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Módulo Controle da Incidência Tributária

SEMINÁRIO VI - CONTRIBUIÇÕES

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8
ed. São Paulo: Noeses, 2021. Item 3.5 (A regra-matriz das contribuições)
do Capítulo 3 da segunda parte.
• BARRETO, Paulo Ayres. Contribuições: regime jurídico, destinação e controle.
3.ed. São Paulo: Noeses, 2020. Capítulos III, IV, VI e VII, VIII e IX.

Leitura complementar
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 32 ed. São
Paulo: Noeses, 2022. Capítulo II, item 9 (Contribuições sociais).
• GAMA, Tacio Lacerda. Contribuição de intervenção no domínio econômico. São
Paulo: Quartier Latin. Item 5 (5.1 a 5.5) do Capítulo IX.
• CASTELLANI, Fernando F. Contribuições especiais e sua destinação. São
Paulo: Noeses. Capítulo IV.
• PAULA JUNIOR, Aldo de. O fundamento fático de validade das CIDES e o
controle concentrado de sua constitucionalidade. São Paulo: Noeses. Capítulo
IV.
• TOMÉ, Fabiana Del Padre. Definição do conceito de “insumo” para a não-
cumulatividade do PIS e da COFINS. In: VIII CONGRESSO NACIONAL DE
ESTUDOS TRIBUTÁRIOS DO IBET. São Paulo: Noeses.
• MARTINS, Ives Gandra da Silva. Aspectos polêmicos de PIS-COFINS. São
Paulo: Lex Magister.
• SEHN, Solon. PIS-COFINS, não- cumulatividade e regimes de incidência. São
Paulo: Quartier Latin. Itens 3.1.1.1; 3.1.1.2; 3.1.1.2.2 e 3.1.2.4.

Questões
1. Definir o conceito de “contribuição”. Quais as espécies de contribuição
existentes na CF/88? A destinação do produto da arrecadação tributária é
relevante para a classificação jurídica das contribuições? Se os valores
arrecadados a título de contribuição não forem aplicados na destinação
prescrita na lei, pode o contribuinte requerer restituição do tributo pago? Sob
qual fundamento? Justificar.
As contribuições especiais são espécies autônomas, não se confundem com as
contribuições de melhoria. Para um tributo ser classificado como Contribuição
Especial, a sua arrecadação tem que ser vinculada, ter uma destinação específica, ou
seja, é um tributo finalístico.
A Constituição Federal de 1988 divide as contribuições em três categoras, sendo elas:
Sociais, de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e as de interesse das
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categorias profissionais ou econômicas, também conhecidas como Corporativas.


Conforme o Artigo.149 da CF de 88 “Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e II, e sem
prejuízo do previsto no artigo 195 § 6º relativamente às contribuições que alude o
dispositivo.
Em relação a destinação do produto da arrecadação tributária, conforme ordenado no
texto constitucional é uma situação para a preparação e qualificação da espécie
tributária das contribuições e, sendo assim tal finalidade é, além de pertinente,
essencial para a existência do tipo tributário. O artigo 150 §7º, assegura ao
contribuinte a rápida e prioritária restituição nos casos de destinação diversa. Dessa
forma, na literalidade do texto constitucional temos:
Artigo 150 § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição
de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva
ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia
paga, caso não se realize o fato gerador presumido.
Dessa maneira, o dispositivo deixa notório os critérios de existência para as
contribuições, definindo os casos de restituição, visto que a possibilidade de incidência
acontece subsequente ao recolhimento do tributo.

2. Sobre a hipótese de incidência das contribuições, pergunta-se:


a) A União pode, na criação de contribuição com fundamento no art. 149 da CF,
utilizar uma das materialidades que lhe foram atribuídas constitucionalmente para a
instituição de impostos?
b) A hipótese de incidência destas contribuições pode abranger fatos que, por
ocasião da repartição constitucional de competências para a instituição de
impostos, foram atribuídos como materialidades próprias dos Estados, Distrito
Federal e Municípios?

