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APOSTILA CONFORME EDITAL CFTP

“A DOR É PASSAGEIRA MAS A GLÓRIA É ETERNA”

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ÍNDICE

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA………………………….……...PG 3 A 10.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E ESTABILIDADE DO SERVIDOR…...PG 10 A 16.

SECRETARIO E ORGANIZAÇÃO DO DEPEN……………………… ….…PG 16 A 20.

PERÍODO DAS VINGANÇAS PRIVADA , PÚBLICA E DIVINA………..….PG 20 A 26.

A PRISÃO E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS……………………..…PG 26 A 29.

LIMITAÇÃO DA APLICAÇÃO DA PENA………………………………….…PG 29 A 35.

ASPECTOS SOBRE A VIOLENCIA …………………………………….……PG 35 A 41.

GRUPOS VULNERAVEIS……………………………………………………...PG 42 A 48.

VIOLENCIA SIMBÓLICA E INSTITUCIONAL……………………………….PG 48 A 50.

DIREITO PENAL…………………………………………………………………PG 51 A 55.

REDAÇÃO OFICIAL…………………………………………………………….PG 56 A 59.

MEIOS DE SOLUÇAO DE CONFLITOS………………………………………PG 59 A 63.

INFOPEN…………………………………………………………………………..PG 63 A 66.

CONCEITO DE INTELIGENCIA E CONTRA INTELIGENCIA……………...PG 67.

CONDUTA ETICA………………………………………………………………..PG 67 A 68.

AMEAÇAS AO SISTEMA DE INTELIGÊNCIA………………………..……..PG 68 A 70.


ASPECTOS SOBRE DROGAS ………………………………….…………….PG 70 A 72.
CAPS………………………………………………………………………………PG 73 A 74.
SAUDE DO PROFISSIONAL……………………………………………………PG 74 A 78.
EPIs…………………………………………………………………………………PG 78 A 79.
DEFINIÇÃO DE RESIDUOS……………………………………………………..PG 79 A 81.
RADIOCOMUNICAÇÃO E CODIGOS…………………………………………..PG 81 A 84.
DEFESA PESSOAL………………………………………………………………PG 85 A 88.
ASPECTOS SOBRE ALGEMAS…………………………………………..…….PG 88 A 89.
PRIMEIROS SOCORROS E INCENDIO…………………………………….….PG 90 A 93.
APH DE COMBATE ………………………………………………………………PG 93 A 96.
IMPO……………………………………………………………………………..…PG 96 A 101.
PRINCIPIOS DA ABORDAGEM……………………………………………..….PG 101 A 104.
ASPECTOS SOBRE ESCOLTA ……………………………………………..….PG 105 A 109.
NOÇOES SOBRE ARMAMENTO E SEGURANÇA ……………………..…...PG 110 A 112.
REDS E CICLO DE POLICIA…………………………………………………….PG 113 A 115.
NOÇOES SOBRE CRISE E NEGOCIAÇÃO ………………………………..…PG 115 A 119.
RENP……………………………………………………………………………….PG 119 A 122

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Não contém as regras de mandela.

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas,


não bastando a voluntariedade do agente, tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei,
ressalvados tipos previstos em leis especiais.

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas,


sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de
improbidade administrativa.

§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e


no exercício de suas funções e a integridade do patrimônio público e social dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da administração direta e
indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às


sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra no seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de
prejuízos, nesse caso, à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos.

§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência


interpretativa da lei,

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o
servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
referidas no art. 1º desta Lei.

Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às


sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a
administração pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de
parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente.

Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra dolosamente para a
prática do ato de improbidade.

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Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade que
conhecer dos fatos representará ao Ministério Público competente, para as
providências necessárias.

Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se


enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do
valor da herança ou do patrimônio transferido.

CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento
Ilícito

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em


enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de
função, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer


outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição,


permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação,


permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade


ou à disposição de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei, bem como
o trabalho de servidores, de empregados ou de terceiros contratados por essas
entidades;

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V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para


fazer declaração falsa sobre qualquer dado técnico que envolva obras públicas ou
qualquer outro serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas
no art. 1º desta Lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de


emprego ou de função pública, e em razão deles, bens de qualquer natureza,
decorrentes dos atos descritos no caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional
à evolução do patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração
pelo agente da licitude da origem dessa evolução;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou


assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de


verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente,


para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou


valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do


acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

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Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas

I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao


patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou
de valores integrantes do acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta
Lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem
observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do


patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por


preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e


regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das


formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para


celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou


regulamento;

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X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, bem como no que
diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou


influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,


equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação
de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades
previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia


dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao


patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize
bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a
entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem


a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fiscalização e na


análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública
com entidades privadas;

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XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com
entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular.

XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao


que dispõem o caput e o

§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou


regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição
de ressarcimento, vedado o enriquecimento sem causa das entidades referidas no
art. 1º desta Lei.

§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não


acarretará improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso praticado
com essa finalidade.

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da


Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por
uma das seguintes condutas:

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e
que deva permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação
privilegiada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;

IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua


imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou de outras
hipóteses instituídas em lei;

V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso


público, de chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de
benefício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que


disponha das condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;

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VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da
respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o
preço de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de


contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas;

XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato


de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal,
de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização
de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos.

§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade


relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e
independem do reconhecimento da produção de danos ao erário e de
enriquecimento ilícito dos agentes públicos.

§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política


por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo
com finalidade ilícita por parte do agente.

CAPÍTULO III
Das Penas

Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se


efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas
previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade
sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos


ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor
do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o poder público ou de

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receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos;

II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos


ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos até 12 (doze) anos, pagamento de
multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de contratar com o poder
público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;

III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até 24


(vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 4 (quatro) anos;

§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em


virtude da situação econômica do réu, o valor calculado na forma dos incisos I, II e III
do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de improbidade.

§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser executadas


após o trânsito em julgado da sentença condenatória.

§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos


políticos, computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão
colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Avaliação de Desempenho e Estabilidade do Servidor.

Estágio Probatório e Estabilidade: É o período dentro do qual o servidor recém


nomeado em cargo efetivo é avaliado quanto à aptidão para o desempenho do cargo
que acabou de ocupar. Conforme o artigo 18 23, §1º, da Constituição Estadual de
1989, no período de estágio serão apurados os seguintes requisitos:

✓ idoneidade moral; ✓ assiduidade; ✓ disciplina; ✓ eficiência.

Embora o Estatuto funcional não conceitue esses requisitos, temos que:

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Idoneidade moral é a boa reputação do indivíduo, ou seja, qualidades (honra,
respeitabilidade e dignidade, por exemplo) que lhe habilitam para ocupar o cargo
público; Assiduidade é a frequência de comparecimento ao trabalho, pontualidade;
disciplina é o respeito às leis, às normas e aos deveres de cidadão e de servidor
público; e eficiência é o exercício da atividade administrativa com presteza,
perfeição e produtividade.

O Decreto Estadual nº 45.851/11 regulamenta o estágio probatório e a avaliação


especial de desempenho do servidor público civil ocupante de cargo de provimento
efetivo em virtude de aprovação em concurso público da administração pública do
Poder Executivo Estadual. O seu artigo 4º dispõe que “o estágio probatório tem
por objetivo apurar a aptidão do servidor no desempenho do cargo para fins
de aquisição de estabilidade.”. Nota-se, pois, que o conceito de estágio probatório
está relacionado com a ideia de estabilidade. A doutrina nos ensina que
“estabilidade é o direito outorgado ao servidor estatutário, nomeado em
virtude de concurso público, de permanecer no serviço público após três anos
de efetivo exercício” (FILHO, 2008, p.620). Busca proteger os servidores de
interesses políticos e garantir o adequado funcionamento do Estado. A estabilidade
é uma garantia destinada aos servidores efetivos que somente perderão o cargo
público nas hipóteses previstas no texto constitucional. Nesse sentido, destaca a
lição do constitucionalista Paulo Lépore (2018, p.363): A disciplina constitucional da
estabilidade está prevista no art. 41 da CF, que além de estabelecer as condições
para sua aquisição, também arrola as hipóteses em que o servidor estável
poderá perder o cargo.

São elas: a) em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

b) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei


complementar, assegurada ampla defesa. Além dessas hipóteses previstas no artigo
41 da CF, o servidor estável também perderá o cargo em razão de excesso de
despesa, nos termos do art. 169, §4º, da CF.”

Portanto, a estabilidade não significa garantia de permanência plena e irrestrita do


servidor no cargo público, já que pode perdê-lo nas hipóteses previstas na

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Constituição Federal, em seus artigos 41, §1º, incisos I, II e III, e 169, §4º. Para o
cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos
vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II -
exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no
parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da
determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá
perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal. (grifo nosso)

Nesse contexto, o estágio probatório funciona como o instrumento à disposição da


Administração Pública para conceder ou não ao servidor recém nomeado em cargo
efetivo a garantia da estabilidade. Mas não é o único. O §4º11 do artigo 41 da
Constituição Federal também exige, como condição para a estabilidade, a
submissão obrigatória do funcionário à avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade. Por essa razão que o artigo 5º do
Decreto Estadual nº 45.851/11 prevê que “a aquisição da estabilidade pelo servidor
fica condicionada à comprovação da aptidão aferida no processo de avaliação
especial de desempenho e ao cumprimento do período

ATENÇÃO! Vale lembrar que a avaliação de desempenho (ou avaliação de


desempenho individual - ADI) não se confunde com a avaliação especial de
desempenho - AED. Vejamos o quadro a seguir:

Comparativo entre AED e ADI:

Avaliação Especial de Desempenho AED:

Conceito: Processo de acompanhamento sistemático do desempenho do servidor


em período de estágio probatório.Os principais objetivos são apurar a aptidão do
servidor para exercício do cargo para o qual foi nomeado. Sua periodicidade é
durante o estágio probatório.

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Avaliação de Desempenho Individual - ADI

Conceito: Processo de acompanhamento sistemático e contínuo do desempenho do


servidor estável.Sua função é identificar ações para o desenvolvimento profissional
do servidor. Sua periodicidade é anual, após o estágio probatório.

A Lei Complementar nº 71/03 institui a avaliação periódica de desempenho individual


e disciplina a perda de cargo público e de função pública por insuficiência de
desempenho do servidor público estável. Esse diploma legal alterou a Lei Estadual
nº 869/52, conferindo nova redação ao seu artigo 249, a saber: Art. 249 – A pena de
demissão será aplicada ao servidor que: [...] V – receber em avaliação periódica de
desempenho: a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatisfatório; b) três
conceitos interpolados de desempenho insatisfatório em cinco avaliações
consecutivas; ou c) quatro conceitos interpolados de desempenho insatisfatório em
dez avaliações consecutivas. Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho
insatisfatório o servidor cuja avaliação total, considerados todos os critérios
de julgamento aplicáveis em cada caso, seja inferior a 50% (cinqüenta por
cento) da pontuação máxima admitida. Assim, caso receba conceito insatisfatório
na avaliação de desempenho, isto é, inferior a 50% da pontuação máxima admitida,
o servidor poderá perder o cargo se incorrer nas situações previstas nas alíneas “a”,
“b” e “c” do inciso V do artigo 249 do Estatuto funcional.

A estabilidade relaciona-se diretamente com o instituto da disponibilidade ,Segundo


Filho (2008): A estabilidade não protege o servidor contra a extinção do cargo,
porque nesta se presume o interesse maior da Administração. Por outro lado, não
seria justo que a extinção do cargo carregasse para o servidor situação de angústia
pela perda do trabalho. É com essas vertentes que nasceu a disponibilidade.

- Estabilidade do Servidor Público

1. Requisitos para aquisição de estabilidade

a) Cargo de provimento efetivo/ocupado em razão de concurso público

b) 3 anos de efetivo exercício

c) Avaliação de desempenho por comissão instituída para essa finalidade

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2. Hipóteses em que o servidor estável pode perder o cargo:

a) Em virtude de sentença judicial transitada em julgado

b) Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa

c) Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei


complementar, assegurada ampla defesa

d) Em razão de excesso de despesa

Colocadas tais premissas, a seguir serão destacados os principais pontos previstos


no Decreto Estadual nº 45.851/11, que regulamenta o estágio probatório e a
avaliação especial de desempenho do servidor público civil:

O servidor deverá ter 1.09512 (um mil e noventa e cinco) dias de efetivo
exercício que correspondem a três anos na Administração Pública do Poder
Executivo Estadual, para cumprimento do período de estágio probatório. Porém, não
são considerados como efetivo exercício os afastamentos, as licenças, as
férias regulamentares, as férias-prêmio ou qualquer interrupção do exercício
das atribuições do cargo ou função exercida, superiores a vinte por cento do
total de dias de cada uma das etapas da avaliação especial de desempenho .
Para a aquisição de estabilidade, serão exigidos o cumprimento do período de
estágio probatório e a submissão à avaliação especial de desempenho, por ocasião
de cada ingresso em órgão ou entidade da Administração Pública direta, autárquica
e fundacional do Poder Executivo Estadual, após aprovação em concurso público,
para provimento em cargo efetivo (artigo 6º).

A avaliação especial de desempenho é o processo de acompanhamento


sistemático do desempenho do servidor em período de estágio probatório, que
tem por objetivos:

✓ apurar a aptidão do servidor para exercício do cargo para o qual foi nomeado;

✓ contribuir para a implementação do princípio da eficiência na Administração


Pública do Poder Executivo Estadual; e

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✓ aprimorar o desempenho do servidor e dos órgãos ou entidades da Administração
Pública do Poder Executivo Estadual.

Todos os servidores em período de estágio probatório em exercício nos


órgãos ou entidades da Administração Pública do Poder Executivo Estadual,
ainda que estejam em exercício de cargo de provimento em comissão ou de
função de confiança, serão submetidos à avaliação especial de desempenho.
Para fins de avaliação especial de desempenho, o servidor deverá possuir, no
mínimo, 150 dias de efetivo exercício . O servidor que não tiver esse período mínimo
não será avaliado, sendo registrado o motivo de não avaliação e devendo aguardar
o início da próxima etapa para fins de avaliação especial de desempenho . A
Comissão de avaliação especial de desempenho será composta por, no
mínimo, dois membros, constituída paritariamente por servidores indicados ou
eleitos pelos servidores avaliados e por servidores indicados pelo órgão ou
entidade da Administração Pública na qual o servidor avaliado estiver em
exercício . A chefia imediata do servidor é membro obrigatório da Comissão,
sendo a sua presença obrigatória na realização dos trabalhos.

No Parecer Conclusivo serão adotados os seguintes conceitos:

✓ apto, quando o servidor obtiver o mínimo de sessenta por cento de


aproveitamento na média do somatório dos pontos obtidos em todas as etapas de
avaliação especial de desempenho;

✓ inapto, quando o servidor não atender ao previsto no inciso I, ou seja, no item


anterior;

✓ frequente, quando o servidor obtiver o mínimo de noventa e cinco por cento de


frequência em cada etapa de avaliação especial de desempenho e também ao final
do período de estágio probatório; e

✓ infrequente, quando o servidor não obtiver o mínimo de noventa e cinco por


cento de frequência em cada etapa de avaliação especial de desempenho e também
ao final do período de estágio probatório.

ATENÇÃO! O servidor que cumprir o período de estágio probatório e obtiver


os conceitos apto e frequente na avaliação especial de desempenho será
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considerado estável. Contudo, será exonerado o servidor que obtiver o conceito
inapto ou infrequente .

Competências do Secretário de Segurança Pública

As competências do secretário de estado também são definidas no texto


constitucional estadual. São elas:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos de sua Secretaria


e das entidades da administração indireta a ela vinculadas;

II - referendar ato e decreto do Governador;

III - expedir instruções para a execução de lei, decreto e regulamento;

IV - apresentar ao Governador do Estado relatório anual de sua gestão, que será


publicado no órgão oficial do Estado;

V - comparecer à Assembleia Legislativa, nos casos e para os fins indicados nesta


Constituição;

VI - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou


delegadas pelo Governador do EstadO

Organização do DEPEN.

O Departamento Penitenciário de Minas Gerais (DEPEN-MG) tem como


competência: planejar, disciplinar, organizar, coordenar e gerir o sistema
prisional. Necessário ressaltar que essa organização deve assegurar a efetiva
execução das decisões judiciais. O DEPEN deve prover a segurança nas
Unidades Prisionais, a humanização do atendimento e a ressocialização dos
indivíduos privados de liberdade (IPL),
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e possui as seguintes atribuições;

I – controlar, prevenir e reprimir o cometimento de ilícitos e desvios de conduta


no Depen-MG;

II – assegurar a aplicação da legislação e diretrizes vigentes referentes à


administração da execução penal e ao tratamento dos IPL;

III – promover condições efetivas para a reintegração social dos IPL, mediante
a gestão direta e mecanismos de cogestão;

IV – articular parcerias com entidades públicas e privadas, visando à melhoria do


tratamento dado aos IPL e à segurança nas Unidades Prisionais;

V – promover a articulação institucional entre órgãos e instituições relativa à


otimização da custódia e gestão de vagas, à movimentação de IPL e à expansão de
métodos alternativos de custódia;

VI – estabelecer diretrizes e implementá-las junto às Unidades Prisionais e


correlatas, favorecendo a tomada de decisão com base em gestão por processos e
resultados e desenvolvimento de novos projetos e programas que potencializem as
políticas públicas sob responsabilidade do Depen-MG;

VII – gerenciar os recursos disponíveis nas unidades administrativas e operacionais


do Depen-MG, de maneira integrada com a Sulot;

VIII – coordenar as atividades de informação e inteligência do sistema


prisional;

IX – coletar, processar e qualificar as informações relativas ao gerenciamento e


operação do sistema prisional;

X – gerenciar e fiscalizar as atividades das Diretorias Regionais e Unidades


Prisionais;

XI – planejar a gestão dos recursos humanos no Depen-MG, de maneira integrada


com a Sulot, e emanar diretrizes de alocação de pessoal;

17
XII – propor diretrizes para seleção, formação e capacitação dos servidores de
maneira integrada com a Suint;

XIII – atuar de maneira integrada com a Sulot na definição e alocação de recursos


materiais, tecnológicos e patrimoniais nas unidades vinculadas ao Depen-MG;

XIV – propor diretrizes de cautela de armas de fogo de propriedade do Estado


da carga patrimonial do Depen-MG;

XV – propor diretrizes, de acordo com a legislação vigente, para aquisição de arma


de fogo de calibre permitido e restrito por agentes do Depen-MG;

XVI – capacitar e orientar os servidores do Depen-MG quanto à utilização de


sistemas de informação de interesse da atividade do Depen-MG, bem como habilitar
e controlar os acessos aos sistemas, de maneira integrada com a Sulot;

XVII – participar das atividades necessárias à integração dos órgãos afetos às


temáticas de Segurança Pública;

XVIII – participar da Câmara de Diretriz Integrada de Ação e Operação e comissões


de modernização operacional do Sistema Integrado de Defesa Social;

XIX – integrar o CICC, visando ao compartilhamento de informações, ao acesso aos


diferentes sistemas de segurança e ao auxílio mútuo às intervenções qualificadas
em relação ao Sistema Estadual de Defesa Social e Segurança Pública;

XX – regular a utilização de veículos oficiais, alocados no âmbito do Depen-MG,


observados os requisitos contidos no inciso IX e no parágrafo único do art. 5º;

XXI – realizar ações preventivas, escolta e segurança de autoridades do sistema


prisional, quando comprovadamente necessárias, de forma a prevenir e inibir atos
que atentem contra o sistema prisional e os seus integrantes;

XXII – cooperar com os órgãos de segurança pública na recaptura de IPL, com


recursos humanos, materiais e tecnológicos;

18
XXIII – promover em conjunto com a Sulot medidas, programas e ações de
prevenção e preservação da higidez física e psicológica dos servidores do
DepenMG;

XXIV – promover medidas de prevenção e realizar apoio operacional às unidades do


Depen-MG em caso de desvios de condutas de servidores;

XXV – realizar levantamentos, elaborar estudos e propor protocolos ou diretrizes em


relação ao Depen-MG;

XXVI – homologar os planejamentos operacionais regionais.

O decreto explica que a custódia dos presos militares e policiais civis do Estado,
obedecerá à normatização específica. Além disso, explica que as vagas das
unidades de custódia dos presos militares e policiais civis do Estado devem ser
informadas e geridas no sistema informatizado de gestão prisional do Estado. O
Departamento Penitenciário de Minas Gerais (DEPEN-MG) tem a seguinte
organização interna:

• Superintendência de segurança prisional: Diretoria de Segurança Interna;


Diretoria de Segurança Externa;

• Superintendência de segurança prisional: Diretoria de Custódias Alternativas;


Diretoria de Gestão de Vagas;

• Superintendência de humanização do atendimento: Diretoria de Classificação


Técnica; Diretoria de Ensino e Profissionalização; Diretoria de Articulação e
Atendimento Jurídico; Diretoria de Assistência à Família; Diretoria de Trabalho e
Produção; Diretoria de Atenção ao Paciente Judiciário;

• Assessoria de informação e inteligência prisional;

• Superintendência de atendimento ao adolescente: Diretoria de Formação


Educacional, Profissional, Esporte, Cultura e Lazer; o Diretoria de Atenção à Saúde;
Diretoria de Orientação Socioeducativa; o Diretoria de Segurança Socioeducativa;

19
• Superintendência de segurança prisional: Diretoria de Planejamento e
Monitoramento Socioeducativo; Diretoria de Gestão de Vagas e Atendimento
Jurídico; Diretoria de Apoio à Gestão de Parcerias.

Período da vingança privada

Essa é considerada a fase mais antiga da historicidade das penas, sendo a punição
imposta exclusivamente como vingança. Tratava-se da lei do mais forte, ficando
sua extensão e forma de execução a cargo da pessoa do ofendido e o
transgressor poderia ser morto, escravizado ou banido. Nos primórdios da
civilização, não havia qualquer espécie de administração pertinente à Justiça. Caso
alguém ofendesse um seu semelhante, nem sempre o revide guardava razão de
intensidade à agressão sofrida. Em muitas ocasiões, esse revide sequer era dirigido
ao agressor, mas, sim, aos membros de sua família ou tribo, gerando, não raro,
resposta mais hostil ainda. De acordo com Caldeira (2009), o ser humano sempre
viveu agrupado, em virtude de seu nítido impulso associativo e lastreou, no seu
semelhante, suas necessidades, anseios, conquistas, enfim, sua satisfação. E desde
os primórdios, o ser humano violou as regras de convivência, ferindo os
semelhantes e a própria comunidade onde vivia, tornando inexorável a aplicação de
um castigo (sanção). Assim, mediante a necessidade de estabelecer regras de
convivência, surgiram as sanções como meio de manter a comunidade unida e
protegida, sendo elas uma das primeiras demonstrações de uma estrutura normativa
de conduta (CALDEIRA, 2009). Conforme Wolkmer (2010), tais regras eram
direcionadas para a proteção própria ou de quem fazia parte do grupo,
constituindo-se no princípio do parentesco, de modo que a pena era um mecanismo
de defesa privado, isto é, uma vingança individual. Nesse passo, conforme Teles
(2006), aos que desrespeitassem algum interesse de seus membros, punia-se
com a perda da paz, que consistia na expulsão dos infratores da comunidade,
que perdiam a proteção do grupo, e, ao estranho que violasse qualquer valor
individual ou coletivo, era aplicada a vingança de sangue. Assim, quando a infração
era praticada por um membro do próprio grupo “a punição, em regra, era o
banimento, conhecido como perda da paz, fazendo com que o infrator ficasse

20
desprotegido, à mercê de tribos rivais” (CAPEZ; BONFIM, 2004, p.43). A pena
ultrapassava a dimensão da pessoa do infrator para se dimensionar em sua
família ou até em sua tribo, com sua total dizimação, não se importando com a
figura da culpa. Ainda de acordo com esse autor, as penas eram executadas sem
nenhuma proporção, já que atingiam tanto a pessoa considerada culpada quanto
aqueles que tinham algum vínculo com ela, o que caracterizava sua
desproporcionalidade. Nesse sentido, não havia senso de justiça, a reação era
puramente instintiva e normalmente desmedida, não havendo proporcionalidade e
nem pessoalidade quanto ao revide, “reinava a responsabilidade objetiva, e
desconheciam-se princípios como o da proporcionalidade, humanidade e
personalidade da pena” (CAPEZ; BONFIM, 2004, p.3). 8 De acordo com Wolkmer
(2010), o período que compreende a vingança privada foi marcado pela
retribuição da vítima pelo mal causado. Não existia um detentor do poder de
punir, os responsáveis para penalizar quem agisse em desarmonia com as regras
eram o próprio ofendido, os seus consanguíneos e até mesmo o grupo social, uma
vez que no contexto familiar da época eram considerados “parentes”. Nessa seara,
Gomes (2016) relata que o indivíduo que transgredia as regras poderia receber
punição não apenas da vítima, mas também de seus parentes, bem como de todo o
grupo social a que pertencia a vítima. Tais penas não respeitavam nenhum tipo de
simetria, pois atingiam não só o autor, mas toda sua tribo e sua família de forma
indistinta. Dessa prática habitual, nasceram a Lei do Talião e a Composição,
duas formas ainda generalistas de regulamentar a aplicabilidade das penas. No que
se refere à Lei do Talião, talião vem do latim “TALIS” e significa uma espécie de pena
que se caracterizava por estabelecer certa proporcionalidade entre agressão e
reação. A Lei do Talião, que expressa a máxima “Olho por olho, dente por dente”,
consistia na reciprocidade do delito e da pena, ou seja, era o direito de retaliação
conferido à vítima que poderia provocar ao agente criminoso o mesmo dano que
sofrera. Bitencourt (2004, p.28) afirma que o “Código de Hamurabi” é um exemplo
que facilmente comprova que os meios de sanções utilizadas nessa época eram os
castigos físicos, já que boa parte de suas penas era de morte e mutilações. Em
relação à Composição, Estefam (2016) relata que permitia ao ofensor comprar
sua liberdade mediante pagamento, feito com os bens que possuísse. Se, por
um lado, a Composição não afastou a violência da repulsa, por outro, teve o
mérito de conferir-lhe a noção de dimensão, evitando o aumento incontido do
21
conflito inicial. Com essa nova configuração penal, os crimes mais horrendos
poderiam ser separados pecuniariamente, desde que a vítima fosse indenizada pelo
algoz. Assim, a pena passou a ser individualizada, recaindo toda a culpa na pessoa
que cometesse o crime. Nesse período a indenização passou a ser uma boa solução
para evitar atrocidades, já que, muitas vezes, as penas eram muito cruéis. De
acordo com Chiaverini (2009), a característica mais marcante da época em análise
com a qual se pode fazer alusão nos dias atuais, reflete-se na reação da sociedade
que retribuía o mal causado, sendo que a sanção era utilizada com a finalidade de
vingar-se do malfeitor. Nas palavras desse autor “o homem primitivo não pergunta
como isso ocorreu? Pergunta apenas: quem fez?” (CHIAVERINI, 2009, p.2). Sendo
assim, na atualidade, isso ainda se repete, considerando que existem execuções
privadas levadas a termo por justiceiros. Nesse sentido, o período que compreende
a vingança privada foi marcado pela retribuição da vítima pelo mal causado. Não
existia um detentor do poder de punir, os responsáveis para penalizar quem agisse
em desarmonia com as regras eram o próprio ofendido, os seus consanguíneos e
até mesmo o grupo social. Passemos a abordar o período da vingança divina.

