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PSICOPATOLOGIA

Prof.ª Dr.ª Ana


Claudia Venturin da Costa
anaclaudia.venturin@gmail.com
■ Psicopatologia- É o ramo da ciência que trata da
natureza essencial da doença mental: as mudanças
estruturais e funcionais associadas a ela e às suas
formas de manifestação.
■ A psicopatologia é o estudo das causas e da natureza
das doenças mentais. 
A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à
forma como ela reage às exigências da vida e ao
modo como harmoniza seus desejos, capacidades,
ambições, ideias e emoções. Ter saúde mental é:
Estar bem consigo mesmo e com os outros.
Aceitar as exigências da vida.
Normal e patológico
■ O que é ser normal? É estar dentro dos padrões de conduta do
meio de convivência da pessoa?
■ E quando atender esse padrão é insatisfatório para o
indivíduo? E quando, por algum motivo, é impossível dar
conta dessa expectativa social? Esse comportamento deve ser
considerado uma patologia? Ou apenas excentricidade, uma
peculiaridade daquela pessoa? Onde cabe o diferente? Há
tolerância para com as idiossincrasias (reação pessoal)
pessoais, mesmo com aquelas que tornam o sujeito
improdutivo do ponto de vista da sociedade de mercado e um
péssimo consumidor?
Normal e patológico
■ Se nossa sociedade é cruel, competitiva, injusta, violenta,
hipócrita, fria, indiferente, seria normal ser cruel, competitivo,
injusto, violento, hipócrita, frio, indiferente?...
■ É normal viver sob estresse porque “é preciso” ter sucesso,
andar na moda, ser o primeiro da classe, o campeão no esporte,
ter mais e melhores coisas do que o vizinho, o irmão ou o
amigo?... É normal viver como se a vida fosse uma
maratona?... Nunca ficar só consigo mesmo, detestar o
silêncio?...
Normal e patológico
■ A natureza nos dá lições preciosas. Ela é harmônica, tem seus
ciclos, é cheia de paz. 
■ “Uma rosa é uma rosa, um elefante é um elefante”. Já
imaginou se uma rosa “quisesse” ser um elefante ou vice-
versa? Só nós humanos não somos conforme a nossa natureza
e desejamos ser o que não somos. É isso o “normal”?...(Perls,
psicólogo alemão que viveu nos Estados Unidos)
Normal e patológico
■ Para a psicanálise a diferença entre o normal e o
patológico é uma questão de grau. O que diferencia
esses estados é a intensidade, a frequência do
comportamento/sentimento/ideias e o grau de
sofrimento que implica para o indivíduo ou de
desconforto e preocupação que suscita em seus
grupos de convivência.
Normal e patológico
Dois exemplos recorrentes para esclarecer isso:
■ É comum, nos tempos atuais, a preocupação com a segurança pessoal e do
patrimônio, portanto, espera-se que as pessoas, ao saírem de casa, verifiquem se
trancaram a porta. Contudo, se alguém retorna três ou quatro vezes para
verificar se a casa está fechada, já nos chama a atenção, e, se essa mesma pessoa é
novamente atacada pela dúvida no meio do expediente de trabalho e não consegue
realizar nenhuma outra atividade se não retornar a casa e verificar todas as trancas,
começamos a pensar em alternativas para cessar esse comportamento exacerbado.
■ Outro exemplo frequente é a “mania de limpeza”, algo valorizado pela importância
atribuída à higiene que está relacionada à saúde, no mundo moderno; contudo, se a
pessoa desenvolve um comportamento extremamente rígido e, por exemplo, lava as
mãos toda vez que toca um objeto ou se recusa a comer alimentos que não tenham
sido preparados por ela sob rigoroso sistema de higienização pelo temor da
contaminação, há sofrimento por parte dessa pessoa e é possível considerar que ela
já não tem controle sobre suas ideias e comportamentos compulsivos, que esse
comportamento atrapalha a sua vida e cria dificuldades para o seu convívio social.
Normal e patológico
■ Um terceiro exemplo, e próximo das novas gerações, é a
questão da estética corporal e, particularmente, o peso. É
consenso que a obesidade traz malefícios à saúde e que uma
dieta alimentar equilibrada (e colorida, como dizem os
nutricionistas!) produz benefícios, a curto e a longo prazos.
Contudo, a ditadura da estética, e mais particularmente da
“magreza” como padrão estético valorizado e desejado,
pode levar a exageros – recusa a comer ou a ingestão
insuficiente de alimentos. Há um nome para isso: anorexia, e
revela um distúrbio psíquico e físico com risco de grave
adoecimento e morte.
