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INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 12

ROTEIRO DE AULA

Tema: Agentes públicos (continuação)

Dentro do tema “agentes públicos”, já foram estudados os seguintes tópicos:


1) Conceito de agentes públicos;
2) Agente público de fato;
3) Classificação doutrinária de agentes públicos;
4) Regime jurídico único;
5) Cargos públicos.
A. Conceito
B. Criação de cargos públicos
C. Extinção de cargos públicos
D. Âmbito de existência
E. Natureza jurídica da relação existente entre titular do cargo e a pessoa jurídica de direito público
F. Provimento
G. Quanto à durabilidade do ato de provimento
H. Estabilidade

H. Estabilidade (continuação)
Relembrando...

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1º Conceito: estabilidade é o direito de permanecer no serviço público (não no cargo), salvo a ocorrência de
qualquer das hipóteses previstas na CF/1988.

2º Espécies
Existem duas espécies de estabilidade:
1º) Estabilidade ordinária do art. 41 da CF; e
2º) Estabilidade extraordinária do art. 19 da ADCT.

CF, art. 41: “São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público.
(...)
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade.”

CF, art. 19 (ADCT): “Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da
administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição,
há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da
Constituição, são considerados estáveis no serviço público.
(...)
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em
comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins
do "caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.”

3º Perda da estabilidade

A perda da estabilidade pode ocorrer:


1º) Por sentença judicial transitada em julgado.
2º) Mediante decisão proferida em PAD (processo administrativo disciplinar) em que seja assegurada ampla defesa
e contraditório ao acusado.
3º) Mediante a reprovação em avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurado o
contraditório.

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4º Direitos do servidor estável

Como visto, a estabilidade é o direito de permanecer no serviço público, salvo a ocorrência de qualquer das
hipóteses previstas na CF/1988. Segundo o professor, desse direito de permanecer no cargo decorrem outros
direitos, que são desdobramentos do primeiro.

O servidor estável possui os seguintes direitos:


• Direito à reintegração;
• Direito à recondução;
• Direito ao aproveitamento; e
• Direito à disponibilidade remunerada proporcional ao tempo de serviço.

O professor relembra que a reintegração, a recondução, o reaproveitamento e o direito à disponibilidade


remunerada apenas abrangem os servidores estáveis.

CF, art. 41, §§2º e 3º: “(...)


§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou
posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
(...)”

Observações:
1ª) O reintegrado tem direito à indenização.
Exemplo: “A” é delegado da Polícia Federal. “A” é demitido e, irresignado com a decisão, ingressa com uma ação
judicial para revertê-la. Se o juiz julgar procedente o pedido de “A”, determinará a anulação da demissão e a
reintegração do servidor. Neste caso, “A” pode pleitear indenização pelo que ocorreu.
A pessoa que, eventualmente, estiver ocupando o cargo de “A” não terá direito à indenização. Assim, ou ela será
reconduzida ao cargo de origem ou, se o cargo for de 1ª classe, ela ficará em disponibilidade remunerada (mas, em
ambos os casos, apenas se for estável).

2ª) Não confundir a aposentadoria por tempo de contribuição com a disponibilidade remunerada (a qual é
proporcional ao tempo de serviço público).

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I . Vacância

1º. Conceito: vacância é o ato contraposto ao provimento.


✓ Vacância é o ato administrativo por meio do qual a Administração desocupa o cargo público.

Obs.: Alguns afirmam que a vacância não é ato administrativo, mas sim fato administrativo (pois não dependeria
de declaração de vontade do Estado).

2º. Formas
São formas de vacância:
1º) Falecimento do servidor;
2º) Aposentadoria – Neste caso, diferentemente da morte, a Administração declara a vontade de aposentar o
servidor;
3º) Promoção – Trata-se de provimento em cargo de classe superior e vacância em cargo de classe inferior.
Exemplo: um promotor de justiça é promovido ao cargo de procurador de justiça. Neste caso, há preenchimento
do cargo de procurador de justiça e vacância do cargo de promotor de justiça.
4º) Readaptação - Trata-se de provimento em novo cargo e vacância em cargo anterior devido às limitações de
saúde sofridas pelo servidor.
5º) Demissão;
6º) Exoneração;
7º) Acumulação ilegal.
✓ Algumas leis, a exemplo da Lei 8.112/90, estabelecem que a posse em outro cargo não acumulável é
hipótese de vacância.
✓ Trata-se de hipótese trazida pela Lei Federal.