Período da vingança divina

Nesse período, acreditava-se que os deuses fossem guardiões da paz e


eventuais crimes cometidos seriam considerados como afronta às divindades
e a punição passou a existir para aplacar a ira divina e regenerar a alma do
infrator. Para que a paz fosse mantida, sacrifícios humanos deveriam ser realizados
e, desse modo, mediante a prática de um único ato, três medidas eram adotadas:
satisfazia-se o deus maculado; punia-se o ofensor; e intimidava-se a população para
que não mais praticasse atos considerados criminosos. De acordo com Pacheco
(2016), durante esse período, o poder de punir era conferido aos sacerdotes
e/ou suseranos, que eram considerados mandatários dos deuses e possuíam o
dever de punir qualquer ofensa à divindade, sendo as penas aplicadas cruéis e
desumanas. Caldeira (2009) relata que a pena possuía uma dupla finalidade: (a)
eliminar aquele que se tornara um inimigo da comunidade e dos seus deuses e
forças mágicas, (b) evitar o contágio pela mácula de que se contaminara o agente e
as reações vingadoras dos seres sobrenaturais. Nesse sentido, a pena já começa a
22
ganhar os contornos de retribuição, uma vez que, após a expulsão do indivíduo do
corpo social, ele perdia a proteção do grupo ao qual pertencia, podendo ser agredido
por qualquer pessoa. Aplicava-se a sanção como fruto da liberação do grupo social
da ira dos deuses em face da infração cometida, quando a reprimenda consistia,
como regra, na expulsão do agente da comunidade, expondo-o à própria sorte.
Acreditava-se nas forças sobrenaturais, que, por vezes, não passavam de
fenômenos da natureza, razão pela qual, quando a punição era concretizada,
imaginava o povo primitivo que poderia acalmar os deuses. Caldeira (2009) ainda
relata que as penas eram aplicadas levando em consideração as emoções e os
sentimentos, sendo também baseadas em acontecimentos naturais. Por esse 10
motivo, os eventos que não podiam ser explicados por falta de conhecimento
científico, como, por exemplo, os trovões, raios etc., eram considerados sinais dos
deuses. Sendo assim, a desobediência à vontade de deus, o fazer “mal” aos
semelhantes, significava o mesmo que ir contra deus. Tal punição era considerada a
maneira mais eficaz de o sujeito ser banido do meio social. Desse modo, por meio
da religião, a pena passou a ser encarada como castigo e quem ousasse infringir as
supostas ordens divinas sofria a condenação dos deuses. Wolkmer (2010) pondera
que nas sociedades da antiguidade, muitas vezes, a legislação não era escrita,
sendo exposta de forma oral. Dessa forma, a pena advinha da vontade divina, as
sanções eram aplicadas de acordo com rituais passados através de várias gerações,
originando regras de comportamento. Esse autor ainda revela que, nas
manifestações mais antigas do direito, as sanções legais estão profundamente
associadas aos rituais, ocasionando assim um caráter tanto repressivo quanto
restritivo. Assim sendo, o poder era direcionado para os que tinham uma posição
social mais elevada, que aplicavam sanções de acordo com a interpretação dos
sinais supostamente revelados pelas divindades religiosas. Nessa seara, de acordo
com Chiaverini (2009), os condenados pelos sinais de forma afirmativa
sobrevindos dos deuses aceitavam seu destino por medo de que, não se
submetendo à punição, aborreceriam ainda mais os deuses, recaindo o castigo
da mesma forma sobre sua família ou sobre sua comunidade. Sendo assim, as
leis começaram a ser escritas e aplicadas de forma genérica e homogênea. Isso
porque descobriu-se que a forma escrita era mais prática e eficiente para recordar e
manter, em larga escala, o poder do suserano. Assim, conforme os estudos de
Wolkmer (2010), as leis escritas eram melhores depositários do direito e meios mais
23
eficazes para sua conservação do que a memória de certo número de pessoas.
Esse período caracterizou-se, também, pela crueldade das penas: quanto
maior a importância da divindade agravada, mais atroz seria a punição. Os
sacerdotes eram os responsáveis pela administração da justiça, bem como pela
aplicação das sanções. Tendo em vista essas características, o Direito Penal
vigorante foi denominado Direito Penal Teocrático e as legislações egípcia, hebraica,
chinesa e indiana, entre outras, foram exemplos dessa fase. Assim, em nome das
divindades, foram praticadas monstruosidades e perversidades, tendo esse período
degradante se inspirado em princípios conservadores e até fanatizados.
Abordaremos o período da vingança pública.

Período da vingança pública

O poder público passou a regulamentar as formas possíveis de castigo através


do ente soberano que eram aplicadas de acordo com os seus interesses,
embora, ainda, fosse conservada a lei do Talião, não mais aos critérios de
vítima ofendida, apesar de a punição continuar violenta, desproporcional, atroz
e desumana. A pena de morte, prática comum desde as primeiras civilizações, não
se restringia apenas ao réu, mas atingia a todos de sua família. Não só a pena de
morte como também açoitamentos, mutilações, os inúmeros suplícios físicos e os
desterros. Com o desenvolvimento e a organização da sociedade, a tutela penal
deixa de ter conteúdo eminentemente teocrático, desconsiderando situações
particulares, passando a ser centralizada nas mãos dos soberanos. Até então, as
vinganças eram de forma particular ao arbítrio da vítima ou do grupo, mas sempre
com requintes de crueldade e sem qualquer critério de justiça. Isso levou o Estado a
chamar para si a responsabilidade pelo direito punitivo. Conforme os estudos de
Jorge (2005), a reprimenda imposta ao transgressor da lei passa a ser a resposta
oficial, apresentada pelo Estado, tendo como objetivo proteger a coletividade.
Porém, na verdade, o que ocorreu foram situações despóticas, pois o senhor
reinante, que então concentrava poderes quase absolutos, podia considerar
criminosas, caso fosse conveniente, as condutas que bem entendesse, deixando a
24
população “aterrorizada, pois não tinham segurança jurídica” (JORGE, 2005, p.66).
Chiaverini (2009) relata que o uso abusivo da utilização do poder tinha como
consequência o tratamento desigual dos cidadãos pela justiça. Os mais abastados
eram normalmente poupados da severidade e crueldade das penas então vigentes,
ao passo que a população menos privilegiada sofria em demasia. Com o passar do
tempo, com maior organização social e política dos povos, é possível constatar, em
algumas cidades-estados, como, por exemplo, na antiga Grécia, indícios de
punições públicas. Paulatinamente, a aplicação da pena deixou de ter o aspecto
religioso. O poder dos sacerdotes e/ou suseranos, que já era abundante, ficou mais
centralizado e fortalecido e os atos considerados criminosos correspondiam aos que,
de alguma maneira, atingissem o Estado representado na pessoa do suserano. Essa
realidade levava a uma insegurança jurídica e a uma desproporcionalidade da
aplicação da pena (CHIAVERINI, 2009). Assim, por mais que se queira, não é
possível observar uma ruptura radical entre vingança divina e vingança privada, visto
que ainda os suseranos legitimavam suas ações por meio do religioso. 12
Importante ressaltar que, na fase da vingança divina, também percebemos um
pouco da vingança pública e vice-versa, pois já existia a figura do suserano
(juntamente com o sacerdote) comandando a aplicação da pena. Entretanto, foi na
fase da vingança pública que realmente sua figura ganhou destaque, visto que na
fase anterior sobressaia-se a pena com caráter divino, sendo que o suserano
apenas a interpretava, no lugar de ser o verdadeiro ditador das normas. Esse
suserano simbolizava o poder, representando o interesse da comunidade em geral.
Nesse sentido, asseveram Zaffaroni et al. (2003, p.389) que “o modelo de solução
de conflitos pelas partes se sustentou enquanto não foi gerado um poder central
verticalizante, mas quando este apareceu e adquiriu força suficiente, confiscou a
vítima mediante o modelo decisório ou punitivo”. De acordo com esses autores, não
houve mudanças em relação à arbitrariedade e à crueldade com que as penas eram
aplicadas, haja vista que as mudanças se limitavam ao fato de que a pena era
executada pelo suserano e não pelas partes envolvidas na questão. Esse período foi
marcado por um grande número de atrocidades cometidas em nome da justiça
estatal e a pena de morte era utilizada de maneira intensa, sendo legitimada pela
Igreja Católica. Posteriormente, com a necessidade de uma maior organização
social, começaram a surgir as figuras dos chefes e das assembleias, dando início à
política. Dessa forma, os detentores do direito de punir eram as autoridades
25
públicas, que eram consideradas soberanas e alegavam agir pelo interesse da
sociedade, por isso, poderiam punir quem quer que viesse a cometer crimes.
Conforme os estudos de Pacheco (2016), um fato relevante dessa época é que a
titularidade da aplicação de sanções não pertencia mais ao ofendido e, sim, ao
Estado, o que não quer dizer que elas se tornaram mais brandas por essa razão.
Mutilação, confisco de bens e até pena de morte eram penas usualmente aplicadas
por qualquer tipo de crime, sem muita distinção do seu potencial ofensivo. Podemos
verificar, inclusive, a existência dos suplícios, nos quais o indivíduo chegava a
ser desmembrado por cavalos depois de horas aterrorizantes de tortura.

A prisão e os princípios constitucionais

As evoluções pelas quais o Direito Penal passou revelam a perda de atribuição de


punição extremada e cruel para o termo pena, passando a ser sinônimo de
reparação e de corrigenda. Segundo Bitencourt (2004, p.), “o poder punitivo
estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana
ou que lesionem constituição físico-psíquica dos condenados”. Sendo um dos
elementos elencadores do caráter educativo do homem, o Princípio da Humanidade
demonstra a necessidade da reinterpretação dos termos “reinserção social” e
“reeducação”. De acordo com Luisi (1991), o princípio da legalidade se desdobra, na
perspectiva contemporânea, quanto à fonte da norma penal incriminadora, à
enunciação dessas normas e à validação temporal das disposições penais. Sendo
assim, o princípio da reserva legal, o da determinação taxativa e da irretroatividade
da lei derivam da legalidade. A maior expressão da lei de um Estado Democrático de
Direito está no direito fundamental absoluto. Assim, para esse e somente nesse,
está o sentido vital do entendimento de obediência à lei, à dignidade da pessoa
humana, previsto no artigo 1º, inciso II, da CF/88. A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: “III – a
26
dignidade da pessoa humana” (BRASIL,1988)3 . O princípio da dignidade da pessoa
humana, considerado como princípio mor, dá sustentação a várias leis e normas de
nosso ordenamento jurídico. Assim, o não cumprimento desse princípio estaria
infringindo a Constituição Federal. Defluindo da Constituição Federal, o princípio da
legalidade é uma das sustentações do ordenamento jurídico no que se refere ao
Direito Penal e Processual Penal. Cita, em seu artigo 5º inciso XXXIX, que “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”
(BRASIL. 1988) 4 . A prerrogativa do princípio da legalidade é decorrente da
irretroatividade da lei penal. Mantovani (2011) pondera que a irretroatividade da lei
penal, além de assegurar exigências racionais de certeza do direito, dá ao cidadão
segurança, ante as mudanças de valorizações do legislador, de não ser punido ou
de ser punido mais severamente por fatos que, no momento de sua comissão, não
eram apenados ou o eram de forma mais branda. Com o advento da Constituição
Federal, subsumido o artigo 3º do CP, tanto as leis excepcionais quanto as vigentes
são aplicáveis na ocorrência dos fatos, como na exatidão ao tempo em que
estiverem eficazes. A inter-relação entre o princípio da legalidade e o Estado Social
reflete a sociedade hodierna, em que o Estado é o agente ativo, oportunizando a
construção social justa e equânime. A inviolabilidade aos direitos fundamentais são
cláusulas pétreas asseguradas e garantidas pela CF/88. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos, o marco inicial da existência dos direitos fundamentais
individuais, assegura em seu artigo 5º que “ninguém será submetido à tortura, nem a
penas ou tratamento ou castigo cruel, desumano, degradante”. 5 A CF/88
humanizou o tratamento das penas quando consagrou em diversos dispositivos esse
princípio, como expressa o artigo 5º, consagrado o direito à pessoa humana do
apenado: XLIX - É assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral; L - Serão asseguradas às presidiárias condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; XLVII - Não haverá
penas: a) de morte salvo em caso de guerra nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis . Estruturalmente, o
sistema prisional brasileiro é alimentado por dois instrumentos: o conservadorismo
penal e punitivo e a ineficiência da reintegração social do condenado. Esses
sustentam a seletividade penal em contradição à legislação, que tenta demonstrar a
questão da tendência mundial de valorização da pessoa humana, preconizada pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Tal contradição, para além da produção
27
de uma pressão sobre o próprio sistema, traz à tona seu caráter perverso,
basicamente punitivo e incapaz de contribuir com a redução nos índices de
criminalidade. O que se pode perceber é que a legislação brasileira no que tange ao
sistema carcerário ainda não conseguiu se efetivar, uma vez que a gestão prisional
no Brasil se caracteriza pela extrema escassez de recursos – humanos e materiais
–, pela precariedade das instalações físicas, pela superlotação, pela falta de
atividades laborativas e educativas dos presos, pela corrupção e violência. Tais
problemas endêmicos parecem não ter solução, reforçando a interpretação de uma
instituição falida. A inclusão no sistema prisional faz com que os sujeitos continuem,
da mesma maneira grave, sem acesso às competências e às condições esperadas
pelos sistemas sociais. O tempo de permanência no cárcere não tem servido, de um
modo geral, para proporcionar condições de “harmônica integração social”. Pelo
contrário, tendo em vista a precariedade da maioria das unidades prisionais e,
consequentemente, os efeitos negativos do encarceramento, eles retornam à
liberdade estigmatizados pela criminalização e, egressos do sistema, com chances
reduzidas de participação nos demais sistemas sociais. Esse contexto faz com que o
Estado assuma uma política criminal ostensiva, focando os indicadores de êxito
mais nos rendimentos das agências de controle do que nos resultados. O pano de
fundo é o combate ao crime que, em nosso país, tem levado a discursos e práticas
de guerra. A guerra contra o crime e a guerra contra as drogas são, então, elevadas
à condição de instrumentos de ação do Estado. Já não basta, para quem sustenta
esses discursos, a mera atuação dentro das margens legais e a guerra se apresenta
como uma estratégia necessária de ação. Na guerra, diferentemente da ação
pautada na estrita legalidade que deveria orientar a atuação policial, já não há
limites claros. De acordo com Caetano (2018), a guerra é travada não em benefício
de pessoas, mas contra pessoas. A guerra contra o crime se traduz, assim, em uma
guerra contra as populações marginalizadas. A guerra contra as drogas, facilitada
inclusive com jurisprudências infames, permite até mesmo a invasão domiciliar sem
mandado judicial. Nessa esteira, Wacquant (2003, 39 p.155) indaga, de forma
pertinente, “para que serve, finalmente, a prisão no século XXI? Seria fácil perceber,
se tal questão fosse colocada, que, na verdade, ninguém sabe mais por que se
trancafiam as pessoas”. Esse autor continua ponderando que, a prisão tem por
missão “reformar” e “reinserir” seus internos. Por isso, por mais que a pena privativa
de liberdade tenha surgido em meio a uma contradição em seus fins, atualmente
28
parece muito mais posta e visível. Assim, a mediação aqui colocada como
resistência a esse modelo está na constante busca pela efetivação dos direitos
humanos, para que esses, ao serem colocados em prática, possam fornecer
condições mínimas de vida que subsidiem os processos socializadores que os
indivíduos passam enquanto reclusos.

Limitação da aplicação da pena e o devido processo legal e o surgimento das


penas privativas de liberdade no Brasil com o banimento da pena de morte

Bittencourt cita que em 1.830, Dom Pedro I sancionou o Código Criminal do Império.
Pela primeira vez, a legislação brasileira fez menção da necessidade de
diferenciação de motivações criminais e eclesiásticas para a condenação de
crimes, bem como, atenuantes relativas à menoridade do autor de um delito.
Contudo, os escravos eram condenados a penas mais graves do que os demais
autores de delitos, e a pena capital era executada na forca. Ainda, sobre a pena de
morte, ela foi banida oficialmente do Brasil pelo Imperador Dom Pedro II, em
1.855. As prisões e unidades carcerárias do Brasil-Império deveriam ser mantidas
pelos governos das províncias. Alguns governos provinciais empenhavam mais
recurso na construção de prisões, outros preferiam empenhar recursos em outras
obras. Assim, as estruturas prisionais eram melhores ou piores de acordo com o
entendimento e atenção do governante provincial. Em 1.855, com o fim da pena de
morte, surgiu a necessidade de modernização da estrutura carcerária para o
cumprimento das leis. Tal processo estava a cargo das províncias, sem que
houvesse uma política criminal instalada no Brasil. O próprio Código Criminal de
1.830 trazia consigo as ideias de Beccaria, e mesmo, princípios da Declaração de
Direito do Homem, da Revolução Francesa, de 1.789. Concebeu-se no Brasil o IUS
PUNIENDI (o Direito de Punir), monopolizado para o Estado (apenas o Estado
poderia punir). A pena de prisão, nos termos do Código, deveria ser aplicada em
praticamente metade dos casos de crime previstos na legislação, ou seja, finalmente
o Brasil adotou a prisão como uma efetiva PENA. IMPORTANTE: a própria
Constituição de 1.824 concebeu a exclusão de pena de tortura, marcação à
ferro quente e outras penas cruéis, sendo admitido o açoite, eventualmente, para
os escravos. Outra inovação da constituição foi estabelecer que as cadeias
públicas deveriam oferecer condições mínimas para detenção dos réus, e
29
separação conforme a gravidade dos delitos praticados. Assim, a prisão passa a
ocupar um espaço importante nas discussões sociais, no Brasil-Império,
encerrando-se as sessões de punições públicas, ocorridas durante toda o
BrasilColônia. Minas Gerais foi afetada, como todo o país, submetendo-se à
nova realidade, concebendo as primeiras unidades prisionais para
cumprimento de pena de prisão, e eliminando os espaços de execução pública de
sentenças, em razão do novo modelo de execução penal, por meio da privação da
liberdade. As estruturas penitenciárias eram absolutamente carentes e precárias. Os
edifícios empregados para o cumprimento de penas eram mantidos em péssimas
condições, e não eram dotados de estrutura para deter os condenados, sendo
constantes os episódios de revoltas e fugas. Na maioria dos casos, inclusive, as
prisões eram, simplesmente, casas que serviam como depósitos de gente. Na
província de Minas Gerais, a competência legislativa sobre a questão era da
Assembleia da Província, como cita o artigo Art. 10 da Lei n. 16/183413: Compete às
mesmas Assembleias legislar [...] 9º) Sobre construção de casas de prisão, trabalho,
correição e regime delas”. A incumbência de cuidar das cadeias era dos
CARCEREIROS, que poderiam infligir castigos aos presos, para que eles
cumpram os seus deveres. Contudo, não havia uma estrutura administrativa ou
logística coerente, de maneira que a relação entre presos e carcereiros se dispunha
como uma barril de pólvora, prestes a explodir. Como vimos, as assembleias, então,
poderiam constituir normas para a gestão do cárcere, mas o governo imperial tinha
autonomia para inspecionar as penitenciárias, para respeito à Constituição e à
melhoria das condições para o cumprimento das penas, com cadeias mais limpas,
seguras e que separem os presos, conforme a gravidade do delito praticado. As
cadeias e os regulamentos de prisão, então, passam a ser organizados, não apenas
em Minas Gerais, mas em todo o Brasil, pelos Chefes Locais de Polícia, com
aprovação dos presidentes das províncias e do governo central. Aos presidentes das
províncias, como tempo, foi definido o dever de conceber planos dos edifícios a
serem empregados como presídios. Essas normas foram editadas pelo Império, a
partir do Regulamento n° 120/1.842. As cadeias começaram a funcionar com
regimes de execução de penas mais direcionados pelo regulamento, com a
definição de obrigações aos presos e deveres dos carcereiros, bem como, regras
gerais de obediência e sanção, no caso de descumprimento. Os presos passaram a
ser classificados, antes de ingressarem na prisão, por idade, sexo, gravidade da
30
conduta, devendo ser separados – quanto for possível e as normas descritas jamais
ficaram ao arbítrio do carcereiro. Por fim, o que se pode depreender dessa época,
é que as unidades prisionais eram exíguas e muito precárias, as normas
frágeis e os relacionamentos entre presos e carcereiros carregados por forte
tensão, capaz de fazer romper a ordem do cárcere a qualquer momento.
Notemos a descrição abaixo, de um cárcere em um quartel da Guarda Municipal
Permanente de São João Del Rey: “...O cárcere precisa de um xadrez (grade - gn)
na porta para ser mais bem arejado; o Calabouço no mesmo quartel é muito
pequeno e estreito, e não tem toda limpeza necessária. A prisão militar acha-se no
antigo estado, sem que tenha havido reforma alguma.”14 No texto citado, em
Alvarenga e Viana, verifica-se que “...o sistema carcerário, como hoje, tomava, à
época, a pauta jornalística constantemente, com as notícias de ausência de cadeias
para a execução das penas, a má condição dessas, as frequentes fugas de presos e
a ausência de regulação dos regimes de cumprimento.” Em Minas Gerais, foi
concebida a Lei n° 1.977/1.873, que regulou a criação de vilas, condicionando-as a
concepção de uma câmara municipal, um estabelecimento de instrução primária
para crianças e uma CADEIA. Mesmo assim, o Governo Provincial,
normalmente, era o responsável pela construção da maioria das cadeias para o
cumprimento das sentenças criminais, quando elas não eram constituídas a partir de
investimentos de particulares, interessados na criação da província. Contudo, como
citam Alvarenga e Viana, em artigo já citado, a estrutura das unidades era
“...altamente deficitária..., ampla maioria das cadeias praticamente não possuía a
estrutura minimamente necessária e exigível para o recolhimento de presos... nem
mesmo a Cadeia de Ouro Preto, na capital, tinha, àquela época, a sua construção
completamente acabada.” c) As prisões e as penas no Brasil-República Com a
Proclamação da República (1.889) veio logo após a abolição da escravatura (1.888)
e, assim, as penas relacionadas a castigos físicos foram definitivamente
afastadas com a Constituição de 1891 e o Código Criminal de 1890. A novel
legislação penal ressaltava a pena de prisão como a principal modalidade punitiva
em relação a prática de crimes, mas no início da República, ainda, havia um vazio
de normas jurídicas a regulamentar o sistema prisional e a execução da pena.16 Em
Minas Gerais, na época da proclamação, ainda estava sobre o impacto da citada Lei
n° 1.977/1.873, praticamente havia uma cadeia por vila, mas elas não reuniam as
mínimas condições de abrigar com segurança e dignidade qualquer pessoa que
31
devesse cumprir a pena de prisão, contudo, segunda o texto de Alvarenga e Viana,
conforme o Regulamento n. 93/1881 (MINAS GERAIS, 1882b)17, na cadeias de
Mariana, São João Del Rey, Montes Claros, Barbacena e Diamantina foram
implementadas as primeiras cadeiras de instrução primária, para fomentar a
educação dos presos e isso, por si só, já se impunha como uma inovação no
sistema prisional do país. Segundo relatos, os quadros prisionais do início da
República (da primeira república – 1.889 a 1.930) eram terríveis, compostos por
milhares de presos em situação de penúria institucional, cumprindo penas em
presídios que não atendiam os mínimos requisitos de segurança, salubridade e
higiene, acarretando a constituição de um ambiente pernicioso, superlotado, em que
a criminalidade ocorria constantemente, sem qualquer suporte para a reeducação e
ressocialização dos condenados, muito menos conhecimento e segurança jurídica
acerca do cumprimento das penas. Na segunda e terceira república (A era Vargas,
entre 1.930 a 1.945, com o Estado Novo), advém a mudança da legislação penal
e processual penal. Capitaneado pelo jurista Nelson Hungria, surgia o Código
Penal atual (em 1.941), o Decreto-Lei n° 2.848/41 (ainda em vigor, apesar de
absolutamente reformado, em 1.984). Pouco tempo depois adveio o Decreto-Lei n°
3.689/41, o Código de Processo Penal (também em vigor, apesar de bastante
reformado). O país começou a investir em uma estrutura prisional e dessa
época em diante começaram a surgir alguns presídios históricos. Ainda assim,
a prisão ocorria em regime único
“...Mas, além da pobreza completa de higiene, a promiscuidade tirava à pena
qualquer função educativa. Organizado o Conselho Penitenciário, em 1927, o
Presidente Antônio Carlos convidou o grande jurista professor Mendes Pimentel
para seu primeiro Presidente, encarregando-o de estudar os planos para a
inauguração, no Estado, de um sistema mais humano de corrigir os desajustados
sociais.”; e “...Coube ao Secretário do Interior de então, Sr. José Maria de Alkmim, a
inauguração do regime penitenciário em Minas Gerais. E o fêz com todo coração e
um entusiasmo admirável, de tal forma apaixonando-se pela grande obra que deixou
a Secretaria para dedicar-se inteiram ente à nobre causa, como primeiro diretor da
Penitenciária de Neves, que para logo cobrou fama, atraindo visitantes de tôda
parte, quando de sua administração. Alargou a área inicial do estabelecimento, e
imprimiu rumo definitivo ao trabalho dos detentos, instalando máquinas e abrindo
culturas em antigas fazendas do Estado, onde localizou núcleos de sentenciados
32
escolhidos, os quais, com a terapêutica milagrosa do trabalho, no cultivo do solo, se
preparavâm para retornar à sociedade. A passagem do Dr. José Maria de Alkmim
pela Penitenciária de Neves assinalou-se como um marco de vitória para aquêle
reformatório, onde ainda hoje repercute a ação inteligente, humanitária e educadora
do grande penitenciarista, que tão bem soube compreender a obra de recuperação
do homem desajustado, cuja mentalidade e cujos problemas procurou sempre
interpretar e resolver com justiça e bondade

