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DIREITO PENAL – LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Lei 12.846/2013 – Politicas Anticorrupção


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LEI 12.846/2013 – POLITICAS ANTICORRUPÇÃO

Introdução

A Lei 12.846/13 ou Lei Anticorrupção Empresarial (LACE) – e que muitos chamam de Lei
Brasileira da Integridade –, é uma lei administrativa e que tem grande conexão com a temá-
tica penal e processual penal.

RESPONSABILIDADE

Responsabilidade ou responsabilização remete ao termo em inglês accountability e sig-


nifica responsabilidade ou prestação de contas. Ela pode acontecer em várias esferas e
antigamente se dizia que essas esferas eram independentes, porém, depois da reforma, em
2021, da Lei de Improbidade Administrativa, a Lei 8.429/92, mexeu um pouco no cenário da
independência das esferas de responsabilização.
No âmbito desta lei, o termo corrupção não será falado no sentido dos arts. 317 e 333 do
Código Penal, mas de corrupção lato sensu e corrupção lato sensu incorpora tanto os crimes
contra a Administração Pública, quanto os atos de improbidade administrativa e os atos lesi-
vos à Administração Pública.
Portanto, essas três categorias são categorias separadas. Os crimes contra a Adminis-
tração Pública estão no Código Penal, na Lei 8.137/90, no Decreto Lei 201/67, sem prejuízo
de outros penais que são identificados. Corrupção como os atos dos prefeitos municipais
que roubam o erário ou que desviam bens do município; atos de corrupção como atos de
funcionários do fisco que lesam a Administração Pública tributária, art. 3º da Lei 8.137/90, ou
corrupção em geral, peculato, corrupção passiva, ativa e prevaricação.
5m

Obs.: A prevaricação recentemente recebeu do Supremo medida cautelar. A decisão foi do


ministro Dias Toffoli que restringiu o núcleo do tipo a extensão do tipo prevaricação,
art. 319 do Código Penal, para que nos sentidos permitidos não seja visto nada que
possa implicar a redução da independência funcional de juízes e membros do Mi-
nistério Público. Foi uma decisão polêmica, pois esse tipo poderia ser praticado por
qualquer funcionário público, porém, em tese, não poderia ser praticado por juízes e
membros do Ministério Público.
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Corrupção

• Crimes
• Atos de improbidade
• Atos lesivos à Administração Pública

Os atos de improbidade são uma categoria cível (arts. 9º, 10, 11 da Lei 8429/92); os
atos lesivos à Administração Pública são uma categoria à parte que estão no arts. 6º, 19, 20
da Lei 12.846/13, a categoria dos atos lesivos à Administração Pública está prevista na Lei
Anticorrupção Empresarial como infrações civis e administrativas, ao passo que os atos de
improbidade estão previstos na lei de 92 como atos ilícitos de natureza cível, mas que lesam
a Administração Pública. Os crimes também são ilícitos, isto é, todo crime é um ato ilícito em
geral, e um ilícito penal em particular estão nas leis mencionadas.

RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL

• CP e leis penais especiais.

RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL

• Lei 4.717/1965,
• Lei 8.429/1992,
• Lei 12.813/2013,
• Lei 12.846/2013 e
• Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais)

RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (emana do poder administrativo sancionador)


10m
No âmbito da Lei de Lavagem de Dinheiro, a Lei 9.613/98, existe um conjunto de deveres
administrativos que são impostos aos sujeitos (pessoas físicas ou jurídicas listados no art. 9º
da Lei 9.613/98) que têm deveres administrativos de registrar operações financeiras, conhe-
cer os seus clientes, analisar o risco de operar com esses clientes se houver suspeita de que
aquela operação possa se encaixar no modelo de lavagem de dinheiro. Isto é, a pessoa física
ou a pessoa jurídica privada tem o dever de reportar, e se não o faz, responderá administra-
tivamente perante o seu regulador.
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• Lei 9.613/1998,
• Lei 12.813/2013,
• Lei 12.846/2013,

A Lei 12.846/19 traz claramente a partir do art. 5º os atos lesivos à Administração Pública
e nos arts. 8º e seguintes o processo administrativo de responsabilização (PAR). É um pro-
cesso contraditório em que a ampla defesa para que a pessoa jurídica ou eventualmente uma
pessoa física, mas especialmente as pessoas jurídicas, sejam responsabilizadas por ato ilí-
cito que seja lesivo à Administração Pública.

• Lei 13.140/2015 e
• Lei 13.303/2016

RESPONSABILIZAÇÃO DISCIPLINAR

• Lei 8.112/1990 e similares nos Estados e Município

Na faceta disciplinar da responsabilidade administrativa, tem-se a posição dos funcioná-


rios públicos quando praticam ilícitos que podem ser ilícitos puramente administrativos, sin-
gelos, por exemplo, não comparecer ao trabalho ou atos que são infrações disciplinares, mas
que alcançam uma estatura maior, porque são ao mesmo tempo atos de improbidade, como
corrupção, ou atos lesivos à Administração Pública, nesse caso praticáveis por pessoas jurí-
dicas com servidores públicos.
15m

RESPONSABILIZAÇÃO POLÍTICA

• Lei 1.079/1950

A categoria do crime de responsabilidade é uma infração político-administrativa, a qual é


chamada na lei e muitas vezes no Decreto 201/67, como crime de responsabilidade.
Esses crimes de responsabilidade, entretanto, não são essencialmente crimes porque
eles não comportam uma punição de prisão, mas comportam apenas uma sanção que é a
perda da função pública. Quem julga não é o poder Judiciário, mas o poder Legislativo, as
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vezes a composição do tribunal tem um ou mais de um membro do poder Judiciário, mas


ainda sim o órgão de julgamento é o órgão Legislativo, diferentemente dos crimes “penais”.
Nas infrações político administrativas há dois procedimentos: (1) o procedimento para
Governadores e os Presidentes de República, bem como os Secretários e Ministros que
segue a Lei 1079/50; (2) e os crimes de responsabilidade de prefeitos municipais, que segue
o Decreto-Lei 201 de 1967.