Entre as hipóteses de vacância, duas precisam ser vistas com mais detalhamento:
1º) Demissão – É ato administrativo punitivo/sancionador.
✓ Toda demissão é penalidade/sanção.
✓ O professor relembra que a expressão “demissão” é usada para cargos efetivos. Quando o cargo é em
comissão, a expressão adequada é a “destituição”.
✓ Sendo sanção, exige devido procedimento administrativo, ampla defesa e contraditório.

2º) Exoneração – A exoneração também produz a vacância, mas não é ato punitivo.
O servidor exonerado não cometeu ilegalidades.

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Observações:
1ª) No cargo em comissão (aquele cujo ato de provimento não é durável), a exoneração pode ser a pedido ou ex
officio.
✓ A exoneração ex officio significa que a autoridade, por ato próprio, decidiu pela exoneração.
Exemplo: o desembargador ex officio exonera um assessor que, de modo indireto, está comprometendo a
produtividade porque está viajando demais para prestar concursos públicos.

2ª) O cargo efetivo é aquele cujo ato de provimento depende de concurso.


No cargo efetivo, a exoneração pode ser a pedido. Entretanto, é possível exoneração ex officio (interesse público)
de servidor efetivo nas hipóteses da Constituição Federal.
Exemplo 1: servidor efetivo estável não aprovado em avaliação especial de desempenho pode ser exonerado ex
officio.
Exemplo 2: A Administração, para reduzir despesas, é obrigada a exonerar servidores ainda não estáveis e,
posteriormente, os servidores efetivos e estáveis. Nestes casos, há exoneração ex officio.

6. FUNÇÃO PÚBLICA

Função e cargo não se confundem.


A lei determina o que é cargo e o que é função.
✓ O cargo é o lugar. Todo cargo possui suas atribuições fixadas pela lei.
Cargo é o conjunto de atribuições, criado em número certo, com denominação própria e com remuneração
paga pelos cofres públicos.

A. Conceito: função pública é um conjunto isolado de atribuições, criado pela lei, mas que não corresponde a
nenhum cargo ou emprego público.

Observações:
✓ Todo cargo possui sua função e essa é a atribuição normativa do cargo.
✓ Algumas atribuições são isoladas, pois não estão vinculadas a nenhum cargo ou emprego público.
✓ Em suma: Todo cargo e todo o emprego possuem funções. Entretanto, há atribuições sem cargo e sem
emprego, as quais são denominadas de função pública.

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✓ A função é criada por lei, portanto, deve ser extinta por lei. Entretanto, se a função estiver vazia no âmbito
do Poder Executivo, ela pode ser extinta por decreto.

A extinção de funções públicas pode ocorrer por decreto no seguinte caso:


CF, art. 84, VI, “b”: “Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
(...)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)”

B. Hipóteses Constitucionais

1º. Função de confiança:

A função de confiança corresponde aos encargos de direção, chefia e assessoramento, somente podendo ser
atribuída a um servidor ocupante de cargo efetivo.
Exemplo: O servidor “A” passou no concurso e é efetivo. Posteriormente, a autoridade competente designa a ele a
função de confiança de determinada área.
✓ Nesta situação, o servidor possui um cargo com atribuições e pode receber, da autoridade competente,
uma função de confiança. Neste caso, o servidor terá o seu cargo efetivo, mas terá atribuída a função de
diretor, chefe ou assessor (cargo efetivo + função de confiança).
✓ Como há o exercício concomitante das atribuições do cargo e da função de confiança, o pagamento
também é feito em relação às duas funções exercidas.
✓ O professor destaca que a autoridade competente pode retirar a função de confiança do servidor a
qualquer momento, pois ela é de livre escolha. Neste caso, o servidor perde a função de confiança, mas
permanece no cargo efetivo.