O estudo do professor Sette Câmara ocorreu em 1.949, ou seja, nos idos da quarta
república (1.945 a 1.964). Naquela época, apontou que de 1.927 a 1.949 passaram
pouco mais de 1.600 pessoas para correição na prisão, na então Presidiária de
Neves, e apenas 14 dessas pessoas haviam reincidido e retornado ao presídio.
Esse apontamento é muito digno de ser apreciado, e nos faz avaliar sobre o quanto
perdemos o rumo, como sociedade, desde então. Aliás, o professor, ainda, faz
menção a quantidade de pessoas presas naquele momento no Estado de Minas
Gerais, algo aproximado a 2.600 pessoas em cumprimento de pena. Por fim, algo
que também nos determina um pensamento reflexivo é a comparação realizada pelo
autor sobre o Brasil e os Estados Unidos, naquela época, apontando que a
população carcerária nos Estados Unidos era de proporção três vezes maior do que
a brasileira. Em 1.949, nos Estados Unidos 1(uma) a cada 1.000 (mil) pessoas
estavam encarceradas e no Brasil, 1(uma) a cada 3.000 (três mil) pessoas estavam
nessa situação. Hoje, contudo, atualmente, no Brasil, 1(uma) a cada 300 (trezentos
e cinquenta) pessoas estão encarceradas, ou seja, a taxa de encarceramento
cresceu quase de 1.000%, enquanto nos Estados Unidos cresceu apenas 100%. Na
fase posterior, a fase do regime militar, tivemos a construção de diversos presídios.
As prisões continuaram a ser dirigidas por profissionais que cumpriam o
encarceramento, mas a segurança das unidades era feita pela Polícia Militar. O
processo era rudimentar, sem muita tecnologia, com vagas escassas em relação às
estruturas do sistema, e com pouco e nenhuma especialização profissional. O
trabalho, aos poucos se consolidou nas penitenciárias, mas o estudo era exíguo.
Apesar disso, não havia (e não há) vagas suficientes de trabalho para os presos. Os
trabalhos de ressocialização eram efetivamente feitos por benfeitores e pela Igreja
Católica. Até o final do regime militar, não havia notícias de que o crime organizado
havia conquistado espaço nas cadeias, mas é fato, que as estruturas criminosas
33
começaram a se organizar politicamente, o que conduziu ao processo de
sedimentação das bases de organizações complexas, que passaram a atuar nos
presídios. As rebeliões, naquele tempo, eram enfrentadas por policiais militares sem
treinamento específico, com armas de fogo e intervenções muito severas. Na nova
república (a partir de 1984, até hoje) desde o advento da Constituição Cidadã de
1988, o direito penal e processual penal mudaram, as políticas de
desencarceramento e de despenalização impactaram profundamente a aplicação da
pena, enquanto há uma compreensão sistêmica de que a humanização poderá
reduzir a reincidência e diminuir o ímpeto de organizações criminosas dentro dos
presídios. A Lei de Execução Penais – Lei Federal n° 7.210/1984 concebeu um
cumprimento de pena progressivo e escalonado, que permite a ressocialização a
partir do mérito do condenado, que recebe benefícios na medida em que cumpre
etapas da pena, com mérito e respeito às leis e ao sistema vigente. Esses fatores se
somaram com a rebelião na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, uma tragédia
que repercutiu internacionalmente e que ainda tramita na ordem jurídica brasileira,
foi um divisor de águas no processo de intervenção policial junto ao sistema
prisional. O ano era de 1.992 e esse fato foi um dos primeiros desafios da nova
ordem jurídica brasileira, pois gerou uma mudança radical nos processos de
compreensão sobre a pena, sua função no âmbito da sociedade, e na necessidade
da concepção de uma política criminal. De fato, ainda há muito a percorrer, mas há
mudanças que estão em trâmite, como na profissionalização do agente que atua no
sistema prisional, seja ele um policial penal, um policial militar ou profissional da
medicina, da psicologia ou da assistência social, muito mais especializado. Em
paralelo, organizações sociais e universidade se voltaram para o desenvolvimento
de uma nova realidade! No Estado de Minas, há uma experiência muito profícua
envolvendo a SEJUSP e a APAC. A APAC – Associação de Proteção e Assistência
aos Condenados é uma organização privada da sociedade civil sem fins lucrativos,
voltada para o acolhimento e ressocialização de detentos. Nas APACs, o detentos
são recebidos no cumprimento de pena, com trabalho, estudo e um conjunto de
medidas de reintegração, de resgate espiritual e desenvolvimento humano! Minas
Gerais é o Estado com as melhores experiências de integração do país, e é notável
o esforço comum entre organizações como a APAC (há quase 50 unidades no
Estado de Minas Gerais), o Tribunal de Justiça do Estado e a SEJUSP,
demonstrando uma ampla predisposição de levar humanidade a um sistema em que
34
a violência, ainda é a linguagem de comando! A proposta das APACs inclui linhas de
ação fundamentais, que visam o preenchimento das necessidades de uma pessoa,
que cumpre pena, para se ressocializar, como a participação na comunidade, o
trabalho, a religião, a assistência jurídica e social, a saúde, a valorização humana, a
família, a voluntariedade, e a formação profissional. O modelo em questão recebe
detentos em todos os regimes (fechado, semiaberto e aberto, e eles são
responsáveis pela gestão de grande parte do empreendimento, desenvolvendo
atividades de capacitação e trabalhos, que permitem a valorização humana e a
percepção de utilidade e humanidade. Mesmo assim, ainda temos um sistema
prisional inchado, uma persecução penal que gera muito encarceramento (somos o
quarto maior país do mundo em população carcerária geral), uma estrutura que
opera com ampla tecnologia de controle e de reação, mas que possui grande
dificuldade de limitar aos presos o acesso a drogas e celulares, que carece de
instrumentos de inteligência para competir com organizações criminosas, que
sobrecarrega os profissionais que trabalham na segurança prisional, tudo porque há
uma carência nacional por uma estrutura mais real de política criminal. Essa
realidade, passa não apenas por medidas que evitariam ou reduziriam o
encarceramento, mas pela estruturação de financiamento, gestão e aprofundamento
do controle dos presídios, na esteira dos mesmos problemas que ocorriam no
Império, em que as cadeias estavam cheias e havia necessidade de melhorar!
Felizmente, essa é parte essencial da luta que a Secretaria de Estado de Justiça e
Segurança Pública do Estado de Minas Gerais (SEJUSP) e todo o Sistema Prisional
do Estado estão focados, para que possamos mudar a realidade e constituirmos
uma perspectiva de que, em alguns anos, Minas terá não apenas um dos melhores
sistemas prisionais do Brasil, mas continuará a ser um dos Estados mais seguros
para se viver;

Compreensão Histórica, Econômica e Social da Violência: Controle e


repressão na formação da sociedade moderna

O controle social é o conjunto de mecanismos de intervenção que cada


sociedade ou grupo social possui e é usado como forma de garantir o
35
comportamento dos indivíduos em comunidade. Esses mesmos mecanismos
servem como forma de intervenção diante das possíveis mudanças que, por acaso,
venham a se desenrolar no meio social. Nesse caso, as ferramentas de controle
social induzem a conformidade do sujeito com a sua nova realidade, de forma
positiva ou não. A sociedade de controle ganha notoriedade no final do século XVIII
e início do século XIX. Instalou-se nessa época o chamado Poder Panóptico,
cuja ideia fundamentava-se na vigilância contínua dos indivíduos, a fim de
tornar possível o pleno controle de todos. Além disso, representava um novo ponto
de vista do poder; um poder que, em vez de punir um indivíduo que praticasse
qualquer ato ou infração, teria suas ações previstas, antevistas pelo sistema. No ano
de 1948, o escritor inglês George Orwell lançou o livro 1984 e previu que a
sociedade do futuro seria toda vigiada por câmeras. Em sua obra, o autor destaca
que as pessoas ficariam sob a vigia constante de uma televisão, denominada de O
Grande Irmão, ou Big Brother, termo muito difundido no Brasil devido aos realitys
shows transmitidos pelas redes de televisão brasileira, em particular pela Rede
Globo, cujo programa leva o mesmo nome Big Brother. Nos anos 1970, o filósofo
francês Michel Foucault foi um dos grandes estudiosos dos modelos de poder da
sociedade moderna, baseados na vigilância total, com grande destaque para o
panoptismo, conceito que significa a "visão do todo" sob a perspectiva da
sociedade disciplinar. O autor, em sua obra Vigiar e Punir, descreve o objeto de
vigilância: Basta então colocar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um
louco, um doente, um condenado, um operário ou um escolar. Pelo efeito da
contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se exatamente sobre a claridade,
as pequenas silhuetas cativas nas celas da periferia. Tantas jaulas, tantos pequenos
teatros, em que cada ator está sozinho, perfeitamente individualizado e
constantemente visível (FOUCAULT, 1987, p.223-224) Trata-se do Panapticon, de
Bentham, que é o modelo de um edifício arquitetônico em que idealmente se
poderia vigiar e controlar as ações de todos os presos. Porém, de maneira
ilustrativa, Foucault nos oferece a ideia do seu funcionamento nas prisões, que
simbolicamente dão a devida dimensão de como funcionaria na sociedade de modo
geral, visionariamente descrita por George Orwell. Contextualizar a Sociedade de
Controle é importante para entender o seu fundamento e o que existia antes. O que
prevalecia no passado era a sociedade disciplinar, cujo auge, segundo Foucault se
deu no final do século XIX e início do século XX. A partir do fim da Segunda Guerra
36
Mundial, surgiram elementos que definiram um novo tipo de sociedade. Essas
transformações são identificadas pelo escritor Gilles Deleuze. Ele aponta mudanças
ocorridas no mundo capitalista. Sociedade de Controle foi um termo cunhado por
Deleuze para caracterizar um tipo de sociedade, que vinha se desenvolvendo após a
Segunda Guerra Mundial como uma espécie de desdobramento da sociedade
disciplinar. Se, na sociedade disciplinar, havia em cada instituição práticas isoladas,
enfatizando aspectos isolados do ser humano, como a loucura, as relações
familiares, o estudo, o trabalho, na sociedade de controle, os muros institucionais
caem e a vida como um todo é organizada no campo social. Nas sociedades
disciplinares, o modelo Panóptico é dominante, implica o observador estar de corpo
presente e em tempo real a observar e a vigiar. Nas sociedades de controle, essa
vigilância torna-se rarefeita e virtual. É importante observar que na sociedade de
controle, o aspecto disciplinar não desaparece, apenas muda-se a atuação das
instituições. Só surge a sociedade de controle, porque a sociedade disciplinar entra
em crise. Segundo Deleuze, os sujeitos não estão indispensavelmente encerrados
em recintos fechados, como ocorria na disciplinar, o controle é exercido em campo
aberto. Assim, se nas sociedades disciplinares os corpos eram moldados segundo
um padrão fixo produzido, nas sociedades de controle o modelo é renovado
rapidamente, criando-se uma necessidade de formação permanente dos indivíduos.
A filosofa Marilena Chaui, em seu livro Simulacro e poder: uma análise da mídia,
escreve com propriedade sobre os perigos da acumulação e distribuição das
informações, que tanto representa nossa sociedade atual: Muitos têm apontado
alguns dos perigos da acumulação e distribuição das informações. Um
primeiro perigo é o poder de controle sobre as pessoas porque, a partir de
informações parciais e dispersas recolhidas em vários arquivos, é possível
gerar novas informações que sistematizam as primeiras e permitem
reconstituir hábitos, interesses e movimentos dos indivíduos, como é o caso
bastante simples da reconstituição das ações de alguém por meio das centrais
telefônicas, que podem dizer para quem alguém telefonou, quantas vezes, por
quanto tempo etc. O segundo é a posse de informações por pessoas não
autorizadas, que entram em contato com informações sigilosas tanto no setor
público (informações militares, econômicas, políticas) como da vida privada (por
exemplo, as contas bancárias). O terceiro está na possibilidade de uso das
informações por poderes privados para controlar pessoas e instituições, assim
37
como para causar-lhes dano (espionagem industrial e política, ação dos senhores do
crime organizado, que usam as informações para praticar sequestros, chantagens,
assassinatos). (CHAUÍ, 2006, p.59-60) A vigilância de massa de todo e qualquer
indivíduo é elemento marcadamente presente nas sociedades de controle. A falta de
privacidade de qualquer cidadão atinge a todos, sejam as pessoas potenciais
criminosos ou não. As preocupações com relação à sociedade de controle dizem
respeito à maneira como ela tem se tornado invasiva, transformando-se em um
controle sem controle, pois a vida vira uma vitrine real onde, sem exceção, todos
veem e são vistos. Quando passamos em diversos lugares, é comum encontrar
placas: “Sorria, você está sendo filmado.” Trata-se da representação mais
fidedigna da sociedade contemporânea e de controle em que vivemos.
Considerando-se o mundo cada vez mais complexo em que vivemos, a tendência é
se ampliem os aparatos de controle social.

PRINCIPAIS CAUSAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL

É essencial analisar as causas da violência no Brasil sob as perspectivas de


natureza estrutural e sistêmica. São exemplos dessas perspectivas as profundas
desigualdades sociais, a falta de oportunidades para as camadas mais pobres da
população, a ausência e a negligência do Estado, o sistema judiciário com suas
falhas, o aumento da circulação de armas e o tráfico de drogas. A violência é
estrutural, porque não é natural. Para Minayo, “caracteriza se pelo destaque na
atuação das classes, grupos ou nações econômica ou politicamente dominantes,
que se utilizam de leis e instituições para manter sua situação privilegiada, como se
isso fosse um direito natural”.9 Já a violência sistêmica nasce da prática do
autoritarismo, profundamente enraizada, mesmo em países com legislações
democráticas. No Brasil, tem raízes históricas e socialmente produzidas na formação
da sociedade brasileira desde a colonização. A Coroa portuguesa valia-se da
violência para escravizar indígenas e negros bem como para manter a centralidade
política e a unidade territorial. No império não era diferente; prova disso foram as
rebeliões por emancipação política, como Sabinada, Farroupilha dentre outras.
Mesmo após a proclamação da República, a essência permaneceu. Durante os
períodos de ditadura (Estado Novo de 1937-1945 e Ditadura Militar de 1964-1985), a
violência também foi utilizada como mecanismo de repressão política, mecanismo
38
esse que não foi desmontado integralmente após a redemocratização do país e a
promulgação da Constituição de 1988. Algumas práticas foram mantidas, como, por
exemplo, na abordagem do aparelho ideológico do Estado, em que a letalidade
ainda é muito alta. A violência do Brasil alimenta a ostentação de poucos com o
sofrimento de muitos, amplia as disparidades sociais, gera pobreza, cerceia
oportunidades e legítimos projetos de vida de uma minoria política e econômica. As
causas da violência em nosso país têm na desigualdade social um ponto
significativo a partir do qual derivam-se muitas outras violências. O machismo no
Brasil é cultural, portanto, um outro aspecto a ser pontuado, pois, em consequência
disso, ocorrem muitos casos de agressão a mulheres e o feminicídio. Um terceiro
fator de risco, que lidera os índices de violência no Brasil, é a política de combate às
drogas, muitas vezes equivocada. Sobre esse aspecto, uma das questões
problemáticas diz respeito à forma como essa política é pensada pelo Estado: no
caso da abordagem, por exemplo, nao se considera, ainda, a diferença entre
traficante e usuário, o que acaba por contribuir com o inchaço do sistema presidiário
brasileiro. Sobre a violência na sociedade brasileira, um dado relevante é que
durante a pandemia da Covid-19, a dinâmica do crime diversificou. Enquanto a
violência familiar teve um salto, as restrições de lockdown e distanciamento social
fizeram com que os crimes patrimoniais, que mais afetam a percepção social de
segurança das pessoas, diminuíssem. O crime organizado, por outro lado, não
perdeu força no período: a sua atuação em crimes nas redes sociais com empregos
de abordagens criativas e sofisticadas ganhou relevância. Outro viés em relação à
violência no Brasil que merece destaque diz respeito aos problemas enfrentados na
zona rural. A impunidade pelos crimes cometidos, a grilagem, a ocupação predatória
da terra, a falta de regularização fundiária (um debate ainda aberto no país quanto à
implementação de uma reforma agrária eficiente) são fatores apontados como as
principais causas da violência no campo. O Brasil é um país urbano, cerca de 85%
da sua população vive em grandes centros urbanos, portanto, é indispensável uma
abordagem específica sobre a violência urbana. A violência urbana é um fenômeno
social causado por problemas estruturais como as desigualdades socioeconômicas,
a segregação urbana, a falta de oportunidades de trabalho e também de acesso a
outros direitos básicos do cidadão, como moradia digna, saúde e educação:
Violência urbana é um fenômeno social que ocorre nas cidades e tem como causas
problemas de ordem estrutural como as desigualdades socioeconômicas, a
39
segregação urbana e a falta de oportunidades para a garantia de uma vida digna no
espaço urbano. Os índices de violência urbana no Brasil cresceram
consideravelmente a partir da segunda metade do século XX, e a sua ocorrência é
registrada em cidades de todas as regiões do país. A solução para esse problema
demanda medidas de curto, médio e longo prazo do poder público, principalmente
aquelas capazes de assegurar cidades mais justas e seguras. (GUITARRARA,
s/d)10 Por ser um fenômeno social, a violência também apresenta uma natureza
estrutural. As manifestações de violência, em diferentes formatos e nuances, são
observadas em cidades de todo o mundo, indistintamente, sejam grandes
metrópoles globais, como, Nova Yorque nos Estados Unidos, sejam cidades de porte
médio como, Nova Lima em Minas Gerais, ou cidades pequenas. A diferença está
na proporcionalidade das ocorrências. Por esse motivo, muitas causas da violência
urbana estão arraigadas no processo histórico de formação de determinados
agrupamentos sociais, incluindo, a constituição socioterritorial de um país, a maneira
como a urbanização se processou, e, consequentemente, a segregação do espaço
urbano. Tais elementos, de algum modo, contribuíram para o aprofundamento das
desigualdades socioeconômicas e para a exclusão de uma parcela da população. A
principal causa da violência urbana é a desigualdade socioeconômica que se
apresenta em diversas sociedades, em particular a brasileira, e se manifesta,
sobretudo, por meio da má distribuição de renda entre a população, acarretando
fome, miséria e a falta de acesso a serviços e direitos fundamentais básicos para o
indivíduo que lhes asseguram uma vida digna, como moradia, saneamento, saúde e
educação. As pessoas nessas condições perdem o sentido de pertencimento. Em
muitos casos, a criminalidade é seu refúgio, na medida em que o Estado lhes dá as
costas. O Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), revela que foram registrados 45.503 homicídios no país em 2021,
uma taxa de aproximadamente 21,7 a cada 100 mil habitantes. Desse total, 77%
correspondem a pessoas negras. É significativa também a violência contra
populações indígenas nos municípios onde há terras demarcadas; contra a
população LGBTQIA+, que registrou aumento de 9,8% entre 2018 e 2019; e a
violência de gênero, que vitimou mais de 50 mil mulheres entre 2009 e 2019. Por fim
é de extrema importância compreender que para desafogar o sistema carcerário
brasileiro é necessário implementar políticas públicas de inclusão que comecem, na
ponta, a incluir os desassistidos para reduzir as desigualdades; garantam melhores
40
estruturas para os agentes públicos de segurança. Além disso, é necessário um
novo olhar do Estado para compreender as violências e os crimes ocorridos no
Brasil, otimizando, inclusive os recursos gastos. Os dados atestam a situação com
números. Na sequência, mais informações permitem traçar um panorama
complementar: Alguns indicadores mostram a precariedade dos sistemas de
contenção da violência. Cerca de 2.000 roubos ocorrem diariamente na Grande São
Paulo e em menos de 3% os assaltantes são presos no momento do crime. Se
mesmo assim há um explosivo crescimento de nossa população carcerária é porque
não basta prender. As estratégias reativas da polícia e os métodos obsoletos de
investigação não estão conseguindo conter significativamente o grande volume de
crimes. No Rio de Janeiro, apenas 1% dos homicídios chega a ser esclarecido pelos
trabalhos de investigação, segundo revelação do Ministério Público. Se essa
"eficiência" da polícia e da justiça for dobrada, a um custo impagável, o volume de
crimes mal será afetado. Esse retrato da impotência de nosso sistema de controle
criminal é revelador da necessidade de uma profunda 29 reforma no sistema de
prevenção criminal e não apenas isso, é necessário que as causas da violência
também sejas adequadamente tratadas, sem o que a crise da segurança pública no
País não será alterada significativamente. Portanto, diante do exposto, é possível
depreender que as causas da violência são diversas: carências das populações de
baixa renda, tolerância cultural aos desvios sociais, polícia ineficiente, legislação
criminal defasada, estrutura e processos judiciários obsoletos, sistema prisional
caótico, polícias sem treinamento eficiente, salários incompatíveis com a importância
de suas funções, emprego de tecnologia de informação incipiente.

