Você está na página 1de 53

Memória

Professora Silvia Cristina Alves


Jogo da memória
Fundamentos da memória

Conceito de memória

É o processo pelo qual codificamos, armazenamos e


recuperamos informações
Processos

O processo inicial de registrar as informações de um modo que


possa ser usado pela memória é conhecido como CODIFICAÇÃO.

É a primeira etapa na recordação de algo.

É possível que haja uma incapacidade de lembrar a informação por


uma falha na retenção.
Os especialistas em memória falam de
armazenamento, a manutenção do material salvo
na memória.

Se o material não é armazenado de modo adequado,


não pode ser recordado posteriormente
A memória também depende de um último processo, a
recuperação.

O material armazenado tem de ser localizado e levado à


consciência para ser usado.

Sua incapacidade de recordar pode residir em sua


incapacidade de recuperar informação que você recebeu
anteriormente.
Codificação, armazenamento e
recuperação da MEMÓRIA

No modelo de três estágios da memória, a informação inicialmente é registrada


pelo sistema sensorial da pessoa entra na memória sensorial, que armazena a
informação temporariamente.

A informação então passa para a memória de curto prazo, que a armazena por
15 a 25 segundos.

Enfim, a informação pode passar para a memória de longo prazo, que é


relativamente permanente.
Memória sensorial
Armazenamento momentâneo e inicial da informação, que dura apenas um
instante.

Existem vários tipos de memória sensorial:

 Memória Icônica – reflete informações do sistema visual


 Memória Ecoica – armazena as informações auditivas provenientes da orelhas
 Existem memórias correspondentes para cada um dos outros sentidos

Apesar de temporária tem precisão alta


Memória sensorial

A memória sensorial funciona como uma espécie de retrato que armazena

informações – as quais podem ser de natureza visual, auditiva ou de outra

natureza sensorial – por um breve instante no tempo. Porém, é como se cada

retrato, imediatamente depois de ser tirado, fosse destruído e substituído por

um novo. A menos que a informação no retrato seja transferida a algum tipo de

memória, ela se perde.


Memória de curto prazo

A memória sensorial não possui significado para nós, pois consiste em uma

representação de estímulos sensoriais brutos.

Memória de curto prazo:

É o local onde a informação adquire seu primeiro significado, embora a duração

máxima da retenção ali seja relativamente curta.


Memória de curto prazo

Diferentemente da memória sensorial, que contém uma representação

relativamente completa e detalhada (mesmo que efêmera) do mundo, a memória

de curto prazo tem capacidades representacionais incompletas.

Exemplo judô
Memória de curto prazo

A quantidade específica de informações que podem ser mantidas na memória de


curto prazo foi identificada como sendo de sete itens ou agrupamento de
informações, com variações de duas porções a mais ou a menos.

AGRUPAMENTO

São porções de informações que podem ser armazenadas na memória de curto


prazo.
PBSFOXCNNABCCBSMTVNBC

PBS FOX CNN ABC CBS MTV NBC

Acredita-se que a memória de curto prazo perde-se após 15 a 25


segundos, a menos que seja transferida para a memória de longo prazo
A transferência de material da memória de curto prazo para a memória de longo
prazo ocorre basicamente por ensaio.

Ensaio é a repetição das informações que entraram na memória de curto prazo.

Ela é mantida na memória de curto prazo até ser transferida para a memória de
longo prazo. (Ensaio elaborativo)
Organização da memória
O ensaio elaborativo ocorre quando a informações é considerada organizada de
alguma maneira.

Estratégias organizacionais são chamadas de mnemônicas.


Memória de trabalho

Memória de trabalho é como é conhecido o trabalho da memória de curto prazo


em juntar as informações que estão sendo captadas com as informações que já
estão na memória de longo prazo.

A memória de curto prazo, por esse ponto de vista, é chamada de memória de


trabalho e definida como um conjunto de armazenamentos temporários que
manipulam e ensaiam as informações de maneira ativa.
Considera-se que a memória de trabalho contém um processador executivo central que está
envolvido no raciocínio e na tomada de decisão.

O executivo central coordena três sistemas de armazenamento e ensaio distintos:

 o armazenamento visual: O armazenamento visual é especializado em informações


visuais e espaciais.

 o armazenamento verbal: o armazenamento verbal contém e manipula material relativo a


fala, palavras e números.

 memória episódica: contém informações que representam episódios ou eventos.

O estresse pode influenciar nesse processo.


Memória de longo prazo

O material que vai da memória de curto prazo para a memória de longo prazo

entra em um depósito de capacidade quase ilimitada. Como um novo arquivo que

salvamos em um disco rígido, a informação na memória de longo prazo é

arquivada e codificada para que possamos acessá-la quando necessitarmos dela.


Módulos da memória de longo prazo

 Memória declarativa: memória para informações pactuais: nomes, rostos, datas e


fatos.

 Memória processual: memória para habilidades e hábitos, como andar de bicicleta


ou rebater uma bola; às vezes, é chamada de memória não declarativa.

 Memória semântica: memória para conhecimento geral e fatos sobre o mundo,


bem como para as regras de lógica que são usadas para deduzir outros fatos.

