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CONTABILIDADE APLICADA
AO TERCEIRO SETOR
2021
Referências bibliográficas 76
Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea “c”,
da Constituição, considera-se imune a instituição de educação
ou de assistência social que preste os serviços para os quais
houver sido instituída e os coloque à disposição da população
em geral, em caráter complementar às atividades do Estado,
sem fins lucrativos.
Não obstante em seu artigo 13, a Lei 9.532, destaca as situações em que
a Secretaria da Receita Federal poderá suspender o gozo da imunidade
das entidades.
Lei Nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997
Capítulo I
Como preparar a contabilidade de
acordo com as práticas contábeis
e aumentar a transparência das
informações
A ITG 2002 (R1)- Entidades sem fins lucrativos, tem como objetivo
estabelecer critérios e procedimentos específicos de avaliação,
de reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de
estruturação das demonstrações contábeis e as informações mínimas
a serem divulgadas em notas explicativas de entidade sem finalidade
de lucros.
Regime de competência
O regime de competência tem por finalidade demonstrar de maneira
fiel a situação financeira e econômica da empresa, demonstrando suas
obrigações e recursos futuros.
De acordo com a ITG 2002 (R1) – Entidades sem fins lucrativos item 8,
as receitas e as despesas devem ser reconhecidas, respeitando-se o
princípio da Competência.
Exemplos:
No recebimento da subvenção:
Débito- Banco conta Restrição (Ativo Circulante)
Crédito- Subvenção a Receber (Ativo Circulante)
Provisão¹:
Débito- Despesa conta restrição (Conta Resultado)
Crédito- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante)
Reconhecimento da receita²:
Débito- Subvenção a Realizar (Passivo Circulante)
Crédito- Receita com Subvenção (Conta Resultado)
No Pagamento:
Débito- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante)
Crédito- Banco conta Restrição (Ativo Circulante)
Na assinatura do contrato:
Débito- Subvenção a Receber (Ativo Circulante) ....... R$ 100.000,00
Crédito- Subvenção a Realizar (Passivo Circulante) ... R$ 100.000,00
No recebimento da subvenção:
Débito- Banco conta Restrição (Ativo Circulante) .... R$ 100.000,00
Crédito- Subvenção a Receber (Ativo Circulante) ...... R$ 100.000,00
Na utilização do recurso:
Débito- Imobilizado (Ativo Não Circulante) .......... R$ 100.000,00
Crédito- Fornecedor a Pagar (Passivo) ............... R$ 100.000,00
No Pagamento ao fornecedor:
Débito- Fornecedor a Pagar (Passivo) ............... R$ 100.000,00
Crédito- Banco conta Restrição (Ativo Circulante) .. R$ 100.000,00
Capítulo II
Marco Regulatório
Em 2 de julho de 2014, foi aprovado, no Congresso Nacional, o “Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil”. O Projeto de Lei nº
7.168/2014, apenso ao PL 3.877/2004, passou pela sanção presidencial
em 31 de julho de 2014.
A nova Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, publicada no DOU de 1º
de agosto de 2014, estabelece novo regime jurídico para as parcerias
realizadas entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil
(OSCs).
O Plenário do Senado aprovou no dia 11 de novembro de 2015 o projeto
de lei de conversão (PLV) nº 21/2015, oriundo da Medida Provisória nº
684/15, que adia para fevereiro de 2016 a entrada em vigor das novas
regras sobre parcerias voluntárias entre OSCs e a administração pública
(Lei 13.019/14). Para os municípios, entrou em vigor a partir de janeiro
de 2017; por ato administrativo local, entretanto, pôde viger a partir de
janeiro de 2016.
Em 14 de dezembro de 2015, foi publicada a Lei nº 13.204 que altera
significativamente a Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014.
Em 28 de abril de 2016, foi publicado decreto que regulamenta a Lei,
o DECRETO nº 8.726, DE 27 de abril de 2016.