Direitos Humanos e grupos vulneráveis

Para um bom desempenho da ações nas unidade prisionais, faz-se necessário


conhecer melhor cada grupo populacional e quais são as suas características, bem
como os regulamentos legais nacionais e internacionais que subsidiem uma
intervenção profissional adequada, além da formulação de políticas e serviços
penitenciários articulados com demais áreas da administração pública e da
sociedade na perspectiva da humanização do cárcere e garantia dos Direitos
41
Humanos. Para iniciar essa temática, é importante ter o devido entendimento dos
conceitos de universalidade, igualdade e equidade: O princípio da universalidade
indica que a ação de serviço público, principalmente no que tange os direitos, deverá
ser ofertada a todos os cidadãos, independente de quem seja, 50 mediante um
caráter genérico e universal. (SCHIER, 2017). A igualdade pressupõe que todos
devem ser regidos pelas mesmas regras e devem ter os mesmos direitos e deveres.
A noção de equidade é implantada por meio de políticas e serviços focalizados
nas necessidades de cada indivíduo, mostrando o esforço de corrigir
desigualdades sociais e históricas. É a ideia de tratar desigualmente os
desiguais, na medida de suas desigualdades. A incorporação da noção de
equidade ajuda no entendimento de que é necessária a adoção de medidas
focalizadas nas necessidades e singularidades de cada grupo social, pois há uma
tendência em nossa sociedade de excluir notoriamente em razão das diferenças e
que, por preconceito e descriminação, produzem-se desigualdades e obstáculos
para acesso a serviços e políticas públicas

Para se atender de forma adequada às pessoas em privação de liberdade de grupos


específicos, assegurando cumprimento dos dispositivos legais nacionais e os pactos
internacionais, é preciso identificar quais são as situações discriminatórias
vivenciadas e quais são as demandas dessas pessoas. Em 2011, no Brasil,
instituiu-se o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que
estabeleceu em sua Medida nº 05 a necessidade de ações objetivando o
reconhecimento e o respeito à diversidade no âmbito do sistema penitenciário
brasileiro. O documento indica a emergência de se promover iniciativas para
assegurar direitos de mulheres, público LGBTQIA+, indígenas e estrangeiros, além
de outros. Trata também do direito à livre manifestação religiosa. Assim, o
documento apresenta recomendações e objetivos a serem alcançados em todas as
unidades prisionais. A seguir, são apresentados alguns pontos a serem alcançados
pela administração dos serviços penitenciários: a) Assegurar as visitas íntimas para
a população carcerária LGBTQIA+. b) Garantir a assistência pré-natal e a existência
de espaços e serviços específicos para gestantes durante a gestação e também no
período de permanência dos filhos das mulheres presas no ambiente carcerário. c)
Elaborar políticas de respeito às mulheres transexuais e travestis nos presídios
estaduais. d) Estudar a possibilidade de unidades específicas para população
42
LGBTQIA+. e) Garantir a acessibilidade nas unidades prisionais, conforme a
orientação da NBR 9050. f) Garantir as condições de manifestação e de profecia de
todas as religiões e credos. g) Criar sistema de acompanhamento de estrangeiros
presos no Brasil e implantar. h) Aplicar a separação de pessoas presas por facção
criminosa para aquelas que realmente estejam ligadas a grupos organizados do
crime e que precisem de controle ou proteção, eliminando as separações por
origem, isto é, por locais de moradia, que supostamente são comandados por
determinados grupos, evitando assim a criação de 52 unidades específicas por
facções criminosas. i) Elaborar e implantar metodologia específica para cada público
(BRASIL, 2011, p.5- 6)

Políticas para as mulheres

O retrato da população prisional brasileira tem mostrado o aumento do


encarceramento feminino. Relatório disponibilizado pelo SISDEPEN, com dados
referentes ao período de janeiro a junho de 2022, indica que o país possui uma
população carcerária de mulheres de 28.699, correspondendo a 4,38% do total de
pessoas presas. Nesse sentido, justamente por ser minoria, é necessário atentar-se
para esse público a fim de atender a suas particularidades. Em âmbito internacional,
tem-se as Regras de Bangkok32 – Regras das Nações Unidas para o tratamento de
mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras –
as quais propõem um olhar diferenciado para as especificidades de gênero no
encarceramento feminino, tanto no campo da execução penal, como também na
priorização de medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a entrada de
mulheres no sistema carcerário. Em âmbito nacional, há a Portaria Interministerial nº
210 de 16/01/2014 / SPM - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
(D.O.U.17/01/2014) - Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de
Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (PNAMPE)33 , a qual
instituiu a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de
Liberdade e Egressas do Sistema Prisional, com o objetivo de reformular as práticas
do sistema prisional brasileiro, contribuindo para a garantia dos direitos das
43
mulheres, nacionais e estrangeiras. 32CNJ: Regras de Bangkok: regras das
Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas
de liberdade para mulheres infratoras. Brasília, 2016. Voltada também para os
funcionários que atuam nos estabelecimentos penitenciários, a Política também
prevê alterações e orientações para as rotinas carcerárias, com atenção às
diversidades e às especificações das mulheres, no que diz respeito à idade, à
escolaridade, à etnia, à maternidade e a outros aspectos, além de condições
adequadas de cumprimento de pena, garantindo o direito à saúde, à educação, à
proteção à maternidade e à infância, ao atendimento psicossocial e aos demais
Direitos Humanos. A Lei de Execução Penal (LEP), desde 1984, garantiu
determinados direitos à presidiária, a saber: que seja recolhida, separadamente, em
estabelecimento próprio adequado a essa condição e que sejam disponibilizadas
exclusivamente funcionárias mulheres. Igualmente, ficou garantido o
acompanhamento médico à mulher, especialmente no pré-natal e no pós-parto,
extensivo ao recém-nascido. SAIBA MAIS! Veja a seguir alguns documentos da
ONU que abordam o tema, consagrando a necessidade e a urgência para promoção
de tratamento digno às mulheres em conflito com a lei: • Regras de Tóquio:
contempla as especificidades de gênero das mulheres que entraram em contato com
o sistema de justiça criminal, recomendando a necessidade de se aplicarem
prioritariamente medidas não privativas de liberdade. • Resolução 61/143, de 19 de
dezembro de 2006: reconhece a urgência dos Estados assumirem medidas para
enfrentar causas estruturais de violência contra mulheres, bem como práticas e
normas sociais discriminatórias, incluindo aquelas voltadas às mulheres que
necessitem de atenção especial, tais como mulheres reclusas em instituições ou
encarceradas. • Resolução 63/241, de 24 de dezembro de 2008: chama a atenção
sobre o impacto da detenção e o encarceramento de crianças e sugere adoção de
boas práticas em relação às necessidades e ao desenvolvimento físico, emocional,
social e psicológico de bebês e crianças afetadas pela detenção ou encarceramento
de pais. • Declaração de Viena sobre Crime e Justiça: os Estados-membros
reconhecem a importância de implantação de ações políticas baseadas nas
necessidades especiais da mulher, na condição de presa. Há especial atenção
quanto ao estabelecimento prisional que deve, também, ser um ambiente preparado
para abrigar a mulher presa, nas suas peculiaridades, como o caso da maternidade,
com berçários e espaços para amamentação de seus filhos. Como forma de
44
proteção aos filhos das mulheres presas, a condenada ao regime aberto que esteja
grávida ou amamentando poderá permanecer em residência particular. Chama
atenção, nesse sentido, a Resolução CNPCP nº 3, de 15 de julho de 2009, que
versa sobre a estada, permanência e posterior encaminhamento das(os) filhas(os)
das mulheres encarceradas. A publicação estabelece que deve ser garantida a
permanência de crianças no mínimo até um ano e seis meses, para as(os)
filhas(os) de mulheres encarceradas, junto às suas mães. Após esse período,
há necessidade de se construir processo gradual de separação a partir da
fixação de etapas conforme quadro psicossocial da família, que podem durar
até 6 (seis) meses. A normativa possibilita que crianças até 7 (sete) anos
possam permanecer junto às suas mães nas unidades prisionais, mas desde
que o estabelecimento reúna as condições para atender melhor ao interesse
do menor nessa fase de desenvolvimento.

Populações indígenas

A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada
na 107ª Sessão Plenária 13 de setembo de 2007, traz no artigo 2º que “os povos e
pessoas indígenas são livres e iguais a todos os demais povos e indivíduos e têm o
direito de não serem submetidos a nenhuma forma de discriminação no exercício de
seus direitos, que esteja fundada, em particular, em sua origem ou identidade
indígena”.(ONU, 2008, p. 6-7). A Constituição Federal, por sua vez, assevera que a
realização de direitos dos povos indígenas passa pela garantia de sua
autodeterminação, o respeito à sua cultura, práticas sociais e políticas. Os povos
indígenas detêm o direito originário e o usufruto exclusivo sobre as terras que
tradicionalmente ocupam. Além dessas, tem-se uma Resolução específica do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 55 - Resolução nº 287, de 25 de junho de
201934 . Esse documento estabelece procedimentos ao tratamento das pessoas
indígenas acusadas, rés, condenadas ou privadas de liberdade, e dá diretrizes para
assegurar os direitos dessa população no âmbito criminal do Poder Judiciário.

Populações estrangeiras presas e egressas do sistema prisional


45
A Constituição Federal primou pela isonomia entre brasileiros e estrangeiros
no que toca aos direitos e garantias fundamentais, sobretudo aqueles
elencados no artigo 5º. Dessa forma, é necessário ter em mente que, uma vez
preso, o estrangeiro deve ser tratado sem qualquer forma de preconceito ou
distinção em relação aos brasileiros. Todos os benefícios que estão elencados na
LEP aplicam-se, igualmente, ao estrangeiro, inclusive assistência judiciária
gratuita pela Defensoria Pública, caso não possua advogado particular ou
fornecido pela missão diplomática. Nos termos da Convenção de Viena sobre
Relações Consulares35 , de 1963, as pessoas de outros países reclusas no Brasil
devem receber apoio do poder público em nível local, caso não possam se
comunicar em português. Esse auxílio pode, ainda, ser prestado pelo corpo consular
do país de origem. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para instrumentalizar a
citada Convenção de Viena, editou a Resolução nº 162, de 2012, regulamentando a
necessidade de notificação da prisão de estrangeiro à missão diplomática do país de
origem do preso, ou, na sua falta, ao Ministério das Relações Exteriores e ao
Ministério da Justiça, respectivamente, no prazo de cinco dias. Além disso, a
autoridade judiciária deverá comunicar, no mesmo prazo, sempre que houver
progressão ou regressão de regime, concessão de livramento condicional e extinção
da punibilidade. Conforme o país do condenado tenha tratado assinado com o
Brasil, o mesmo pode requerer a sua transferência para cumprimento do restante da
pena em seu país de origem. As situações são consideradas individualmente e a
transferência não é automática, só sendo efetuada se os Estados a aprovarem.
Está, assim, resguardado o direito soberano do Estado de aprovar ou não a
transferência. Em caso de negativa, deverá o Estado fundamentar a decisão.
Convenção de Viena sobre relações consulares. SAIBA MAIS! No intuito de buscar
esclarecimentos e estruturar os serviços de assistências para a população presa e
egressa do sistema prisional, discussões e alguns eventos têm sido realizados.
Tem-se, como exemplo, alguns encaminhamentos sugeridos no debate promovido
pelo Conselho Nacional de Justiça, nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, em
2012:
• Necessidade de criação de um cadastro de tradutores/intérpretes para viabilizar a
comunicação dos presos estrangeiros, bem como a tradução das principais peças
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processuais. Deve ser assegurado ao preso estrangeiro o direito constitucional de
contatar sua família, além de seu advogado ou defensor.
• Criação de política pública para moradia ou casas de passagem para presos
estrangeiros.

Pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida

A lei federal nº 7.853/89 trata de direitos básicos das pessoas com deficiência, dos
direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo
à infância e à maternidade e a outros que, decorrentes da Constituição e das leis,
propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico (Art. 2º). Para tanto, deve-se
considerar “os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça
social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados
na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito” (BRASIL, 1989, Art.
1º, §1º). Cabe lembrar que a pessoa com dificiência mental não cumpre pena
em estabelecimento prisional, mas está sujeito a estabelecimento próprio,
onde se submete a medidas de segurança. A LEP garante às pessoas com
deficiência o trabalho adequado às suas condições, lembrando que o trabalho é
elemento fundamental para garantir a reintegração social do preso e sua dignidade.
Além disso, o artigo 117 da LEP admite o regime aberto em residência
particular na hipótese da presa possuir filho com deficiência física ou mental,
como forma de proteção a ele. As diretrizes básicas para arquitetura prisional
foram um avanço ao observar a adequação dos meios de mobilidade nos presídios,
através da eliminação de barreiras e da adaptação arquitetônica para que o
deficiente possa ter sua autonomia preservada. É preciso que se ofereçam aos
deficientes, conforme a deficiência, condições para que, sendo possível, possam,
sozinhos e autonomamente, tomar banho, se deslocar, se exercitar, enfim praticar as
ações que todos os demais praticam. O 3º Plano Nacional de Direitos Humanos37 ,
instituído pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, dentre as suas
recomendações, propõe:

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• vincular os repasses de recursos federais para construção de estabelecimentos
prisionais por Estados e o Distrito federal se observadas as diretrizes arquitetônicas
que preveem alas específicas para gestantes e aspectos sobre acessibilidade;
• garantir acessibilidade aos presos com deficiência ou às pessoas em cumprimento
de pena alternativa. (BRASIL, 2009).

Público LGBTQIA+

O direito de tratamento igualitário exige respeito ao livre exercício da sexualidade,


pois sem liberdade sexual o indivíduo não se realiza..” (Maria Berenice Dias)
Programa Nacional de Direitos Humanos por sua vez, diz respeito à experiência
interna e pessoal do gênero de cada pessoa, que pode ou não estar associada ao
sexo atribuído no nascimento, em sua aparência, comportamentos e vestimentas,
por exemplo. As recomendações feitas em diferentes oportunidades buscam:
• assegurar as visitas social e íntima homoafetivas;
• incluir esse segmento populacional em atividades educativas e culturais e de
trabalho;
• aplicar a Política Nacional de Saúde Integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis
e transexuais , instituída pela Portaria nº 2.836, de 1° de dezembro de 2011, e
pactuada pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT), conforme Resolução n° 2 do
dia 6 de dezembro de 2011, que orienta o Plano Operativo de Saúde Integral
LGBTQIA+.
• respeitar a identidade de gênero de travestis e transexuais.

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

O conceito de violência simbólica foi elaborado por Pierre Bourdieu, sociólogo


francês, para descrever o processo em que se perpetuam e se impõem
determinados valores culturais. Na medida em que seus efeitos tendem a ser mais
psicológicos, a violência simbólica se diferencia da violência física, apesar de poder
se expressar, em última instância, sob esta forma.

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Bourdieu, juntamente com Jean-Claude Passeron, em A reprodução: elementos
para uma teoria do sistema de ensino (1990), parte do pressuposto de que, ainda
que por vezes pareçam universais, os sistemas simbólicos (a cultura),
compartilhados por um dado grupo social, são arbitrários, uma vez que variam de
tempo para tempo e de sociedade para sociedade. Ao ser colocada em prática, a
violência simbólica legitima a cultura dominante, que é imposta e acaba sendo
naturalizada. Ao chegarem nesse último estágio, os indivíduos dominados não
conseguem mais responder ou se opor com força suficiente; muitas vezes, sequer
vendo a si mesmos como vítimas, sentindo que sua condição é algo impossível de
ser evitado.

Um exemplo extremamente comum de como a força administrativa (e no caso, a


violência simbólica, que representa) possui relevância ocorre em ocorrências de
motim em presídios, quando o efetivo especializado de choque é chamado para
atuar e, enquanto parte substancial dos ingressos se envolvem com a massa de
IPLs, numa clara amostra do efeito “manada”, é muito comum encontrar alguns
deles em suas celas, sentados, conversando calmamente, como se nada estivesse
ocorrendo, numa clara demonstração de que NÃO estão participando do motim. De
fato, eis o reflexo da violência simbólica da força administrativa atuando, pois
aquelas pessoas não se envolvem no evento na esperança de serem imunizadas
dos efeitos das medidas administrativas que serão aplicadas aos participantes do
motim, e que revogarão benefícios e aumentarão a mitigação dos direitos. O que
esperam é exatamente o oposto, a manutenção dos benefícios recebidos e das
oportunidades de progressão da pena. Ao novo policial penal é fundamental
incorporar em sua percepção como a força administrativa da punição é, por si só,
violenta (na violência simbólica) e é um instrumento central para o equilibrio do
processo de cumprimento da pena, bem como, para a ressocialização da pena, que
será estudado em outras disciplinas.

49
VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL

Na condição de uma análise social a partir da perspectiva do Estado, Weber


reconhece que o uso da força não é exclusiva do Estado, mas é um item inerente a
ele. No Estado moderno, a violência seria legítima, uma vez que se apoiaria na
crença extremamente difundida entre os membros da associação de que ela teria
lugar conforme a lei. Uma vez que toda dominação se manifestaria e funcionaria
como administração (BIANCHI, 2014). Weber fundamenta uma definição de Estado
que se tornou clássica para o pensamento político ocidental, atribuindo-lhe o
monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território. Assim,
uma única entidade constituída, é o Estado e somente ele pode exercer a autoridade
com o uso da violência sobre determinado território, sendo que o território é também
uma característica do Estado. Tal monopólio, segundo o autor, pressupõe,
naturalmente, um processo de legitimação. Esse é um princípio de todos os Estados
modernos. Por conseguinte, com a consolidação do Estado moderno soberano, ele
se define pelo monopólio do uso da força legítima, através do seu aparelho
ideológico: a polícia. O monopólio da violência legítima significa que o emprego da
coerção é função de exclusiva competência de certos agentes do Estado - de uma
organização ou de uma "máquina" institucional - e não de outros agentes da
sociedade, que, quando o fazem, entram no espaço da marginalidade.

De acordo com a Lei nº 14.321/2022, violência institucional ocorre quando o agente


público submete uma vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos
a "procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem
estrita necessidade, a situação de violência ou outras situações potencialmente
geradoras de sofrimento ou estigmatização”. Os responsáveis pela prática podem
ser punidos com detenção de três meses a um ano e multa.

50
Excludentes de Ilicitude

Ilicitude é a contrariedade da conduta (ação ou omissão) à lei. Assim, diante de um


fato típico (isto é, praticada uma conduta incriminada pela lei penal), se presume a
ilicitude. Porém, essa presunção de ilicitude do fato típico não é absoluta. Assim, se
o agente pratica uma conduta incriminada pela lei penal, mas, provando que assim
agiu amparado por certas circunstâncias excepcionais, a presunção de ilicitude é
afastada e a conduta, a princípio ilícita, torna-se lícita, não havendo que se falar em
crime. Essas circunstâncias especiais capazes de afastar a presunção de ilicitude do
fato típico são chamadas de “causas excludentes de ilicitude” e estão previstas no
artigo 23 do Código Penal:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato


I - em estado de necessidade
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Passamos ao estudo individualizado de cada uma dessas causas excludentes de


ilicitude.
➢ Estado de necessidade:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato


para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal


de enfrentar o perigo.

51
Estado de necessidade é o conflito entre bens juridicamente protegidos,
de modo que se considera lícito o sacrifício de um deles para salvar o outro de
perigo atual não provocado pela vontade do agente.

Por fim, destaca que certos indivíduos têm o dever legal de enfrentar situações de
perigo, como no caso de salva-vidas, bombeiros e policiais, de forma que não
podem alegar estado de necessidade no exercício dessas atividades (§1º do artigo
23 do Código Penal). Por certo, esse dispositivo deve ser interpretado com
razoabilidade, sob pena de exigir atitudes heroicas de certos profissionais.

➢ Legítima defesa:

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput
deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes.
Da definição legal, podemos extrair os seguintes elementos configuradores da
legítima defesa:
➢ - Agressão injusta (conduta humana contrária ao direito);
➢ - Agressão atual ou iminente (agressão presente ou que está prestes a
acontecer. Cessada a agressão, não há que se falar em legítima defesa);
➢ - Uso moderado dos meios necessários (meio à disposição e suficiente para
afastar a injusta agressão);
➢ - Defesa de direito próprio ou alheio (defesa de qualquer bem protegido pelo
ordenamento jurídico

52
Furto (artigo 155 do Código Penal)

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

53
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto
mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado
gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Roubo (artigo 157 do Código Penal)

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

54
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade


I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;

§ 2º- A pena aumenta-se de 2/3 :


I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo


de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo.

§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

55
ESTRUTURA E PADRONIZAÇÃO DE DOCUMENTOS OFICIAIS

Corpo do texto Espaço reservado para escritura de texto, isto é, introdução,


desenvolvimento e conclusão de assunto. Em regra, adota-se o papel branco A4, de
medidas 29,7 x 21,0 cm, com corpo de texto justificado e fontes Times New Roman
ou Arial no tamanho 12. Citação direta recebe a numeração 11 (de até três linhas),
indiretas 12 (incluídas ao longo do texto e superiores a três linhas) e notas de
rodapé 10; é obrigatória a paginação e o recuo 2,5 cm nos parágrafos. No tocante às
margens, obedece-se à regra de 3 cm para a esquerda, 1,5 para a direita e 2 cm
para margens superior e inferior. Ainda, torna-se substancial destacar que negritos,
itálicos, sublinhados, sombreados e outros recursos são condenados na redação
oficial por afetar a sobriedade do texto, porém, em caso de extrema necessidade,
recomenda-se cautela. Outro aspecto importante é o cabeçalho e a diagramação;
componentes que conheceremos a seguir.

Cabeçalho

Usado na primeira página, o cabeçalho é identificado pelo Brasão de Armas do


estado de Minas Gerais acompanhado do nome do Governo, da Secretaria e
unidades subordinadas, ambas negritadas, obedecendo-se à importância da
hierarquia, ou seja, da maior para a menor.

A padronização de documentos internos usuais (ofício e memorando, por exemplo)

Apesar de apresentarem finalidades diferentes, tanto o ofício quanto o memorando


possuem padronizações estéticas (de diagramação) semelhantes.

56
OFÍCIO: diz respeito à correspondência que veicula ordem, solicitação ou
informação com fim de atender a formalidades e produzir efeitos jurídicos.

MEMORANDO: remete ao documento que tramita comunicação técnica entre


departamentos e/ou órgãos da mesma instituição.
Assim, ambos exibem:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede;
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita;
c) assunto: resumo do teor do documento;
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No
caso do ofício deve ser incluído também o endereço;
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o
expediente deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão de assunto.

Dessa maneira, deve-se seguir a seguinte orientação: No parágrafo de abertura,


apresente o assunto que motiva a comunicação e evite o uso das formas: “Tenho a
honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta,
porque essas formas elencadas não são bem-vindas. No desenvolvimento, no qual o
assunto é detalhado, explore o assunto e, se o texto contiver mais de uma ideia,
trabalhe o mesmo em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição.
Por fim, na conclusão, reafirme ou simplesmente (re)apresente a posição
recomendada sobre o assunto, como nos exemplos adiante. f) fecho; g) assinatura
do autor da comunicação; h) identificação do signatário

Os documentos externos:
São os textos oficiais que tramitam fora do órgão de origem, isto é, são direcionados
a entidades públicas e cidadãos comuns.
a) Ofício-circular: Semelhante ao oficio em estrutura, isto é, em diagramação, o
ofício circular difere na conjuntura de tramitação, uma vez que é feito para âmbito
externo.
b) Portaria: Ato engendrado por autoridade que contém instrução acerca de
aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de caráter geral, normas de

57
execução de serviço, nomeações, demissões, punições ou qualquer outra
determinação de competência hierárquica maior.
c) Instrução: Arcabouço de informações que visam orientar alguém acerca de algo
e que implantam relação de causa a partir de seu efeito.
d) Diretriz: Plano que define e regula rumo a seguir. Isto é, trata-se de normas de
procedimento.
e) Ordem de serviço: Documento que formaliza o serviço a ser prestado para um
cliente e serve como ponto de partida para a organização do trabalho.
f) Relatório: Documento que reporta resultados alcançados sobre experimento,
atividade, ação, processo etc.
g) Ata: Registro técnico que busca descrever minuciosamente reunião, encontro
e/ou outro conglomerado.
h) Atestado: Ação de atestar (provar) fato a alguém ou órgão com argumentos
fidedignos e concisos.
i) Certidão: Ato de fornecer informações armazenadas em registros que estão sob a
guarda pública.
j) Edital: Ato legal de estipular e definir regras para a instauração de processo
licitatório e/ou de seleção.
k) Parecer: Texto redigido por especialista com a finalidade de esclarecer dúvida ou
enunciar resposta sobre questão solicitada.

Correio eletrônico ou e-mail

Caracterizada pela celeridade e pelo baixo custo, o correio eletrônico ou e-mail é a


forma usual de comunicação na Administração Pública. Dessa forma, não há muitas
restrições, apenas deve ser evitada a linguagem coloquial e, no campo assunto,
deve-se abordar o tema com concisão e clareza. GOVERNO DO ESTADO DE
MINAS GERAIS Secretaria de Estado de ... Superintendência ... Coordenação de …
Em caso de documentação anexa, deve-se avisar o destinatário de sua existência e
resumir o seu conteúdo, a fim de aumentar o grau de Informatividade para o
interlocutor.

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação,


dentre outras: Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21,0 cm); margem lateral
58
direita: no mínimo, 3 cm de largura; margem lateral esquerda: 1,5 cm; margens
superior e inferior: 2 cm; área de cabeçalho: na primeira página, 3 cm a partir
da borda superior do papel.

