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Curso de Psicologia

Disciplina: Linguagem, Inteligência e Criatividade

Professora: Dra. Alana Augusta Concesso de Andrade

Alunos:

Janaina Peçanha de Souza

Júlia Maria Cerqueira Soares

Rogers Teixeira Soares

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O episódio “Primeiras Palavras” da série “Bebês em Foco” da Netflix nos


mostra como a linguagem nos bebês é mais sofisticada do que geralmente se
imagina. Segundo a pesquisadora Kathy Hirsh-Pasek, que participa do vídeo, os
bebês aprendem bem cedo a melodia e a cadência das falas e os padrões de
linguagem. Eles conseguem saber, por exemplo, que o inglês e outras línguas
germânicas são parecidas. Assim, pode-se compreender como Hugo e seus irmãos,
Adrien e Natasha, abordados no vídeo, conseguem aprender simultaneamente o
inglês e o francês; eles sabem diferenciar essas línguas, pois são sensíveis às suas
diferenças de padrões de ritmo e de altura.
Este tema também é abordado no episódio “Falar” da série da Discovery “O
Bebê Humano”. Os estudos de Pat Khul mostraram que crianças que crescem em
contato com línguas diferentes podem aprender os sons de ambas. Alguns estudos
de Darren Moir comprovaram que os bebês nascem com uma capacidade inata de
aprender qualquer língua, uma vez que possuem uma espécie de audição universal,
que os torna capazes de distinguir sons de outros idiomas, que não são audíveis a
falantes não nativos. Tais estudos também comprovaram que, aos 10 meses de
vida, os bebês perdem essa audição universal e passam a filtrar os sons que não
são ouvidos regularmente em seu ambiente, tornando-se “especialistas” em uma
língua determinada culturalmente.
Para Jenny Saffran (série “Bebês em Foco”), professora da Universidade de
Winsconsin-Madson, EUA, aprender a língua é um dos maiores desafios dos bebês.
O cérebro deles parece estar muito bem equipado para a tarefa de identificar as
"peças'' das línguas e descobrir como elas se “encaixam” nos primeiros dois anos
de vida. Graças ao aprendizado estatístico e outras habilidades que os bebês
possuem, até o final do primeiro ano de vida – ainda que muitos ainda não tenham
falado nada –, eles entendem, em média, entre 10 e 50 palavras. No entanto, ainda
que os cérebros estejam, nas expressão de Jenny Saffran, “bem equipados” para o
aprendizado da língua, a natureza, por si só, não é capaz de explicar todos os
aspectos da aquisição da linguagem; a educação, isto é, o ambiente linguístico, tem
um papel fundamental.
Assim, é muito importante a estimulação realizada pelos cuidadores desde
muito cedo. Nesse sentido, o manhês, que é a fala dirigida à criança, constitui uma
“estratégia” muito importante. Por meio do manhês, as mães que participaram do
vídeo “Bebês em Foco” – buscando tornar a linguagem mais interessante e
compreensível às crianças e bebês – conseguiam manter a atenção dos filhos.
Nessas interações verbais, as crianças pareciam responder às mães, com balbucios
e repetições. Algumas mães relataram, inclusive, compreender algumas dessas
intenções vocais.
O episódio “Falar” da série da Discovery “O Bebê Humano” também
apresenta a importância do manhês para o aprendizado da linguagem nos bebês.
Ao ouvirem o manhês, os bebês imitam não somente os sons e as palavras, mas
também os gestos e as expressões faciais; e a imitação e a repetição são as chaves
para o desenvolvimento da linguagem. Andrew Meftzoff também chama a atenção
para o fato de a imitação ser a primeira forma de comunicação entre os bebês e os
seus cuidadores. Os estudos desse pesquisador mostram como as crianças imitam
o “vai e volta” da comunicação e aprendem a alternar o turno de fala, colocando-o
no centro da comunicação. As crianças, agindo por imitação, interagem até mesmo
com objeto de pelúcia, fazendo pausas estratégicas para que ocorra alternância
entre os turnos de fala, permitindo o estabelecimento da comunicação.
Nesse sentido, é surpreendente observar como o bebê londrino, Pascoe,
adquiriu muita desenvoltura no decorrer da série. Segundo sua mãe, que o
estimulava constantemente, o aprendizado de Pascoe acelerou bastante e seu
vocabulário aumentou consideravelmente: com 17 meses, já era capaz de dizer
“não”, de nomear as bolhas de sabão, o sapato, a porta (no caso deste último
vocábulo, vê-se o erro de extensão, isto é, de estender a significação da palavra
para outros conceitos para além do qual ela foi designada; assim, a palavra “porta”,
para Pascoe, adquire também o significado de “sair de casa”, de “passear”.
No filme “Bebês em Foco”, a pesquisadora Kathy Hirsh-Pasek afirmou que
havia presenciado uma cena na qual uma criança de uns três anos contava à mãe
como estava chateada por ter sido excluída pelos irmãos de uma brincadeira,
empregando uma gramática sofisticada e uma habilidade linguística de um adulto.
Esse fato é ilustrativo do quanto as crianças aprendem rapidamente a linguagem.
Entre 18 meses e 3 anos, a aquisição das palavras e a construção de
sentença se dá muito rapidamente; por volta dos 3 anos de idade, elas já possuem
um grande vocabulário, que é de aproximadamente 1.000 palavras. Aos 4 anos de
idade, elas já adquirem os fundamentos da estrutura linguística e sintática do adulto.
De acordo com o pesquisador Andrew Meftzoff, mostrado no episódio “Falar”
(Discovery), esta “explosão de linguagem”, que se dá a partir dos 18 meses de vida,
se deve ao fato de que a criança, nesta fase, descobre que tudo no mundo tem um
nome e, que ela não souber, basta perguntar: “o que é isso?”. Assim, a criança vai
ampliando, cada vez mais, seu repertório linguístico.
Segundo Erich Jarvis, professor de neurogenética na Universidade de
Rockfeller, EUA, que participa do filme “Bebês em Foco”, um dos aspectos mais
cruciais da linguagem é a imitação vocal (que está presente em alguns animais,
mas que, nem por isso, os possibilita desenvolver a linguagem). Essa habilidade,
segundo o pesquisador, é realmente difícil e surgiu depois na nossa evolução. Ele
descobriu que o circuito de fala dos humanos é um circuito motor; desta forma,
assim como aprender a andar, a fala vem com um "atraso". Em 2012, de acordo
com Erich Jarvis, descobriu-se que os humanos têm uma cópia extra de um gene
chamado SRGAP2, que possibilitou que as células cerebrais desenvolvessem mais
conexões. Os humanos têm “agora”, portanto, mais células se comunicando e
conversando entre si, o que é fundamental no desenvolvimento da linguagem
Seja como for, nem a natureza, nem a educação, isoladamente, podem
explicar a aquisição da linguagem. Embora sejamos biologicamente
pré-configurados a sermos aptos para adquirir a linguagem, nós só o fazemos por
meio do aprendizado e o ambiente linguístico desempenha um papel importante
nesse processo. Além disso, é preciso levar em consideração que as crianças não
são sujeitos passivos, que apenas imitam o que ouvem e veem dos adultos. Após
adquirir linguagem, elas conseguem utilizar a imaginação em suas brincadeiras e
criar palavras e formas verbais, provando que criatividade e linguagem andam
juntas.

Referências

FALAR. “O Bebê Humano”. Discovery

PRIMEIRAS Palavras. Série “Bebês em Foco” (parte 1, episódio 4) da Netflix

STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning,

2016.

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