A União na constituição de contribuição com embasamento pelo Artigo 149 da


Constituição Federal de 1988, não pode aplicar das materialidades que foi concedida
constitucionalmente para a criação de impostos, visto, que essa situação afeta
algumas normas do sistema tributário brasileiro, tanto em aspectos formais, quanto
aspectos materiais. Em relação a possibilidade de incidência destas contribuições,
essa não pode abranger fatos que, por ocasião da repartição constitucional de
competências para a instituição de impostos, foram atribuídos como materialidades
próprias dos Estados, Distrito Federal e Municípios por violar princípios constitucionais
do direito tributário.

3. Por força do que prescreve o art. 195, I, “a”, da Constituição da República, a


legislação exige que o empregador recolha contribuição sobre a folha de salários e
demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço. Neste contexto, pergunta-se:
a) O que é “salário”? E “rendimentos do trabalho”?
b) Levando em consideração a resposta, quais das parcelas abaixo estão ou não
sujeitas à incidência deste tributo, justifique: (i) os serviços extraordinários (horas
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extras); (ii) terço constitucional; (iii) férias indenizadas; (iv) aviso-prévio indenizado;
(v) adicional de insalubridade; (vi) adicional de periculosidade; (vii) adicional
noturno; (viii) auxílio-educação; (ix) auxílio-creche; (x) auxílio-doença; (xi) salário-
maternidade; (xii) prêmio assiduidade; (xiii) vale-transporte e (xiv) descanso
remunerado. (Vide anexo I).

Salário é a quantia firmada entre as partes, que coincide com os serviços prestados
pelo colaborador. O conceito de rendimentos do trabalho corresponde à remuneração
auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos
que lhe são pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados
a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste
salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou de acordo coletivo de trabalho ou de sentença normativa.
Serviços extraordinários (horas extras): Sua incidência ocorre em virtude do caráter
remuneratório da parcela; (ii) Terço Constitucional: Não incidência decorrente do
caráter
apenas indenizatório da parcela; (iii) Férias indenizadas: Não incidência decorrente de
previsão legal (art. 28, §9°, d da Lei 8.212/91). (iv) Aviso prévio indenizado: Não
incidência decorrente do caráter remuneratório, mas, sim, indenizatório da parcela. (v)
Adicional de insalubridade: Incide em virtude do caráter remuneratório da parcela; (vi)
Adicional de periculosidade: Incide em virtude do caráter remuneratório da parcela.;
(vii) Adicional noturno: Incide em virtude do caráter remuneratório da parcela; (ix)
Auxílio-creche: Não incide, conforme previsão da Lei 8.212/91; (x) Auxílio-doença: Não
incidência em decorrência da inexistência do caráter de contraprestação da parcela;
(xi) Salário maternidade: Incidência decorrente de previsão legal (art. 28, §2°, d da Lei
8.212/91); (xii) Prêmio assiduidade: Ganhos eventuais e não integrados ao salário não
integram a base da contribuição (art. 28, par. 9º., “e”, “7”, da Lei 8212/91); (xiii) Vale-
Transporte: (xiv) Vale transporte: De acordo com entendimento do STF, o vale
transporte tem natureza estritamente indenizatória, não incidindo, assim, a
contribuição em tela.

4. Com relação ao creditamento do PIS-COFINS, pergunta-se:


a) Estabeleça diferença entre o regime monofásico e não cumulativo.
b) Qual o alcance da não cumulatividade do PIS-COFINS prevista no art. 195, § 12,
da CF/88?
c) O que caracteriza “insumo” para fins da não cumulatividade do PIS e da
COFINS? Valores gastos com contratação de mão de obra terceirizada geram
créditos de PIS/COFINS? (Vide anexos II a VII).
d) A previsão do artigo 17 da Lei nº 11.033/04 é aplicada para todos contribuintes
sujeitos à tributação monofásica? Fundamente. (Vide anexo VIII)