DA AUTOCOMPOSIÇÃO

A autocomposição é a modalidade de gestão de conflitos em que a solução é obtida


a partir de propostas firmadas pelas próprias partes, e um terceiro não exerce
influência na decisão interpartes. A autocomposição é composta pela mediação,
conciliação e negociação.

DA CONCILIAÇÃO NA ATUAÇÃO DO POLICIAL PENAL

Para o direito, a mediação é aplicável quando as partes envolvidas possuem


vínculo anterior ao conflito, enquanto na conciliação o vínculo se origina a
partir do conflito. As duas são formas de autocomposição, que evitam que o
conflito seja resolvido a partir de uma força exterior. Na conciliação, as partes
dialogam entre si e chegam a uma decisão comum. O conciliador é uma pessoa
que auxilia as partes em conflito a chegarem a um consenso, sem que
imponha a uma ou outra uma decisão específica. No dia-a-dia da prisão, é muito
comum que um policial penal perceba o conflito entre dois IPLs, no pátio do presídio,
enquanto estavam no banho de sol. O policial penal que chama os dois IPLs, dialoga
com eles, e tenta apaziguar o problema, mostrando a ambos os prejuízos que
ambos sofreriam caso partam para um outro tipo de solução, se coloca na condição
de um CONCILIADOR.

DA MEDIAÇÃO NA ATUAÇÃO DO POLICIAL PENAL

Eis que o MEDIADOR é a pessoa que percebe o represamento de emoções, antes


que se transforme em um rompimento de emoções, e se antecipa aos problemas,
procurando pelas partes, com propostas esclarecedores sobre como podem resolver
59
seus problemas. O MEDIADOR pode ser um policial penal que chega ao seu colega
de trabalho e com ele pondera suas atitudes, que estariam muito rudes, e que ele
precisa procurar por ajuda, por exemplo. Pode, ainda, propor que o policial penal
peça movimentação para outro setor ou unidade, para diminuir o estresse naquele
espaço onde trabalha. O MEDIADOR pode procurar pelo IPL, com proposta de que
ele converse 10 com um psicólogo ou assistente social, para tratar de suas raivas,
ou ainda, que reflita sobre suas dificuldades na gestão de suas emoções, pois isso
pode acarretar diversos problemas para ele, no dia-a-dia do cumprimento da pena.
Notemos que o MEDIADOR apresenta propostas para as partes, mas são as partes
as responsáveis pelas decisões que trazem mudanças nos seus comportamentos.
Não há imposições, apenas propostas, muitas delas abertas, que permitem que as
partes em conflitos transformem seus comportamentos e diminuam seu ímpeto à
violência.

DA NEGOCIAÇÃO NA ATUAÇÃO DO POLICIAL PENAL

A negociação é um processo mais dinâmico, muito diferente dos processos de


conciliação e mediação. A negociação parte da premissa de que duas partes estão
em conflito e ambas possuam algo com que possam barganhar com a outra.
Negociar é estabelecer um ponto de encontro, de maneira que cada parte tem o
direito de apresentar seus desejos e necessidades, bem como, de conhecer os
desejos e necessidades da outra parte, para juntas buscarem uma solução que
reúna os melhores fundamentos para uma e outra.

A HETEROCOMPOSIÇÃO NOS PRESÍDIOS

Como vimos, a heterocomposição são ações de gestão de conflitos em que um


terceiro (pessoa que NÃO possui interesse no conflito), ingressa na relação
conflituosa e oferece uma solução para as partes envolvidas. Nessa modalidade, o
terceiro constrói uma proposta, que se alinha ao melhor juízo da questão, sem se
filiar às propostas e versões de uma parte e outra. Pois bem, em se tratando do
Direito Penal, a atuação do Juiz é uma forma de heterocomposição, 14 certamente,

60
porquanto ele é um terceiro – desinteressado – que tem a capacidade de decidir
acerca da problemática relativa ao conflito

Da arbitragem: nos presídios A arbitragem é um forma de se decidir uma relação


conflituosa, em que um árbitro (uma pessoa legitimada – reconhecida – pelas
partes) tem o direito de ditar as regras para a solução do conflito. As partes
interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante
convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral.
Há uma natureza contratual na relação entre as partes para que o árbitro possa
exercer suas atribuições e, nesse sentido, a concordância prévia entre as partes.
Por isso, a arbitragem tem seu lugar assentando, mormente, em relações
eminentemente negociais. De fato, esclareçamos que há pouco ou nenhum
espaço, atualmente, para o processo de arbitragem em relação ao serviço
policial-prisional.

Judicial e Administrativa: Exemplo: Na ocorrência de um desrespeito entre um IPL


e um policial penal, um policial penal (que pode ser o próprio envolvido) dá
encaminhamento do fato ao Diretor do Presídio, que tomará providências
administrativas ou remeterá o caso ao Juiz das Execuções, procedendo a aplicação
de sanção administrativa ao IPL, sem que seja a ele aplicada qualquer medida de
força física. Não estamos diante de uma situação de solução pacífica de um conflito
porque há a imposição de uma punição a uma das partes (ou várias delas).

Imposição Legal da Força Física: Exemplo: em uma ocorrência em que há uma


briga entre dois IPLs, um grupo coordenado de policiais penais intervém,
imobilizando os ingressos em conflito e impedindo a continuidade de agressões
recíprocas. Na situação em questão, pode ser necessário o emprego de
cassetete-tonfa, espargidor de gás, chaves de braço, golpes contundentes, na exata
proporção do necessário para segregação dos conflituosos e contenção de sua
força.

CARACTERÍSTICAS DO POLICIAL PENAL GESTOR DE CONFLITOS


61
1-Perfil de Liderança: O policial penal que compreende e aplica a gestão pacífica
de conflitos em sua atividade se posiciona como um líder. Essa é uma disposição
natural diante dos compromissos assumidos para o melhor exercício das atribuições
de policial penal e, principalmente, da compreensão de que o policial penal pode
tornar, por seus atos, o cárcere um lugar melhor do que efetiva e atualmente é!

2-Comunicação: A atividade de gestão de conflitos é absolutamente dependente da


comunicação, especificamente, da COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA (CNV).
Imposições, ordens, palavrões, exageros e o descontrole emocional são obstáculos
para que o líder gestor de conflitos possa exercer seu trabalho.

São componentes da COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA:

1) A OBSERVAÇÃO: que é um requisito para que o gestor de um conflito


compreenda a magnitude do conflito, para que perceba quem são as partes
envolvidas e como pode acrescentar algo ao que está em discussão. De fato, o certo
e o errado, naquele momento, não são importantes, mas o como tirar as pessoas em
conflito do ambiente de discussão e de discórdia.
2) O SENTIMENTO: decorrente da observação, o gestor de um conflito precisa
entender a rede de sentimentos em que está situado o conflito. É normal que um
conflito envolva mágoas, rancor, medo, raiva, tristeza ou outros sentimentos. O
gestor de um conflito deve demonstrar respeito pelo sentimento de cada uma das
partes e diferenciar o que as pessoas sentem de como agem, pensam ou
interpretam.
3) AS NECESSIDADES: sentimentos estão ligados às necessidades. O gestor de
um conflito deve tentar relacionar os sentimentos que verifica com as necessidades
das pessoas. Essa verificação é essencial para estabelecer um ambiente de
negociação e diminuir a tensão entre as partes. Quando o gestor demonstra
conhecimento sobre esses fatores, ele consegue atuar especificamente na gestão
do conflito, assumindo o controle de comportamentos, vontades e decisões das
pessoas envolvidas.

62
4) O PEDIDO: Finalmente, reconhecendo o ambiente, os sentimentos e as pessoas,
demonstrando respeito, o gestor de um conflito pode intervir, dirigindo às partes um
pedido. O pedido é uma solicitação específica, em linguagem clara, simples e
positiva, para que a pessoa faça algo ou deixe de fazer algo.

3-TREINAMENTO

Não existe forma mais adequada para se capacitar para o desenvolvimento da CNV
do que trazer esse modelo de comunicação para a sua vida pessoal!

4-Respeitar a posição de outro gestor de conflitos

Ao se aproximar do colega de trabalho, ele deve respeitar o processo em realização,


fortalecendo a posição do colega, enquanto ele estiver construindo uma relação de
confiança com os amotinados.

5- Estabelecendo confiança

O gestor de conflitos tem um objetivo inicial em qualquer processo, seja de


conciliação, mediação ou de negociação, que é o estabelecimento de uma relação
de CONFIANÇA com as partes em conflito. A confiança é o elemento mais
importante para que uma parte em conflito possa arrefecer seus ânimos e se abrir
para o diálogo.

INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS – INFOPEN

É um conjunto de informações penitenciarias transmitidas pelas Secretarias de


Justiça e Segurança Pública dos Estados para um sistema da Secretaria Nacional
de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública visando coletar,
armazenar e analisar dados sobre o sistema prisional do país.

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O sistema fornece informações sobre a população carcerária, perfil dos presos,
quantidade de unidades prisionais e capacidade de cada uma, além de outros dados
relevantes. O objetivo é auxiliar na gestão e formulação de políticas públicas
para o sistema prisional brasileiro

Conceitos:

Sistema Prisional: conjunto de unidades físicas de reclusão


População Carcerária: conjunto de indivíduos que se encontram sob custódia do
Estado
Regime Penitenciário: conjunto de regras, normas e procedimentos que orientam a
execução da pena ou da medida de prisão cautelar
Recuperação Social: processo de ressocialização do indivíduo privado de
liberdade, visando prepará-lo para o retorno à sociedade.

Aspectos:

Superlotação: problema comum nas unidades prisionais, que afeta as condições de


higiene, saúde e segurança dos indivíduos privados de liberdade e dos servidores
do sistema prisional, além de dificultar a implementação de programas de
recuperação social.
Violência: o sistema prisional é marcado por altos índices de violência, tanto entre
os próprios indivíduos privados de liberdade como entre estes e os policiais penais,
gerando um clima de insegurança e instabilidade.
Falta de recursos: muitas unidades de reclusão têm problemas de infraestrutura e
equipamentos, além de déficit de pessoal e verba, comprometendo a qualidade dos
serviços oferecidos e dificulta o trabalho dos policiais penais e demais servidores.
Perfil dos Indivíduos privados de liberdade: a maioria dos indivíduos privados de
liberdade no Brasil é jovem, do sexo masculino, com baixa escolaridade e
pertencente a grupos sociais vulneráveis, como negros e pobres.
Reincidência: a taxa de reincidência no Brasil é alta, indicando a necessidade de
aprimoramento dos programas de recuperação social e da articulação entre as
diferentes instâncias do sistema de justiça criminal. A reincidência é quantidade de

64
vez que indivíduos privados de liberdade retorna para o sistema prisional, após
liberado

Finalidade do Infopen

A finalidade das informações penitenciário é ter uma imagem do indivíduo privado de


liberdade e, ao mesmo tempo, munido destas informações, promover sua
recuperação social, para que ele possa retornar ao convívio em sociedade de forma
responsável e produtiva. Essa finalidade é baseada na ideia de que o sistema de
justiça criminal deve combinar a punição com a reeducação do indivíduo, visando
prevenir a reincidência e garantir a segurança da sociedade.
No entanto, na prática, o sistema penitenciário enfrenta uma série de
problemas que dificultam a realização desses objetivos, como a falta de
informações e dados e capacitação dos policiais penais e demais servidores,
entre outros. Por isso, a finalidade dos preenchimentos e geração de informações
do sistema penitenciário muitas vezes é questionada e debatida, sendo objeto de
questionamentos.

MAPA CARCERÁRIO

O Mapa Carcerário é um instrumento utilizado para mapear e analisar as condições


do sistema prisional em uma determinada unidade prisional, uma determinada
região ou Estado e no país inteiro, fornecendo informações sobre a quantidade de
presos, a capacidade dos estabelecimentos prisionais, as condições de
infraestrutura, a situação dos serviços de saúde e educação, dentre outros aspectos
relevantes. A figura abaixo mostra um mapa carcerário simples da quantidade de
homens e mulheres custodiados no país, divididos por regime de prisão:

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O objetivo do Mapa Carcerário é fornecer informações precisas e atualizadas,
permitindo a identificação de problemas e lacunas que possam ser abordados por
meio de políticas públicas e ações governamentais. O mapeamento é feito com
base nas coletas de informações penitenciárias lançadas nos sistemas de
informações nos estabelecimentos prisionais. Estas informações são dados dos
detentos, tipo de regime de prisão, familiares e funcionários do sistema. O Mapa
Carcerário pode ser elaborado ao nível local (uma determinada unidade prisional),
estadual ou nacional, dependendo dos objetivos e da abrangência da análise. O
Mapa Carcerário Nacional é um instrumento que visa mapear e analisar as
condições do sistema prisional em todo o país, fornecendo informações sobre a
quantidade de presos, a capacidade dos estabelecimentos prisionais, as condições
de infraestrutura, a situação dos serviços de saúde e educação, dentre outros
aspectos relevantes.
Já o Mapa Carcerário Estadual se concentra em um determinado estado,
fornecendo informações detalhadas sobre as condições do sistema prisional em
cada município, distrito ou região. A responsabilidade da elaboração do Mapa
Carcerário é dos servidores públicos do sistema prisional de cada Estado,
qualificados e treinados. A elaboração desses mapas deve ser realizada com base
em informações precisas e atualizadas, e o uso de dados para esse tipo de análise.
Estes mapas carcerários estão disponíveis para públicos em geral, de acordo com
Lei de acesso à informação, no site eletrônico de cada Secretaria de Justiça e
Segurança Pública de cada Estado.

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Conceito Legal de Inteligência e Contra-Inteligência

O sistema considera INTELIGÊNCIA como a atividade que objetiva a obtenção,


análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional
sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo
decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da
sociedade e do Estado, incluindo a preservação da ordem pública e a proteção da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, bem como, a dignidade da pessoa
humana.

Denominamos de CONTRAINTELIGÊNCIA o conjunto de atividades do órgão de


inteligência na preservação e integridade de suas informações, diante da atuação de
outros sistemas de inteligência, para preservação da ordem pública e segurança da
sociedade.

Conduta Ética

Como atividade de Estado e regulada por lei, o policial penal que trabalha na
atividade de inteligência deve pautar sua conduta numa rígida ética de trabalho,
conforme as normas e princípios que regem a sua atividade, se mantendo fiel ao
sistema, ao país e ao Estado de Minas Gerais. Para tanto, é fundamental que o
profissional enalteça, por seus atos, os valores que determinam a primazia da
verdade, da honra e da conduta pessoal ilibada, de forma clara e sem subterfúgios,
tomando as leis como balizas naturais de limitação do seu comportamento, sendo
inadmissível a atuação “fora da lei” para a obtenção das informações, certo de que
temos mecanismos legais que propiciam uma atuação excelente no trabalho de
inteligência.

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1) RESPEITO: os profissionais de inteligência policial devem atuar em prol da
convivência harmônica com o objetivo de respeitar a dignidade do indivíduo e os
interesses coletivos;
2) DISCRIÇÃO: os profissionais de inteligência policial devem se comportar de forma
equilibrada e ponderada, com vistas a uma conduta discreta, a fim de preservar a
atividade de inteligência de segurança pública e seus ativos;
3) SENSO MORAL: as condutas das pessoas envolvidas em um processo de
obtenção da informação e produção do conhecimento, bem como, sua salvaguarda,
devem ser cautelosas e respeitosas aos ditames morais;
4) EXCELÊNCIA: um processo de produção de conhecimento bem-sucedido
depende de dedicação, qualidade e profissionalismo, de forma metódica, diligente e
oportuna;
5) IMPARCIALIDADE: não há produção de conhecimento satisfatória se não houver
busca pela verdade e, principalmente, quando a atuação do profissional não é
ISENTA, atendendo a interesses particulares ou institucionais.

AMEAÇAS AO SISTEMA DE INTELIGÊNCIA

a) Espionagem: Temos por espionagem o processo realizado por um sistema de


inteligência alienígena em obter dados, informações e conhecimentos, por exemplo,
do sistema prisional do Estado de Minas Gerais, para benefício espúrio de Orcrims,
facções, grupos de interesse, empresas ou indivíduos. IMPORTANTE: Temos por
sistema alienígena um sistema de inteligência desconhecido, não-identificado,
certamente NÃO pertencente a estrutura formal do Estado. A espionagem não
encontra limites éticos ou legais na ordem jurídica brasileira e geram prejuízos de
alta monta. No sistema prisional, por exemplo, pode acarretar uma rebelião ou o
resgate de INDIVÍDUOS PRIVADOS DE LIBERDADE (IPL) em transferência, afetar
o investimento orçamentário do órgão, comprometer as políticas de ressocialização
e inclusão desenvolvidos, atacar policiais penais no exercício de suas atribuições ou
em seus ambientes familiares. Conhecemos como vulnerabilidade do sistema de
68
inteligência a sua permeabilidade à espionagem, em razão de fragilidades
tecnológicas, estruturais ou humanas, possibilitando o acesso indevido a dados e
conhecimentos sensíveis em desenvolvimento, bem como a interceptação ilegal de
comunicações entre organizações para a obtenção de informações estratégicas.
EXEMPLO: o acesso de um hacker às contas de profissionais do sistema de
informação, obtendo acesso a dados, informações e documentos sigilosos.

i. Criminalidade Organizada: As Orcrims são estruturas criminosas que operam em


diversas regiões do Brasil e possuem reconhecidas atividades em presídios e na
prática de crimes graves, tais como homicídios, tráfico de drogas, de armas e de
pessoas, lavagem de dinheiro, crimes de corrupção e contra o sistema financeiro,
entre outros. Por serem estruturas permanentes (apesar de informais), sua conduta
se demonstra como severa afronta à ordem pública e a proteção das pessoas e do
patrimônio, sendo evidentes as manifestações de violência aberta e o franco uso de
armas de fogo de grosso calibre, por essas organizações. Possuindo estrutura
hierarquizada, é normal que mantenha atividades lícitas em conjunto com a prática
de diversos crimes e, ainda, que possuam conexões internacionais, com outras
Orcrims. A integração dos sistemas de inteligências das polícias permite ações que
antecedem a prática desses delitos. Contudo, é triste verificar que os indicadores de
violência demonstram que o crime organizado não vem recuando no país, mas
aumentando suas zonas de influência, e extrapolando as nossas fronteiras.
Ressalte-se as principais organizações criminosas em operação no país e em
Minas Gerais são:
1) PCC – PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL – organização nascida nos presídios
do Estado de São Paulo, e que possui operações estruturadas em todo o Brasil,
incluindo o Estado de Minas Gerais.
2) CV – COMANDO VERMELHO – organização oriunda das comunidades carentes
da cidade do Rio de Janeiro, e que possui ramificações em diversos estados do
Brasil, incluindo o Estado de Minas Gerais.

Há outras organizações criminosas, como a FDN (Família do Norte) e a NOVA


OKAIDA (alusão à rede terrorista Al-Qaeda). De fato, essas organizações atuam
coligadas com o PCC e o CV e, muitas vezes, rivalizam-se entre si. Não se engane

69
com a atuação do chamado NOVO CANGAÇO, pois tal nome é alusão a um tipo de
atuação e não uma organização criminosa específica

Classificação das DROGAS

Drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC): etanol, inalantes ou


solventes, ansiolíticos ou tranquilizantes, calmantes e sedativos, opiáceos e
opióides;
Drogas estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC): anfetaminas, cocaína,
tabaco;
Drogas perturbadoras do Sistema Nervoso Central (SNC): maconha, cogumelos
e plantas alucinógenas, perturbadores sintéticos, êxtase (MDMA), anticolinérgicos; -
Outros: esteróides anabolizantes.

Drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC)

Álcool Etílico: Etanol O álcool, como já reportado anteriormente, é uma substância


depressora da atividade do SNC. Por definição, o transtorno relacionado ao uso
abusivo de álcool é a sensação de forte necessidade ou compulsão para o uso dele,
ao ponto de o indivíduo desenvolver a incapacidade de controlar o seu consumo. Na
abstinência, tem-se um quadro que se desenvolve de 4 a 12 horas após a
interrupção ou redução da quantidade ingerida. Os usuários podem apresentar
sudorese, náuseas ou vômitos, alucinações visuais, comportamento agitado,
frequência cardíaca aumentada ou tremores nas mãos.

Inalantes: Classe que é composta por solventes para colas, diluentes, combustíveis
e propelentes. O efeito do uso dessas substâncias tende a ser bastante rápido, de
segundos a minutos, e da mesma forma desaparecem rapidamente. O usuário faz
diversos ciclos de uso para que as sensações de prazer permaneçam por mais
tempo. Dentre os efeitos proporcionados por essa classe, podem estar
70
presentes: náuseas ou vômitos, euforia, instabilidade do humor, zumbido,
alteração na marcha do indivíduo, arritmias e comportamento desinibido. Os
efeitos flutuam entre estimulação no período inicial até a depressão, o que pode
acarretar o aparecimento de alucinações. Sintomas de uso crônico incluem a
destruição dos neurônios, processo irreversível de dano ao SNC, como neuropatias
periféricas, que afetam sensibilidade e ato motor dos membros, atrofia do
parênquima cerebral e cerebelar, prejuízo na memória e alteração da percepção da
realidade.

Opióides: O ópio pode originar diversas substâncias, dentre elas a codeína (um
opióide bastante conhecido e utilizado no território brasileiro) e a morfina,
representando os opiáceos naturais, ou seja, que não sofreram nenhuma alteração.
Os usuários dessa classe que fazem uso indevido de substâncias com indicação
médica ou mesmo sem indicação buscam o seu efeito depressor do SNC. Assim,
conseguem apresentar os sintomas de torpor, inibição das sensações que
normalmente apresentariam em resposta à realidade, perda de consciência,
depressão respiratória e cardíaca.

Sedativos, Hipnóticos ou Ansiolíticos:O quadro de intoxicação por essa classe


engloba alterações de humor, agressividade, prejuízo no julgamento e tomada de
decisões, incoordenação, alterações de marcha, fala arrastada, estupor ou coma.
Além disso, ocorre prejuízo na memória e no funcionamento global do organismo,
como tentativa do adicto “desligar” suas funções biológicas.

Drogas estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC): anfetaminas, cocaína,


tabaco;

Tabaco: A nicotina, componente ativo do tabaco, é uma substância importante, pois


perde apenas para a cafeína como estimulante do SNC. O quadro de abstinência
por privação da nicotina inclui irritabilidade, raiva, queixa de ansiedade, dificuldade
de concentração, alterações de humor e inquietação. O adicto costuma apresentar
dificuldade na interrupção do uso e flutua entre períodos de abstinência e
exacerbação do uso novamente, principalmente pelo fácil acesso da obtenção da
substância.
71
Cocaína e Estimulantes: A cocaína consegue inibir a recaptação de norepinefrina
nos neurônios, aumentando a quantidade de catecolaminas disponíveis na
transmissão dos impulsos nervosos, tanto sensitivos quanto motores, de
pensamento e julgamento. Além da ação sobre a norepinefrina, tanto a cocaína
quanto as anfetaminas afetam a produção e a disponibilidade de serotonina, tendo
ação excitatória no SNC.

Drogas perturbadoras do Sistema Nervoso Central (SNC): maconha,


cogumelos e plantas alucinógenas, perturbadores sintéticos, êxtase

A cannabis: conhecida popularmente como maconha, haxixe e skank, possui


diversas formulações e concentrações, assim como outras substâncias ilícitas, já
que não apresenta regulação da produção. Assim, os sintomas e a dependência
podem variar de acordo com a quantidade de droga ingerida por utilização,
frequência e coutilização com outras substâncias das demais classes. No cérebro,
existem receptores específicos para essa substância, chamado de CB, que, quando
ativados, produzem relaxamento físico, aumento do apetite, taquicardia,
alteração da coordenação motora e atenção. Em alguns casos, seu consumo
pode provocar sonolência e relaxamento.

Alucinógenos: Na classe dos alucinógenos, o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é


a droga mais conhecida. Ele atua nos receptores de serotonina, provocando o efeito
psicodélico conhecido. A droga é responsável por produzir alucinações, alterações
de humor, alterações do sono e ansiedade.

