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BANCO CENTRAL DO BRASIL. Departamento Econômico (DEPEC). Finanças Públicas: Sumário dos
Planos Brasileiros de Estabilização e Glossário de Instrumentos e Normas Relacionados à Política Econômico-
Financeira. 6. ed. Brasilia: 2008. p.27.
sociedades cooperativas tinham que obedecer as condições estabelecidas por este programa,
que necessariamente passavam por esses trilhos.
Contudo, uma sociedade cooperativa tem características empresariais particulares,
que não se confundem com uma sociedade limitada ou anônima, de tal sorte que a presença de
espírito sapiencial do Legislador autorizou a criação de uma instituição com o objetivo de
organizar, administrar, e executar em todo o território nacional o ensino de formação
profissional, desenvolvimento e promoção social do trabalhador em cooperativa e dos
cooperados, tal instituição foi denominada Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo – SESCOOP.
Quando uma norma autoriza o funcionamento de uma instituição e determina a
composição de sua direção, os seus fins e maneira de auferir receita, nós estamos diante de
uma instituição pública. Apesar da MP 1.715 autorizar a criação do SESCOOP, determinar
quais são os sujeitos que o dirigirão (Art. 8º, da MP), a sua finalidade (Art. 7º, da MP) e a sua
receita (Art. 9º, da MP), a sua personalidade jurídica e de direito privado, porquanto os seus
objetivos podem ser exercidos por qualquer sociedade privada, não é um múnus público.
Entretanto, o elemento distintivo da Instituição Pública sob o regime de Direito
privado é uma das fontes de receita, qual seja, as contribuições.
É oportuno ressaltar que a MP 1.715 foi substituída pela MP 2.168-40, de 24 de
agosto de 2001.
2. A RECEITA DO SESCOOP
2
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. 12. tir. Ed. Malheiros: São Paulo, 2011. p. 152.
3
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. 7. ed. rev. e compl. Forense: Rio de
Janeiro, 1998. p. 616.
Essas receitas podem ser classificadas como tributárias e não tributárias.
Tributárias seriam as contribuições compulsórias estabelecidas no inciso I, do artigo 9º da
MP, e não tributárias todas as outras.
O § 1º do artigo 9º diz que “a contribuição referida no inciso I deste artigo será
recolhida pela Previdência Social, aplicando-se-lhe as mesmas condições, prazos, sanções e
privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial, aplicáveis às contribuições para a
Seguridade Social, sendo o seu produto posto à disposição do SESCOOP.”
Essa é a razão de ser do artigo 7º da MP 1.715, quando diz que a fiscalização da
aplicação dos recursos do SESCOOP será realizada pelo Tribunal de Contas da União, uma
vez que se trata de tributo e é recolhido pela União.
3. O ORDENADOR DE DESPESAS.
4
BALEEIRO, Aliomar. Op. Cit., p. 592.
4.1 a proposta mais vantajosa
4.2 impessoalidade
4.3 publicidade
5
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 26. ed. Malheiros: São Paulo,
2010. p. 23.
4.3 igualdade
Elizabeth Nazar Carrazza afirma que esse princípio veda a criação de lei que
contenham privilégios, regalias de classes e isenções pessoais6. A lei de que trata a ilustre
doutrinadora pode ser entendida como qualquer norma. Por isso o fundamento do
procedimento para a realização de licitações e contratos, veda a não discriminação em razão
das desigualdades econômicas das pessoas jurídicas que forem celebrar contratos com
SESCOOP.
Corroboramos com os pensamentos de Bandeira de Mello quando verbaliza:
4.4 moralidade
6
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. Progressividade e IPTU. Ed. Juruá: Curitiba, 1992. p. 31.
7
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Op. Cit., p. 23.
8
Idem, p. 17.
A moralidade do ordenador de despesas não faz referência direta à sua pessoa, não
é algo subjetivo, este princípio não se confunde com a moralidade comumente conhecida.
O princípio da moralidade é o resultado da praticas dos seus atos segundo a
observância de diversos princípios, quais sejam, a legalidade, a finalidade instituição, a
impessoalidade, a igualdade, a oportunidade e a conveniência.