 Memória episódica: memória para eventos que ocorrem em determinado tempo,


lugar e contexto.
Redes semânticas
São representações mentais de aglomerados de informações interconectadas.

A ativação de uma memória desencadeia a ativação de memórias relacionadas em um processo


conhecido como ativação por propagação.
A neurociência da memória

Localização exata
memória de longo
prazo
Traço físico

Lugar único ou diferentes


regiões
O hipocampo, que faz parte do sistema límbico do cérebro, desempenha

um papel central na consolidação das memórias. Localizado nos lobos

temporais mediais do cérebro, logo atrás dos olhos, o hipocampo auxilia

na codificação inicial da informação, atuando como um tipo de sistema

de correio eletrônico neurológico. Essa informação é subsequentemente

repassada ao córtex cerebral, onde ela é, de fato, armazenada.


A amígdala, outro componente do sistema límbico, também desempenha um

papel importante na memória. A amígdala atua especialmente em memórias que

envolvem emoção.
Como a transformação das informações em uma lembrança se reflete a nível
neuronal?

Uma resposta é a potencialização de longo prazo, que mostra que certas rotas

neurais tornam-se facilmente excitadas enquanto uma nova resposta está sendo

aprendida. Ao mesmo tempo, o número de sinapses entre neurônios aumenta à

medida que os dendritos ramificam-se para receber mensagens.

Essas alterações refletem um processo chamado de consolidação, em que as

mensagens tornam-se fixas e estáveis na memória de longo prazo.


O armazenamento de informações parece ligado aos locais onde esse

processamento ocorre, estando, portanto, situado nas áreas particulares que

inicialmente processaram a informação em termos de seus estímulos sensoriais

visuais, auditivos ou de outro tipo. Por isso, os traços de memória encontram-se

distribuídos por todo o cérebro.

Em suma, o material físico da memória – chamado de engrama – é produzido por

um complexo de processos bioquímicos e neurais.


Recordando memórias de longo prazo

Fenômeno da ponta da língua

Incapacidade de recordar informação que percebemos que sabemos – uma

consequência da dificuldade de recuperar informações da memória de longo

prazo.
Pistas de recuperação

Como examinamos essa ampla variedade de materiais e recuperamos

informações específicas no momento adequado?

Uma forma é por meio de pistas de recuperação. Uma pista de recuperação é um

estímulo que nos permite recordar mais facilmente informações que se

encontram na memória de longo prazo. (exemplo: cheiros, gostos, sons).

Elas são importantes para o processo de recordar.


Na recordação, uma informação específica precisa ser recuperada – tal como

aquela necessária para responder a uma questão de preenchimento de lacunas ou

para escrever a uma redação em uma prova.

reconhecimento quando apresentamos um estímulo às pessoas e então

perguntamos se elas foram expostas a ele anteriormente ou pedimos que o

identifiquem em uma lista de alternativas.


Níveis de processamento

Um determinante do quão favoravelmente as memórias são recordadas é o modo

como o material é percebido, processado e compreendido pela primeira vez.

A teoria dos níveis de processamento enfatiza o grau em que o novo material é

mentalmente analisado.

Quanto maior a intensidade de seu processamento inicial, maior a probabilidade de

nos lembrarmos dela.


Níveis de processamento

 Níveis superficiais, a informação é processada apenas em termos de seus aspectos


físicos e sensoriais.

 Intermediário de processamento, as formas são traduzidas em unidades


significativas – nesse caso, letras do alfabeto. Essas letras são consideradas no
contexto de palavras, e sons fonéticos específicos podem ser atribuídos às letras.

 No nível mais profundo de processamento, a informação é analisada em termos de


seu significado. Podemos vê-la em seu contexto mais amplo e fazer associações
entre o significado da informação e as redes de conhecimento mais amplas.
Memória explícita e implícita
A memória explícita refere-se à recordação intencional ou consciente da
informação. Quando tentamos lembrar o nome ou a data de algo que encontramos
ou soubemos anteriormente, estamos pesquisando nossa memória explícita.

A memória implícita refere-se às memórias das quais as pessoas não têm


consciência, mas que podem afetar o desempenho e o comportamento posterior.
Habilidades que operam automaticamente e sem pensar, tais como saltar fora da
rota de um automóvel que vem em nossa direção enquanto estamos caminhando na
lateral de uma rua, ficam armazenadas na memória implícita.
Memória implícita e explícita

Priming (preparação)

Fenômeno em que a exposição a uma palavra ou a um conceito (chamado de

prime) posteriormente facilita a recordação de informação relacionada, mesmo

não havendo memória consciente da palavra ou do conceito.


Memórias instantâneas

Memórias instantâneas são memórias relacionadas a um evento específico

importante ou surpreendente que são recordadas com facilidade e imagens

vívidas.

As memórias instantâneas não contêm todos os detalhes de uma cena

original.
Memórias instantâneas

Quanto mais distintivo um estímulo e quanto mais relevância pessoal o evento tem, maior a

probabilidade de recordá-lo posteriormente.

Amnésia de fonte ocorre quando um indivíduo tem uma lembrança para algum material, mas

não consegue recordar de onde.