72
A Lei n. 10.216 de 2001 e o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS)

A Lei 10216, de 06 de abril de 2001, considerada como um marco legal da reforma


psiquiátrica garantiu a proteção e o direito das pessoas portadoras de sofrimentos e
transtornos mentais à universalidade de acesso e ao direito à assistência
humanizada (CUNDA, 2011). Os CAPS surgiram pela portaria 336 de 19 de fevereiro
de 2002 e passaram a integrar a rede de assistência como ordenador da rede
assistencial de saúde, conhecida como RAS. Os Centros de Atenção Psicossocial
são considerados a principal estratégia da Reforma Sanitária no tocante ao
atendimento dos portadores de transtornos mentais. Através desses centros,
criou-se uma possibilidade de se mostrar uma rede de serviços assistenciais que
atua de forma substitutiva junto aos hospitais psiquiátricos no território brasileiro .
Segundo Schrank e Olschowsky (2008), os CAPS são serviços de saúde, abertos a
comunidade, realizam acompanhamento do paciente, dispõem de tratamento clínico
medicamentoso e auxiliam na reinserção social do indivíduo por meio de práticas
terapêuticas (atividades em geral, dinâmicas individuais ou em grupo, trabalho,
esporte e lazer). São compostos por uma equipe multiprofissional que atua de forma
interdisciplinar, realizando atendimento aos usuários e seus familiares, inclusive
aqueles que necessitam de atendimento em decorrência do uso de álcool e/ou
outras drogas .A equipe multiprofissional do CAPS é composta por enfermeiros,
médicos (clínico geral e psiquiatra), psicólogos, assistentes sociais, terapeutas
ocupacionais, pedagogos e educador físico. Esses profissionais são considerados
como a composição básica de profissionais do CAPS . As práticas terapêuticas
realizadas nos CAPS caracterizam-se por ocorrerem em ambiente aberto e
acolhedor. Os projetos sociais existentes nos CAPS, muitas vezes, ultrapassam a
estrutura física em busca de um suporte social, potencializando suas ações,
preocupando-se com o paciente de forma integral . Uma importante questão
relacionada aos usuários com transtorno mental se dá pelo uso de álcool e outras
drogas, sendo um tema bastante complexo, considerado um grande e grave
problema de saúde pública. Existe uma necessidade de se superar esse problema
histórico necessitando-se de uma atitude cuja responsabilidade é tanto do SUS,
quanto da sociedade civil organizada. O planejamento de programas deve
contemplar toda a população, de forma que a abstinência não seja a única meta
73
viável e possível aos usuários . A Política de Atenção Integral aos Usuários de
Álcool e Outras Drogas se refere a programas relacionados à diminuição do uso de
drogas (lícitas e ilícitas), cuja principal prioridade e finalidade é reduzir as
consequências negativas causadas pelo uso prolongado, ou não, destas
substâncias . Visa reconhecer o usuário em sua singularidade e se baseia no
compromisso com a saúde pública e os direitos humanos, e cabe ao Ministério da
Saúde criar e manter equipamentos de saúde, qualificar profissionais para o
atendimento e articular tal política de saúde com outras áreas afins.

Promoção e proteção à saúde do profissional que atua em ambiente de


privação de liberdade

A Lei 14.531/2023 altera as legislações de 2018 e 2019 criando a Política Nacional


de Prevenção da Automutilação e do Suicídio com objetivo de implementação de
ações de assistência social, promoção da saúde mental e prevenção do suicídio
entre profissionais de segurança pública e defesa social, além de delimitar diretrizes
de promoção e defesa dos direitos humanos desses profissionais. Prevê ainda a
produção de dados sobre saúde, saúde mental e qualidade de vida dos profissionais
da segurança pública; ações do Pró-Vida em prol da saúde biopsicossocial,
segurança no trabalho, saúde ocupacional, prevenção à violência e valorização
profissional. Nesse contexto, delimita-se como campo de atuação a prevenção do
suicídio com atendimento de urgência psiquiatra, articulação multidisciplinar,
intersetorial, de forma humanizada e com respeito à dignidade da vida na
abordagem de casos de violência autoprovocada, ampliando as estratégias no
âmbito para prevenção primária, secundária e terciária. Assim, a prevenção primária
em saúde mental direciona-se a todos os profissionais da segurança pública e
defesa social; a prevenção secundária aos casos que já possuem o risco de prática
de violências autoprovocadas; e a prevenção terciária para os profissionais com
histórico de ideação, planejamento e comportamento suicida.

74
Essa Lei 14.531/2023 prevê ações no âmbito do Pró-Vida, de Saúde Ocupacional e
Segurança do Trabalhador e de Saúde Biopsicossocial. No âmbito da Secretaria de
Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), a Diretoria de Atenção à Saúde
do Servidor (DAS) possui os Núcleos de Saúde Ocupacional, Assessoria de Assédio
Moral e Atenção Biopsicossocial. Nesse último núcleo, está localizado o Centro
Integrado de Atenção Biopsicossocial que acolhe, orienta e acompanha seus
servidores em todo o estado de Minas Gerais, com foco no cuidado, visando
prevenir e reduzir os agravos em saúde, com equipes de psicólogos, assistentes
sociais e enfermeiros.

Principais Doenças Desencadeadas pelo Trabalho em Ambientes de Privação


de Liberdade

As doenças do trabalho são entendidas como um conjunto de danos ou agravos que


são causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos
locais de trabalho e incidem sobre a saúde dos trabalhadores. Esse processo é
muitas vezes silencioso, lento, invisível e há dificuldades de se estabelecer uma
relação entre doença e trabalho (BRASIL, 2001). As avaliações de adoecimento no
trabalho não podem ser isoladas e estanques, sendo necessário considerar a
75
relação entre o trabalhador e o contexto laboral. Os policiais penais possuem altos
índices de adoecimento físico e psicológico. O estresse no trabalho relaciona-se a
agravos à saúde física e mental. Sobre a saúde de polícias penais, a literatura, como
o estudo desenvolvido por Lima et al. (2018), evidencia que 46,6% dos policiais
penais têm sobrepeso, 30,8% apresentam hipertensão e 27,6% apresentam
pré-hipertensão provavelmente explicada pelo estado de alerta constante, pressão
psicológica e ritmo acelerado que podem impactar o sistema cardiovascular.
Adicionalmente, os longos turnos de trabalho impactam na possibilidade de os
agentes sustentarem uma alimentação equilibrada, o que pode influenciar na
prevalência das síndromes metabólicas. Nesse cenário, a preocupação com
doenças transmissíveis como tuberculose e síndromes metabólicas é recorrente. Em
testes de tuberculose, 62,4% dos policiais penais tiveram os resultados de testes
positivos, o que demonstra uma maior vulnerabilidade desses profissionais. As
síndromes metabólicas possuem um conjunto de fatores de risco cardiovascular
como pressão arterial e glicemia de jejum elevada, diminuição do colesterol HDL,
aumento dos triglicérides e obesidade abdominal. A síndrome metabólica aumenta
2,5 vezes a mortalidade por doença cardiovascular e 1,5 vezes a mortalidade geral.
De acordo com dados dos pesquisadores supracitados, 71,4% dos policiais penais
apresentam o colesterol HDL reduzido e 32,6% apresentam o triglicérides
aumentado. Essa síndrome metabólica aumenta quatro vezes mais nos policiais
penais expostos à maior demanda psicológica e nos que não praticam exercícios
físicos. A maior vulnerabilidade a doenças emocionais e mentais é reconhecida. A
atividade física também é correlacionada a um menor risco de adoecimento e melhor
autocontrole mental. Além das síndromes metabólicas, a sobrecarga no trabalho
pode acarretar burnout, depressão, distúrbio do sono, fadiga, uso de psicofármacos
e medicamentos para doenças crônicas. Diabetes mellitus, excesso de peso,
micoses e coceiras também são recorrentes em policiais penais. O suicídio é a
segunda maior causa de morte de profissionais da segurança pública.
A insalubridade e a superlotação dos ambientes de privação de liberdade propiciam
a proliferação de epidemias, doenças respiratórias e infectocontagiosas como
tuberculose, hepatite, Aids e sífilis. Os profissionais que trabalham nesses
ambientes estão expostos ao risco de tais infecções. As condições precárias de
trabalho estão ainda associadas: a adoecimento como dor de cabeça, desconforto
estomacal, falta de apetite, má digestão; a sintomas como nervosismo, tristeza,
76
agitação, tensão, depressão, ansiedade; a pensamentos de inutilidade, perda de
interesse pela vida e ideação suicida. Na pesquisa da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (2022), realizada junto a 145.000 profissionais, as principais
queixas dos trabalhadores são problemas osteomusculares, diabetes, cardiopatia,
obesidade, dependência química, ansiedade, estresse, depressão, suicídio e
burnout.

Nesse sentido, recomenda-se a construção de uma política nacional de promoção


da saúde e qualidade de vida do profissional da segurança pública com estratégias
de curto, médio e longo prazo, contemplando as cinco dimensões de forma dinâmica
e integrada para a promoção de saúde. São estratégias para a promoção de saúde
de acordo com as pesquisas realizadas pela Secretaria Nacional de Segurança
Pública (2022a, 2022b):
✔ Incentivo a atividades físicas diversas e alongamento;
✔ Reeducação alimentar;
✔ Higiene do sono;
✔ Intervenções para melhoria da saúde bucal;
✔ Meditação;
✔ Investimento em cultura e lazer;
✔ Melhoria em infraestrutura física para redução de riscos ergonômicos à saúde;

FATORES DE RISCOS EM AMBIENTES DE TRABALHO E SEUS AGENTES

Para Lourenço (2011), o agente penitenciário está exposto a diversos riscos durante
a prática de sua atividade laboral, dentre eles vamos falar de dois de forma genérica
e empírica, são eles os ricos físicos e o psíquicos (LOURENÇO, 2011, p. 148):

Riscos Físicos:

● Biológicos que abrange material biológico, doenças infectocontagiosas, dentre


outras;
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● Acidente, queda, péssima condição das instalações dos prédios penitenciários;
● Acidente de trânsito, uma vez que há deslocamento com viaturas;
● Risco de rebelião;
● Risco de disparo acidental de armamento.

Risco Psicológico:

● Pressão para lidar com criminosos;


● Pressão da sociedade;
● Pressão dos familiares;
● Fatores internos.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPIs

Conforme disposto na Norma NR6, o objetivo do Equipamento de Proteção


Individual - EPI é proteger o trabalhador dos possíveis riscos que ameaçam a sua
segurança e a sua saúde no trabalho, evitando ou atenuando a gravidade das
possíveis lesões durante o trabalho (BRASIL, 1978)

● Equipamento de Proteção Individual: É todo dispositivo ou produto, de uso


individual, utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho;
● EPIs são ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde dos trabalhadores
que estão expostos aos riscos químico, físico, biológico e que utilizam produtos
nocivos à saúde, reduzindo assim os riscos de intoxicações decorrentes da
exposição;
● O Ministério do Trabalho é o órgão responsável por testar a qualidade dos EPIs
disponíveis no mercado através da emissão do Certificado de Aprovação (C.A.);
● O fornecimento e a comercialização de EPIs sem o C.A. é considerado crime e
tanto o comerciante quanto o empregador ficam sujeitos às penalidades previstas
em lei (BRASIL, 1978).

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Os EPIs são classificados a partir da parte do corpo a ser protegido e da atividade
desempenhada, divididos pela NR06 em nove categorias:

a) Proteção da cabeça: capacete, capuz ou balaclava;


b) Proteção dos olhos e face: óculos, protetor facial, máscara de solda;
c) Proteção auditiva: protetor auditivo circum-auricular, de inserção, ou
semi-auricular;
d) Proteção respiratória: respirador purificador de ar não motorizado ou motorizado;
de adução de ar, ou de fuga;
e) Proteção do tronco: vestimentas para proteção, colete à prova de balas;
f) Proteção dos membros superiores: luvas, creme protetor, manga, braçadeira,
dedeira;
g) Proteção dos membros inferiores: calçados para proteção, meia, perneira, calça;
h) Proteção do corpo inteiro: macacão; vestimentas de corpo inteiro;
i) Proteção contra quedas com diferença de nível: cinturão de segurança com
dispositivo trava-queda, cinturão de segurança com talabart

Definição de Resíduos Biológicos e Químicos

O Grupo A se divide nos subgrupos A1 até A5.

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Grupo B: Resíduos Químicos são aqueles que contêm substâncias químicas que
podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade e
enquadram-se nesta categoria diferentes grupos de compostos medicamentos,
sanitizantes, reagentes de laboratórios.

Grupo C: Resíduos radioativos (Não se aplica).


Grupo D: Resíduos Comuns ou domésticos são aqueles que não apresentam risco
biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Exemplos de
resíduos comuns: Papel de uso sanitário, resto de alimentos, embalagens plásticas
ou de vidro de produtos alimentícios.
Grupo E: Resíduos perfurocortantes são resíduos que podem perfurar e/ou cortar.

80
RADIOCOMUNICAÇÃO

Pode-se entender a comunicação como processo relacional entre fonte e


destinatário. Não é suficiente transmitir a informação, ela precisa ser compreendida.
Nesse caso, o principal elemento condicionante da comunicação é a linguagem pela
qual fonte e destinatário vão se relacionar. Então você dirá: a comunicação acontece
quando o destinatário entende a informação produzida pela fonte e se relaciona com
ela. As mensagens ou informações são transformadas pelo transmissor em sinais de
radiofrequência e enviados até uma antena, por meio de uma linha de transmissão,
que os transforma em ondas eletromagnéticas. Essas ondas eletromagnéticas são
captadas por outra antena e enviadas por meio de outra linha de transmissão até o
receptor, que irá transformar os sinais captados na informação original.
Rádio Portátil – HT: O rádio portátil, comumente chamado rádio HT (hand talk), é a
forma mais singular de comunicação via rádio nos órgãos de segurança pública.
Utilizando bateria própria e antena, o HT é um equipamento prático no tocante ao
seu manuseio e transporte, principalmente porque todos os meios necessários para
utilização do equipamento estão embutidos na própria estrutura.

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O rádio móvel: é assim designado por ser instalado nas viaturas, veículos 4 rodas,
trailers ou aeronaves e distinguem-se dos HT’s por não possuírem alimentação
própria e antena, necessitando que seja instalada estrutura para tal. Utiliza a bateria
do veículo para alimentação, garantindo maior autonomia de funcionamento.

Rádio Fixo: O rádio fixo é exatamente o mesmo rádio móvel utilizado nas viaturas.
A diferença é o fato de ele ser instalado em imóveis – Presídios, Sedes da Polícia
Penal etc. São instalados de modo a não poderem ser movidos.

Repetidoras: As torres repetidoras, ou Estações de Rádio Base (ERB),


retransmitem os sinais de rádio em um nível mais alto, no instante em que eles são
recebidos, automaticamente, aumentando o alcance das comunicações. As
repetidoras são normalmente instaladas em um local de grande elevação e utilizam
torres para aumentar sua eficiência.
Geralmente adota-se o termo “canal duplex” para aquele canal que usa a repetidora,
pois, como foi visto, nesse tipo de transmissão são utilizadas 02 (duas) frequências.
Dessa forma, no canal simplex, a comunicação é feita de forma direta entre os
postos e/ou estações, estando eles equipados com um rádio fixo, móvel ou portátil.

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DEFESA PESSOAL

Definição: Defesa pessoal é uma reação frente a uma ação agressiva e injusta, na
qual o indivíduo usa de conhecimento e habilidades adquiridas para se
autodefender. Sua ação consiste em controlar uma situação de iminente risco,
usando de métodos e fundamentos, sem força excessiva e sem violência. Defesa
pessoal, ou autodefesa (do inglês self-defense), é um conjunto de métodos que têm
como finalidade neutralizar um ataque surpresa.

Pontos vulneráveis na frente do corpo humano (FIGURA 1)

1. Fronte: Efeitos: comoção cerebral - morte. Causas: edema cerebral.


2.Têmpora: Efeitos: hematoma intracraniano - morte. Causas: hemorragia cerebral.
3. Orelhas: Efeitos: hemorragia interna, concussão cerebral ou morte. Causas:

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edema cerebral, lesão vascular interna intracraniana, lesão vascular no conduto
auditivo ou ruptura de tímpano.
4. Olhos: Efeitos: cegueira. Causas: trauma no nervo óptico.
5. Nariz: Efeitos: dor, cegueira temporária ou morte. Causas: trauma no quiasma
óptico.
6. Lábio superior: Efeitos: dor e desmaio. Causas: trauma no lábio e ruptura. 7.
Mandíbula: Efeitos: fratura do pescoço e desmaio.
7 Causas: fratura da coluna vertebral cervical, ocasionando uma compressão da
medula ou bulbo e ocorrendo uma parada cardiorrespiratória.
8. Pomo-de-adão: Efeitos: náusea, rompimento da traqueia ou morte. Causas:
cartilagem tireoide da traqueia lesionada, ocorrendo um enfisema subcutâneo.
9. Base da garganta: Efeitos: lesão grave e náusea. Causas: lesão da traqueia e
glândula tireoide.
10. Clavícula: Efeitos: fratura. Causas: trauma ósseo (não causa morte).
11. Jugular e carótida: Efeitos: desmaio ou morte. Causas: interdição momentânea
do fluxo sanguíneo ao cérebro.
12. Plexo braquial (axila): Efeitos: paralisia temporária. Causas: traumatismo no
plexo braquial, enervando os membros superiores.
13. Plexo solar: Efeitos: dor aguda ou morte. Causas: lesão no plexo, ocasionando
uma parada cardíaca.
14. Estômago: Efeitos: lesão séria e dor aguda. Causas: lesão da víscera e lesão
vascular, ocasionando hemorragia interna.
15. Costelas flutuantes: Efeitos: dor intensa ou morte por lesão visceral. Causas:
fratura óssea.
16. Fígado: Efeitos: dor intensa ou morte. Causas: ruptura do fígado com
hemorragia interna.
17. Testículos: Efeitos: dor intensa. Causas: orquite da glândula (inflamação),
devido ao trauma, podendo haver lesão no canal espermático.
18. Dedos: Efeitos: fratura ou dor. Causas: fratura das falanges.
19. Articulações (punho, cotovelo, ombro, joelho, tornozelo): Efeitos: luxação ou
dor. Causas: luxação - perda do contato entre as superfícies articulares.
20. Parte anterior da tíbia (abaixo da patela): Efeitos: dor intensa. Causas: fratura.
21. Peito do pé: Efeitos: fratura ou dor. Causas: fratura dos ossos próprios do pé ou
metatarsianos.
86
1. Bulbo: Efeitos: morte. Causas: lesão do bulbo.
2. Nuca: Efeitos: morte. Causas: lesão da medula alta ou de bulbo, ocasionando
uma parada cardiorrespiratória (quanto mais alta, mais grave).
3. Coluna vertebral: Efeitos: morte ou paralisia. Causas: lesão medular - choque
medular, causando uma paralisia momentânea.
4. Rim: Efeitos: morte ou choque nervoso. Causas: morte por lesão do pedículo
vascular renal (fácil deslocamento dos vasos sanguíneos que irrigam o órgão),
podendo haver queda do rim (ptose interna).
5. Plexo lombo-sacral: Efeitos: dor intensa, paralisia de membros inferiores,
temporária ou definitiva. Causas: trauma direto, com ou sem fratura de vértebras. 9
6. Cóccix: Efeitos: dor intensa. Causas: fratura ou luxação.
7. Nervo ciático: Efeitos: paralisia temporária dos membros inferiores. Causas:
trauma direto com edema do nervo.
8. Panturrilha: Efeitos: dor intensa. Causas: trauma direto, por lesão dos músculos
gêmeos.

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9. Tendão de Aquiles: Efeitos: dor intensa, com impossibilidade de ficar na ponta do
pé quando há ruptura do tendão de Aquiles (síndrome da pedrada). Causas: trauma
direto sobre o tendão.
10. Articulações (punho, cotovelo, ombro, joelho, tornozelo): Efeitos: luxação,
fratura, dor intensa ou paralisia dos membros. Causas: perda do contato articular.

Tipos de algemas

Algemas de corrente: São duas pulseiras também conhecidas como braceletes,


ajustáveis por uma catraca, unidas por uma pequena corrente que permite um grau
limitado de movimento.
Algemas articuladas: Algemas articuladas são instrumentos metálicos conectados
por uma dobradiça em vez de uma corrente, podendo ser de tranca única ou dupla.
Algemas Rígidas: Consistem em duas pulseiras ajustáveis conectadas por uma
barra sólida. A pulseira individual pode ser encaixada rapidamente sobre o pulso do
indivíduo para aplicar a imobilização.
Algemas de tornozelo: São compostas por uma corrente conectando duas
tornozeleiras ajustáveis, em geral com correntes maiores que as algemas para os
pulsos.
Algemas de combinação: São algemas de mãos e algemas de pernas conectadas
por uma corrente longa. Elas foram projetadas para simultaneamente restringir o
movimento em mais de uma parte do corpo.
Algemas de corrente abdominal / Cinto de transporte: É uma corrente de metal
colocada em volta da cintura e ligada a algemas de pulsos. Cintos de transporte
consistem em um cinto de couro ou tecido que é colocado em volta da cintura e
ligado também a algemas. Ambos são comumente utilizados durante o transporte de
prisioneiros e são projetados para restringir ainda mais o movimento, mantendo os
braços da pessoa restritos e próximos ao corpo.
Algemas de plástico – descartáveis, São algemas leves, únicas ou duplas,
semelhantes a braçadeiras, bridas tensoras ou prensa-cabos, podem apenas ser
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apertadas, mas não afrouxadas, o que facilita que a pessoa contida sofra dores e
desconfortos severos.

Técnicas de Algemação

• Algemação das mãos:

Algemação do preso na cela: Caso a portinhola esteja na parte baixa da porta da


cela, solicitar ao preso que se posicione de costas e coloque as mãos para fora de
modo a possibilitar a algemação com as costas das mãos unidas. Caso a portinhola
esteja na parte alta da porta da cela, solicitar que o preso, de frente, coloque as
mãos para fora de modo a possibilitar a algemação e, assim que o mesmo sair,
realizar a transposição das algemas para trás. Ajustar as algemas para que não
fiquem apertadas ou folgadas certificando-se de que não possam ser retiradas pelo
preso. Travar as algemas com o pino de chave de algema. O preso portador de
mutilações que tiver um dos braços em condições, mesmo que mínimas,
dificuldades de movimentação que impossibilitem a algemação das mãos, deverá
colocá-lo para trás do corpo, de modo a possibilitar que o policial penal, com a mão
que não seja a de ação, segure-o pelo antebraço a fim de conduzi-lo. Poderão ser
utilizadas as algemas de tornozelos. CINTURÃO DE ALGEMAÇÃO: usado no caso
de escolta externa.

• Algemação dos pés: O Policial Penal irá dar a ordem para que o preso encoste de
frente na parede e levante uma de suas pernas, dobrando-a para trás e, em seguida,
colocará as algemas. Ordenará que o preso levante a outra perna e dobre-a para
trás, para colocar as algemas, cuidando para que a fechadura fique voltada para
baixo. Ao final, deverá travar as algemas com o pino da chave.

• Algemação de duas ou mais pessoas Esta é uma prática que aumenta o risco de
quedas e decorrentes lesões, já que as pessoas poderão estar impossibilitadas de
utilizar suas mãos para amortecer a queda e proteger-se de lesões, além de trazer
maior risco de transmissão e contaminação biológica entre os presos, conforme
evidenciado no período da pandemia de COVID-19.

89
Primeiros socorros, prevenção e combates a incêndios

CLASSES DE INCÊNDIO

CLASSE A – Incêndio em materiais sólidos, tais como madeira, papel, tecidos, entre
outros, os quais queimam em superfície e profundidade, deixando resíduos.
CLASSE B – Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, gases combustíveis, graxas,
óleos e semelhantes, os quais queimam apenas na superfície e não em
profundidade, não deixando resíduos.
CLASSE C – Incêndio em equipamentos elétricos energizados, (quando há
presença de energia elétrica), é caracterizado pelo risco de morte que oferece ao
brigadista.
CLASSE D - Incêndio em metais pirofóricos (magnésio, selênio, zinco, titânio, lítio,
antimônio, potássio, alumínio fragmentado, sódio, zircônio), queimam em altas
temperaturas e reagem com agentes extintores comuns (principalmente os que
contenham água)

ETAPAS DA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

O socorrista deverá realizar uma observação geral acerca do estado do paciente e


realizar o XABCDE:
a) observação geral do paciente: rápida visualização da aparência, da respiração e
cor do paciente, além da verificação do nível de consciência;

b) etapas do XABCDE, sendo:

X – hemorragia exsanguinante (controle do sangramento externo grave);


A – vias aéreas e estabilização da coluna cervical;
B – respiração – breathing (ventilação e oxigenação);
C – circulação (perfusão e outras hemorragias);
D – disfunção neurológica;
90
E – exposição ao ambiente. Caso o paciente esteja inconsciente, deverá ser
acionado o Suporte Avançado Médico e Enfermeiro, sendo verificada a presença de
pulso e respiração.

EXPLICAÇÃO DAS ETAPAS DO XABCE:

Etapa X - hemorragia exsanguinante: deverá ser verificado a presença de grandes


hemorragias, as quais deverão ser controladas rapidamente em virtude do risco de
vida;

Etapa A - vias aéreas com controle da coluna cervical:

a) abra as vias aéreas superiores e estabilize a coluna cervical durante o


atendimento mantendo em posição neutra durante a avaliação;
b) libere as vias aéreas (se o paciente estiver inconsciente) da seguinte
forma: pacientes de casos clínicos: manobra de hiperextensão da coluna
cervical (head tilt) e elevação do mento (chin lift); pacientes de trauma:
estabilize a coluna cervical, realizando a anteriorização da mandíbula (jaw
thrust) e a elevação do mento (chin-lift).
c) verifique se existe alguma obstrução de vias aéreas.

Etapa B - respiração:
a) exponha o tórax, visualize e avalie a qualidade de: profundidade -
superficial, normal ou profunda; frequência - lenta, normal ou rápida; esforço
- presente ou ausente; bilateralidade - expansão simétrica (igual) ou
assimétrica (irregular).

