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Relatório e comentários da observação realizada

Entrevista com “S”

“S” tem 83 anos. É técnico em Laticínios aposentado. Trabalhou em uma empresa de

laticínios durante mais de três décadas. Tem 5 filhos adultos e alguns netos. É viúvo, mas está

em um relacionamento sério há 10 anos. Ele mora em Juiz de Fora, mas costuma passar os

finais de semana em Guarani, onde tem ficado desde o início da pandemia de Covid-19. A

entrevista foi realizada por meio de vídeo chamada, pelo WhatsApp. Durante a entrevista,

“S” parecia bem disposto e bastante animado em participar.

1. O que mais mudou na sua vida após os 60 anos?

Mudou muita coisa, pra melhor. Trabalhava muito, viajava. Ficou com mais

tranquilidade, ficar com a família, parar de viajar. Me aposentei com 58. Trabalhei particular

um pouco mais, mas depois chutei o balde!

2. O que você acha que a maturidade trouxe como aspectos positivos?

Passei a viver uma vida mais tranquila, sem me preocupar com trabalho, aposentei,

fiquei tranquilo, tudo muito bom. Não encaro negativo… são inúmeras coisas boas que

vieram engrandecer, ficar mais à vontade pra passear e ficar em casa.

3. E quais os desafios (aspectos negativos)?

Não, o desafio é ficar com a F (a namorada) (risos). Não tem desafio nenhum...

4. O que você faz para se distrair?

Gosto muito de passear, de ir a praia, a roça, a natureza. Não temos saído muito não,

eu vivo o dia a dia. Mas gosto de passear...

5. Você faz atividade física? Quais?


Pratico pilates, ginástica, caminhada longa de 10, 11 e 12 km. E andar de bike… Ah,

sim! Aliás eu pratico muito bicicleta. Vou na estrada, vou 9 km e volto. Tenho duas

bicicletas.

6. Quando era jovem, você imaginava a sua vida após os 60 anos?

Nunca pensei na idade. Nunca fiz plano. A gente tem que estar preparado para

aposentar, mas eu deixei correr naturalmente. Não me preocupei com coisas futuras...

7. Você acha que a sociedade, de maneira geral, está preparada para lidar com essa

faixa etária?

Acho muito difícil, não está não. Vejo exemplos de casas de famílias que é triste, não

vai visitar, não tem amor, respeito e consideração. Põe no asilo. Quando se visita asilo, vê

que não tem visita, é jogado lá. O Brasil não está preparado. São raras as pessoas que estão

preparados para cuidar dos idosos…

8. Quais são os mitos sobre a velhice que você não concorda?

Já me incomodei, estando na sociedade. Larga pra lá isso é idoso, isso machuca muito

as pessoas tem que pensar que estarão lá também … é preciso carinho como os idosos.

Já ouviu alguma “piadinha”?

Não fico incomodado. Fico indiferente. Vou pras lotéricas, vou pra frente e não falo

nada. Se comentarem, vou argumentar, mas não fico nervoso. Mas que tem, tem, a gente vê

na cara das pessoas. Vê que está desagradando.

10. Como você descreveria sua jornada até o presente?

Tive uma vida de trabalho muito dura, de trabalhar muito e cuidar da família estando

longe. Foi uma vida de trabalho árduo, de muita responsabilidade, mas a aposentadoria trouxe

tranquilidade. A aposentadoria foi boa, ficou muito tranquilo, eu gosto.


11. E atualmente, como você qualificaria sua vida em termos de satisfação, qualidade

de vida?

Me sinto bem, estou em Guarani e vou à cidade. Meus filhos estão bem. Minha

companheira também. Não boto dificuldade nas coisas e vivo o dia a dia tranquilo. Aqui em

Guarani estou tendo uma vida mais saudável, menos pessoas, menos agitação, estresse,

ônibus. Gosto de Juiz de Fora, mas Guarani me trouxe uma vida melhor!

12. Que conselhos você daria para os jovens?

Respeitar as pessoas, os idosos principalmente. Levar a vida sem maldade, sem

drogas, que estão acabando com o mundo. Valorizar a família, os pais, os idosos. A base de

tudo é a família. Isso estando bem, tá tudo certo!

13. Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar? Algo que eu não tenha

perguntado?

Não. Tudo foi falado. Não tem nada a acrescentar. A gente tem uma vida boa,

tranquila, segura. Eu respeito todas as pessoas e faixas etárias. Isso é muito importante.

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