Processos construtivos na memória:
reconstruindo o passado
Processos Construtivos

Processos em que memórias são influenciadas pelo significado que atribuímos


aos eventos.

Foi primeiramente proposta por Frederic Bartlett, um psicólogo francês. Ele sugeriu
que as pessoas tendem a recordar informações em termos de esquemas, corpos
organizados de informações armazenadas na memória que influenciam o modo como
novas informações são interpretadas, armazenadas e recordadas.
Memória no tribunal: testemunhas em
julgamento

Uma das razões pelas quais as testemunhas oculares são propensas a erros

relacionados à memória é que as palavras usadas nas perguntas feitas a elas por

policiais ou advogados afetam o modo como se recordam das informações,

conforme ilustram vários experimentos.


Memória no tribunal: testemunhas em
julgamento

Confiabilidade das crianças

O problema da confiabilidade da memória torna-se ainda mais sério quando as

crianças são testemunhas devido às evidências crescentes de que as memórias

das crianças são altamente vulneráveis à influência dos outros


Memória no tribunal: testemunhas em
julgamento

Memórias reprimidas

São recordações de eventos que inicialmente foram tão chocantes que a mente responde

relegando-as ao inconsciente. Os partidários da noção de memória reprimida (baseada na

teoria psicanalítica de Freud) afirmam que tais memórias podem permanecer ocultas,

possivelmente durante toda a vida de uma pessoa, a menos que sejam desencadeadas por

alguma circunstância, tal como a sondagem que ocorre durante um tratamento psicológico.
Memória no tribunal: testemunhas em
julgamento

A pesquisadora da memória Elizabeth Loftus assegura que as chamadas memórias

reprimidas podem ser imprecisas ou totalmente fictícias – representando

uma falsa memória.

Existe grande controvérsia em torno da legitimidade das memórias reprimidas.


Memória autobiográfica: onde o passado
encontra o presente

Memórias autobiográficas são nossas lembranças de circunstâncias e episódios de

nossa própria vida.

Sua memória de experiências do próprio passado podem ser uma ficção – ou ao

menos uma distorção do que realmente aconteceu.


Existem diferenças interculturais na
memória?
Os pesquisadores da memória hoje alegam que existem tanto semelhanças quanto
diferenças na memória entre as culturas. Processos de memória básicos, tais como
capacidade da memória de curto prazo e estrutura da memória de longo prazo – o
“hardware” da memória – são universais e operam de maneira semelhante nas pessoas
de todas as culturas. Contudo, diferenças culturais podem ser vistas no modo como as
informações são adquiridas e ensaiadas – o “software” da memória. A cultura
determina como as pessoas enquadram a informação inicialmente, em que medida
praticam sua aprendizagem e recordação e quais estratégias utilizam para tentar
recordá-la (Mack, 2003; Wang & Conway, 2006; Rubin et al., 2007).
Esquecendo: quando a memória falha

 São essenciais para lembrar informações importantes

 Evita sobre carregamento e distração

 Ajuda a impedir que informações indesejáveis e desnecessárias interfiram na

recuperação de informações necessárias e desejáveis


Por que esquecemos?

 Não prestar atenção – falha na codificação – não é armazenada

 Declínio: Perda da memória por falta de utilização

 Não existe relação entre há quanto tempo uma pessoa foi exposta a uma
informação e quão bem essa informação é recordada.

 Interferência: fenômeno pelo qual a informação perturba a recordação de


outra informação

 O esquecimento depende de pistas: esquecimento que ocorre quando não há


pistas de recuperação para reavivar uma informação que está na memória.
Interferência proativa e retroativa: o
antes e o depois do esquecimento

 Interferência proativa: inferência em que uma informação aprendida anteriormente

impede a recordação de um material aprendido posteriormente. Passado interfere

no presente

 Interferência retroativa: interferência em que uma informação aprendida

posteriormente impede a recuperação de uma informação aprendida anteriormente.

Presente interfere no passado


Disfunções da memória: aflições do
esquecimento

Doença de Alzheimer

Distúrbio cerebral progressivo que leva a um declínio gradual


e irreversível nas habilidades cognitivas.

 As causas não são definidas – suscetibilidade herdada proteína beta-amiloide


Amnésia

Perda da memória que ocorre sem outros déficits mentais

 Amnésia retrógrada: amnésia em que se perde a memória para acontecimentos anteriores


a certo evento, mas não para novos eventos

 Amnésia anterógrada: amnésia em que se perde a memória para eventos que ocorrem
após uma lesão

 Amnésia de korsakoff: Doença que aflige alcoolistas de longo prazo, deixando algumas
habilidades intactas, mas incluindo alucinações e tendência a repetir a mesma história.
Referências
Referência Básica
FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2015, capítulo 6.

Bibliografia complementar:
MYERS, D.; DEWALL, N. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2017, capítulo 8.

GLEITMAN, H.; REISBERG, H.; GROSS, J. Psicologia. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009,
capítulo 7.

Bibliografia para aprofundamento:


WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thompson,
2002, capítulo 7.

Você também pode gostar