Etapa C - circulação:
a) deverá ser verificado H3P:

Hemorragias externas;

91
3 P - qualidade da circulação:

➢ Pulso – radial, deve ser avaliada a presença, qualidade (cheio e forte ou


e fraco) e regularidade;
➢ Perfusão – deve ser avaliado se o tempo de enchimento capilar dos
dedos é maior que 2 segundos, e caso seja, o socorrista deverá desconfiar
de presença de hemorragia;
➢ Pele – avalie cor, umidade e temperatura. Todas estas avaliações têm
por objetivo verificar hemorragias internas e externas, as quais devem ser
contidas, se possível, pois podem provocar um agravamento no estado da
vítima.

Etapa D - disfunção neurológica:

a) verifique o nível de consciência;


b) questione a possibilidade da ingestão de substâncias tóxicas, drogas ou
medicamentos, caso tenhamos um nível de consciência reduzido;
c) Suspeite também de acidente vascular cerebral (AVC), baseado em sinais
e sintomas; determinação do nível de consciência utilizando o AVDI.
A – Acordado e orientado;
V – Responde a estímulos Verbais, mas desorientado;
D – Responsivo a Dor (ou palavras desconexas);
I – Irresponsivo (não responde, mas respira).

Etapa E – exposição ao ambiente:

a) o paciente deverá ser exposto, com o objetivo de verificar a extensão da


lesão, picadas de animais peçonhentos ou outras situações que necessitem
de um exame mais detalhado; A exposição do paciente deverá ser
cuidadosa, sendo retirada ou cortada apenas a roupa necessária para o

92
exame, atentando também para a prevenção da hipotermia, analisando a
necessidade de cobrir o paciente com manta aluminizada; Após a análise
primária deverá ser realizada a mnemônica SAMPLA para obter maiores
informações sobre o paciente, e depois serem repassadas para as equipes
que receberem a vítima (192, 193 ou hospital de referência para o caso
específico).

S – sinais e sintomas (quais as queixas);


A – alergias (a quê, especialmente medicamentos);
M – medicamentos/drogas (que usa regularmente ou não);
P – passado médico/ problemas de saúde/ (doenças crônicas,
cirurgias);
L – última ingestão de líquidos e alimentação (tempo decorrido);
A – ambiente do evento / mecanismo de lesão

APH DE COMBATE

“Conhecimentos técnicos de suporte de vida realizados por profissionais de


segurança pública, visando ao socorro próprio ou de outro operador ferido no
ambiente operacional, bem como em treinamentos, ou em localidades que
inviabilizam ou dificultam demasiadamente o atendimento por profissionais de saúde
em tempo hábil.”

EXEMPLO: Utilização de torniquete em agente de segurança pública ferido por


disparo de arma de fogo nas extremidades (braços ou pernas).

O APH em combate é regido por três objetivos, a saber:


Salvar vidas que possam ser salvas: Havendo mais de uma vítima a ser atendida,
devemos priorizar aquelas que estão em risco iminente de morte, as que poderão
ser salvas com a aplicação do protocolo, pois em um cenário de combate também
93
nos deparamos com feridos que não apresentam risco iminente de morte, além
daqueles que já apresentam lesões incompatíveis com a vida.
Prevenir a perda de vidas: O atendimento deverá ser realizado no tempo tático
correto, ou seja, quando não houver mais risco de vida para o operador, para que
este não seja também ferido.
Completar a missão de salvamento: A partir do momento em que um agente foi
ferido, qualquer outra missão deverá ser abortada para que toda a equipe foque na
missão de salvar a vítima, realizando a aplicação do protocolo e sua conferência
constante até a chegada de atendimento especializado ou até a remoção para o
hospital.

PNEUMOTÓRAX

Finalizada a verificação do trato respiratório superior realizado na fase A, iniciamos a


fase R que é responsável pela análise do trato respiratório inferior. O trato
respiratório inferior corresponde a todos os órgãos localizados na cavidade torácica:
parte inferior da traquéia, brônquios, alvéolos e pulmões. Nesta fase, o que mais
causa preocupação é o pneumotórax. Contudo, antes de falar sobre a forma de
tratá-lo, é fundamental entender melhor o que é o pneumotórax.
O pneumotórax é a presença de ar livre entre o pulmão e a cavidade da pleura
(membrana interna do tórax), ocasionando então a falência pulmonar. O
pneumotórax é causa prevenível de morte dentro de um ambiente tático. Ele ocorre
por ferimentos penetrantes no tórax, abdômen, ombros e pescoço. Visualizado que a
vítima apresenta esse tipo de ferimento, é fundamental verificar se ela também
apresenta os sintomas característicos do pneumotórax, tais como:

● Hipóxia (falta de oxigenação levando à confusão mental);


● Dificuldade respiratória (respiração rápida);
● Dor torácica;
● Um lado do pulmão sobe mais que o outro durante a respiração;
● Turgência jugular (veias do pescoço ressaltadas).

94
O selo de tórax foi desenvolvido para a prevenção e o tratamento do pneumotórax
hipertensivo. As válvulas permitem a saída do ar pela cavidade torácica durante a
expiração e previnem a entrada do ar pela perfuração durante a inalação.

Massiva Hemorragia

Representado no mnemônico pela letra M, a hemorragia massiva é o


extravasamento do sangue para fora dos vasos ou do coração. Essas hemorragias
necessitam de um socorro rápido e imediato, pois são a principal causa de morte
evitável em combate. Dicas de um possível sangramento maciço:

- Uniforme empapado de sangue;


- Poça de sangue no chão;
- Ferimento pulsando sangue.

Deve-se iniciar a procura pelo sangramento massivo primeiro nas extremidades


(braços e pernas) e depois nas áreas funcionais (laterais do pescoço, axilas, virilha e
nádega). Um grande sangramento pode levar o paciente à perda de consciência de
1 a 3 minutos e a morte de 3 a 5 minutos. Para melhor visualização do ferimento,
quando possível, deve-se realizar o procedimento de retirar ou cortar as
vestimentas da vítima. Para isso, faz-se necessária a utilização da tesoura
ponta romba, equipamento desenvolvido para não gerar dano adicional ao
socorrido, pois sua extremidade é arredondada, evitando-se, assim, a perfuração da
vítima durante a execução do processo. Prezando pela detecção exata do local do
ferimento, recomenda-se que as vestes sejam cortadas sempre do proximal para
o distal, com a finalidade de não espalhar o sangue pelo corpo da vítima, gerando
maior facilidade na localização exata do sangramento e minimizando possível erro
na aplicação do torniquete ou gaze de combate.

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Conheça as técnicas e equipamentos desta fase:

● Compressão local;
De imediato, após a identificação da hemorragia massiva, deve-se realizar
compressão direta sobre o ferimento, que pode ser realizada com as mãos ou até
mesmo com os joelhos, desde que isso não piore o estado do ferimento da vítima. A
compressão direta geralmente é a primeira manobra a ser feita pelo operador.

● Torniquete;
O torniquete é um equipamento utilizado para conter hemorragia massivas em
extremidades: pernas e braços. É um equipamento de aplicação temporária que faz
a constrição externa de veias e artérias. Pode ser utilizado para autoaplicação ou
aplicação em terceiros.

● Preenchimento de ferida com gaze de combate;


O preenchimento da ferida com gaze de combate é utilizado em hemorragia externa
nos locais em que não é possível a aplicação do torniquete, também denominadas
de áreas juncionais. Entende-se por áreas juncionais: axilas, virilha, lateral do
pescoço e nádegas. O objetivo é parar o sangramento, ajudando o corpo a coagular
o ferimento.

● Bandagem Tática.
A bandagem tática ou bandagem israelense é uma atadura elástica com algodão,
poliamida e trava de fechamento de policarbonato. Pode ser utilizada para controlar
sangramentos pequenos a moderados ou para manter a gaze do preenchimento no
local desejado.

Instrumento de menor potencial ofensivo

ESPARGIDORES: São recursos de autodefesa que se destinam ao controle de


pequenos distúrbios, saturação de ambientes ou submissão de indivíduos que
96
resistam à intervenção policial. Líquida Pressurizada: Líquido Transparente, cone de
dispersão que aumenta quanto maior for a distância. Gel: Viscoso e transparente.
Formação de pequenas bolhas, direcionamento do jato.

ALGUNS MODELOS DE ESPARGIDORES:

GL 108/OC MAX E GL 108/OC MEGA:

- Agente químico: OC
- Processo de dispersão: espargimento (Cone de dispersão)
- Distância de emprego: 2m a 5m

GL 108/OC – ESPARGIDORES DE AGENTE PIMENTA

- Agente químico: OC
- Processo de dispersão: espargimento (Espuma)
- Distância de emprego: 1m a 2,5m

Espargidor G.PIM (Spray Natura de Pimenta)

- Ingredientes ativos: Capsaicina natural, Oleoresina Capsicum, OC.


- Propelente SUWA Dupont: Não Inflamável.
- Solução Hidroalcoólica 50/50 de OC Não inflamável.
- Quantidade de jatos: 35 jatos de 1 segundo
-Carga Útil: 25 gramas
-Distância efetiva: 1 metro
-Trava de segurança do acionador: Tipo Flip-Top

ATENÇÃO! Segundo o fabricante Condor, a validade é de 5 anos a partir da


data de fabricação, desde que armazenado na embalagem original, em local
fresco, seco e arejado, distante de paredes, teto e chão e ao abrigo da luz solar. As
97
dimensões e peso do produto possuem tolerância de 10%, para mais e para menos.
Após esse período, o descarte deve ser feito da maneira correta. O treinamento é
indispensável para que o produto seja utilizado.

GRANADAS

Granadas de Mão Explosivas são artefatos dotados de carga detonante


(explosiva), cujo efeito sonoro ou luminoso, obtido com misto explosivo de baixa
velocidade, produz um impacto psicológico ou psicofisiológico, dependendo da
carga química existente em seu invólucro. Esse tipo de granada possui corpo
cilíndrico em borracha e é equipado com acionador do tipo Espoleta de Ogiva de
Tempo (EOT), dotado de duplo estágio de acionamento, o que permite a depotagem
da parte rígida do acionador antes da detonação do artefato. Assim, no momento da
explosão, a granada lançará somente fragmentos de borracha, evitando-se lesões
tanto nas pessoas atingidas quanto nos policiais.

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Especificações Gerais Indoor: Tempo de Retardo 1.5 segundos (Lançamento em
ambiente interno) Outdoor: Tempo de retardo 2.5 segundos (Lançamento ambiente
externo)

GL 304/I-REF GRANADA OUTDOOR EFEITO MORAL

No momento da detonação, provoca efeito atordoante, devido ao intenso barulho


produzido por sua explosão e consequente deslocamento de ar, associado à
projeção de um pó químico branco e inócuo, que traz como carga no interior do
seu invólucro.

GL 305/I-REF GRANDA OUTDOOR LACRIMOGÊNEA

Capaz de produzir efeito psicológico pelo ruído (sopro sonoro) e pelo deslocamento
de ar, característicos de sua carga detonante. Soma-se, a esses efeitos, o
fisiológico, provocado por sua carga química composta de cristais de CS.

99
GL307/I-REF GRANDA OUTDOOR LUZ E SOM – “A RAINDA DAS GRANADAS”

Causa atordoamento pelo intenso barulho e deslocamento de ar provocado pela


detonação da carga explosiva, associado à luminosidade intensa. Dentro de seu
corpo, há uma carga de magnésio (Mg) que, no momento da explosão e em contato
com o oxigênio, se queima provocando um flash responsável pela intensa
luminosidade.

GL 308/I-REF GRANADA OUTDOOR PIMENTA

Capazes de produzir efeito psicológico pelo ruído (sopro sonoro) e pelo


deslocamento de ar, característicos de sua carga detonante. Soma-se, a esses
efeitos, o fisiológico, provocado por sua carga química composta de cristais de OC.

100
Princípios de abordagem aplicados ao sistema prisional

As pessoas privadas de liberdade não possuem todos os direitos dos indivíduos


livres, de forma que as restrições devem ser limitadas ao estritamente necessário,
configurando-se abusivas quaisquer limitações infringidas fora de tais limites. A
Constituição Federal, em seu artigo 5o , inciso XLIX, garante aos “presos o respeito
à integridade física e moral”. O Código Penal, em seu artigo 38, e a Lei de Execução

101
Penal, em seu artigo 3o , igualmente registram que o preso conserva todos os
direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o
respeito à sua integridade física e moral. Nos artigos 40 a 43 da Lei de Execução
Penal, LEP, encontram-se alguns dos direitos dos presos condenados ou
provisórios, atribuindo a qualquer autoridade o respeito à sua integridade física e
moral. No art. 45, §1o , há a proibição expressa de sanções que coloquem em
perigo a integridade física e moral do condenado. Os direitos dos presos provêm de
garantias previstas na Constituição Federal, relacionadas com os fundamentais, os
quais, por sua vez, são previstos e protegidos por inúmeras convenções
internacionalmente aceitas e defendidas. A execução penal deve respeitá-los em
face de sua enumeração constante no artigo 5o. da Constituição Federal. O fato de
cumprir uma sentença na prisão não significa que o recluso perde o direito de ser
protegido de ameaças de violência, tortura, maus-tratos e outros crimes ou da
exposição a riscos à sua saúde física ou mental, e integridade pessoal.
Nesse cenário, são estabelecidas e destacadas as missões dos policiais penais, a
saber:

• prestar assistência em situações emergenciais de fuga, rebelião, incêndios, etc.;


• escoltar, transportar e custodiar presos, bem como executar e organizar as
operações envolvendo essa tarefa, ainda que interestadualmente;
• garantir a segurança do estabelecimento penal através de buscas em celas,
revistas nos presos, visitantes e familiares, bem como através da vigilância dos
perímetros interno e externos do estabelecimento penal;
• zelar pela segurança dos profissionais que realizam trabalhos nos
estabelecimentos prisionais (advogados, médicos, zeladores, etc.);
• realizar a condução segura do preso à presença de autoridades e, também, dar
cumprimento aos alvarás de soltura;
• zelar pela saúde do preso, encaminhando-o ao atendimento médico quando
necessário e, ainda, possibilitando a entrega de medicamentos receitados. Diante
das assertivas contextualizadas, de modo globalizado, passa-se a discorrer acerca
de alguns procedimentos operacionais na atuação no interior de unidades prisionais,
abrangendo-se aspectos de orientação universal:

102
Percepção de riscos

A adoção de uma leitura de atenção voltada à percepção ambiental, especialmente


no cenário interno de estabelecimentos prisionais é de fundamental importância,
para que possa haver uma antecipação de cenário de possíveis comportamentos de
quebra de ordem, motim ou mesmo rebeliões. Essa visão analítica deve contemplar
aspectos comportamentais, aproximação de grupos de internos, a movimentação e
concentração desse grupos, bem como aspectos estruturais de celas, de ambientes
de utilização comum, bem como dos pertences dos mesmos.

Níveis de submissão dos presos

De modo adequado, a submissão a qualquer pessoa ou preso alvo de uma


abordagem ou intervenção direcionada deve obedecer ao critério da necessidade,
ou seja, observando a real necessidade de submissão a procedimentos, em
princípio menos enérgicos e que o coloque em situações desnecessárias em face do
cumprimento das determinações e de um cenário de normalidade. Como por
exemplo, considerando-se uma situação de rotina que envolva uma escolta de um
detento na qual ele deva estar algemado, a colocação das algemas deve ser
realizada em princípio na posição em pé, estando o preso de costas para o agente
responsável, por meio de uma verbalização calma e normal, não se justificando
submetê-lo a uma posição ajoelhado, por exemplo ou mesmo deitado. Obviamente,
em casos excepcionais ou de quebra da ordem, serão necessários protocolos desde
a verbalização com maior ímpeto e energia, bem como procedimentos mais
defensivos, como a utilização de equipamentos defensivos e meios não letais, além
da eventual submissão às posições ajoelhadas e deitadas para uma abordagem,
com o objetivo de garantir a integridade dos agentes envolvidos diretamente nessa
atuação.

Postura e verbalização

Normalmente, a efetividade e o cumprimento das determinações e ordens


emanadas de agentes de segurança têm maior possibilidade de serem cumpridas
103
por meio de uma postura de seriedade, respeito e objetividade, inserida na
legitimidade e na legalidade do contexto determinado. A comunicação deve ser
calma, buscando-se uma compreensão adequada, bem como, no caso de
discussões e exaltação de ânimos, tentar acalmar as emoções, de modo a atingir
uma racionalidade almejada. Contudo, em qualquer atividade policial, o cenário é
bastante dinâmico e complexo, especialmente em se tratando de verbalização com
grupos de pessoas ou presos que comungam opiniões e pleitos, podendo haver ou
não lideranças identificadas.

Princípios de abordagem

Segundo Fraga apud Wanderley e Lúcio e Silva (2011, p. 38), ao efetuarmos uma
abordagem, devemos observar alguns princípios basilares, que são:
1) Segurança – é a certeza, a confiança e a garantia de que não há perigo a recear
no momento de efetuar uma abordagem, sabendo o que faz e se emprega o
procedimento correto. Portanto, constitui-se no ato de cercar-se de todas as cautelas
necessárias para a eliminação dos riscos de perigo, em todas as suas minúcias,
para consecução dos objetivos almejados, lembrando sempre que a ação deve
resultar em eficácia.
2) Surpresa - é a ação inopinada do policial, não possibilitando fuga ou reação do
abordado. Esse fator, além de contribuir decisivamente para a segurança dos
executantes da abordagem, é um desestimulador psicológico da resistência,
propiciando o êxito da ação.
3) Rapidez – é a ação de curta duração na abordagem, não devendo esquecer a
segurança no que faz. Este princípio está proporcionalmente ligado à segurança
com que é desencadeada e executada a operação
4) Ação vigorosa – é a ação resoluta, decidida e firme do policial na hora de
abordar. Devendo entender o real significado de “ação vigorosa” – essa energia
fortalecida – nunca a confundindo com violência arbitrária, com desrespeito ao preso
do qual deve obter compreensão da ação, respeito e obediência.
5) Unidade de comando – é agir sob comando único, evitar conflito de ordens. É de
fundamental importância a existência desse princípio em uma operação, na qual os
executores devem ter na mente o objetivo maior da ação, evitando-se os atropelos,
a multiplicidade de ordens, a indefinição, a indecisão e outros fatores prejudiciais à
104
ação operacional. Analisando-se os princípios elencados, nota-se que
prioritariamente deve haver controle das condições de segurança, ou seja, devem
ser consideradas as peculiaridades e missões atinentes aos policiais penais, bem
como as condições e cenários esperados no ambiente prisional, toda intervenção
deve ser protocolar e respeitar critérios técnicos relativos ao efetivo necessário, aos
equipamentos e aos meios a serem disponibilizados, dentre outros fatores. Outra
importante alusão refere-se à organização tática de qualquer procedimento, estando
predeterminadas e preestabelecidas as funções dos operadores: o responsável
pelas ordens, que fará eventuais vistorias e revistas; o que efetuará se necessário a
contenção e imobilização de um preso, dentre outros aspectos. A agilidade e
objetividade da ação podem permitir maior possibilidade de haver o controle
situacional, embora o fator surpresa já tenha um certo comprometimento por se
tratar de um ambiente confinado. O vigor da ação é absoluta e obrigatoriamente
vinculado ao uso progressivo e escalonado da força necessária para o alcance
pleiteado com a ação.

Tipos de Escolta

Escoltas de bens e valores: ATENÇÃO! As escoltas de bens e valores são


acompanhadas e fiscalizadas pela Polícia Federal e podem ser executadas por
empresas privadas, tendo todas as autorizações necessárias para tal finalidade,
principalmente haja vista a utilização de armamento letal durante o transporte.

A Polícia Militar e os demais órgãos de segurança pública do


Estado poderão atuar em apoio às escolas, uma vez que forem
solicitadas mediante convênio, ou até mesmo em situações
extraordinárias, as quais serão objeto de avaliação dos
responsáveis pelas instituições.

Escoltas de dignitários: ATENÇÃO! As escoltas de dignitários são de competência


das Forças Armadas do Brasil ou da Polícia Federal, quando se tratar de
autoridades Federais ou Mundiais.
105
Quando temos autoridades estaduais ou municipais, no Estado
de Minas Gerais, a realização das escoltas caberá a Polícia
Militar. Quando se tratar de pessoas assemelhadas a
dignitários deverá ser expedida uma autorização, a qual deverá
conter em seu teor a solicitação para a devida escolta e os
motivos para tal.

Escoltas de testemunhas sob proteção judicial:


O Governo Federal através da Lei nº 9.807, de 13 de julho de
1999, assegura escolta e proteção às testemunhas de crimes
que colaboram com a investigação policial e com o processo
criminal.

Classificação das Escoltas

4.1. Quanto à complexidade

Ordinária: Este tipo de escolta é solicitado com antecedência pela autoridade


competente e, dessa forma, exige planejamento prévio e específico no que tange
aos recursos a serem empregados tanto logísticos quanto humanos. Esse tipo de
escolta deve ser empregado por equipe específica. Nas unidades prisionais do
Estado temos o grupamento de escoltas, o GETAP. Este grupamento fica a cargo
das escoltas ordinárias.

Extraordinária: Nas escoltas extraordinárias temos alguns atributos que podem


oferecer risco tanto para os agentes quanto para o escoltado. Há necessidade de
um trabalho da equipe de inteligência para obter informações para que a escolta
ocorra da melhor maneira possível. Como o próprio nome já traz, na escolta
extraordinária não há um prévio planejamento. Temos como exemplo uma escolta a
uma cerimônia fúnebre. Essa escolta deverá ser realizada por unidade especializada
106
como o COPE e na falta deste o próprio GETAP da unidade. Um outro exemplo é a
escolta de um preso com elevado grau de periculosidade. Nesse caso, faz-se
necessária a presença também da unidade especializada da Polícia Militar.

Escolta Externa Hospitalar: ATENÇÃO! A escolta hospitalar é um dos tipos de


escolta efetuados pela polícia penal com maior complexidade, principalmente tendo
em vista a facilidade para o arrebatamento do detento. Este tipo de escolta requer
do agente de segurança pública uma atenção elevada, principalmente tendo em
vista a fragilidade de segurança do local. Em muitas situações, a escolta hospitalar
ocorre em hospitais da rede pública. Observa-se neste local grande circulação de
pessoas e, por este motivo, a escolta hospitalar é uma das escoltas extraordinárias
mais complexas e complicadas de serem realizadas pelos agentes. Para tanto, o
caderno doutrinário da PMMG e o Regulamento de Normas e Procedimentos do
Sistema Prisional nos relatam algumas observações e instruções que devemos
seguir.
I - trajar obrigatoriamente o uniforme oficial, conforme norma em vigor;
II - respeitar as normas da administração do Estabelecimento Hospitalar, sem
prejuízo dos critérios de segurança;
III - manter sempre o preso dentro do seu campo de visão;
IV - não se afastar do posto de serviço sem prévio rendimento; e
V - portar rádio HT para facilitar a comunicação;
VI - portar armamento adequado para garantir a segurança dos agentes e do
escoltado.
A escolta poderá ocorrer, em seu primeiro estágio, em uma ambulância. Desta
forma, deverá haver a presença de um policial penal, desarmado, presente junto à
equipe de socorristas no compartimento de pacientes durante todo o trajeto, e
juntamente com o motorista teremos um policial penal devidamente armado
realizando a segurança dos envolvidos presentes na ambulância.

§ 1º Os Policiais Penais se posicionarão de forma a não prejudicar a atuação dos


profissionais da ambulância, mas sem prejuízo dos critérios de segurança, estando
autorizados a intervir para preservar a integridade própria e dos demais, inclusive do
próprio preso, lançando mão do uso moderado e progressivo da força.

107
§ 2º A ambulância do SUS que esteja transportando presos, além da presença dos
ASPs junto ao preso e ao motorista, será escoltada por uma ou, de preferência,
duas viaturas do Sistema Prisional.

§ 3º O Policial Penal só não permanecerá junto à equipe de socorristas quando sua


presença inviabilizar o atendimento, contudo, dever-se-á levar em conta a segurança
dos próprios socorristas e do próprio preso, sendo que tal situação deverá ser
resolvida em comum acordo com os profissionais da saúde.

§ 4º No caso previsto no § 3º deste artigo, quando não houver consenso entre a


Equipe de Escolta e os Profissionais de Saúde envolvidos na operação, a situação
deverá ser rapidamente comunicada à Direção da Unidade Prisional, a qual deverá
orientar a conduta mais acertada por parte dos Policiais Penais.

ATENÇÃO! A direção da unidade prisional responsável pelo detento escoltado


verificará se a fundação hospitalar fornecerá alimentação para os Policiais Penais
escalados no local. Caso não disponha de alimentação, a unidade prisional deverá
fornecer a alimentação para os agentes incubidos pela escolta.

