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CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA

“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM


CIÊNCIAS POLICIAIS DE SEGURANÇA E ORDEM
PÚBLICA
CAO-II/23
“IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA”

Lei federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992


(com as alterações trazidas pela Lei federal nº
14.230/21)
Teses STF (ARE 843989):

1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a


tipificação dos atos de improbidade administrativa, exigindo-se a
presença do elemento subjetivo dolo;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 que trata da revogação da
modalidade culposa do ato de improbidade, é irretroativa, não tendo
incidência em relação à eficácia da coisa julgada, tampouco durante o
processo de execução das penas;
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade
administrativa culposos praticados na vigência do texto anterior,
porém sem condenação transitada em julgado, em virtude da revogação
expressa do tipo culposo, devendo o juízo competente analisar eventual
dolo por parte do agente e;
4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é
irretroativo, aplicando-se os novos marcos temporais a partir da
publicação da lei.
Legitimidade exclusiva do Ministério Público
[decisão do ministro relator Alexandre de Moraes (ADIn’s
7.042/DF e 7.043/DF)]

“[...] decidiu de forma monocrática parte da cautelar requerida


para, entre outras determinações, dar interpretação conforme à
Constituição ao caput e §§ 6-A, 10-C e 14 do artigo 17 da Lei nº
8.429/92, no sentido de existir uma competência concorrente
entre o Ministério Público e as pessoas jurídicas
interessadas para a propositura da ação de improbidade”.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Princípio da Legalidade
Princípios Gerais da - Princípio da Impessoalidade
Administração Pública - Princípio da Moralidade
(artigo 37, caput, CF/88) - Princípio da Publicidade
- Princípio da Eficiência
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Suspensão dos direitos


Os atos de Improbidade
políticos
Administrativa
- Perda da função pública
importarão:
- Indisponibilidade de bens
(artigo 37, § 4º, CF/88)
- Ressarcimento ao Erário
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

- Os atos de improbidade
administrativa prescrevem

Artigo 37, § 5º, CF/88


- A ação de ressarcimento /
reparação é imprescritível
LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
(Lei federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992)

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL


(Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de
de 2000)

LEI ANTICORRUPÇÃO
(Lei federal nº 12.846, de 1º de agosto de
de 2013)
“IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA”

Lei federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992


(com as alterações trazidas pela Lei federal nº
14.230/21)
“Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas
dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados
tipos previstos em leis especiais.” (§ 1º, do artigo 1º, da Lei nº
8.429/92)
“Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o
resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
bastando a voluntariedade do agente.” (§ 2º, do artigo 1º, da Lei
nº 8.429/92)
“O mero exercício da função ou desempenho de competências
públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a
responsabilidade por ato de improbidade administrativa.” (§ 3º, do
artigo 1º, da Lei nº 8.429/92)
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

- Órgãos da Administração

Quem sofre a prática de Direta

Ato de Improbidade - Entidades da Administração

Administrativa Indireta
- Entidades Privadas *
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Quem pode ser - Agente Público


responsabilizado por
Ato de Improbidade
Administrativa - Particular *
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

- Enriquecimento Ilícito (artigo 9º)

Atos de
Improbidade - Prejuízo ao Erário (artigo 10)

Administrativa

- Violação aos Princípios da


Administração Pública (artigo 11)
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

Auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer


tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta

lei, e notadamente*:
[*rol exemplificativo]
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou


imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para


facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem


móvel, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,


direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,


direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer
dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,


cargo, emprego ou função pública, e em razão deles, bens de
qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a
demonstração pelo agente da licitude da origem dessa
evolução
(Evolução patrimonial incompatível e injustificada)
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,


rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei
Enriquecimento Ilícito (Artigo 9º)

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou


valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei
Prejuízo ao Erário (Artigo 10)

Qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje,


efetiva e comprovadamente, perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou
delapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente*:
[*rol exemplificativo]
Prejuízo ao Erário (Artigo 10)

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de


bem ou serviço por preço superior ao de mercado
Prejuízo ao Erário (Artigo 10)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de


processo seletivo para celebração de parcerias com entidades
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente,
acarretando perda patrimonial efetiva
Prejuízo ao Erário (Artigo 10)