A medida responde a solicitações de órgãos públicos, associações de
municípios e representantes da sociedade civil, que, ao mesmo tempo
em que reconhecem os avanços da lei aprovada pelo Congresso
Nacional em julho de 2014, manifestaram-se pela extensão do prazo
Capítulo III
Ativo Imobilizado
Segundo a NBC TG 27 (R4), para melhor entendimento do assunto se
faz necessário o conhecimento de alguns termos técnicos:
Vida útil é:
(a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar
o ativo; ou
(b) o número de unidades de produção ou de unidades
semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do
ativo.
Controle patrimonial
Além dos critérios fiscais, a entidade, após a aquisição do bem, definirá
para fins de controle patrimonial de que forma irá realizar o tratamento
dos bens, com valores inferiores ao definido na Lei nº 12.973/2014, em
seu artigo 313, § 1º, item I.
Depreciação
De acordo a NBC TG 27 (R4), item 55, destacamos:
Valor residual
Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria
com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda,
caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua
vida útil.
Quando é utilizada a vida econômica pode existir ativo com valor contábil
substancialmente depreciado, ou mesmo igual a zero, e que continua
em operação e gerando benefícios econômicos para a entidade.
Portanto, bens iguais, com usos diferentes, podem não ter a mesma
expectativa de vida útil, consequentemente, taxas de depreciação
diferentes.
Após a revisão:
Mensuração subsequente
Para que o tema seja compreendido corretamente é importante destacar
a diferença entre: Instalação, Benfeitoria, Manutenção e Conserto.
INSTALAÇÃO
BENFEITORIA
Necessárias
Úteis
Voluntárias
Depreciação de benfeitorias
REFORMA
Significa “refazer ou voltar a forma” ou troca de peça importante.
Representam todos os gastos para dar melhor forma a: corrigir,
reconstruir e aumentar a área útil.
Exemplo:
MANUTENÇÃO
CONSERTO
Doações
Doação de bens - Os bens recebidos como doação deverão ser
contabilizados no patrimônio social da entidade.
“Os bens e direitos recebidos por doação são registrados pelo valor
nominal ou de mercado, o que for mais claramente identificado”. (NBC
T 4 – Da Avaliação Patrimonial – Item 4.2.7.2).
Exemplos:
Baixa
O mesmo não ocorre quando é feito inventário físico dos ativos, os bens
que não foram encontrados e que serão baixados serão indedutíveis.
Formalização/Fisco
Comprovação da baixa do bem
Uma subvenção governamental não deve ser reconhecida até que haja
segurança de que a entidade beneficiada da subvenção cumpra todas
as condições estabelecidas e que o simples recebimento da subvenção
não é prova conclusiva de que as condições a ela vinculadas tenham
sido ou serão cumpridas.
Detalhes importantes
Subvenção para Custeio:
Até que haja realização total do bem ou baixa por furto, roubo, troca
ou obsolescência.
Exemplo:
ATIVO PASSIVO
Bancos - recursos livres (AC) R$ - Subvenção a realizar (PC) R$ -
ATIVO PASSIVO
Imobilizados (ANC) R$ 10.000,00 Receitas Diferidas (PNC) R$ 80.000,00
DESPESA RECEITA
Depreciação R$ 750,00 Receita com subvenção R$ 666,66
Divulgação
adições;
baixas;
depreciações;
outras alterações.
Empréstimos e financiamentos
Eventualmente a entidade pode recorrer a empréstimos para atender
as obrigações financeiras cotidianas, ou buscar um capital de giro para
suprir uma necessidade momentânea, adquirir um bem etc.
¹ Valores hipotéticos
Parcelamentos Tributários
O endividamento tributário deve ser atualizado mensalmente,
independente de adesão de parcelamentos. A atualização monetária
dos impostos da Receita Federal do Brasil incide em multa e juros de
mora:
Multa: acréscimo de 0,33% por dia de atraso, com valor máximo limitado
a 20%
Na consolidação do parcelamento:
Débito- Impostos a recolher (Passivo Circulante) ... R$ 1.438.225,00
Débito- Despesas financeiras (Conta Resultado) ... R$ 214.967,30
Crédito- Adiantamentos de parcelamentos tributários (Ativo Circulante)
... R$ 165.319,22
Crédito- Parcelamento tributário Lei nº XYZ/2021 (Passivo Circulante)
... R$ 99.745,68
Crédito- Parcelamento tributário Lei nº XYZ/2021 (Passivo Não
Circulante) ... R$ 1.388.127,40
Capítulo VI
Provisões para contingências
De acordo com a NBC TG 25 (R2), temos:
Classificação
Capítulo VII
Trabalho Voluntariado
Regulado pela Lei 9.608/98, o serviço voluntário é “a atividade não
remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha
objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência social, inclusive, mutualidade”.