Hely Lopes Meirelles leciona que “a moralidade do ato administrativo
juntamente com a legalidade e finalidade, além da sua adequação aos demais princípios,
constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima”9.
Ademais, o princípio da moralidade é protegido pela Constituição da República
quando em seu artigo 5º, inciso LXXIII estabelece que:
qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
4.5 legalidade
O princípio da legalidade, previsto no artigo 5º, inciso II, da Lei Maior, ínsito à
República, expressa que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei.
César Garcia Novoa ilustra bem essa ideia quando nos ensina que:
9
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 31. ed. Malheiros: São Paulo, 2005. p. 89.
10
NOVOA, César Garcia. in Estudos em homenagem a Geraldo Ataliba. Ed. Malheiros: São Paulo, 1997. p. 48.
ordenadores de despesas. A segurança jurídica é composta de certeza e legalidade, hierarquia
e publicidade, irretroatividade não favorável e não arbitrariedade.
Como princípio da administração pública previsto no artigo 37, caput, da Carta
Magna, é uma ordem ao ordenador de despesas do SESCOOP para que no exercício de sua
função sujeite-se aos ditames da norma geral e abstrata, sendo os seus limites aquele
determinados na norma individual e concreta. Por outra palavras, este princípio traduz a
subordinação do Ordenador de Despesas à Lei, e que a eficácia de seus atos a ela está sujeita.
Entendemos ser pertinente e cabível o trocadilho nullum actio sine legem.
5. O ADVOGADO
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Tribunal de Contas da União. Acórdão 532/2011 – Plenário. Relator: Min. Ubiratan Aguiar. Ata 07/2011 –
Plenário. Sessão 02/03/2011. D.O.U. 17/03/2011.
Não é tarefa fácil dizer qual desses pareceres, ou quais dessas atividades, são as
mais importantes. Acreditamos que o mais importante seja estabelecer sobre qual ou quais
dessas atividades o Ordenador de Despesas fundamentou-se para realizar a homologação e a
adjudicação.
Pode-se dizer que essa liberdade de atuação do Ordenador de Despesas que desfaz
todo liame existente entre à sua tomada de decisão libera o Advogado de suas
responsabilidades?
Para alcançar essa resposta tomaremos como premissa as duas únicas
possibilidades do conteúdo do parecer do Advogado, a legalidade ou ilegalidade do ato a ser
pratica.
O Advogado recebe em suas mãos o processo administrativo cuja a demanda do
Ordenador de Despesas é a realização de um negócio jurídico, por exemplo, aquisição de um
bem ou um serviço (objeto) para a instituição, por meio de contratação direta (normas
aplicáveis).
A demanda do Ordenador de Despesas deverá andar nos trilhos dos princípios
inerentes à Administração Pública (proposta mais vantajosa, impessoalidade, publicidade,
igualdade, moralidade, etc.), cuja a observância deverá ser de cada empregado (o responsável
por compras, os membros da Comissão Licitação, o responsável pelo orçamento, o
responsável pelo departamento financeiro).
Ao tentar subsumir tal pretensão às normas, ele verificará a possibilidade ou não.
Daí o parecer positivo ou negativo. Os efeitos decorrentes dessas duas possibilidades de
parecer são, primeiro, se positivo (se atender o princípio da legalidade) o Ordenador de
Despesas realizará a homologação e adjudicação ou não. Segundo, se negativo (se não atender
o princípio da legalidade) o Ordenador de Despesas realizará a homologação e adjudicação ou
não. Vejamos essas quatro hipóteses.
Primeira, quando o parecer afirma que o ato atenderá ao princípio da legalidade e
o Ordenador de Despesas realizar a homologação e a adjudicação. Entendemos que nessa
hipótese, e quando o principal fundamento do Ordenador de Despesas para tomar a decisão é
o parecer jurídico, a sua decisão vincula o advogado, principalmente se, com o passar do
tempo, percebe que aquele ato era eivado de vício, e por isso, ilegal.