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não


autorizadas em lei ou regulamento
Prejuízo ao Erário (Artigo 10)

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,


veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades
Violação aos Princípios da Administração Pública
(Artigo 11)

Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer
ação ou omissão dolosa que viole os deveres de
honestidade, de imparcialidade e de legalidade,
caracterizada por uma das seguintes condutas*:
[*rol exaustivo]
Violação aos Princípios da Administração Pública
(Artigo 11)

XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral


ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)

Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do


dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns
e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de
improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)
- Perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente
- Perda da função pública
- Suspensão dos direitos políticos até 14
Enriquecimento
anos (antes era de 8 a 10 anos)
Ilícito
- Pagamento de multa civil equivalente ao
valor do acréscimo patrimonial (antes era de
até 3 X o valor do acréscimo patrimonial)
- Proibição de contratar com o Poder Público
pelo prazo não superior a 14 anos (antes era
de 10 anos)
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)
- Perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente (se concorrer tal circunstância)
- Perda da função pública
- Suspensão dos direitos políticos até 12
Prejuízo ao
anos (antes era de 5 a 8 anos)
Erário
- Pagamento de multa civil equivalente ao
valor do dano (antes era de até 2 X o valor
do dano)
- Proibição de contratar com o Poder Público
pelo prazo não superior a 12 anos (antes era
de 5 anos)
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)

- Pagamento de multa civil de até 24 X o valor


Violação aos
da remuneração (antes era de até 100 X o
Princípios da
valor da remuneração)
Administração
- Proibição de contratar com o Poder Público
Pública
pelo prazo não superior a 4 anos (antes era
de 3 anos)
- não foi mais prevista a perda da função
pública
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)

§ 1º - A sanção de perda da função pública [...], atinge


apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza que o
agente público ou político detinha com o poder público na
época do cometimento da infração, podendo o magistrado,
na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em caráter
excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas as
circunstâncias do caso e a gravidade da infração.
PENAS_IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Artigo 12)

§ 7º - As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base


nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Lei
Anticorrupção) deverão observar o princípio constitucional do
non bis in idem
Observações_Improbidade Administrativa

Declaração de bens (artigo 13)


- A posse e o exercício de agente público ficam condicionados
à apresentação de declaração de imposto de renda e
proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada
à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser
arquivada no serviço de pessoal competente.
Observações_Improbidade Administrativa

Declaração de bens (artigo 13, § 3º)


- Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar declaração dos bens [...], dentro do prazo determinado,
ou que a prestar falsa.
Observações_Improbidade Administrativa
Representação (artigo 14)
- Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa
competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a
prática de ato de improbidade
- A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada,
conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e
sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
- Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará
a imediata apuração dos fatos, observada a legislação que regula o
processo administrativo disciplinar aplicável ao agente.
Observações_Improbidade Administrativa

Legitimidade exclusiva do Ministério Público (artigo 17)


- A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo
Ministério Público e seguirá o procedimento comum previsto na Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil)
- No regime anterior, a União, Estados, Municípios e Distrito Federal possuíam
legitimidade concorrente para ajuizar ação civil pública de improbidade
administrativa
- ADI’s = STF restabeleceu a existência da legitimidade ativa concorrente
e disjuntiva entre o MP e as pessoas jurídicas interessadas para a
propositura da Ação por ato de improbidade administrativa
Observações_Improbidade Administrativa
Acordo de não persecução civil (artigo 17-B)
- O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto,
celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos,
os seguintes resultados:
- o integral ressarcimento do dano;
- a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que
oriunda de agentes privados.
- Em qualquer caso, a celebração do acordo considerará a personalidade do
agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato
de improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da rápida
solução do caso.
Observações_Improbidade Administrativa
Inquérito Civil (artigo 22)
- Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de
ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante
representação formulada de acordo com o disposto no art. 14 desta Lei,
poderá instaurar inquérito civil (regra) ou procedimento investigativo
assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial.
- Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao
investigado a oportunidade de manifestação por escrito e de juntada
de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
elucidação dos fatos.
Observações_Improbidade Administrativa

Prescrição (artigo 23)


- A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8
(oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência.
- O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias
corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato
fundamentado submetido à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
Observações_Improbidade Administrativa

