• O industrial;
• O arrematador de produtos em leilões;
• O comerciante de produtos sujeitos ao imposto.

A Incidência do IPI está vinculada às seguintes operações, conforme nos mostra o


artigo 35 do seu regulamento (Decreto 7.212 de 15/06/2010):
• Desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
• Saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado;

O IPI, conforme já citado anteriormente, incide sobre produtos industrializados.


O termo industrialização para fins da cobrança desse imposto é bastante amplo, confor-
me nos mostra o artigo 4º do seu regulamento:
Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a
finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como:

I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários,


importe na obtenção de espécie nova (transformação);

II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma,


alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do
produto (beneficiamento);

III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que


resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mes-
ma classificação fiscal (montagem);

IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela co-


locação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo
quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da
mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou

V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de


produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para
utilização (renovação ou recondicionamento).

Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como


industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a lo-
calização e condições das instalações ou equipamentos empregados.

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Base de Cálculo do IPI


As alíquotas que servem para o cálculo do IPI estão elencadas em um anexo ao re-
gulamento desse imposto denominada TIPI, Tabela de Incidência do Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados, é um documento onde consta a descrição genérica do produto,
a sua codificação e a alíquota do imposto. Essas alíquotas variam de 0 a 300%, depen-
dendo da essencialidade do produto, por exemplo: gêneros alimentícios industrializados
têm alíquota zero de IPI; nos cigarros, a alíquota chega a 300%.

A base de cálculo para a cobrança desse imposto é obtida com a soma do valor do
produto mais as despesas acessórias, definidas como frete, seguro e outras.

Valor do IPI = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto +


Frete + Seguro + Outras Despesas Acessórias)

Programa de Integração Social - PIS


Na década de 70 quando foi criada, os recursos arrecadados eram utilizados para
integrar os trabalhadores na vida e no desenvolvimento da empresa. A partir de 1.988,
com a promulgação da Constituição, essa contribuição passou a ser uma contribuição
social nos termos do artigo 195, inciso I, daquele diploma legal:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos prove-
nientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na for-


ma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro.

A partir daí, os recursos arrecadados passaram a ser utilizados nos programas sociais do
governo, como, por exemplo, o Seguro Desemprego, Minha Casa Minha Vida, entre outros.

Essa contribuição incide sobre a receita bruta das empresas; entre outras, tem como
principal característica ser cobrada no regime cumulativo e não cumulativo, dependendo
da forma de tributação do Imposto de Renda do contribuinte ou ainda dependendo do
produto ou serviço fornecido.

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Como sabemos, no regime não cumulativo é possível recuperar o valor da contribui-
ção paga na fase anterior, e é aí que começam os problemas para o Gestor de Tributos,
dada a extrema complexidade da legislação que rege essa contribuição e também a
COFINS, que veremos a seguir.

Para você, aluno(a), ter uma ideia dessa complexidade, consulte em: https://bit.ly/2JcM9Vj
a coletânea da Legislação elaborada pela Receita Federal do Brasil sobre essas duas con-
tribuições. Você vai encontrar um livro em PDF com exatas 1.826 páginas, com textos das
legislações sobre essas contribuições. São Leis, Decretos, Portarias, Atos Declaratórios,
Instruções Normativas, e isso porque não contempla as Soluções de Consulta, Soluções de
Divergência, decisões do Supremo Tribunal Federal e outros, que podem ser facilmente en-
contrados no site da Receita Federal do Brasil, e mais: veja que é uma obra editada em 2014,
portanto não atualizada há mais de quatro anos.

Cada novo governo no Brasil promete mexer nessa legislação, bem como implantar
uma reforma tributária, mas infelizmente tudo fica só no discurso.

No que diz respeito a impostos no Brasil, vivemos do quanto mais complexo melhor;
em muitos casos vale a subjetividade do contribuinte, que na maioria das vezes é diferen-
te da subjetividade do fisco.

Base de Cálculo do PIS


Valor do PIS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto + Frete +


Seguro + Outras Despesas Acessórias + Outras Receitas)

A Alíquota do PIS é diferenciada para as empresas tributadas pelo Lucro Real e Lucro
Presumido, veja:

Para as empresas tributadas pelo Lucro Real, desde fevereiro de 1.999 a Receita
Federal determinou que a base de cálculo da contribuição seria todas as receitas da
empresa, ou seja, além da receita de vendas, passou a incluir também as receitas finan-
ceiras, os ganhos de capital na venda de ativos e outras, a alíquota aplicável passou a
ser 1,65%.

Já para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido, a partir de maio de 2009 a


alíquota passou a ser de 0,65% e cobrada sobre a receita bruta auferida.

Regime de Reconhecimento das Receitas


Pêgas (2018, p.228) nos ensina que:

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

As empresas tributadas pelo lucro presumido podem utilizar escritu-


ração contábil regular (livro diário ou razão) ou escrituração apenas
do livro-caixa. As empresas que mantêm apenas o livro-caixa devem
observar o seguinte:

1. emitir a nota fiscal quando da entrega do bem ou direito ou da


conclusão do serviço;

2. indicar no livro-caixa, em registro individual, a nota fiscal a que


corresponder cada recebimento.

A pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no


lucro presumido pode utilizar o regime de caixa no reconhecimen-
to de suas receitas, mesmo que tenha escrituração contábil regular.
No entanto, o regime de caixa, quando utilizado para fins da incidên-
cia das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, deve ser obriga-
toriamente utilizado também em relação ao IRPJ e CSLL.

Isso é muito bom para as empresas. Em que pese ser um pouco trabalhoso o contro-
le, dá um fôlego financeiro ao caixa da organização, uma vez que a contribuição é paga
somente após o recebimento da receita. Nas empresas, tão importante quanto a Gestão
Tributária é o Planejamento financeiro.