Normal e patológico
■ Portanto, a questão da normalidade está relacionada com vários
aspectos: com aquilo que se destaca na conduta do próprio
sujeito (pela intensidade, frequência, ausência,
contraditoriedade) e lhe causa, em muitas situações,
desconforto e sofrimento. E, principalmente, a questão da
normalidade e da patologia está relacionada com o modo de
ser e de se comportar que é ou não esperado do indivíduo
em determinado grupo social, sociedade, cultura.
■ A abordagem psicológica encara os sintomas e, portanto, a
doença mental como desorganização da vida subjetiva da
pessoa.
■ Essa desorganização pode ocorrer a partir da interdependência
entre acontecimentos crônicos ou excepcionais (traumáticos)
no mundo físico e social;
■ Precariedade de condições de vida, riscos iminentes de
catástrofes, perda de um ente muito querido;
■ E as condições de constituição de sua subjetividade. Nesse
sentido, é importante considerar que a subjetividade refere-se
ao sujeito em sua totalidade: seu corpo físico, seu
funcionamento orgânico, psicológico e seu lugar social.
■ A contribuição da psicologia é não dissociar os diferentes aspectos que
constituem a vida do sujeito;
■ Buscar estratégias de prevenção para situações de sofrimento psíquico,
estimular alternativas de promoção de saúde mental;
■ Naquelas situações em que os sintomas já se instalaram, buscar sua
compreensão considerando a história do sujeito, que está sempre inscrita
na história de seus grupos sociais em determinado momento histórico.
■ Nesse sentido, a participação do psicólogo – ao lado de outros
profissionais da saúde – busca alternativas de tratamento que não retirem
a dignidade do portador de sofrimento psíquico e formas de participação
social compatíveis com os limites de seu estado, que pode ser mais ou
menos duradouro.
Alguns tipos de psicopatologias
Os principais transtornos mentais que tendem a surgir são:
■ Ansiedade. Os transtornos de ansiedade são muito comuns, presentes em cerca
de 1 a cada 4 pessoas que vão ao médico.
■ Depressão
■ Esquizofrenia
■ Transtornos alimentares
■ Estresse pós traumático
■ Somatização
■ Transtorno bipolar
■ Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
Adoecimento mental é a terceira maior causa de
afastamento no trabalho

■ ansiedade é um fenômeno natural na vida humana, importante para nossa sobrevivência,


se ocorre em níveis saudáveis. “Ela passa a ser doença quando impede a pessoa de viver
normalmente, socializar e trabalhar.”
■ a ansiedade sobre as responsabilidades da vida cotidiana e profissional se transforma
em pensamentos catastróficos recorrentes, alimentados pelo indivíduo com
preocupações hipervalorizadas. A manifestação mais extrema dessa ansiedade
patológica é a síndrome do pânico, uma crise abrupta de sintomas físicos e cognitivos.
“Essas crises de pânico podem ser esperadas, quando desencadeadas por um gatilho já
conhecido pelo indivíduo; ou inesperadas, quando não há uma razão aparente.”
■ a professora Edelvais Keller da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
(2019)explicou que a combinação entre a depressão e a síndrome do pânico nasceu de
um cenário preocupante no mundo profissional brasileiro, no qual o adoecimento
mental é a terceira maior causa de afastamentos do trabalho.
■ A professora abordou também a depressão, um dos transtornos
mentais mais frequentes, que impacta cerca de 300 milhões de
pessoas no mundo, conforme dados da OMS. “Essa doença é
marcada pela inércia do indivíduo, pela ausência de motivação
e disfuncionalidade.
■ A depressão manifesta-se no indivíduo como um humor triste,
vazio ou irritável, desesperançado e desencorajado. Sua
manifestação mais extrema é o suicídio.
Sintomas de transtornos psicológicos
Doenças psicológicas mais comuns
■ perda de interesse ou prazer na vida e nas atividades do dia a dia;
■ tristeza generalizada;
■ sentimentos de culpa;
■ baixa autoestima;
■ distúrbios do sono;
■ mudança nos padrões alimentares;
■ cansaço constante e exaustão sem causa aparente;
■ falta de concentração.
■ Os fatores que influenciam o nível de saúde mental de
uma pessoa são diversos, e podem estar associados
tanto a questões sociais, psicológicas e biológicas,
podendo, por exemplo, citar os problemas
socioeconômicos, o aumento da violência, repentinas
perdas, condições de trabalho, fatores psicológicos e
de personalidade.
■ O humano se caracteriza pela criação do trabalho como forma consciente
de transformação da natureza. A experiência do trabalho está fortemente
ligada à vida de todos.
