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LEI 8.

112/90 – ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Abrangência: de acordo com o artigo 1º, esta lei institui o Regime dos servidores
União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas
federais.

Servidor público: é aquele legalmente investido em cargo público.

Estágio probatório: tem duração de três anos (STF e STJ – art. 41 da CF). No
estágio será avaliado o seguinte:

I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV - produtividade; V-


responsabilidade.
PROVIMENTOS: São as hipóteses de ocupação do cargo público. Prover é
ocupar. Se divide em originário e derivado.

1) Originário: é o primeiro provimento do sujeito na carreira pela primeira vez. Não


necessariamente no serviço público e sim na carreira.

a) Nomeação: ocorre com aprovação em concurso público de provas ou de


provas e títulos. A investidura ocorre somente com a posse, que ocorrerá em 30
dias. O exercício tem que se dar em 15 dias. Caso tenha sido nomeado e não
tome posse, o ato é tornado sem efeito.
Obs.: é possível que alguém tome posse no lugar do aprovado, desde que tenha
uma procuração com poderes específicos.
2) Derivado: é o provimento que decorre da existência de um provimento
originário anterior e depois vai prover outros cargos na mesma carreira.

a) Promoção: o sujeito ingressa na carreira e depois ocupa cargos superiores na


mesma carreira.
b) Readaptação: ocorre sempre que o servidor sofrer limitação na capacidade
física ou mental e precisa ser readaptado em outro cargo que tenha funções
compatíveis com as limitações que sofreu.
c) Reversão: é o retorno à atividade do servidor aposentado por dois motivos:
- invalidez, cessados os motivos da aposentadoria;
- No interesse da administração.
Obs.: o aposentado compulsoriamente, não reverterá.
d) Reintegração: É o retorno do servidor público estável em cargo público em
virtude da anulação da demissão por decisão administrativa ou judicial.
e) Recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado.
Ocorre em duas hipóteses:
- Ocorre na reintegração do anterior ocupante do cargo;
- Não aprovado em estágio probatório de outro cargo, ocorre a recondução para
o cargo de origem.

f) Aproveitamento: retorno ao cargo público do servidor que estava em


disponibilidade.
Disponibilidade: é a colocação do servidor estável em inatividade provisória,
período durante o qual receberá remuneração proporcional ao tempo de serviço.
VACÂNCIA

a) Falecimento;
b) Aposentadoria;
c) Readaptação: (hipótese de provimento e vacância);
d) Promoção: (hipótese de provimento e vacância);
e) Exoneração: não tem caráter punitivo.
f) Demissão: tem caráter punitivo.
g) Posse em cargo inacumulável: se o servidor tomar posse em cargo
inacumulável com o primeiro, ele vaga o primeiro cargo e ocupa o segundo.
DESLOCAMENTO

a) Remoção: é o deslocamento do servidor dentro do mesmo quadro de pessoal,


com ou sem mudança de sede. Pode ocorrer:
- de ofício: no interesse da Administração
- a pedido: concedida a critério da Administração.
Obs.: mesmo que seja feita a pedido ela se dará a critério da Administração, ou
seja, é ato discricionário.
Atenção: existem três hipóteses em que o ato é vinculado, ou seja, enseja o
direito de pedido de remoção que não pode ser negado pela administração. São
eles:
Exceções (ato vinculado):

1) Deslocamento do cônjuge.
• Jurisprudência do STJ: o cônjuge que foi deslocado de ofício pode ser
empregado da Administração Direta ou Indireta.

2) Por motivo de saúde demonstrado por laudo médico oficial, seja do próprio
servidor, companheiro ou dependente econômico.