COFINS – Contribuição para o


Financiamento da Seguridade Social
Criada em 1991 com o nome de Finsocial, pelo Decreto-Lei 1940, inicialmente com
uma alíquota que variava de 0,5 a 5,0%, teve o seu nome mudado para COFINS em
1991, passando a incidir sobre o faturamento das empresas conforme nos relata Pêgas
(2018, p. 225):
A COFINS possuía, inicialmente, as mesmas características do antigo
FINSOCIAL, sendo cobrada sobre o faturamento, que representa as
receitas de vendas e serviços de todas as pessoas jurídicas, exceto as
sociedades cooperativas, sociedades civis de profissão regulamentada
e as entidades beneficentes de assistência social. As instituições fi-
nanceiras e equiparadas também não eram contribuintes da COFINS,
mas pagavam alíquota mais elevada de contribuição social sobre o
lucro em relação às demais pessoas jurídicas.

Depois de várias alterações na legislação que rege essa contribuição, hoje ela tem as
mesmas características do PIS no que diz respeito à base de cálculo, formas de tributa-
ção, cumulatividade e não cumulatividade, e é também uma Contribuição Social cujos
recursos arrecadados são destinados ao financiamento da assistência Social, Previdência
Social, Saúde Pública e outras destinações.

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Base de Cálculo da CONFINS
Valor da COFINS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto + Frete + Seguro +


Outras Despesas Acessórias + Outras Receitas)

A Alíquota Base de cálculo da COFINS também é diferenciada para as empresas


tributadas pelo Lucro Presumido e Lucro Real, sendo respectivamente de 3,0% e 7,6%.
Lembrando mais uma vez que as empresas tributadas pelo Lucro Real podem descontar
créditos da contribuição paga na fase anterior e também de algumas despesas necessá-
rias para a obtenção da receita conforme regras previstas na legislação.

Regime de Reconhecimento das Receitas


Conforme citado anteriormente, as características das duas contribuições são idênti-
cas, inclusive na possibilidade de opção para definição da base de cálculo, pelo regime
de caixa ou de competência.

ISSQN – Imposto sobre Serviços


de Qualquer Natureza
O ISSQN, mais conhecido em todas as Bibliografias como ISS, é de competência mu-
nicipal e incide sobre os serviços prestados, conforme nos ensina Oliveira (2013, p. 164):
O ISS é um tributo indireto de competência dos municípios inciden-
te sobre serviços de qualquer natureza. Esse imposto tem como fato
gerador a prestação, por empresa ou profissional autônomo, com ou
sem estabelecimento fixo, de serviço constante da Lei Complementar
nº 116 de 31 de julho de 2003.

A Lei Complementar 116/2003 foi sancionada com a finalidade de padronizar al-


guns pontos principais das legislações do ISS dos municípios brasileiros, pois até então,
os municípios travavam uma guerra fiscal, muitos cobravam alíquotas menores para
atrair mais contribuintes. Há relatos de municípios que em um único endereço tinham
mais de 50.000 contribuintes, ou seja, as empresas estabeleciam-se em um município
onde a alíquota do ISS do seu serviço era menor, porém sua sede operacional era em
outro município.

Atento a esse fato, o legislador resolveu unificar a legislação estabelecendo os servi-


ços e as alíquotas mínima e máxima do tributo, que seriam iguais em todo o território

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

nacional. Mas ainda assim, torna-se uma legislação complexa, porque temos no Brasil
mais de 5.500 municípios e, mesmo padronizada, ainda existem aspectos da lei que fi-
cam por conta dos municípios, o que obriga o Gestor Tributário a conhecer a legislação
do ISS do município em que sua empresa presta ou vai prestar serviços.

Base de Cálculo Do ISS


O art. 7º da Lei Complementar nº 116/2003 prescreve que “a base de cálculo do im-
posto é o preço do serviço”. Antes de determinarmos a Base de cálculo, é necessário ob-
servar os parágrafos 1º e 2º do citado artigo porque esses preveem algumas exceções,
visto que para alguns serviços é permitido descontar da base de cálculo alguns valores a
título de insumos ou serviços tomados de terceiros para a execução do serviço prestado.

Outra atenção necessária ao calcular o ISS é saber onde o imposto será devido, visto
que a mesma legislação prevê que para alguns serviços constantes da relação o ISS é de-
vido no local do estabelecimento do prestador, e para outros o imposto é devido no muni-
cípio do tomador, por isso é necessário ficar atento para não fazer recolhimento irregular.

Alíquotas do ISS
Nos termos da Lei Complementar 116/2003, as alíquotas do ISS são:
• Alíquota mínima 2%;
• Alíquota máxima 5%.

Caro(a) aluno(a), finalizaremos aqui esta unidade.

Bons estudos!

E não se esqueça de consultar os materiais complementares indicados a seguir, eles


o(a) ajudarão a compreender melhor esse conteúdo e preparar-se para a segunda uni-
dade da disciplina.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
https://ibpt.com.br/

Livros
Manual de Contabilidade Tributária
PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª ed. São Paulo:
Atlas, 2017.

Leitura
Regulamento do ICMS
https://bit.ly/2GYIhof
Constituição da República Federativa do Brasil
https://bit.ly/1dFiRrW

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Referências
BRASIL. Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 07 fev. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
15 jan. 2019.

BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento tributário: IPI, ICMS, ISS e IR - eco-


nomia de impostos, racionalização de procedimentos fiscais, relevantes questões tri-
butárias, controvertidas questões tributárias, complexas questões tributárias, questões
avançadas no universo da governança tributária. 14ª ed. rev. e atualizada. São Paulo:
Atlas, 2015.

CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento tributário na prática: gestão tributária


aplicada. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade tributária. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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