■ O maior problema enfrentado nas relações de trabalho é a maneira como
elas se estruturam a partir do fator competitivo e de disputa. Esse
clima competitivo produz distorções nas relações entre as pessoas que
convivem nas organizações de trabalho.
■ Mesmo quando há uma boa política de gestão de pessoas, dirigentes
capacitados para lidar com os conflitos interpessoais e colegas
cooperativos, não é fácil a convivência por meses e anos a fio. E, ao
mesmo tempo, chefes despóticos, colegas desleais e gerentes pouco
preparados para a gestão de pessoas são, infelizmente, experiências
frequentes.
■ O assédio moral, segundo Freitas e Barreto, é danoso para as relações
interpessoais e pode prejudicar seriamente as pessoas a ele submetidas
■ Ele se expressa como terrorismo psicológico (ameaça, humilhação
pública, comportamentos agressivos), subestimação, exigências
excessivas.
■ Isso pode ocorrer por inúmeros motivos, como, por exemplo, o intuito de
demarcar o território organizacional, isto é, a demonstração para os
demais de que “quem pode, manda e quem tem juízo, obedece!”
■ O assédio moral pode produzir, em suas vítimas, adoecimento – insônia,
gastrite, hipertensão, ansiedade, depressão – e pode levar, nos quadros
mais graves, ao que é nomeado pelos estudiosos do tema como Síndrome
de Burnout. Essa síndrome pode ser bem traduzida como exaustão
emocional.
■ Pesquisa nacional: 52.000 professores e trabalhadores da
educação Codo (1999).
■ Destaca, dentre as questões de saúde, os transtornos mentais e
comportamentais (ansiedade, estresse, depressão, exaustão
emocional, burnout), os distúrbios da voz e as doenças
osteomusculares e do tecido conjuntivo. A pesquisa aponta que
48% dos educadores têm algum sintoma de burnout, e que um
a cada quatro deles apresenta exaustão emocional, sendo que a
maior insatisfação e falta de comprometimento é encontrada
em professores nos primeiros anos de trabalho.
■ Segundo Bernol (2010, p.158), “o termo em inglês burnout
refere-se a sensação de esgotamento de um indivíduo pelo
excesso de trabalho”. Pereira (2010) aponta que o burnout
ocorre devido à exposição ao estado prolongado de estresse, ou
seja, quando o estresse se torna crônico no indivíduo, que
passa a sofrer da Síndrome de Burnout. Para Codo e Menezes
(2000, p. 29) “é uma síndrome através da qual o trabalhador
perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as
coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe
parece ser inútil”.
SINTOMATOLOGIA DO BURNOUT
FÍSICOS COMPORTAMENTAIS
Fadiga constante e progressiva Negligência ou excesso de escrúpulos
Distúrbios do sono Irritabilidade
Dores musculares ou osteomusculares Incremento da agressividade
Cefaléias, enxaquecas Incapacidade para relaxar
Perturbações gastrointestinais Dificuldade na aceitação de mudanças
Imunodeficiência Perda de iniciativa
Transtornos cardiovasculares Aumento do consumo de substâncias
Distúrbios do sistema respiratório Comportamento de alto risco
Disfunções sexuais Suicídio
Alterações menstruais nas mulheres  
PSIQUICOS DEFENSIVOS
Falta de atenção, de concentração Tendência ao isolamento
Alterações de memória Sentimento de onipotência
Lentificação do pensamento Perda do interesse pelo trabalho (ou até pelo lazer)
Sentimento de alienação Absenteísmo
Sentimento de solidão Ironia, Cinismo
Impaciência  
Sentimento de insuficiência  
Baixa autoestima  
Labilidade emocional  
Dificuldade de auto-aceitação, baixa autoestima  
Astenia, desânimo, disforia, depressão  
Desconfiança, paranoia  
■ Christophe Dejours observa que muitas vezes não é possível
alcançar um equilíbrio entre as exigências da organização
do trabalho e as necessidades tanto fisiológicas quanto
psicológicas do trabalhador. Deste conflito emerge um
sofrimento que pode ser mais ou menos elaborado e apresentar
repercussões mais ou menos acentuadas sobre a saúde mental.