Obs.: Lembre-se que esse Decreto-Lei de 201/67 trata tanto das infrações político admi-
nistrativas do prefeito municipal que serão julgadas pela Câmara Municipal, quanto
cuida dos crimes funcionais de prefeitos que serão julgados, a partir de denúncia do
Ministério Público, pelo poder Judiciário.

RESPONSABILIZAÇÃO ELEITORAL

• Lei 9.504/1997 e
• LC 64/1990

A responsabilização eleitoral possui densidade, processo e causais próprios. Ou seja,


para a responsabilização eleitoral fala-se em abuso de poder político, abuso de poder econô-
mico e questões relativas à propaganda. É uma espécie de responsabilidade administrativa
que, anomalicamente, é entregue ao poder Judiciário, no caso a Justiça Eleitoral.
É a Justiça Eleitoral quem conduz a responsabilização eleitoral com o Ministério Público
e com a titularidade de legitimidade também dos partidos políticos e dos próprios candidatos
para provocar as ações de impugnação de mandato e ações de natureza caçatória.
20m
A LC 64/90 cuida das inelegibilidades. Essa lei foi modificada em 2010, pela Lei da Ficha
Limpa, que é uma Lei Complementar que passou a prever uma série de situações nas quais
um candidato pode ser proibido de se candidatar, a fim de proteger a Administração Pública
para que as outras esferas de responsabilização não precisem ser implementadas.

RESPONSABILIZAÇÃO NO EXTERIOR

Obs.: Quando o professor se refere ao regime jurídico internacional, ele se refere ao re-
gime jurídico que deriva dos tratados internacionais dos quais ou Brasil é parte, ou
seja, o Brasil está vinculado por esses regimes jurídicos.
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No campo da responsabilidade no exterior, há duas situações distintas:

Primeiro aspecto: a responsabilidade de acordo com o direito estrangeiro

Um ato que no Brasil é considerado corrupção, pode ser lá fora também considerado,
porque essa corrupção foi transnacional e se a corrupção foi transnacional, tem-se, obvia-
mente, a possibilidade de responsabilizar esse individuo (pessoa física ou pessoa jurídica),
sobretudo pessoa jurídica, por atos de corrupção praticados no exterior.
É neste ponto que surge a discussão da lei FCPA, que é a lei de corrupção transnacional nor-
te-americana, a qual permite que as empresas norte-americanas sejam processadas lá por fatos
de corrupção praticados no exterior. É um conteúdo transnacional desta lei norte-americana.
Então, quando um fato corrupto é cometido no Brasil, mas é transnacional porque a cor-
ruptora é uma empresa estrangeira, essa empresa pode ser punida tanto aqui quanto lá. Isso
deve ser levado em conta o bis in idem. Se há a responsabilização em um país que tenha juris-
dição civil ou administrativa sobre aquele fato, não deve, portanto, haver a responsabilização
dobrada em outra jurisdição. Esse é um princípio que deve ser observado e nem sempre é,
pois, algumas leis domésticas de países diferentes não reconhecem esse bis in idem.
25m
Diante de uma empresa brasileira que corrompeu no exterior, essa empresa pode ser
punida no Brasil, mas também pode ser punida lá, porque conforme o direito local, aquele ato
também pode ser um ato de corrupção.

Segundo aspecto: responsabilização por organizações internacionais

A Lei 12.846/13 é uma lei que regula não só a proteção da Administração Pública bra-
sileira, como também a Administração Pública estrangeira e é equiparado à administração
pública estrangeira que a administração de organizações internacionais, que são pessoas
jurídicas de Direito Internacional.

• Conforme o direito local RESPONSABILIDADE → Autorregulação e compliance

Neste campo há uma preocupação das empresas com responsabilidade social corpo-
rativa ou uma atitude responsável para com os negócios. Não há apenas a regulação pelo
Estado ou a imposição de regras pelo Estado, mas o próprio mercado se auto impõe regula-
mentos, restrições e boas práticas para que essas empresas atuem no mercado.
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Isso tem sido chamado ao longo de tempo de CSR (Responsabilidade Social Corpo-
rativa); RBC (Conduta Corporativa Responsável), mas hoje tudo isso é chamado de ESG
que são as políticas internas das corporações que se voltam para que a sua operação não
impacte no meio ambiente. A empresa, portanto, deve ter boa governança, isso significa que
ela tenha uma administração que não cause corrupção; que tenha preocupações sociais,
em relação ao racismo, por exemplo, bem como em relação à igualdade de gênero na com-
posição do seu quadro e a preocupação ambiental de modo que a sua atividade impacte o
mínimo possível no meio ambiente e que não haja lesão a esses interesses relevantes do
planeta e não só da coletividade.
30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Vladimir Aras.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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