Tato

Desenvolvimento
infantil

5 DICAS
PARA APRENDER A
FALAR COM BEBÊS
Ao abordar seus bebês pequenos, os pais
sistematicamente modificam seu discurso. Essa fala
dirigida ao bebê (Infant Directed Speech - IDS) é
apelidada de babytalk.

Cientistas da Universidade de Cambridge vêm

investigando os parâmetros acústicos da fala materna
para entender os efeitos disso sobre o cérebro dos
pequenos.

Eles compararam a fala de mães quando falavam com

seus filhos e quando falavam com outros adultos e
encontraram alguns dados interessantes:

>> Ao dirigir-se ao bebê, as mães exageram as vogais e

modificam o trato vocal, mudando a postura de língua e
subindo a laringe.
>> Traduzindo: elas tentam parecer menores, para serem
menos intimidadoras e não agressivas aos bebês.
>> É uma tentativa de estabelecer uma interação com o
bebê.

Eles perceberam que quando comparada com a fala

dirigida ao adulto, esse babytalk tinha algumas
diferenças que favorecem o aprendizado da língua
materna:

Estruturas gramaticais simplificadas, vogais

exageradas, velocidade mais lenta, voz mais aguda,
afeto positivo e elevado.

Os autores afirmam que essa é uma ferramenta

poderosa para o aprendizado linguístico das crianças.
Bem legal, né? As mães fazem isso o tempo todo... e de
maneira totalmente instintiva!

Nas próximas páginas você conhecerá os impactos do

babytalk sobre a aprendizagem da fala nos bebês.
Impactos do babytalk na
aprendizagem da fala
Como vimos, a modificação que os adultos fazem na
própria fala ao falar com bebês é super importante para a
aprendizagem da língua materna. As crianças aprendem
primeiro a prosódia (essa variação melódica, a
musicalidade da fala) do que a forma da fala (sílabas,
palavras e frases).

Um estudo realizado em 2014 pela University of Western

Sydney demonstrou que as mães acentuam mais as sílabas
do que quando falam com adultos. Com isso, a percepção
dos sons pela criança fica mais fácil, permitindo assim que
ela tenha uma experiência mais concreta com os sons da
língua.

Um outro estudo de 2018 sobre a qualidade acústica da fala

das mães dirigida aos seus bebês, também da Western
Sydney University, analisou três características importantes
na fala das mães quando se dirigem aos bebês:

• Aumento da frequência (fala mais aguda)

• Afeto
• Hiperarticulação das vogais (abrir bem a boca para
articular as vogais)

Eles perceberam que a principal característica mantida em

todas essas idades era a hiperarticulação das vogais. Os
autores demonstraram que essa característica da fala das
mães é um componente crítico para o desenvolvimento do
vocabulário! Mas por quê?

Porque quando fazemos isso, fornecemos maior qualidade

da fala, facilitando a percepção da criança e
proporcionando desenvolvimento linguístico e
comunicativo dos bebês.

Resumindo: brinque com a sua fala ao se dirigir ao seu filho!

Quando os adultos modificam o ritmo para falar com os
bebês, conseguem tornar as nuances da fala mais
perceptíveis, o que favorece a aprendizagem da língua
materna.

Isso irá facilitar a percepção dele das nuances da sua fala,

permitindo que o cérebro aprenda diferenças entre os sons
e possa captar o maior número de informações linguísticas
que constituirão a própria fala dele no futuro.

Caras e bocas, vozes diferentes e brincadeiras com os sons

da fala são fundamentais para isso. Abuse!
5 dicas para aprender
a falar com bebês
1 – OBSERVE E ENCORAJE
Mesmo quando o bebê ainda não fala, ele dá alguns sinais
para expressar suas necessidades. Por meio de gestos e
movimentos é possível identificar se ele quer colo, se quer
brincar ou se, na hora da refeição, por exemplo, já está
satisfeito.

Quando ele demonstrar certas atitudes, procure sorrir, fazer

contato visual e responder para encorajá-lo a,
gradativamente, expressar-se pela fala. Parabenize-o por
suas tentativas de fala. Os bebês aprendem e são
encorajados a fazer algo quando os pais apoiam seu
comportamento.

2 – CONVERSE COM O BEBÊ

Como explicamos, o babytalk é super importante para a
aprendizagem da língua materna. Caras e bocas, vozes
diferentes e brincadeiras com os sons da fala são
fundamentais para que o cérebro dele aprenda diferenças
entre os sons e possa captar o maior número de
informações linguísticas que constituirão a própria fala dele
no futuro.

Além disso, é muito positivo ir narrando o que está fazendo.

Enquanto estiver colocando sua roupinha, diga o nome e a
cor de cada peça. O mesmo vale para diversos momentos
do dia, como o banho ou as refeições.

3 – USE FRASES SIMPLIFICADAS

Se a gente quer que a criança entenda mais fácil o que
dizemos, é melhor se comunicar com estrutura cada vez
mais simples. Frases mais curtas são melhor
compreendidas pelas crianças e também servem de
modelos mais facilmente imitáveis. Então é mais fácil para
as crianças imitar uma frase de 2 ou 3 elementos do que
uma de 5 ou 7 elementos, sendo também muito mais fácil
para ela a compreensão dessa forma.
4 – BRINQUE COM O BEBÊ E NOMEIE OBJETOS
Brincar é uma ótima maneira de ajudar o desenvolvimento
da linguagem. Durante a brincadeira, deixe que ele use sua
criatividade e que crie suas próprias historinhas. A diversão
pode acontecer em diversos momentos do dia.

Como a partir do segundo mês o bebê começa a rastrear

tudo com os olhos, fica agitado se estiver entediado e
presta atenção nos rostos que vê, procure nomear objetos
ou pessoas quando ele demonstrar interesse. Narre todos os
acontecimentos!

5 – ESCUTE MÚSICA E FALE “CANTANDO”

Escutar música estimula a linguagem do bebê. Além de
cantar musiquinhas infantis, coloque outras canções que
ele gosta para tocar. Estimule-o a aprender a letra, mesmo
que no início apenas imite a entonação das palavras. Use
também uma fala bem “cantadinha” com seu bebê. Faça
variações melódicas ricas e fale um pouco mais devagar.
Edinizis Belusi

Fonoaudióloga pela USP, mestre em linguística pela UnB.

Atua primordialmente com intervenção precoce
intensiva e nas alterações do desenvolvimento há sete
anos. Pesquisadora do desenvolvimento infantil, tem
atuado no desenvolvimento de ferramentas de
acompanhamento do desenvolvimento. Especializada
em análise aplicada do comportamento, possui
formação no modelo Denver de intervenção precoce
(ESDM-UC Davis) e para diagnóstico de TEA (ADOS-II).
Tem vasta experiência no acompanhamento e avaliação
do desenvolvimento infantil e na orientação e
treinamento de pais e profissionais em todo o Brasil.
 Tato
Desenvolvimento
infantil

Nossa missão é proporcionar para

as crianças uma plena
estimulação do desenvolvimento,
especialmente para as que
tenham alguma alteração no
desenvolvimento normal, e
capacitar os pais a serem os
primeiros a identificar essas
alterações e intervirem.

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