Motivos
■ O estudo feito por Carvalho (2002, apud Vieira et al 2010) apontam 11 (onze)
motivos causadores do mal-estar docente: (entre docentes)
■ 1) enfrentam uma gama constante de pressões das crianças, dos colegas, dos pais,
dos políticos e administradores, muitas delas conflitantes, quase impossíveis de
serem atendidas; 2) os professores têm o desafio contínuo de manter o controle da
classe; 3) não têm limites claros de horário de trabalho; 4) boa parte de seu
trabalho é levada para casa; 5) estão abertos a críticas de inspetores, pais, diretores,
meios de comunicação e políticos; 6) não dispõem de recursos e oportunidades
suficientes para reciclagem regular e ampla de seus conhecimentos; 7)
paradoxalmente, espera-se que se mantenham atualizados com novos formatos
e novos desenvolvimentos em sua matéria de ensino; 8) dependendo do diretor,
podem ter pouca voz ativa na administração da escola e na tomada de decisões; 9)
têm seu próprio senso de padrões profissionais e sofrem frustrações decorrentes de
não conseguir alcançá-los; 10) têm o campo limitado para buscar conselhos ou
discutir dificuldades com os colegas; 11) têm dificuldade de lidar com mudanças.
Repercussões
Esteve (1999, p.78), essas repercussões percorrem uma escala de pelo menos 12
(doze) níveis, podendo assim ser graduadas:
■ 1. Sentimentos de desconcerto e insatisfação ante os problemas reais da prática
do magistério, em franca contradição com a imagem ideal do mesmo que os
professores gostariam de realizar. 2. Desenvolvimento de esquemas de
inibição, como forma de cortar a implicação pessoal no trabalho realizado. 3.
Pedidos de transferência como forma de fugir das situações conflitivas. 4.
Desejo manifesto de abandonar a docência (realizado ou não). 5. Absentismo
trabalhista como mecanismo para cortar a tensão acumulada. 6. Esgotamento.
Cansaço físico permanente. 7. Ansiedade como traço ou ansiedade de
expectativa. 8. Estresse. 9. Depreciação do ego. Autoculpabilização ante a
incapacidade para melhorar o ensino. 10. Ansiedade como estado
permanente, associada como causa-efeito a diversos diagnósticos de doença
mental. 11. Neuroses reativas(comportamento exagerado de reação). 12.
Depressões.
Modernidade líquida
■ Modernidade líquida é o termo usado pelo sociólogo polonês
Zygmunt Bauman para definir o tempo presente, também
chamado de pós-moderno por alguns sociólogos e cientistas
sociais. A associação com o líquido vem do fato de que a
sociedade atual seria, segundo Bauman, marcada pela liquidez,
volatilidade e fluidez.
■ Segundo o sociólogo, a modernidade líquida teve início após a
Segunda Guerra Mundial e se estende até os dias atuais. Esse
período é marcado pelas transformações nas relações sociais,
econômicas e de produção desencadeadas pelo capitalismo
globalizado
CARACTERÍSTICAS DA
MODERNIDADE LÍQUIDA
Superficialidade e fragilidade dos relacionamentos
afetivos e sexuais. Personalidade moldável aos interesses
do momento. Processo de Individualização,
egocentrismo. Mercantilização das relações sociais.
A modernidade sólida seria uma fase em que as relações
seriam mais duradouras, sendo um contraponto
à modernidade líquida.
Modernidade líquida
■ Consumo sempre foi sinônimo de status, mas, na modernidade
líquida, o consumo e o status são expressivamente dotados de
uma carga simbólica muito mais intensa do que era
na modernidade sólida. O sujeito é objetificado pelo
capitalismo, tornando-se apenas o que ele consome, e não
mais o que ele é.
■ Nossa ideia de felicidade está condicionada às formas de
consumir.
■ Precisamos TER para ser “valorizados” pela sociedade.
■ E aqueles que não tem acesso ao TER são indesejados pela
sociedade de consumo.
Modernidade líquida
■ O objetivo de tudo isso, é reduzir nós, seres humanos, somente
a objetos de consumo, que deseja e compra, repetindo esse
processo incansavelmente em busca de felicidade.
■ Precisamos de tudo isto para ser feliz?
Modernidade líquida
■ Qual a relação entre modernidade líquida e as relações
humanas?
"Vivemos em tempos líquidos, nada é feito para durar. Os
relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos,
feito água." As relações líquidas surgem a partir desse universo
de possibilidades que temos hoje. Quando um relacionamento não
dá certo, o indivíduo tende a buscar inúmeras maneiras de superar
o fim.
Atividades
■ Relacione o adoecimento mental com o trabalho.
■ Como a competitividade pode ser um fator no
desenvolvimento de transtornos mentais?
■ Comente a relação adoecimento mental versus redes
sociais.
■ Teça comentários sobre a informação: “Adoecimento
mental é a terceira maior causa de afastamento no
trabalho” destacando possíveis alternativas para
amenizar essa situação.

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