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“A” é operadora de máquina do ramo têxtil aposentada. Ela tem 78 anos, é viúva e
tem uma filha de 36 anos. Vive sozinha em sua casa, mas diz receber constantemente a visita
de sua filha e de seu genro. Ela vive no mesmo bairro desde o nascimento e se sente muito
feliz lá, pois possui muitos amigos e familiares na região. “A” afirmou ter se sentido muito
feliz por ter sido convidada para participar da entrevista. Ela se mostrou bastante à vontade,
Até 60 anos, era muito bom. A gente tinha mais força, era cheia de expediente, de
alegria, como sou até hoje, mas muda. As forças já não são as mesmas. Mas está mudando
pra melhor, cada dia que passa a gente tem mais oportunidade de ter as coisas.
Me aposentei muito cedo, com trinta anos de serviço, foi uma coisa muito bela que
Depois dos 60, a dificuldade que na época a gente lida muito com os pais doentes, a
gente não ficava muito feliz, meu pai tinha muita saúde, mas minha mãe era muito debilitada,
É. Não foi tarefa fácil, a gente não fazia por prazer, mas por amor...
4. O que você faz para se distrair?
confinamento. Eu sou uma pessoa de alto risco, então, atualmente não faço nada, leio de vez
enquanto, assisto novelas e vejo missa. Não gosto de notícias, gosto de minhas novelas e da
Não.
E a caminhada?
Agora já vai pra duas semanas, estou me sentindo muito bem com as caminhadas. De
De segunda a sexta-feira?
Até nos domingos! Mas eu gosto de levar a semana toda, inclusive no domingo...
Não! Não imaginava, esperava sempre que tivesse um futuro feliz. Como só tenho
7. Você acha que a sociedade, de maneira geral, está preparada para lidar com essa
faixa etária?
Não. Não está. É muita falta de carinho, humanidade, paciência e também, às vezes,
até de educação. Muitas crianças e jovens tiveram uma infância infeliz, assim tem muita
ignorância com idosos, inclusive adultos são ignorantes também. Os idosos são muito
discriminados.
motorista chama a gente de “jacaré” e isso é muito humilhante, é um direito que temos!
Quando o motorista tem que parar pra idoso, para com cara feia. Mas tem uns que param,
Sempre tive sorte. Uma única vez que eu encontrei um “inconveniente” e ele era a
pessoa mais mal educada que podia existir naquele momento. Ele queria encher minha
paciência, e quando eu fiz um jeito que não gostou, ele pediu para eu descer do ônibus.
O ônibus estava cheio, eu estava no meio e ele ao lado. Ele falou que eu estava
atrapalhando o ônibus. Eu falei que o ônibus estava cheio. Eu desci antes do meu ponto
Não tinha como, pois não tinha nem mexer. Mas eu não quero dizer nada sobre ele.
Eu só posso dizer que até hoje, tirando as perdas familiares, que a gente não está
preparado para passar por isso, só posso dizer que na minha vida é boa. Eu sinto falta, que na
casa estou sozinha, mas tenho minha filha e genro que amo muito. Sinto-me feliz. Sou
independente, tenho minha casa, meu salário, não me falta nada. O que passa pela minha vida
é saudade...
10. E atualmente, como você qualificaria sua vida em termos de satisfação, qualidade de
vida?
Sim. Tenho muita satisfação com minha vida. De ter chegado aonde cheguei,
Que tenham paciência com os seus pais, amem e nunca joguem eles no abrigo, que
tenham paciência e amor para tê-los ao lado da família, que não sejam desprezados e nem
12. Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar? Algo que eu não tenha
perguntado?
Não. Igual eu digo. A vida está bem, tive muito, assim, a felicidade de ser uma família
de pessoas muito simples, mas que tenho privilégio de ter uma escola na minha rua que leva o
nome de minha vó. E meu pai, morador de muitos anos no bairro, quando veio tinha poucas
casas e quando ele morreu, tem uma rua que levou o seu nome. Minha avó e meu pai, que são
duas pessoas, que são minha vida, foram homenageados, isso é muito importante, eles não
eram pessoas de ter, mas foram simples e foram amados… todo dia saíam para trabalhar e