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Aulas Teóricas – Direito Fiscal

Aula 1- 14/09
O nosso estado é um Estado fiscal que vive de tributos.

 Fiscalidade = impostos
 Tributo: taxas, contribuições financeiras, impostos.
 Parafiscalidade: tributos criados por entidades sem base territorial. Por
exemplo, universidade e as propinas que pagam são taxas que são
parafiscais. Temos outros tributos que stricto sensu se englobam aqui, como
as contribuições para a SS, porque é uma finalidade especifica, cobertura
de riscos, saúde. Temos também tributos criados por entidades
reguladoras.
 Extrafiscalidade: os tributos que são criados têm finalidades principais
diferentes da finalidade fiscal.
 Finalidade fiscal = é o objetivo de arrecadar receitas fiscais. Um imposto, o
IRS, IVA, IRC têm finalidade de arrecear receita. Um tributo extrafiscal tem
outras finalidades. Podem ser finalidade económicas, por exemplo reduzir o
consumo de artigos poluentes. Os benefícios fiscais também têm
finalidades fiscais, por ex., se se introduz uma redução de impostos a
empresas do ramo informativo. Entao a finalidade destas medidas é
incentivar o crescimento dessa atividade e não arrecadar receitas.
 Taxas e contribuições fiscais têm um regime menos apertado.

Tributo

 receitas cobradas pelo estado ou qualquer entidade publica, para satisfazer


necessidades publicas e sem funções sancionatórias.  1º elemento,
cobrança pelo estado ou outra entidade publica. Estamos a falar de
competência. 2º elemento, satisfação de necessidades públicas. Como
controlamos esta situaçao? No estado de direito os orçamentos são
públicos, nós podemos controlar se os impostos que pagámos foram
efetivamente, afetos a despesas públicas. 3º elemento, sem função
sancionatória. Este elemento é importante, porque no lado de tributos
vamos aplicar todo o lado constitucional e legal, mas saímos da dogmática
e passamos aplicar a dogmática penal. Ex. taxas de juro no atraso do
pagamento de um imposto. Se forme muito elevadas, podemos ter uma
finalidade sancionatória, o que significa que seria inconstitucional. Ex. juro
de 50%. Isto é fiscalizado pelo tribunal constitucional.

 se tiver de pagar certo montante porque ultrapassou limite da quota


limite, qual função? reguladora, tributo stricto sensu, sancionatória?
Resposta: mais reguladora, mais extrafiscal. Depende do valor que se
pretende pagar, pode ter uma função sancionatória escondida.
Se for uma função sancionatória estamos sujeitas à reserva de lei das
contribuições nacionais. Se for uma Extrafiscalidade, a reserva de lei é
atenuada. O que nos interessa é sempre perceber qual a consequência
em termos de regime.

1. Impostos

 classificam-se por diferentes características.