Lançamento do Voluntariado:
Capítulo VIII
CEBAS
O Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS
é concedido pelo Governo Federal às organizações sem fins lucrativos,
Capítulo IX
Renúncia Fiscal
De acordo com o artigo 14, item II, § 1º, renúncia da receita compreende
anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção
em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de
cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições,
e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
Exemplo:
Capítulo X
MEC;
MDS;
MS; e
Ministério Público.
Ativo
Passivo
Substituição de Nomenclatura
No Balanço Patrimonial, a denominação da conta Capital deve
ser substituída por Patrimônio Social, integrante do grupo
Patrimônio Líquido.
Lucro Superávit
Prejuízo Déficit
Receita operacional
Serviços hospitalares 18 52.600.514 48.440.294
Subvenções e doações 19 28.854.808 34.537.417
81.455.322 82.977.711
Custo dos serviços prestados 20 -79.595.587 -70.623.423
Superávit bruto 1.859.735 12.354.289
(Despesas) receitas operacionais
Pessoal 21 -5.146.267 -5.016.273
Administrativas e gerais 22 -3.766.898 -4.448.802
Outras receitas 23 4.591.573 4.580.707
Superávit antes do resultado financeiro -2.461.857 7.469.921
Resultado financeiro líquido 24 -30.313 -138.357
Superávit (déficit) do exercício -2.492.169 7.331.565
Em reais
Ajuste de Superávit
Patrimônio
avaliação (déficit)
patrimonial
Descrição social acumulado Total
(AAP)
Saldos em 1º de janeiro de 2019 2.384.921 33.260.763 -2.865.141 32.780.542
Incorporação do déficit acumulado no patrimônio social -2.865.141 - 2.865.141 -
Baixa do custo atribuído dos ativos - -3.890 - -3.890
Realização do ajuste de avaliação patrimonial - -1.070.391 1.070.391 -
Déficit do exercício - - 7.331.564 7.331.564
Saldos em 31 de dezembro de 2019 -480.221 32.186.481 8.401.955 40.108.216
Incorporação do déficit acumulado no patrimônio social 8.401.955 - -8.401.955 -
Baixa do custo atribuído dos ativos - -5.959 - -5.959
Realização do ajuste de avaliação patrimonial - -1.029.135 1.029.135 -
Superávit do exercício - - -2.492.169 -2.492.169
Saldos em 31 de dezembro de 2020 7.921.735 31.151.387 -1.463.035 37.610.087
Notas Explicativas
As notas explicativas contêm informações adicionais àquelas
apresentadas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado, na
demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração
Contexto operacional
A Irmandade de Misericórdia do Jahu é uma Entidade civil, filantrópica
e beneficente, sem finalidade lucrativa, imune de impostos e isenta de
contribuições, regendo-se pelo Estatuto Social e demais disposições
legais. A Entidade tem sua sede na cidade de Jahu, estado de São Paulo,
localizada na rua Riachuelo nº 1.073 e tem como finalidade prestar
assistência médica hospitalar a quem deles necessitar gratuitos ou não,
prestar assistência social aos desvalidos, operar com planos privados
de assistência à saúde e firmar convênios com entidades para criação
e manutenção de unidade com os mesmos fins.