A função de confiança está disposta no art. 37, V da CF:

CF, art. 37: “V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”

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Cuidado: o art. 37, V, CF, além de dispor sobre a função de confiança, traz disposições sobre os cargos em comissão
de recrutamento estrito.

Observações:
1ª) Tanto a função de confiança quanto o cargo em comissão ocupado exclusivamente por servidores de carreira
destinam-se às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
2ª) Cargo em comissão é um cargo de livre nomeação e livre exoneração. Trata-se de cargo cujo provimento não é
durável.
• Cargo em comissão de recrutamento estrito – São aqueles em que a lei restringe o universo de pessoas
que podem preencher o cargo em comissão.
Neste caso, a autoridade competente nomeia para o cargo quem ela quiser entre servidores daquela
carreira.
Exemplo: chefe da polícia. As constituições estaduais estabelecem que o governador somente pode
escolher como chefe de polícia quem é delegado da última classe.
3ª) O trecho destacado em amarelo se refere às funções de confiança. O trecho destacado em verde se refere ao
cargo de comissão de recrutamento estrito.

4ª) Em suma:
A função de confiança somente pode ser atribuída a quem é efetivo.
O cargo em comissão de recrutamento estrito somente pode ser atribuído a servidor da carreira (que também é
efetivo).
✓ Os cargos em comissão de recrutamento estrito são bastante parecidos com a função de confiança, pois
ambos são preenchidos por servidores efetivos, destinam-se ao preenchimento de atribuições de direção,
chefia e assessoramento e ambos se encontram no art. 37, V da CF. A diferença entre eles é que um é cargo
e o outro é função.

2º. Contratado temporário:


Maria Sylvia Zanella di Pietro defende que, na CF/1988, há duas hipóteses de função pública: funções de confiança
e contratado temporário.
✓ Obs.: O professor destaca que o art. 37, XVI veda a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções.
A função citada se refere àquela exercida pelo contratado temporário.
✓ O servidor temporário não tem cargo nem emprego público, mas exerce função pública, nos termos do art.
37, IX, CF.

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CF, art. 37: “IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;”

✓ A lei a que se refere o art. 37, IX da CF é a do respectivo ente federado.

Atenção ao RE 658026:

RE 658026 – “Nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal, para que se considere válida a contratação
temporária de servidores públicos, é preciso que: a) os casos excepcionais estejam previstos em lei; b) o prazo de
contratação seja predeterminado; c) a necessidade seja temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a
contratação seja indispensável, sendo vedada para os serviços ordinários permanentes do Estado que estejam sob
o espectro das contingências normais da Administração.”

✓ O RE em questão estabelece os requisitos para que seja possível a contratação temporária.


✓ O STF afirmou que a contratação temporária deve ser excepcional, pois o meio de ingresso deve ser o
concurso público. Se a necessidade é permanente, é necessário realizar concurso público para admitir
servidores.
✓ A Administração Pública deve ter planejamento. Se a situação era previsível, exigia uma atuação prévia.
Exemplo: o Estado X percebe que precisa de professores para atender a grade curricular de determinadas
escolas. Entretanto, os professores são necessários durante todo ano letivo, ou seja, a necessidade é
previsível.
Imagine que o estado não faça concurso (fique inerte) e, nas vésperas do ano letivo, argumente que precisa
de professores e que não dá tempo de realizar concurso público. Diante disso, o estado deseja contratar
professores temporariamente ao invés de fazer concurso para ingresso desses servidores.
➢ Essa situação foi vedada pelo STF, pois professores são servidores necessários todos os anos e este
serviço está dentro do espectro das contingências normais da Administração.

7. EMPREGOS PÚBLICOS

A. Conceito:
O professor explica que o cargo público está para o D. Administrativo assim como o emprego público está para o
D. do Trabalho.
✓ O emprego público é quase igual ao cargo público, sendo aquele regido pelo Direito do Trabalho.

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✓ Enquanto o cargo público é o conjunto de atribuições, criado em número certo, com denominação própria,
remunerado pelos cofres públicos, sendo regido pelo Direito Administrativo; o emprego público possui as
mesmas características, diferenciando-se apenas no fato de ser regido pelo Direito do Trabalho.

