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2ª Fase - Administrativo

Prof. Tadeu Nóbrega


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Ação por improbidade administrativa

Orientações gerais sobre ação de improbidade


administrativa
Resolução de exercício prático
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Lei de Improbidade Administrativa (LIA): Lei nº 8.429/92.


Quem pode praticar?
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por
qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, serão
punidos na forma desta lei.
Quem é “agente público”?
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta
lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior.
Só o agente público responde?

Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que


couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta.
Lesão ao patrimônio público por ação ou omissão,
dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á
o integral ressarcimento do dano (art. 5º).

Enriquecimento ilícito: perderá o agente público ou


terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
seu patrimônio.
Atos de improbidade

Três tipos de Atos de Improbidade Administrativa: a)


que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º); b) que
Causam Prejuízo ao Erário (art. 10); c) que Atentam
Contra Princípios da Administração Pública (art. 11).
Penas: art. 12.
O juiz levará em conta a extensão do dano causado,
assim como o proveito patrimonial obtido pelo
agente.
Artigo 9º - atos que Importam Enriquecimento Ilícito
Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando
houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de
multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
patrimonial e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de dez anos;
Artigo 10 - atos que causam prejuízo ao erário
Ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do
dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de cinco anos;
Artigo 11 - atos que que atentam contra princípios da
Administração Pública
Ressarcimento integral do dano, se houver, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de
três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem
vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
três anos.
Atos de Improbidade

Leitura importante dos incisos!


Art. 9º: 12 hipóteses que importam enriquecimento
ilícito
Art. 10: 21 hipóteses que causam prejuízo ao erário
Art. 11: 8 hipóteses que atentam contra os princípios
da Administração Pública
Tutela de Urgência

Art. 16. Havendo fundados indícios de


responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para
que requeira ao juízo competente a decretação do
sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
patrimônio público.
Tutela de Urgência

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao


patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
caberá a autoridade administrativa responsável pelo
inquérito representar ao Ministério Público, para a
indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Tutela de Urgência

O atual entendimento do STJ é de que é desnecessária


a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de
que o réu esteja dilapidando seu patrimônio, ou na
iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a
demonstração de fumus boni iuris, consistente em
fundados indícios da prática de atos de improbidade.
O periculum in mora é presumido.
Ação de Improbidade Administrativa ou ACP? Pode
ou não?

O uso de ACP por Improbidade é bastante difundido,


mas prefira o uso técnico de Ação de Improbidade
Administrativa.

ACP: Lei 7.347/85.


Exercício

O Prefeito Municipal de Santa Rita do Passa Quatro/SP,


Sr. Antônio Maria de Souza, adquiriu, para si, um
trator para execução de trabalho produtivo em sua
fazenda, pagando a importância de R$ 25.000,00.
O aludido trator comprado pelo Prefeito apresentava
estado geral ruim, com pintura desgastada, motor
totalmente desmontado, sem algumas peças e com
outras defeituosas.
Em face disso, o Prefeito mandou que um caminhão
da Prefeitura buscasse o referido trator na fazenda do
alienante, e, ato contínuo, o levasse para a oficina
mecânica no centro de Santa Rita do Passa Quatro;
ordem atendida prontamente pelos respectivos
servidores municipais.
Já na mencionada oficina, o trator adquirido pelo
Prefeito foi submetido a uma revisão geral, na qual se
constatou a necessidade de troca de várias peças e
equipamentos.
Ocorre que, tendo em vista que na garagem da
Prefeitura havia um trator de mesma marca e modelo,
também com defeito, pertencente à Municipalidade,
o Prefeito, ciente disso, ordenou que o servidor Tião
Caveira, coveiro no Cemitério Municipal, buscasse-o e
o levasse até a oficina mencionada, que já estava
autorizada a retirar todas as peças e equipamentos
necessários a equipar o trator comprado pelo Prefeito.
E assim foi feito.
Realizado o serviço ordenado pelo Prefeito, o trator da
Prefeitura, já como sucata, foi levado de volta para a
garagem municipal, onde se encontra até hoje. Por sua
vez, o trator adquirido pelo Prefeito, ao contrário, foi
todo arrumado, estando apto para funcionar, tendo
recebido até uma pintura nova.
Considerando a situação hipotética acima
apresentada, em especial o fato de existirem fundados
indícios da prática de atos de improbidade, na
qualidade de Procurador do Município de Santa Rita
do Passa Quatro, redija a peça jurídica mais adequada
a salvaguardar, de maneira eficaz, os interesses da
Municipalidade.
Quem é o cliente?
Município de Santa Rita do Passa Quatro

O que está acontecendo?


Indícios de atos de improbidade cometidos pelo
Prefeito – Não há processo judicial.

O que podemos fazer?

AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


Competência?
Justiça Comum Estadual: Juiz Cível ou da Vara da
Fazenda Pública de Santa Rita do Passa Quatro/SP

Partes?
Município de Santa Rita do Passa Quatro, pessoa
jurídica de direito público interno X
Prefeito Antônio Maria de Souza
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Preâmbulo
Citar os artigos 37, § 4º, da CF e a Lei 8.429/92 (LIA).

Dos Fatos

Do Direito
Violação a princípios constitucionais

Art. 37, caput – violação aos princípios da legalidade e


da moralidade (princípios explícitos).

Violação à indisponibilidade do interesse público


(princípio implícito).
Art. 9º - Atos de Improbidade Administrativa que
Importam Enriquecimento Ilícito
Art. 10 - Atos de Improbidade Administrativa que
Causam Prejuízo ao Erário
Art. 11 - Atos de Improbidade Administrativa que
Atentam Contra os Princípios da Administração
Pública
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta
lei, e notadamente:
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei;
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;
LIMINAR

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao


patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
caberá a autoridade administrativa responsável pelo
inquérito representar ao Ministério Público, para a
indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Para indisponibilidade dos bens em caso de
improbidade administrativa é necessária a
demonstração de fumus boni iuris.
O periculum in mora é implícito, conforme a LIA.
A medida cautelar de indisponibilidade de bens,
prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência (e
não de urgência), de forma que basta a comprovação
da verossimilhança das alegações, pois, pela própria
natureza do bem protegido, o legislador dispensou o
requisito do perigo da demora.
PEDIDOS

1- Notificação do réu para que ofereça manifestação


por escrito no prazo de 15 dias (art. 17, §7°, da Lei n.º
8.429/92);
2- Que seja liminarmente decretada a
indisponibilidade dos bens do réu, nos termos e
conforme autorizado pelo art. 7º da Lei nº 8.429/92,
visando futuro ressarcimento ao erário municipal e o
pagamento das multas civis a serem fixadas na
sentença condenatória;
3- Seja o pedido julgado procedente, condenando o
réu na forma do art. 12, da Lei n.º 8.429/92;
4- Intimação do Ministério Público (art. 17, §4°, da Lei
n.º 8.429/92);
5- Seja condenado o réu nos ônus de sucumbência;
6- A produção de todos os meios de prova em Direito
admitidos

Atribuição de valor à causa.

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