Escolta Aérea: A escolta aérea é destinada a locomoção de detentos de alta


periculosidade, ou até mesmo recaptura de foragidos que se encontram detidos em
outros estados da federação. Via de regra quem realiza a referida escolta são os
intregrante do Comando de Operações Especiais (COPE). conforme previsto no art.
70 do Decreto Estadual nº 46.647/2014 e orientado pelas diretrizes da
Superintendência de Segurança Prisional –SSPI:

I – planejar, distribuir, supervisionar e, quando for o caso, atuar diretamente na


operacionalização de escolta de presos de alta periculosidade, bem como realizar,
sempre que solicitado pela Superintendência de Segurança Prisional, intervenções
táticas e inspeções no âmbito do Sistema Prisional, com a finalidade de manter a
ordem e a disciplina em conflitos, motins e rebeliões ocorridos em Unidades
Prisionais;

108
II - intervir administrativamente nas Unidades Prisionais com a finalidade de
recondução da ordem e disciplina em situações de crise, quando autorizado pelo
Subsecretário de Administração Prisional;
III - realizar operações locais, intermunicipais e interestaduais de escolta de preso,
quando a sua periculosidade justificar tal medida;
IV - participar de inspeções no âmbito do Sistema Prisional, quando solicitado pelo
Superintendente de Segurança Prisional;
V - prevenir e inibir atos que atentem contra o Sistema Prisional e seus integrantes,
priorizando operações preventivas de patrulhamento e escolta de Diretores da
SUAPI, quando necessário;
VI - produzir e intercambiar informações, atuando de forma integrada com os
demais Órgãos de Defesa Social, visando auxiliar nas operações de recaptura de
foragidos, bem como na proteção do Sistema Prisional;
VII - propor políticas e normas que visem à atuação operacional integrada dos
grupos de escoltas e intervenções do Sistema Prisional. Parágrafo único. O
Comando de Operações Especiais, além das prerrogativas previstas nos incisos
deste artigo, constitui força especial de reação da Subsecretaria de Administração
Prisional e será integrado por Agentes de Segurança Penitenciários efetivos
aprovados em processo seletivo interno.

Meios de Transporte

Viatura para transporte do detento, geralmente no modelo sprinter. Quando em


escoltas com maior número de presos poderá ser utilizado o recurso de ônibus da
instituição, para transferência de detentos. Outro recurso que pode e deve ser
utilizado, são viaturas de menor porte como a Chevrolet S10, 4x4, para atuarem em
situações adversas e garantir a segurança da escolta. Podem ainda ser utilizadas
viaturas descaracterizadas para o serviço de inteligência. ATENÇÃO! Nas
escoltas, recomenda-se que se tenha uma viatura com a função de atuar em
situações adversas. Sendo assim, evitando que o comboio pare ou sofra qualquer
situação que coloque em risco a vida dos agentes e do escoltado.

109
PARTES DA PISTOLA TAURUS – PT100

A pistola Taurus (PT100) é composta das seguintes partes:


Cabo/Punho: Parte usada para empunhar a arma.
Carregador: Parte onde se encontram alojadas verticalmente as munições.
Retém do carregador: Quando acionado, possibilita a remoção do mesmo, ou para
municiar ou remuniciar.
Ferrolho: Peça móvel que envolve o cano, possui em sua superfície alça e massa
de mira e, em seu interior, basicamente, o precursor do cano.
Cão: Quando se aciona o gatilho, leva o precursor indiretamente à espoleta. Após o
primeiro tiro, como consequência do movimento do ferrolho, o cão permanece
sempre engatilhado.
Gatilho: Localizado abaixo do ferrolho, quando acionado movimenta o cão.
Guarda mato: Protege o gatilho de eventuais acionamentos acidentais.
Massa de mira: Em conjunto com a alça de mira, faz a linha de visada ao alvo
desejado.
Alça de mira: Localizada próxima ao cão, tem a mesma função do revólver, ou seja,
serve para efetuar a correta pontaria.
Retém do ferrolho: Alavanca cuja finalidade é a liberação do ferrolho que
permanece aberto após a deflagração da última munição.
Cano: "Tubo" raiado pelo qual o projétil passa em seu interior.
Trava do Gatilho: Mecanismo de segurança que impede o disparo acidental

110
REGRAS DE SEGURANÇA

No manuseio com arma de fogo, a segurança tem que ser um item observado e
seguido à exaustão. Não são raros os casos em que a inobservância às regras de
segurança causou disparos acidentais que vitimaram ou lesionaram, com gravidade,
pessoas que realizavam o manuseio do armamento ou encontravam-se próximas.
Diversos fatores podem ocasionar tal fato, como excesso de confiança, falta de
atenção, desconhecimento do funcionamento do armamento, irresponsabilidade,
entre outros. Iremos apontar as principais regras de segurança no próximo tópico,
contudo o dogma que chamamos de segurança a 200% é o ponto inicial de todo o
processo: “Dedo fora do gatilho e controle direcional do cano.” As outras regras de
segurança não estão abaixo do binômio apontado, contudo, se NÃO observadas, a
chance de ocorrências de lesões ou mortes será grande.

Manuseio de Arma de Fogo

É fundamental que sejam observados ações e comportamentos no manuseio com


arma de fogo. São eles:
1) Sempre considerar que a arma está carregada, ainda que tenha a certeza de que
está descarregada;
2) Jamais apontar uma arma para qualquer coisa ou pessoa que não pretenda
atingir, salvo em legítima defesa;
3) Certificar-se de que seu alvo e a zona que o circunda são capazes de receber os
impactos com segurança;
4) Ao sacar ou coldrear uma arma, fazer sempre com o dedo fora da tecla do gatilho,
assim permanecendo até que esteja realmente apontando para o seu objetivo;
5) Nunca transportar ou coldrear a arma com o cão armado e destravada;
6) Realizar treinamentos de tiro apenas em estandes de tiro credenciados, que
ofereçam segurança;
7) Ser cauteloso ao atirar em superfícies duras, pois os disparos irão ricochetear
(Ex.: metais, rochas, água etc.);

111
8) Observar que as travas de segurança de uma arma são apenas dispositivos
mecânicos sujeitos a falhas, por isso não se deve testá-las com uso de munições
reais;
9) Não misturar drogas e bebidas alcoólicas com armas de fogo;
10) Sempre que entregar ou receber uma arma, executar uma inspeção de
segurança. Não é ofensa verificar uma arma ao recebê-la;
11) Nunca abandonar a arma, carregada ou não;
12) Nunca receber uma arma em sua direção puxando-a pelo cano;
13) Antes de iniciar qualquer limpeza ou manutenção, efetuar a inspeção de
segurança;
14) Nunca deixar, de forma descuidada, uma arma e, ao guardá-la por longo tempo,
separar a arma da munição, mantendo-as longe do alcance de menores de dezoito
anos ou pessoas com deficiência mental;
15) Quando estiver atirando com revólver, jamais colocar a mão sobre o cano à
frente do tambor, pois essas peças movimentam-se durante o disparo e ainda
possuem os orifícios para saída de gases. Revólveres desprendem lateralmente
gases em alta velocidade e resíduos de chumbo e pólvora em combustão. Manter as
pessoas afastadas de sua lateral;
16) Controlar a munição a fim de verificar se corresponde ao calibre da arma;
17) Sempre transportar a arma no coldre, salvo quando houver a consciente
necessidade de utilizá-la;
18) Nunca engatilhar a arma quando não houver a intenção de atirar (armas de ação
dupla);
19) Quando a arma estiver fora do coldre, empunhada para o tiro, estar
absolutamente certo de que a arma não esteja apontada para qualquer parte de seu
corpo ou de outras pessoas ao seu redor;
20) Tomar cuidado com obstruções do cano quando estiver atirando. Caso ouvir ou
sentir algo de anormal com o recuo ou a detonação, interromper imediatamente os
disparos. Verificar cuidadosamente a existência ou não de obstruções no cano. Um
projétil ou qualquer outro objeto deve ser imediatamente removido, mesmo se
tratando de lama, terra, quantidade excessiva de graxa ou óleo etc., a fim de evitar
que as raias sejam danificadas ou o cano destruído;
21) Nunca transportar uma arma no bolso, bolsa ou pochete. Usar a embalagem
apropriada ou um bom coldre, seja ele ostensivo ou dissimulado.
112
REDS

As atividades de segurança pública são absolutamente complexas. A complexidade


é observada em diversas situações, que exigem uma atuação centrada no
profissionalismo e que determinam o emprego de uma série de conhecimentos
distintos, ao mesmo tempo. Assim, seja um policial civil, militar ou penal, em muitas
oportunidades, é necessário empregar competências interdisciplinares, que
envolvem conhecimentos operacionais (como uso da força física, emprego de
equipamentos táticos, armas menos letais ou armamento de fogo real),
conhecimentos jurídicos (no uso do poder de polícia, na prisão em flagrante delito,
na condução de uma pessoa com ou sem o emprego de algema), ou ainda,
mediação de conflitos (a partir da Comunicação, da Psicologia, da Sociologia, entre
outros). A atividade de polícia funciona como um ciclo: de um fato relevante que
determina a atuação policial, para uma intervenção, com um resultado relacionado à
ação e, finalmente, para a adoção de um conjunto de medidas
jurídico-administrativas de registro de tudo o que se sucedeu. Na verdade, tudo o
que ocorre no trabalho policial é relevante. Naturalmente, algumas questões são
mais relevantes do que outras. Na incidência de fatos que acarretem a necessidade
da atuação direta do profissional-policial, ou ainda, que gerem prejuízos importantes
no que tange à integridade física ou patrimonial das pessoas, ou que demonstrem
graves infrações à ordem pública, jurídica e/ou social, após a atuação policial, é
necessário elaborar o Registro de Evento em Defesa Social ou Registro de Defesa
Social (REDS). Como órgão de segurança pública, envolvido diretamente na
execução da pena, no controle de seus incidentes, na segurança da atividade
prisional e das próprias pessoas que cumprem pena, a Polícia Penal é competente
para elaboração do REDS. Representada pelo policial penal, na incidência de um
evento de infração da lei penal ou na possível violação da ordem pública atinente ao
cumprimento da pena, ao final de uma intervenção policial ou administrativa, a
Polícia Penal deverá elaborar o devido REDS, ainda que do fato não decorram
grandes alterações, prejuízos ou danos, posto que o instrumento em questão possui
múltiplas funções a serem apresentadas ao longo desta disciplina. E, por se tratar da
confecção de um documento oficial, não poderíamos deixar de pautar nosso
trabalho nos manuais do próprio Estado para confecção do REDS.

113
Assim, o REDS é uma ferramenta essencial para que a SEJUSP e as polícias
possam realizar o planejamento estratégico das corporações e para que os
processos de tomada de decisão e de produção de conhecimento sejam otimizados.
Naturalmente, esse processo precisa ser enfeixado em um amplo arcabouço
tecnológico, que atende de maneira compatível entre si as forças de segurança do
Estado, de maneira que a integração possa aumentar a eficiência das ações
policiais e serem concebidas como meio de comunicação comum. É importante
destacar que o sistema é desenvolvido no plano de impedir invasões de terceiros
(radiocomunicação troncalizada), ligado ao sistema global de posicionamento (GPS),
para que as viaturas policiais e os próprios agentes sejam monitorados e o sistema
aperfeiçoado. Cumpre ressaltar que está em pleno estudo o sistema de
monitoramento do trabalho policial por câmeras de vídeo, o qual será absolutamente
integrado às demais tecnologias que compõem o sistema do SISP. O SISP e o
REDS se integram, perfeitamente, ainda, ao Sistema de Inteligência Policial do
Estado de Minas Gerais, que é objeto de outra disciplina do nosso curso.

Dentre suas funções, ao COEPP compete a gestão da plataforma do REDS no


âmbito da polícia penal, contando com uma assessoria técnica que compreende os
sistemas das diversas forças policiais de maneira integrada, denominada de
Assessoria Técnica do Sistema Integrado de Segurança Pública - AT-SISP

O REDS é uma poderosa ferramenta para produção de conhecimento. Ele é


empregado não apenas pelos órgãos de segurança pública, mas também pelo
Poder Judiciário e pelo Ministério Público, como documento público de registro de
ocorrência (vide a legitimidade do agente policial) e pelos órgãos de governo para o
desenvolvimento do planejamento do próprio sistema de segurança pública. Em uma
ocorrência policial, o REDS consegue registrar o modus operandi (modo de operar)
de criminosos, características e sinais particulares de pessoas não identificadas,
dados estatísticos e criminais, objetos de delito, apreendidos e/ou utilizados na
prática delituosa, meios de atuação empregados pelas autoridades constituídas,
dados sobre partes envolvidas (autor, vítima e testemunhas), locais de incidência
(geolocalização de eventos) e outros dados e informações.

114
Outrossim, o REDS concebeu tabelas de registro de dados com códigos comuns a
todas as organizações, facilitando a interface entre os sistemas de informações do
Estado, bem como a instrução de operadores do sistema, sendo um sistema
disponível para todas as forças de segurança do Estado.

Características da Crise

Uma crise é caracterizada pelos seguintes fatores:

• Ameaça à vida, ou seja, sempre haverá um cenário de exposição da vida ou grave


ameaça à integridade física;
• Imprevisibilidade, considerada um evento inesperado, cuja eclosão é pautada
pela surpresa, independentemente de ser previsível;
• Compressão de tempo, a tomada de decisões é pressionada pela exiguidade de
tempo, de cuja urgência e celeridade decisória podem depender os resultados
almejados;
• Necessidade de postura institucional: deve haver contramedidas das agências
envolvidas devidamente legitimadas para planejar, implementar, mobilizar e atuar,
devidamente capacitadas de acordo com suas missões, fruto de treinamento,
suporte logístico adequado e planejamento executivo de atuação coordenada; além

115
de se exigir que toda ação organizacional deve ser revestida de respaldo legal para
atuação, ou seja, agir em legítima defesa, estado de necessidade ou estrito
cumprimento do dever legal.

Critérios de Intervenção

Em qualquer missão a ser desempenhada, a “avaliação de riscos” torna se


obrigatória para operadores terem um norteamento de possíveis alternativas 9
táticas que possam atender especialmente sua legitimidade e sua proporcionalidade,
considerando-se que toda intervenção não pode potencializar ou agravar os riscos e
impactos já oferecidos pelos causadores do evento crítico. Ressalta-se igualmente a
importância dos critérios de ação, que devem subsidiar e vincular o processo
decisório no tocante às ações policiais de intervenção:

• Necessidade: a ação deve ser indispensável, imprescindível para a salvaguarda


da integridade das vidas envolvidas.
• Aceitabilidade: deve ter respaldo legal, moral e ético;
• Validade do risco: consideração e prospecção dos riscos e impactos diretos, e
indiretos. Nesse sentido, o FBI reconhece a validade quando as chances de redução
dos efeitos sejam maiores do que a não interferência tempestiva na situação.

Alternativas táticas para a resolução de crise

Para a resolução de crises, serão delineadas as alternativas a serem escalonadas


diante das condições reais da ocorrência, ressaltando-se que, prioritariamente, a
negociação deve ser exaustivamente aplicada em face da expectativa de haver uma
composição pacífica na mediação e resolução, ou seja, a rendição dos causadores e
a libertação voluntária de eventuais reféns envolvidos. As alternativas existentes
são: - Negociação A negociação é o contato com os causadores da crise, a fim de,
inicialmente, ser estabelecido um elo de comunicação, cuja efetividade se fortalece à
medida que se consegue estabelecer a confiança ou uma certa relação, denominada
rapport pela doutrina; atualmente as Forças de Segurança investem na capacitação
116
do contingente operacional para, eventualmente, poderem atuar inicialmente nessas
funções de negociação, visando assegurar que o primeiro atendimento do evento
seja condizente e alinhado à doutrina e ao protocolo estabelecidos. Há dois tipos
de negociação:

• Negociação Real é o processo de comunicação direcionado à rendição dos


causadores do evento e a libertação de reféns.
• Negociação Tática é a continuação da negociação real, quando frustrados os
objetivos iniciais de resolução pacífica; promove apoio e direcionamento do cenário
para mitigação de riscos e colateralidades da ação tática, quando definida ou já
autorizada. O papel do negociador nesse caso é o levantamento de informações e a
definição do melhor momento ou circunstância para iniciar a ação.

NEGOCIAÇÃO:

A negociação tem como objetivos:

• Ganhar tempo para a composição de recursos de apoio ou especializados, para a


formação do gabinete de crise ou mesmo para buscar acalmar os ânimos dos
causadores, buscando-se alcançar racionalidade em suas ações;
• Abrandar as exigências e contextualizar as limitações dos eventuais pedidos ou
exigências, obedecidos os critérios estabelecidos, a política de segurança e as
implicações legais;
• Colher informações acerca do estado emocional do causador, verificar possíveis
lideranças, estado das vítimas e reféns, condições do local, níveis de confinamento,
poder bélico ou armas disponíveis, dentre outros fatores;
• Promover suporte tático, a fim de subsidiar ou direcionar o cenário para possíveis
intervenções diretas pelo grupo tático.

117
Emprego de agentes químicos, equipamentos ou recursos de menor potencial
ofensivo:

O emprego de procedimentos e tecnologias especiais, visando à neutralização do


potencial agressivo dos causadores é uma alternativa tática a ser considerada,
como por exemplo, as imobilizações, o emprego de agentes químicos, armas
neuroincapacitantes ou utilização de munição de impacto controlado. A doutrina
reconhece três grupos de contramedidas não letais:

• Armas não letais: visam debilitar ou incapacitar temporariamente o agressor, sem


causar graves danos a sua integridade;
• Munição não letal: embora possam ser disparados a partir de armas letais ou por
equipamentos próprios, tem o objetivo de incapacitação parcial ou temporária;
• Equipamentos não letais: equipamentos de proteção individual ou coletiva, para
aumentar as condições defensivas durante uma intervenção; devem ser
proporcionais aos riscos e ameaças presentes no incidente crítico.

Disparo de precisão

Por meio de sniper ou atirador designado: Esgotadas as alternativas anteriores,


pode ser autorizado o emprego de força letal por meio de disparo de precisão em
casos excepcionais, nos quais, comprovadamente, vidas envolvidas estejam em
risco mortal. Vale ressaltar que a concepção do sniper o define como um profissional
altamente capacitado e treinado para efetuar disparos em situações adversas,
estando estrategicamente posicionado no cenário, com recursos bélicos e
dispositivos de pontaria estática, normalmente subsidiado e norteado por um
operacional observador, cuja destreza pode permitir disparos cirúrgicos em
determinadas circunstâncias. O “atirador designado” é um operador que
normalmente compõe um grupo policial, não possuindo necessariamente a formação
técnica de um sniper, mas que possui plena destreza para atuação e intervenção por
meio de disparo de precisão, cujo emprego verifica-se normalmente em crises
118
dinâmicas, em que o cenário não está confinado a edificações ou às condições
estáticas; normalmente opera com armamento convencional das tropas de
segurança pública, ou seja, normalmente um fuzil de uso policial. 12 Sua atuação é
um importante recurso em eventos críticos como domínio de cidades, ações do
“novo cangaço”, roubos a estabelecimentos de transporte e custódia de valores,
dentre outras situações.

Emprego de Grupo Tático

Quando não houver possibilidade de emprego das alternativas anteriores ou, ainda,
na falta de êxito, poderá haver emprego do Grupo Tático para intervir no evento,
destacando-se a possibilidade dos riscos, uma vez que o controle no uso da força
dependerá das circunstâncias encontradas.

RENP

Art. 614. A inclusão do protocolo de apuração de faltas disciplinares neste


Regulamento Geral destina-se a padronizar nas Unidades Prisionais da
Subsecretaria de Administração Prisional, da Secretaria de Estado da Defesa Social
de Minas Gerais, para a realização do Conselho Disciplinar, normas básicas de
conduta e disciplina dos presos, bem como seus direitos e deveres.
§ 1º Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar os condenados à pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos, bem como o preso provisório e pessoa sob
monitoração eletrônica, sendo que este último, apenas naquilo que couber.
§ 2º - Também estão sujeitos à disciplina carcerária os presos sob a guarda ou
custódia de servidores da Subsecretaria de Administração Prisional ou de outras
autoridades e seus agentes, nos seguintes casos:
I – Durante a sua movimentação fora da Unidade Prisional;
II – Durante o seu internamento em unidades de saúde;
III-Durante as audiências perante autoridades administrativas, legislativas ou
judiciárias.
119
Art. 615. A disciplina consiste no cumprimento da ordem, na obediência às
determinações das autoridades e no desempenho do trabalho.
§ 2º Nas faltas graves e violações por monitoração eletrônica, o Diretor Geral as
representará ao Juiz da Execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125 e 127 da
Lei. 7.210 de 11/07/84.

Art. 618. Nenhum preso poderá desempenhar função ou tarefa disciplinar ou de


liderança na unidade prisional.
Art. 619. O condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o
preso provisório e em monitoração eletrônica, no início da execução da pena ou da
prisão, será cientificado das normas disciplinares da Subsecretaria de Administração
Prisional.
Art. 620. Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança e ou
monitoração eletrônica, no que couber, o disposto neste Regulamento.

DOS DEVERES E DOS DIREITOS

ATENÇÃO! A partir deste momento, observaremos os direitos e também os deveres


dos presos enquanto submetidos a este regulamento. Vale lembrar que o
cometimento de falta acarretará aos detentos suspensão temporária de alguns
direitos, retirada de postos de trabalho e estudo, e até mesmo possibilidade de
regressão de regime, dependendo da falta disciplinar.

DOS DEVERES

Art. 621. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu
estado, submeter-se às normas de execução da pena ou da medida de segurança.
Art. 622. Constituem deveres do preso:
I - Permanecer na Unidade Prisional até a sua liberação;
II - Manter comportamento disciplinado e cumprir fielmente a sentença que lhe foi
imposta;
III - Respeitar as normas do regime prisional, estabelecidas por leis, decretos,
resoluções e portarias;
120
IV - Observar atitude de obediência com o servidor e respeito e urbanidade com
qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
V - Manter conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de
subversão à ordem ou à disciplina;
VI - Executar o trabalho, as tarefas e as ordens recebidas;
VII -Manter atitude de submissão à sanção disciplinar imposta;
VIII - Indenizar os danos causados à administração da Unidade Prisional;
IX - Observar a higiene pessoal e o asseio da cela ou alojamento;
X - Conservar os objetos de uso pessoal e/ou tornozeleira eletrônica;
XI - indenizar o Estado, quando possível, das despesas com a sua manutenção,
mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho.

ATENÇÃO! A lei reserva à autoridade administrativa a decisão sobre pontos


secundários da execução da pena, tais como: horário do banho de sol, alimentação,
cela onde o preso será alocado, horário e dia de visita, etc. Mesmo nesses casos, é
resguardado ao preso que se sinta prejudicado o acesso ao poder judiciário.

DOS DIREITOS

Art. 623. Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral do


condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, do preso provisório
e ao submetido à medida de segurança ou monitoração eletrônica.
Art. 624. São direitos do preso os direitos civis, os sociais e os especificamente
prisionais.
Art. 625. O preso conservará todos os direitos que não haja perdido ou não lhe
tenham sido suspensos, por força de lei, sentença ou ato administrativo.
Art. 626. Os direitos prisionais derivam da relação jurídica constituída entre o preso e
a administração prisional.

Art. 627. Constituem direitos do preso:

I - Receber uniforme e alimentação suficiente;


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II – Atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Constituir um pecúlio;
IV – Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, estudo, descanso e
recreação;
V – Exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VI - Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social, religiosa e
psicológica, conforme as normas vigentes;
VII - Ser protegido contra qualquer forma de sensacionalismo;
VIII - Receber seu Advogado e ou defensor público e com ele conferenciar
reservadamente nos dias e horários determinados;
IX - Ser visitado por seu cônjuge, companheira, parentes e amigos em dias
determinados e em conformidade com que estabelece este Regulamento;
X - Ser chamado e identificado pelo nome;
XI – Não sofrer tratamento desigual, salvo quanto às exigências da individualização
da pena.
XII - Ser ouvido pela direção da Unidade Prisional onde estiver recolhido nos dias
úteis e horários estabelecidos;
XIII - Peticionar às autoridades em defesa de direito, conforme as normas 30
vigentes;
XIV – Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura
e de outros meios de informação que não comprometam a segurança, a moral e os
bons costumes;
XV - Receber anualmente, do juiz da execução, o levantamento de pena a cumprir;
XVI – Saída diária da cela para banho de sol por no mínimo 02 (duas) horas;
XVII - Receber, ao ser recolhido na unidade prisional, todas as informações sobre
seus direitos, deveres, concessões e demais orientações sobre o seu modo de agir;
XVIII - Não sofrer discriminação de qualquer natureza. Parágrafo único. Os direitos
previstos nos incisos V, IX e XVI deste artigo poderão ser suspensos ou restringidos
mediante ato motivado do Diretor Geral, ouvido o Conselho Disciplinar, pelo prazo
de até 30 (trinta) dias, devendo ser a decisão informada ao Juiz de Execução.

Art. 628. A assistência à saúde poderá ser prestada na Unidade Prisional ou fora
dela, quando o Estabelecimento não estiver aparelhado para provê-la.
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