B. Âmbito de existência

Questão: Qual é o âmbito de existência dos empregos públicos?


1ª) Os empregos públicos só existem em pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração.
Exemplos: empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas com personalidade de direito
privado.

2º) Os empregos públicos existem em pessoas jurídicas de direito público se o regime de pessoal adotado for o
celetista.
✓ Se o ente optou, por lei, pelo regime jurídico único celetista, há, em sua estrutura organizacional, os
empregos públicos.
✓ O professor relembra que toda essa temática já foi estudada no item 4 (RJU).
✓ Em suma: nas pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração, o regime sempre será de
emprego público. Nas pessoas jurídicas de direito público, o regime pode ser de empregos públicos em
razão do RJU.

Observação: a Lei 11.107/2005 dispõe que, nos consórcios públicos com personalidade de direito privado e nos
consórcios públicos com personalidade de direito público, o regime sempre será celetista.

Os empregos públicos, no âmbito das pessoas jurídicas de direito público, precisam de lei para serem criados.
Em síntese:
• É necessário que exista uma lei para criar emprego público nos casos em que tal emprego for
preencher a estrutura das pessoas jurídicas de direito público.
• Se o emprego público for criado em pessoas jurídicas de direito privado, não é necessária a
existência de uma lei criadora.

C. Natureza jurídica da relação existente entre titular do emprego público e o ente estatal
Entre o empregado público e o ente estatal, há uma relação jurídica: trata-se de relação jurídica contratual
(contrato de trabalho regido pela CLT).

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✓ Atenção: há direito adquirido ao que foi estabelecido no contrato de trabalho (art. 5º, XXXVI, CF1). Assim
sendo, no momento em que o contrato de trabalho é assinado, há direito adquirido àquilo que foi
convencionado entre as partes, de modo que, se a legislação mudar, ela não alcançará este contrato de
trabalho.

D. Estabilidade
A estabilidade do art. 41 da CF/19882 não é atribuída ao empregado público de pessoa jurídica de direito privado
que integra a Administração Pública.

RE 589998 – “Os empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista não fazem jus à
estabilidade prevista no art. 41 da Constituição Federal, mas sua dispensa deve ser motivada.”

✓ O RE 589998 afirma que o empregado público de pessoa jurídica de direito privado que integra a
administração não tem direito à estabilidade do art. 41 da CF/1988, mas sua dispensa deve ser
motivada/justificada para garantir a observância dos princípios constitucionais.
✓ Observe que o RE 589998 limita o universo dos empregados públicos que não têm estabilidade, referindo-
se apenas aos empregados públicos de empresas públicas e sociedades de economia mista.

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CF, art. 5º: “XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”
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CF, art. 41: “São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou
posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”

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Súmula 390/TST - 20/04/2005: “Servidor público. Estabilidade. Celetista. Administração direta, autárquica ou
fundacional. Aplicabilidade. Empregado de empresa pública e sociedade de economia mista. Inaplicável. CF/88, art.
41.
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade
prevista no art. 41 da CF/88. (ex-OJ 265/TST-SDI-I - Inserida em 27/09/2002 e ex-OJ 22/TST-SDI-II - Inserida em
20/09/2000).
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação
em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ 229/TST-SDI-I - Inserida
em 20/06/2001).”

8. VENCIMENTO, REMUNERAÇÃO E SUBSÍDIO

O vencimento, a remuneração e o subsídio são direitos do servidor, que deve ser pago pelo exercício de suas
atribuições.

A. Vencimento
É o pagamento correspondente ao exercício de um cargo, fixado pela lei.
Esquema exemplificativo:

= Carreira

Um conjunto de classes

= Classe

Um conjunto de cargos iguais

✓ Vencimento é o pagamento correspondente ao exercício de um cargo, fixado pela lei. Assim, todos os
cargos de uma mesma classe têm o mesmo vencimento.
✓ De acordo com o art. 37, X da CF: “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º
do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em
cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”
✓ Obs.: A lei pode fixar o vencimento em valor inferior ao salário-mínimo.