O regime monofásico consiste na diferenciação da tributação do PIS e COFINS,


onde o recolhimento dos tributos é realizado na fase inicial da cadeia produtiva,
sendo necessário apenas um único contribuinte. Portanto, o regime monofásico
impede que haja creditamento de contribuições sociais como PIS e COFINS. Tal
regime é aplicado às receitas provenientes de setores econômicos geradores de
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expressiva arrecadação.
O regime não cumulativo é um regime de tributação em que a empresa poderá se
creditar dos valores de PIS e COFINS recolhidos nas operações anteriores.
A tradução do conceito de não-cumulatividade dado pela Magna Carta ao ICMS e
ao
IPI para as contribuições do PIS e da COFINS como forma de integrar a norma
inserida no §12, do art. 195, ao contexto constitucional, decorre do emprego da
analogia (art. 108, I, do CTN). Pois, não se pode abandonar os conceitos utilizados
pela Magna Carta, afinal não foi por acaso que o texto constitucional incorporou a
expressão ‘serão não cumulativas ao art.195. Na esfera judicial, assim como
administrativa, o conceito de insumo para cálculo de crédito de PIS e COFINS não
está restrito às matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem,
como ocorre com outros tipos de impostos, ou seja, para o contexto tributário do
PIS e COFINS, insumo são todos elementos essenciais a operação, portanto, tudo
que for necessário para a produção ou fabricação dos bens destinados à venda ou
prestação de serviço.
O artigo 17 da Lei 11.033/2004, no entendimento de alguns contribuintes, revogou
tacitamente a vedação de manutenção de créditos constante no artigo 3°, inciso I,
alínea “b” das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. Por outro lado, o fisco,
sedimentou o entendimento de que a hipótese da Lei nº 11.033/2004 não se aplica
para os fins pretendidos pelos contribuintes no que tange à sistemática de
recolhimento monofásico. Contudo, o entendimento jurisprudencial caminhou para o
lado dos contribuintes sob os seguintes fundamentos: (i) não há incidência da
COFINS e da contribuição para o PIS/Pasep, vez que se aplica alíquota 0 (zero)
nas vendas de produtos adquiridos pela sistemática monofásica, portanto, não há
direito de crédito nessas operações; (ii) o mencionado artigo 17 somente se aplica
para as empresas inseridas no regime de tributação do REPORTO; (ii) o
aproveitamento de créditos pela entrada é incompatível com a incidência
monofásica da COFINS e da contribuição para o PIS/Pasep, vez que não há, nesse
caso, cumulatividade a ser evitada; e (iv) que as Leis º 10.637/2002 e nº
10.833/2003, com as alterações promovidas pela Lei nº 10.685/04 são especiais
em relação à Lei nº 11.033/2004 e, que, portanto, prevalecem em relação a esta
última.

6. Sobre as contribuições de intervenção no domínio econômico, pergunta-se:


a) Que se entende por intervenção no domínio econômico? As causas de
intervenção estão restritas aos arts. 170 a 181 da Constituição Federal?
b) O produto da arrecadação da CIDE deve ser legalmente destinado à intervenção
no setor econômico de que trata a contribuição (intervenção positiva), ou pode ser
instituída com finalidade de desestimular determinada atividade, ou seja, com
caráter extrafiscal (intervenção negativa)?
c) A sua materialidade e o sujeito passivo devem estar relacionados com a
destinação escolhida pelo legislador como forma de intervenção no domínio
econômico? (Vide anexo IX).
d) a remuneração por direitos autorais em operações com o exterior se classificam
como royalties para fins da incidência da Cide? (Vide Anexo X)
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As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), são tributos do tipo