Declaração de conformidade
As demonstrações financeiras da Entidade foram elaboradas e estão
apresentadas em conformidade com o Pronunciamento Técnico PME
– Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas e nas disposições
aplicáveis às entidades sem fins lucrativos, expedidas pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC), em especial a Resolução CFC nº
1409/2012 - ITG 2002 – Entidade sem finalidade de lucros.
a Instrumentos financeiros
A Entidade classifica seus ativos e passivos financeiros como
instrumentos financeiros básicos, em conformidade com a política
contábil da empresa e por atender as condições da seção 11 do
Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo
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e Médias Empresas - NBC TG 1000 (R1), portanto, são ativos
financeiros básicos: i) caixa e equivalentes de caixa; ii) contas a
receber; iii) outros créditos; e iv) subvenção a receber.
d Contas a receber
As contas a receber, especificamente de convênios médicos,
são inicialmente reconhecidas pelo valor da transação e,
subsequentemente, mensuradas pelo custo amortizado com o uso
do método da taxa de juros efetiva menos a perdas estimadas em
créditos de liquidação duvidosa. A perda estimada em créditos de
liquidação duvidosa é constituída quando existe uma evidência
objetiva de que a Entidade não receberá todos os valores devidos
de acordo com as condições originais das contas a receber. A
Administração da Entidade não tem a expectativa de outras
perdas significativas.
e Estoques
Os estoques são demonstrados pelo menor valor entre o custo e o
valor líquido de realização. O custo é determinado pelo método de
avaliação de estoque “custo médio ponderado” e o valor líquido
de realização corresponde ao preço de venda estimado menos
custos para concluir e vender.
g Imobilizado
g.1 Reconhecimento e mensuração
Os itens do imobilizado são mensurados pelo custo histórico de
aquisição ou construção deduzido de depreciação acumulada
acrescidos do custo atribuído – deemed cost -para os bens das
contas de terrenos, edificações, equipamentos de informática,
máquinas e equipamentos, móveis e utensílios e veículos, com
base em laudo de peritos independentes, e, quando aplicável,
deduzido de perdas de redução ao valor recuperável. O custo
inclui os gastos que são diretamente atribuíveis à aquisição de
um ativo.
g.3 Depreciação
Itens do ativo imobilizado são depreciados pelo método linear
com base na vida útil econômica estimada de cada item. Terrenos
não são depreciados. Itens do ativo imobilizado são depreciados
a partir da data em que são instalados e estão disponíveis para
uso.
i Empréstimos e financiamentos
Os empréstimos e financiamentos são inicialmente reconhecidos
pelo valor da transação, ou seja, pelo valor recebido do banco,
incluindo os custos da transação. Após o reconhecimento inicial,
estão sujeitos a juros e são mensurados subsequentemente pelo
custo amortizado, utilizando o método de taxa de juros efetivos.
Ganhos e perdas são reconhecidos na demonstração do resultado
no momento da baixa dos passivos, bem como durante o processo
de amortização pelo método da taxa de juros efetivos.
Capítulo XI
Controles Internos
Os controles internos consistem num conjunto de políticas e
procedimentos que são desenvolvidos e operacionalizados para
garantir razoável certeza acerca da confiança que pode ser depositada
nas demonstrações financeiras e nos seus processos correlatos,
bem como na correta apresentação daquelas demonstrações
financeiras, garantindo que foram preparadas de acordo com
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo
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os princípios de contabilidade geralmente aceitos e que incluem
políticas e procedimentos de manutenção dos registros contábeis,
aprovações em níveis adequados e salvaguarda de ativos.
Segundo o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of
the Treadway Commission) os controles internos, assim como
os sistemas contábeis, devem abranger todas as fases do
planejamento para que a controladoria possa obter o apoio
durante a identificação das áreas de riscos nas entidades.
Diante disso, elencamos os principais testes a serem
realizados nos trabalhos de análise dos controles internos:
Divergência entre valor pago x valor 2- Confrontar o líquido da folha com o relatório
Pagamento da folha dos créditos salariais enviado ao banco.
a pagar
3- Se houver pagamento em cheque, verificar se a
soma dos cheques confere com a folha.
1- Verificar se existem descontos acima de 40%
Desconto acima do permitido e sem do salário base.
autorização 2- Verificar se existe autorização do
funcionário para o desconto.
Referências bibliográficas
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Contabilidade
das PMEs. - NBC TG 1000 (R1). Disponível em <https://
www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx ?Codigo=2016/
NBCTG1000(R1)&arquivo=NBCTG1000(R1).doc>. Acesso em