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Súmula vinculante 16: “Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da
remuneração percebida pelo servidor público.”

B. Remuneração
Remuneração é o vencimento acrescido de vantagens de caráter permanente.

A remuneração é um pagamento composto por parcelas:


✓ Parcela fixa = vencimento (estabelecido por lei);
✓ Parcela variável = vantagens de caráter permanente a que o servidor faz jus.

A vantagem que não tem caráter permanente não integra a remuneração.


As indenizações (diária, ajuda de custo, auxílio-moradia) não remuneram, apenas indenizam.
✓ Indenização nunca é permanente, portanto, não compõe a remuneração.

O art. 7º, IV da CF3 preceitua que ninguém pode receber valor inferior ao salário-mínimo. Esse direito foi estendido
aos servidores por meio do art. 39, §3º da CF4.
✓ O professor destaca que o STF determinou que essa garantia não se refere ao vencimento, mas sim à
remuneração.

C. Subsídio

1º Conceito:
O subsídio foi inserido na CF/1988 pela EC 19/1998 (Reforma do Estado). O objetivo da inserção foi dar
transparência às remunerações de alguns servidores.
A questão do salário do servidor sempre gerou mal-estar na sociedade, pois o servidor é visto por algumas pessoas
como pessoa que trabalha pouco e ganha muito.

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CF, art. 7º, IV: “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
para qualquer fim;”
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CF, art. 39, §3º: “Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir.”

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✓ O professor destaca que, antigamente, os salários para os mesmos cargos variavam demasiadamente, pois
quem havia ingressado no serviço público há muito tempo acumulava inúmeras vantagens que, muitas
vezes, multiplicavam o vencimento inicial. Esse fato causava muito mal-estar, pois não havia transparência
na questão remuneratória do servidor. Assim sendo, a criação do subsídio tentou sanar este problema.

Subsídio é o pagamento feito em parcela única, sendo proibido o acréscimo de qualquer vantagem remuneratória.

CF, art. 39, § 4º: “O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.”

Obs.: Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o Poder Constituinte foi redundante ao afirmar que o subsídio é
o pagamento feito em parcela única, pois “toda parcela é única”. Entretanto, o Poder Constituinte teve a intenção
de ressaltar a proibição de acréscimos remuneratórios.

RE 565089 – “O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos,
previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no
entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão.”

✓ O vencimento e o subsídio somente podem ser alterados por lei.


✓ O servidor possui direito a uma revisão anual para garantir o poder de compra.

RE 905357 – “A revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos depende, cumulativamente, de
dotação na Lei Orçamentária Anual e de previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias.”

2º. Agentes públicos que recebem obrigatoriamente subsídios:


A CF/1988 impôs ao Estado o dever de pagar alguns agentes públicos por meio de parcela única. Diante disso, cada
ente federativo deveria criar uma lei fixando o subsídio de determinados agentes e estes, por sua vez, deixariam
de receber mensalmente a remuneração, sendo esta substituída pelo subsídio.

São agentes públicos que devem ser remunerados por subsídio:


✓ Agentes políticos.

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✓ Magistrados (da União e dos Estados).
✓ Membros do MP (da União e dos Estados).
✓ Membros dos Tribunais de Contas
✓ Membros da AGU
✓ Defensores públicos (da União e dos Estados).
✓ Procuradores do Estados.
✓ Policiais (da União e dos Estados).

O professor destaca que a CF/1988 não estabeleceu prazo para que o ente federativo realizasse o procedimento
de criação do subsídio. Assim sendo, Minas Gerais, por exemplo, nunca legislou fixando subsídio dos Procuradores
do Estado.

Em suma: Como dito anteriormente, a CF/1988 determinou a obrigatoriedade de remuneração por subsídio dos
servidores enumerados acima, mas não assinalou prazo para tal. Assim, muitos desses agentes não recebem por
subsídio, pois alguns entes federativos não criaram a lei que deveria fixá-lo.

3º. Agentes públicos que podem (ao critério da Administração) receber subsídios:
A decisão, neste caso, sobre fixar ou não o subsídio como meio remuneratório é critério político.