 Unilaterais.
 A sua quantificação é sempre uma percentagem do valor do bem, do
rendimento, ad valorem. Concentram-se sempre na capacidade
contributiva.
 Tem de ser afeto a necessidades públicas e não podem ter finalidades
sancionatórias.
 1º elemento, A unilateralidade significa que, quando pagamos impostos,
pagamos para serem afetos a qualquer despesa pública, sem serem
consignados. NÃO há consignação (princípio da não consignação. Quando
pago IRS não sei se vai ser afeto à saúde, despesas de escolas, etc). como
controlo entao? É sempre através do orçamento, da garantia que são afetos
a despesas publicas. Não se consegue é QUAL a despesa pública em
concreto.
 Impostos ambientais, cria-se um fundo especifico para aquela receita. Tem
sido muito usado ultimamente este tipo de impostos.
 2º elemento, o imposto recai sempre sobre um bem, um objeto, um serviço,
um património, um rendimento e
 3º elemento, traduz-se numa percentagem, pode ser progressivo ou
proporcional. Se for progressivo temos vários escalões, em que a logica
é aumenta a taxa à medida que aumenta o rendimento, mas faz-se por
escalões. Se for proporcional indica taxa única. Por ex. 21% do IVA, que
temos a taxa normal de 23%, temos 6%, temos 13%. Suponhamos, taxa
única 21%, em qualquer caso temos aqui uma valoração, quantificação
segundo o valor do objeto. 21% sobre 100 é diferente de 21% sobre 1000.
O imposto prossegue sempre o objetivo de justiça fiscal, tem sempre em
conta a capacidade contributiva que pode ser espelhada pelo rendimento ou
pelo consumo. A capacidade contributiva é mais bem distribuída pelo
rendimento ou pelo consumo. Se comprarmos um café estamos a pagar o
mesmo IVA independentemente, do nosso rendimento.
 Estado fiscal, a maioria das receitas vem dos impostos. Sem estes não
temos soberania, não temos um estado independente. Quando fomos
submetidos ao resgate significa que não tínhamos impostos suficientes,
logo falta de soberania.  imposto é fundamental para um estado
soberano.
 O papel dos impostos no sec. XXI, como nós temos liberdades
fundamentais a nível da EU, a nível global temos livre circulação de
pessoas (com controlos), como temos esta mobilidade de fatores inclusive
de produção, é muito dificil aos estados cobrarem impostos a quem tem
mais capacidade contributiva. Por um lado, os estado exigem cobrança de
impostos com mais capacidade contributiva, mas na prática quem a tem
escolhe a medida de pagar, por isso, é mais dificil aos estados ter um
controlo na cobrança.
 Tem havido nos últimos anos um aumento de impostos sobre o património
em geral.

Tipos de impostos:
 Impostos reais: assentam sobre o valor do bem e devem de ser neutros. Ex.
6% sobre o bem, aqui já há uma mistura entre o imposto real e a
capacidade contributiva. Por outro lado, o imposto real baixou-se a taxa
média da restauração.  problema: estamos a falar de impostos reais e
sempre que introduzimos distinções vamos criar destorções, estamos a
criara um obstáculo à neutralidade do imposto.
 O imposto real deve ser neutro e aqui estamos a favorecer certos setores e
a desfavorecer outros. Se fez isto À restauração, +porque não se fez à
hotelaria?

Aula Fiscal 19/09

Impostos sobre:
-Os rendimentos
-O consumo
-O património

-Reais
-pessoais

-Proporcionais
-Progressivos
-Regressivos

Impostos reais → incidem sobre coisas/bens, sendo que normalmente são


neutros. Finalidade de não interferir nas opções do consumidor.
Opção entre o consumo de água ou refrigerante, a taxa deverá ser a mesma
(exemplo do iva).
A opção por uma taxa média na restauração favorece um setor em detrimento
de outro, podendo haver um aumento do lucro e dos salários no setor
beneficiado.
Princípio da Neutralidade e não prosseguir outras finalidades
Exemplo do iva sobre os ginásios → por vezes o governo diminui a taxa de iva
com a finalidade de aumentar a prática de exercício físico → finalidade
extrafiscal
Finalidade fiscal =/= finalidade extrafiscal
Real; normalmente sobre o consumo e proporcional

Impostos Pessoais → Têm em conta elementos relacionados com a


capacidade contributiva, objetiva, e outros elementos relacionados com o papel
do estado social (reduções e isenções relacionados com despesas de saúde
ou educação).
Normalmente são progressivos, à medida que aumenta a capacidade
contributiva.

Se houver escalões há discricionariedade do legislador, e quanto mais, maior a


progressividade.
Finalidades redistributivas são mais garantidas pela progressividade

A crise do imposto pessoal está relacionada com a livre circulação de


capitais e dos outros fatores de produção. Com a globalização verificou-se que
o capital é aplicado nos territórios de baixa tributação/opacos. Os contribuintes
mais ricos podem deslocar-se e residir/trabalhar nesses territórios. A
residência é um conceito que está também em crise, sendo que se pergunta
se não se deverá adotar o sistema de tributação pela nacionalidade como nos
Estados Unidos.

Impostos regressivos são aqueles em que quem recebe menos paga mais,
sendo inconstitucional, pois não tem em conta a capacidade económica

Aula 28/03

Responsabilidade tributaria

Dívida tributaria engloba o pagamento do imposto e de juros.