3) O STF já pacificou o entendimento de que a administração não tem obrigação


em realizar o concurso para remoção, mas se o fizer deve respeitá-lo. Nestes
casos, há outra hipótese de remoção não opcional por parte da Administração.
b) Redistribuição: é o deslocamento do cargo público ocupado ou vago. Se o
cargo estiver ocupado o servidor tem que ir junto, mas a intenção não é o
deslocamento do servidor, mas sim do cargo.
Tem que ser entre órgãos ou entre entes da federação, desde que seja dentro do
mesmo Poder.
Exemplo: em 2007 foi criada a super receita; até 2007 a União cobrava os
impostos federais e o INSS cobrava as contribuições previdenciárias. Após 2007
todas essas cobranças eram de responsabilidade da União.

A redistribuição é sempre de ofício, no interesse da Administração.

Conclusão: Na redistribuição o interesse da administração é pressuposto e na


remoção o interesse da administração é modalidade.
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS

a) Do vencimento e da remuneração:
- Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com
valor fixado em lei.
- Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
• As vantagens são:
- Indenizações: diárias, ajuda de custo, transporte e auxílio moradia (não
representam acréscimo patrimonial);
- Gratificações: de função, natalina e por encargo de curso ou concurso;
- adicionais: insalubridade, periculosidade e penosidade, hora extra, noturno e
férias.
* Súmula vinculante nº 16 do STF: Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC
19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo
servidor público.

- Conclusão: a lei 8112/90 foi alterada e estabelece que a remuneração não


pode ser inferior ao salário mínimo, mas o vencimento pode ser.
LICENÇAS (arts. 81 a 92 da Lei)

a) Licença em virtude de doença na família (EP): tem que ser demonstrado pelo laudo
médico oficial demonstrando ainda três requisitos:
- Doença na família.
- Doente depende de assistência direta do servidor.
- Impossibilidade de conciliar a assistência com o serviço público.

b) Licença para afastamento do cônjuge/companheiro (EP): o afastamento do


cônjuge do servidor todas as vezes que o cônjuge seja deslocado a trabalho,
independentemente de ser trabalhador público ou privado.
Obs.: sem remuneração e sem prazo determinado.
Obs.: a jurisprudência do STJ: é direito do servidor, desde que cumprido os requisitos
legais.
c) Licença para prestação do serviço militar (EP): servidor convocado
para prestação de serviço será licenciado e perceberá a remuneração conforme lei
especifica.
Obs.: terminada a licença o servidor tem 30 dias não remunerados para voltar ao
serviço. Trata-se de benefício para que o servidor não retorne imediatamente.
ATENÇÃO: a licença para o serviço militar é a única que não suspende a contagem
para o estagio probatório.

d) Licença para atividade política (EP): não é para o servidor que foi eleito,
mas sim para aquele que pretende participar nas eleições.
Obs.: da escolha em convenção partidária até a véspera da candidatura a licença é
sem remuneração.
Obs.: do registro da candidatura até 10 dias após as eleições a licença será
remunerada e não pode ultrapassar três meses.
e) Licença por interesse de motivo particular: não pode ser concedida
durante o estágio probatório, ou seja, imotivada e não precisa justificar qualquer
motivo para o pedido. Obs.: discricionária e precária, pois a administração pública
concede se quiser e pode ser interrompida.