Capacitação contínua do agentes públicos (artigo 23-A)


- É dever do poder público oferecer contínua capacitação
aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção
ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Radiografia das Condenações por Improbidade
Administrativa no Brasil

Fonte: Instituo Não Aceito Corrupção


Radiografia das Condenações por Improbidade
Administrativa no Brasil

Fonte: Instituo Não Aceito Corrupção


Radiografia das Condenações por Improbidade
Administrativa no Brasil

Fonte: Instituo Não Aceito Corrupção


Radiografia
das Condenações
por Improbidade
Administrativa
no Brasil

Fonte: Instituto Não Aceito Corrupção


Radiografia
das Condenações
por Improbidade
Administrativa
no Brasil

Fonte: Instituto Não Aceito Corrupção


“LEI ANTICORRUPÇÃO ”

Lei federal nº 12.846, de 1º de agosto de 2013


(dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração
pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências)
Responsabilidade objetiva

Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos


âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei
praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.

Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a


responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
Atos lesivos à Administração Pública
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública [...] todos aqueles
praticados pelas pessoas jurídicas [...] que atentem contra o patrimônio público
nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente
público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo
subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar
ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos
praticados;
Atos lesivos à Administração Pública
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o
caráter competitivo de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento
licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de
vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação
pública ou celebrar contrato administrativo;
Atos lesivos à Administração Pública
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou
prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização
em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos
contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados
com a Administração Pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou
agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências
reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.
Responsabilização Administrativa
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas
responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento
bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os
tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação;
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
[...]
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer hipótese, a
obrigação da reparação integral do dano causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar o critério do valor do
faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
Acordo de Leniência
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de
leniência com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que
colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa
colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração
do ato ilícito;
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data
de propositura do acordo;
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as
investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada,
a todos os atos processuais, até seu encerramento.
Responsabilização Judicial
Art. 19. [...] a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias
Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar
ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente
obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando comprovado:
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de atos
ilícitos; ou II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos
beneficiários dos atos praticados.
Observações gerais
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com fundamento nesta Lei serão
destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da data da ciência da
infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
[...]
Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações previstas nesta Lei, não
adotar providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e
administrativamente nos termos da legislação específica aplicável.
[...]
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e
aplicação de penalidades decorrentes de:
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras normas de licitações e
contratos da administração pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contratações Públicas -
RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22