-Juros de mora são os juros devidos perante o não pagamento atempado do


imposto (artº44 LGT).
-Juros compensatórios já dependem de culpa, de quando sei que tenho de
pagar até X dias e não paguei/retardo o pagamento.
-Juros indemnizatórios: paguei o imposto indevidamente/excessivamente e
exijo à administração fiscal que me pague esses juros (+ o imposto pago).

Quando o processo avança para execução fiscal a administração fiscal cobra


adicionalmente emolumentos ao contribuinte (pelos custos do processo).

A responsabilidade fiscal tem especial importância no caso das empresas, o


sujeito passivo originário a ser identificado é a empresa. Só se se verificar que
a empresa não pode de forma nenhuma pagar (não tem dinheiro nem bens a
penhorar) o que acontece é que há um desdobramento da responsabilidade
tributária  responsabilidade solidária dos administradores e gerentes (22 e 23
LGT).

Porque são responsabilizados os administradores e gerentes e não os sócios?


Porque são estes que conduzem o dia a dia da sociedade, e provavelmente, os
responsáveis pela situação financeira da mesma.

A responsabilidade solidária é subsidiária.

Substituição tributária (artº28)  Funciona através de um mecanismo de


retenção na fonte:
-Retenção por conta de imposto devido a final (28/1 segundo alguma doutrina):
todos os meses quando se paga o ordenado aos trabalhadores o valor acumula
e no final do ano tenho de pagar o IRS.
-Retenção a título definitivo: recebo um rendimento e o substituto retém o
imposto e entrega ao estado, e a minha relação com o estado vive e morre
naquele momento. Substitui-se ao sujeito passivo originário.

O substituto pode ser originário ou subsidiário.

28/1 LGT  o substituído fica desonerado caso o substituto não entregue o


tributo ao estado, o faltoso é responsável originário.

28/2 LGT  a substituída é responsável originária porque lhe foi entregue o


montante que posteriormente tem o dever de entregar. A responsabilidade do
substituto é subsidiária, porque o substituto tinha o dever de reter e não reteve,
pode estar sujeita ao pagamento de juros compensatórios, pois não reteve o
montante de forma eficiente. Sem prejuízo do exercício eventual de direito de
regresso.

28/3 LGT  “nos restantes casos” a doutrina considera que se aplica aos
casos de retenção a título definitivo. Situações em que o banco tem de entregar
ao estado os juros da prestação que a pessoa lhe paga.

Aula 03/10

Artº24 LGT  responsabilidade subsidiaria do gestor/ administrador

Responsabilidade subsidiária: o património da sociedade tornou-se insuficiente


para o pagamento do imposto.

Execução fiscal  cobrança coerciva do imposto, sendo executada no


património da sociedade ou dos gestores/administradores.

Obrigação por dívida de outrem  responsabilidade tributária


Solidariedade  Divida distribuída por X gestores, ou apenas por certo numero
com direito de regresso para com os que não pagaram.

Não há responsabilidade objetiva no Direito Fiscal. Que culpa se fala no art.º


24 nº1 a)? Culpa Funcional  Não é aceite que não se pague o imposto
porque se aplicou o património da sociedade a outras funcionalidades

A culpa não implica a avaliação de um mau/bom gestor.

O ónus da prova é do Fisco.

Quando os gestores são meramente de direito, e é difícil provar quem é o


gestor de facto.

IVA  O gestor também funciona como depositário. A averiguação da culpa


ainda é mais rigorosa (mais difícil de afastar pela parte do gestor).

Caso:

A sociedade tem trabalhadores, sendo a sociedade um substituto tributário,


através de um mecanismo de retenção na fonte.

No caso de um dever de retenção da fonte temos responsabilidade originária


da sociedade porque o trabalhador não consegue controlar se os montantes
foram entregues ao estado.

- Obrigação legal de Reter


- Obrigação legal de Entregar

Promotores e utilizadores de esquemas de planeamento fiscal agressivo

 Planeamento fiscal para poupar imposto

Dever de comunicação ao diretor geral dos impostos que abrange instituições


de crédito, ROC’s e sociedades (de ROC, de advogados e de solicitadores),
técnicos oficiais de contas.

Aula 10/10

Tributação Universal: O sujeito passivo tem de declarar os rendimentos obtidos


em território nacional e no exterior

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