CF, art. 39, § 8º: “A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
§ 4º”

Cargo organizado em carreira é aquele em que há um conjunto de classes (esquema exemplificativo feito
anteriormente).
✓ Lembrando que um conjunto de cargos iguais forma uma classe e um conjunto de classes forma a carreira.
✓ A lei fixa um parâmetro de pagamento para cada classe.

RE 710293 - Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar qualquer verba de servidores
públicos de carreiras distintas sob o fundamento de isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou indenizatório.
16/09/2020

✓ O Poder Judiciário não pode criar verbas denominadas normativamente de indenizatórias que, na verdade,
sejam remuneratórias.

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Exemplo: o auxílio-alimentação não pode ser aumentado pelo Poder Judiciário (que não tem função
legislativa) para seus servidores sobre o fundamento de equiparação entre servidores e magistrados.

RE 843112 - O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de
projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para
fixar o respectivo índice de correção.

ARE 652777 – “É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes
dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.”

Com o objetivo de dar transparência, a Administração resolveu dar publicidade sobre os pagamentos dos servidores
(nome do servidor, cargo e valor recebido pelos cofres públicos). Essa decisão, na época, gerou confusão entre os
servidores.
O STF, em sede de repercussão geral, reconheceu a legitimidade dessa publicação em sites oficiais.

9. TETO REMUNERATÓRIO (Art. 37, XI CF)

✓ O teto é remuneratório.
✓ As indenizações podem superar o teto.

CF, art. 37, § 11: “Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.”

Teto remuneratório é o valor máximo estabelecido na CF/1988 como limite de pagamento que qualquer agente
público pode receber a título de remuneração, vencimento, subsídio, na atividade ou na inatividade, abrangendo,
ainda, as hipóteses de acumulação remunerada.

Obs.: No serviço público, há o chamado “abate teto”.

Observações:
1ª) O teto é remuneratório. Isso significa que vantagens de natureza indenizatória não entram no cálculo do teto.
✓ As indenizações (diária, ajuda de custo, auxílio moradia etc.) não entram no cálculo do teto remuneratório.
✓ A indenização não remunera e, portanto, pode ser paga além do teto.

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2ª) Podem ser pagos, além do teto, os direitos reconhecidos pela CF/1988 ao servidor público (art. 39, §3º da CF5).
O art. 39, §3º da CF traz os direitos sociais que a CF/1988 reconheceu ao servidor. Exemplo: 13º salário, 1/3 de
férias, hora extra etc.

3ª) O disposto no art. 37, §9º da CF/19886, segundo o professor, deve ser interpretado a contrario sensu, pois o
dispositivo preceitua que se submetem ao teto remuneratório (art. 37, XI, CF), as empresas públicas, sociedades de
economia mista e suas subsidiárias que receberem recursos do erário para pagamento de despesas em geral. Assim
sendo, não se aplica o teto às sociedades de economia mista, às empresas públicas e às subsidiárias que não
recebam dinheiro do erário para custear despesas.
Exemplo: Petrobrás (sociedade de economia mista) não recebe dinheiro do erário para pagar seus empregados,
pois a atividade desempenhada permite que ela pague seus empregados e ainda pague lucros e dividendos. Neste
caso, ela pode pagar para seus funcionários um valor maior do que o teto constitucional.

De acordo com art. 37, XI da CF, embora exista o teto geral do serviço público, o qual corresponde ao subsídio
mensal, em espécie, pago ao ministro do STF, existem tetos para cada nível federativo (União, estados e
municípios).

A. União – Para os servidores públicos da União, o teto remuneratório corresponde ao teto geral, ou seja, equivale
ao subsídio mensal, em espécie, pago ao ministro do STF.

B. Municípios – No âmbito do município, o teto remuneratório é o subsídio mensal, em espécie, pago ao prefeito.
✓ Observação: a Câmara Municipal fixa o subsídio do prefeito. Tal valor deve observar o teto geral, não
podendo ser superior ao subsídio mensal, em espécie, pago ao ministro do STF.

5
CF, art. 39, §3º: “Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir.”
6
CF, art. 37, §9º: “O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
de despesas de pessoal ou de custeio em geral.”

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