Responsabilização Administrativa: competências e atribuições no


Estado de São Paulo
- A instauração e o julgamento de Processo Administrativo de
Responsabilização (PAR) serão de competência: (i) dos Secretários de
Estado e do Procurador Geral do Estado, quando no âmbito da
Administração Pública direta, (ii) do dirigente máximo da entidade quando
no âmbito da Administração Pública indireta, (iii) da Controladoria-Geral do
Estado*.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Apuração Preliminar
- Será cabível quando não houver elementos suficientes para caracterizar infração ou
definir sua autoria;
- Deverá observar o prazo de 180 dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período;
- Terá caráter sigiloso e não punitivo;
- Será conduzida por uma Comissão de, no mínimo, dois servidores indicados pela
autoridade instauradora;
- A Comissão poderá propor, por meio de relatório conclusivo, instauração de
Processo Administrativo de Investigação quando houver indícios de ato lesivo à
Administração Pública, caso contrário, deverá determinar o arquivamento da
apuração preliminar.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Processo Administrativo de Responsabilização (PAR)
- Será conduzido por uma Comissão processante de, no mínimo, dois servidores da
autoridade instauradora;
- Direcionado a pessoas jurídicas;
- quando instaurado pelo Controlador-Geral do Estado, será conduzido por Comissão
processante composta por seus membros; Observará o prazo de 180 dias, com a
possibilidade de prorrogação;
- Deverá garantir direito à ampla defesa e ao contraditório, preservando o sigilo.
- As Comissões processantes poderão, em qualquer parte do processo, encaminhar à
Procuradoria-Geral do Estado – ou ao órgão responsável pela representação da
entidade lesada – proposta de medidas judiciais para processamento das infrações;
assegurar o pagamento da multa definida; reparação do dano.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Acordo de Leniência
- Celebrado, com exclusividade, pela Controladoria-Geral do Estado;
- Receberá tratamento sigiloso durante a fase de proposta, salvo quanto
autorizada a divulgação por parte do proponente antes do fechamento do
acordo;
- Poderá ser realizado até a conclusão do Relatório Final do PAR;
- Poderá ser objeto de desistência por parte da pessoa jurídica antes de sua
subscrição, assim como, também poderá ser rejeitado pelo Procurador-Geral
do Estado.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Programa de Integridade da Pessoa Jurídica
- Será avaliado, quanto à sua existência e aplicação, com base:
- No comprometimento da alta direção da pessoa jurídica;
- Nos padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de
integridade;
- Na realização de treinamentos periódicos;
- Na análise periódica dos riscos com vistas às adaptações/melhorias
necessárias;
- Na existência de registros de procedimentos e de controles internos;
- No grau de independência da instância interna responsável pelo Programa;
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Programa de Integridade da Pessoa Jurídica
- Na manutenção de canal de denúncias, bem como de sua adequada
divulgação;
- Na adoção das medidas disciplinares eventualmente cabíveis e/ou
necessárias;
- No monitoramento de possíveis irregularidades e/ou ilícitos em fusões e
aquisições das quais a pessoa jurídica participe ou pretenda participar;
- No monitoramento e aperfeiçoamento contínuo do Programa de
Integridade.
Regulamentação estadual pelo Decreto nº 67.301/22
Cadastro Estadual de Empresas Punidas
- As sanções aplicadas com base no Decreto 67.301 serão reunidas e
publicadas no Cadastro Estadual de Empresas Punidas – CEEP. O cadastro
deverá conter a razão social, o CNPJ, a sanção aplicada e a data final da
vigência do efeito limitador/sancionatório aplicado à pessoa jurídica.
Programa Radar Anticorrupção
- O Governo de São Paulo lançou em 03/05/23, o Programa Radar
Anticorrupção de prevenção, detecção e combate a irregularidades e
atos ilícitos em todas as esferas da administração estadual, sob
coordenação da Controladoria Geral do Estado (CGE).
- O Radar Anticorrupção está estruturado em mais de 80 medidas que
serão adotadas pelo Governo do Estado entre 2023 e 2026. A criação do
programa visa a oferecer mais integridade e transparência à gestão
estadual e criar diretrizes permanentes de compliance – conjunto de
normas legais e éticas, além de regulamentos de governança – para a
administração paulista.
Programa Radar Anticorrupção
- DECRETO Nº 67.681, de 03 de maio de 2023 = Institui o Comitê de
Combate à Corrupção e dá providências correlatas.
- DECRETO Nº 67.682, de 03 de maio de 2023 = Aprova o Plano
Anticorrupção do Estado de São Paulo e dá providências correlatas.
- DECRETO Nº 67.683, de 3 de maio de 2023 = Institui o Plano Estadual
de Promoção de Integridade e dá providências correlatas.
- DECRETO Nº 67.684, de 03 de maio de 2023 = Dispõe sobre o registro
de sanções e acordos de leniência no Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) e no Cadastro Nacional de
Empresas Punidas (CNEP), por meio do Sistema Banco de Sanções,
mantido pela Controladoria-Geral da União, e dá providências correlatas.
“RED FLAGS”
Objeto genérico
Cláusulas restritivas
Empresas de fachada:
empresas que possuem empregados inexistentes
empresas que possuem empregados em número
insignificante dada à magnitude da empresa
empresas que possuem capital social insignificante frente ao
objeto licitado
empresas que possuem frota de veículos incompatível e
também não possui frota terceirizada
“RED FLAGS”
Empresas de fachada:
empresas que possuem conta de luz e/ou de água
insignificante
empresas que não possuem sede
empresas que possuem sede muito humilde (casebre, casa
simples, sem um pátio de execução ao comparar com o seu
objeto social) frente à estrutura exigida pela empresa
“RED FLAGS”
Sócio “laranja”
Licitantes com mesmo contador
Licitantes com mesmos sócios
Formatação de propostas
Datas próximas de certidões
Documentação incompleta
Edital não publicado
Revezamento nas adjudicações

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