f) Licença capacitação: substitui a licença-prêmio e faz com que o servidor


tenha direito, após cinco anos de exercício, a tirar licença para fazer um curso de
capacitação profissional.
Obs.: o prazo da licença será igual ao do curso e não necessariamente três
meses.
Obs.: recebe remuneração integral para fazer o curso de capacitação.
g) Licença para mandato classista: direção ou representação de órgãos e
entidades de classe. Quando o servidor exerce alguma atividade, há direito à
licença para exercer a função. A entidade é quem paga o servidor e não a
Administração.
Obs.: o prazo de duração da licença é o prazo do mandato podendo haver
uma única prorrogação.
Obs.: a licença para mandato classista, diz a lei 8112, que o tempo de licença
conta como tempo de serviço para todos os efeitos, menos para fins de promoção
por merecimento.
RESPONSABILIDADES DO SERVIDOR
Atenção: com uma única infração o servidor pode ser punido em três
instancias: penal, administrativa e civil. Vale a regra da independência das
instâncias. A decisão de uma não interfere na outra.
A responsabilidade penal se dá pela prática de crime ou contravenção;
A responsabilidade civil se dá por prejuízo causado a terceiros;
A responsabilidade administrativa ocorre quando ato omissivo ou comissivo é
praticado no desempenho do cargo.
Obs.: a instância penal interfere nas outras instâncias quando houver absolvição por
prova de que não praticou o crime ou por prova da inexistência do fato.
Obs.: não se pode aplicar nenhuma penalidade na esfera administrativa sem que tenha
um processo administrativo disciplinar em que foi assegurado o contraditório e ampla defesa.
REGIME DISCIPLINAR
O art. 116 estabelece somente os deveres genéricos do servidor.
O inciso cai muito em prova: “IV – o servidor público deve obedecer as ordens do
superior hierárquico, exceto quando manifestamente ilegais.”
No art. 117 da Lei 8112/90 temos as proibições do servidor
Obs.: o inciso I ao VIII e XIX: pena de advertência;
Obs.: do inciso IX ao XVI: pena de demissão;
Obs.: os incisos XVII e o XVIII: pena de suspensão;
Obs.: os incisos II e o III do art. 132 de abandono de cargo (faltar do serviço
por trinta 30 consecutivos intencionalmente) e inassiduidade habitual (60 dias
interpolados no prazo de 12 meses) geram pena de demissão por meio de
processo administrativo sumário.
SINDICÂNCIA E O PROCESSO ADMINSITRATIVO DISCIPLINAR

Sindicância e seus desdobramentos


Arquivamento: no bojo da sindicância percebe-se que o servidor não foi o
responsável ou o não cometimento da infração, nesses casos arquiva-se a
sindicância;
Sanções: quando se observa que o servidor efetivamente cometeu a infração
aplica-se as sanções que não podem ser superior a advertência e suspensão
de até 30 dias;
Instauração do PAD: se observado que a infração for superior àquela das
possíveis de serem aplicadas na sindicância, instaura-se um PAD.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Instauração:
• Ocorre a baixa de uma portaria em que a comissão será nomeada para
realização do processo.
• 3 servidores estáveis;
• Jurisprudência do STJ: não precisa discorrer minuciosamente sobre os fatos.

inquérito administrativo:
• Instrução:
• Defesa: prazo de 10,15 ou 20 dias.
- revelia:
• Relatório: natureza jurídica de parecer.

Julgamento: decisão final da autoridade competente para aplicar a sanção.


Recurso e Pedido de Reconsideração
Ambos devem ser interpostos no período máximo de 30 dias. Não há efeito
suspensivo, o que não impede que a autoridade de este efeito. Mas a regra é que
não há efeito suspensivo do recurso ou da reconsideração.

Coisa julgada administrativa: na esfera administrativa não se pode mais


discutir o tema, tendo em vista o esgotamento das instancias. Contudo, como o
brasil adota o sistema da jurisdição única somente o Poder Judiciário tem
condição de dar definitividade às contendas.

Reformatio in pejus (reforma para pior): o recurso pode piorar a situação


do recorrente, não há violação da reformatio in pejus.
Revisão
É um novo processo em que se começa nova análise da mesma matéria.
Não tem prazo, podendo ser requerido a qualquer tempo, contudo, tem que
haver conhecimento de fatos novos, que são aqueles que já ocorreram, mas que
não foram analisados no processo anterior. A revisão se baseia na alegação de
novos fatos e não cabe por razões de injustiça. A própria autoridade que decidiu
poderá analisar o caso.
Não se pode piorar a situação daquele que entra com o pedido de revisão do
processo administrativo disciplinar, vale dizer, não cabe reformatio in pejus.

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