Sobre esse ponto específico, apesar da Lei 8.666/93 não se aplicar ao SESCOOP,
o Tribunal de Contas da União se manifestou nos seguintes termos:
(...). Anotou o relator, ainda, que o parecer jurídico era “obrigatório e
vinculante no procedimento licitatório e na contratação, nos termos do art. 38 da Lei
de Licitações, de modo que, no presente caso concreto, por ter sido lavrado com erro
grosseiro e dolo, mormente quando se verifica que o texto se mostra lacônico e
repetitivo, sobressai a necessidade de responsabilização do parecerista jurídico” –
grifou-se. O Tribunal, então, além julgar irregulares as contas dos responsáveis,
condenar em débito o ex-presidente do Crea/PI e os advogados beneficiários dos
pagamentos pelo dano apurado, decidiu apenar o ex-presidente e o assessor jurídico
com multa do art. 58 da Lei nº 8.443/1992, nos valores de R$ 6.000,00 e R$
4.000,00, respectivamente12.
12
Tribunal de Contas da União. Acórdão n.º 2176/2012. Plenário, TC-017.505/2011-9, Relator: Min. André Luís
de Carvalho, 15.8.2012.
de dano ao Erário, também estão sujeitos à jurisdição do TCU. Na esfera da
responsabilidade pela regularidade da gestão, é fundamental aquilatar a existência do
liame ou nexo de causalidade existente entre os fundamentos de um parecer
desarrazoado, omisso ou tendencioso, com grave erro, com implicações no controle
das ações dos gestores da despesa pública que tenha concorrido para a concretização
do dano ao erário. Assim, sempre que o parecer jurídico pugnar desarrazoadamente
pelo cometimento de ato danoso ao Erário ou com grave ofensa à ordem jurídica,
figurando com relevância causal para a prática do ato, num contexto em que a fraude
se apresente irretorquível, estará o autor do parecer alcançado pela jurisdição do
TCU, não para fins de fiscalização do exercício profissional, mas para fins de
fiscalização da atividade da Administração Pública13.
13
Tribunal de Contas da União. Acórdãos n. 512/2003; 19/2002; 68/2004; 190/2001.
14
Supremo Tribunal Federal. MS 24073/DF - DISTRITO FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
Relator: Min. CARLOS VELLOSO. Julgamento: 06/11/2002. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.
parecer ao autor dos autos. Há dever de ofício de manifestar-se pela invalidade,
quando os atos contenham defeitos. Não é possível os integrantes da assessoria
jurídica pretenderem escapar aos efeitos da responsabilização pessoal quando
tiverem atuado defeituosamente no cumprimento dos seus deveres: se havia defeito
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jurídico, tinham o dever de apontá-lo .
15
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Apud JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e
Contratos Administrativos. 5ª ed. São Paulo: Dialética, 1998. p.358.
BIBLIOGRAFIA
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. 12. tir. Ed. Malheiros: São Paulo, 2011.
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. 7. ed. rev. e compl. Forense: Rio de
Janeiro, 1998.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Departamento Econômico (DEPEC). Finanças Públicas: Sumário dos
Planos Brasileiros de Estabilização e Glossário de Instrumentos e Normas Relacionados à Política Econômico-
Financeira. 6. ed. Brasilia: 2008.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 26. ed. Malheiros: São Paulo, 2010.
____________________. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. atual. 19ª tir. Malheiros: São
Paulo, 2010.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Apud JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. 5ª ed. São Paulo: Dialética, 1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 31. ed. Malheiros: São Paulo, 2005.
NOVOA, César Garcia. in Estudos em homenagem a Geraldo Ataliba. Ed. Malheiros: São Paulo, 1997.
JURISPRUDÊNCIA
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MS 24073/DF - DISTRITO FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
Relator: Min. CARLOS VELLOSO. Julgamento: 06/11/2002. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão 532/2011 – Plenário. Relator: Min. Ubiratan Aguiar. Ata
07/2011 – Plenário. Sessão 02/03/2011. D.O.U. 17/03/2011.
____________________. Acórdão n.º 2176/2012. Plenário, TC-017.505/2011-9, Relator: Min. André Luís de
Carvalho, 15.8.2012.