contribuição especial e tem amplitude sobre diversos setores da atividade econômica,
porém, ficam submetidos, tantos aos princípios da ordem econômica fixados na
Constituição, quanto aos preceitos do sistema constitucional tributário, com critérios
específicos determinados pela constituição, em seus artigos 170 a 181.
O produto da arrecadação da CIDE deve ser legalmente destinado à intervenção no
setor econômico de que trata a contribuição (intervenção positiva). Contudo,
considerando o caráter extrafiscal podem ter uma abrangência com diversas outra
finalidade, como, por exemplo, pode ser instituída com a finalidade de desestimular
determinada atividade, ou seja, com caráter extrafiscal (intervenção negativa).
A sua materialidade e o sujeito passivo devem estar relacionados com a destinação
escolhida pelo legislador como forma de intervenção no domínio econômico, ou seja, é
o que ocorre, por exemplo, com o CIDE royalties, por exemplo, que é devida pela
pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos
tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência
de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. Essa aquisição de
conhecimento pode ser relativa a qualquer ramo científico ou tecnológico, todavia, a
destinação da referida exação se direciona ao Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT), criado pelo Decreto-Lei nº 719/1969, e estabelecido
pela Lei nº 8.172/1991. Isto significa que a vinculação direta entre o contribuinte e o
benefício proporcionado pelas receitas tributárias arrecadadas é prescindível,conforme
já assentou o entendimento do STF.
A remuneração por direitos autorais em operações com o exterior, para o CARF se
classificam como royalties para fins da incidência da Cide, contudo, para a
jurisprudência difusa no Judiciário não existe um entendimento uniforme.
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Anexo I
REsp n. 1.230.957/RS
DJ 18/03/2014
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO
SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS;
SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO;
IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIO-DOENÇA.
1.1 Prescrição. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar o RE 566.621/RS,
Tribunal Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe de 11.10.2011), no regime dos arts. 543-A
e 543-B do CPC (repercussão geral), pacificou entendimento no sentido de que,
“reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05,
considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações
ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho
de 2005”. No âmbito desta Corte, a questão em comento foi apreciada no REsp
1.269.570/MG (1ª Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.6.2012),
submetido ao regime do art. 543-C do CPC, ficando consignado que, “para as ações
ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplica-se o art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005,
contando-se o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação
em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1º, do
CTN”.
1.2 Terço constitucional de férias. No que se refere ao adicional de férias relativo
às férias indenizadas, a não incidência de contribuição previdenciária decorre de
expressa previsão legal (art. 28, § 9º, “d”, da Lei 8.212/91 – redação dada pela Lei
9.528/97). Em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, tal
importância possui natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho
habitual do empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de
contribuição previdenciária (a cargo da empresa). A Primeira Seção/STJ, no
julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de
16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Público deste Tribunal,
adotou a seguinte orientação: “Jurisprudência das Turmas que compõem a Primeira
Seção desta Corte consolidada no sentido de afastar a contribuição previdenciária do
terço de férias também de empregados celetistas contratados por empresas privadas”.
1.3 Salário maternidade. O salário maternidade tem natureza salarial e a
transferência do encargo à Previdência Social (pela Lei 6.136/74) não tem o condão
de mudar sua natureza. Nos termos do art. 3º da Lei 8.212/91, “a Previdência Social
tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção,
por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego
involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam
economicamente”. O fato de não haver prestação de trabalho durante o período de
afastamento da segurada empregada, associado à circunstância de a maternidade ser
amparada por um benefício previdenciário, não autoriza conclusão no sentido de que o
valor recebido tenha natureza indenizatória ou compensatória, ou seja, em razão de
uma contingência (maternidade), paga-se à segurada empregada benefício
previdenciário correspondente ao seu salário, possuindo a verba evidente natureza
salarial. Não é por outra razão que, atualmente, o art. 28, § 2º, da Lei 8.212/91 dispõe
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expressamente que o salário maternidade é considerado salário de contribuição.


Nesse contexto, a incidência de contribuição previdenciária sobre o salário
maternidade, no Regime Geral da Previdência Social, decorre de expressa previsão
legal. Sem embargo das posições em sentido contrário, não há indício de
incompatibilidade entre a incidência da contribuição previdenciária sobre o salário
maternidade e a Constituição Federal. A Constituição Federal, em seus termos,
assegura a igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações (art. 5º, I). O
art. 7º, XX, da CF/88 assegura proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei. No que se refere ao salário maternidade, por
opção do legislador infraconstitucional, a transferência do ônus referente ao
pagamento dos salários, durante o período de afastamento, constitui incentivo
suficiente para assegurar a proteção ao mercado de trabalho da mulher. Não é dado
ao Poder Judiciário, a título de interpretação, atuar como legislador positivo, a fim
estabelecer política protetiva mais ampla e, desse modo, desincumbir o empregador
do ônus referente à contribuição previdenciária incidente sobre o salário maternidade,
quando não foi esta a política legislativa.
A incidência de contribuição previdenciária sobre salário maternidade encontra
sólido amparo na jurisprudência deste Tribunal, sendo oportuna a citação dos
seguintes precedentes: Resp 572.626/BA, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de
20.9.2004; REsp 641.227/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 29.11.2004; REsp
803.708/CE, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 2.10.2007; REsp 886.954/RS,
1ª Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 29.6.2007; AgRg no Resp 901.398/SC, 2ª
Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 19.12.2008; REsp 891.602/PR, 1ª Turma,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 21.8.2008; AgRg no REsp 1.115.172/RS, 2ª
Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 25.9.2009; AgRg no Ag 1.424.039/DF, 2ª
Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.10.2011; AgRg nos EDcl no Resp
1.040.653/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 15.9.2011; AgRg no
REsp 1.107.898/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 17.3.2010.
1.4 Salário paternidade. O salário paternidade refere-se ao valor recebido pelo
empregado durante os cinco dias de afastamento em razão do nascimento de filho
(art. 7º, XIX, da CF/88, c/c o art. 473, III, da CLT e o art. 10, § 1º, do ADCT).
Ao contrário do que ocorre com o salário maternidade, o salário paternidade
constitui ônus da empresa, ou seja, não se trata de benefício previdenciário. Desse
modo, em se tratando de verba de natureza salarial, é legítima a incidência de
contribuição previdenciária sobre o salário paternidade. Ressalte-se que “o salário-
paternidade deve ser tributado, por se tratar de licença remunerada prevista
constitucionalmente, não se incluindo no rol dos benefícios previdenciários” (AgRg nos
EDcl no REsp 1.098.218/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de
9.11.2009).
2. Recurso especial da Fazenda Nacional.
2.1 Preliminar de ofensa ao art. 535 do CPC. Não havendo no acórdão recorrido
omissão, obscuridade ou contradição, não fica caracterizada ofensa ao art. 535 do
CPC.
2.2 Aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97
e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não
correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não
ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se
tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo
motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida
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antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o


empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida
sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT).
Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio
indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre
a futura rescisão contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição
Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se
conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional,
por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressalte-se que, “se o aviso
prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta
trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à
hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de
isenção em relação a tal verba” (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJe de 23.2.2011).
A corroborar a tese sobre a natureza indenizatória do aviso prévio indenizado,
destacam-se, na doutrina, as lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri Mascaro
Nascimento.
Precedentes: REsp 1.198.964/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, DJe de 4.10.2010; REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira,
DJe de 1º.12.2010; AgRg no REsp 1.205.593/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 4.2.2011; AgRg no Resp 1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, DJe de 22.2.2011; AgRg no REsp 1.220.119/RS, 2ª Turma, Rel.
Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011.
2.3 Importância paga nos quinze dias que antecedem o auxílio-doença.
No que se refere ao segurado empregado, durante os primeiros quinze dias
consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe ao
empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91
com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento
efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho,
sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do
contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo empregado. Nesse
contexto, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no
sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os
primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição
previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige
verba de natureza remuneratória. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª
Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª
Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg no REsp 957.719/SC, 1ª Turma,
Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJ de 17.8.2006.
2.4 Terço constitucional de férias. O tema foi exaustivamente enfrentado no
recurso especial da empresa (contribuinte), levando em consideração os argumentos
apresentados pela Fazenda Nacional em todas as suas manifestações. Por tal razão,
no ponto, fica prejudicado o recurso especial da Fazenda Nacional.
3. Conclusão. Recurso especial parcialmente provido, apenas para afastar a
incidência de contribuição previdenciária sobre o adicional de férias (terço
constitucional) concernente às férias gozadas.
Recurso especial da Fazenda Nacional não provido.
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Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543-C do CPC, c/c a Resolução


8/2008 – Presidência/STJ.

Anexo II
ARE n. 790.928/PE - RG

DJ 04/09/2014
Princípio da não-cumulatividade. Art. 195, § 12, CF/88. PIS. COFINS. Artigo 3º,
notadamente inciso ii e §§ 1º e 2º, das leis n.s 10.833/2003, 10.637/2002. Artigo 31, §
3º, da lei n. 10.865/2004. Relevância da matéria e transcendência de interesses.
Repercussão geral reconhecida.

Anexo III
AgRg no REsp n. 1.238.358/RS
DJ 27/11/2014
PIS E COFINS. CREDITAMENTO. INSUMOS. ATIVIDADE FIM. MÃO DE OBRA
PESSOA FÍSICA. VEDAÇÃO.
1. Hipótese em que o Tribunal a quo consignou que os valores relativos à mão de obra
empregada no processo produtivo ou na prestação de serviços não se enquadram
dentro da definição de insumos, o que os impossibilitam de serem descontados da
base de cálculo das contribuições PIS e Cofins.
2. “Para fins de creditamento de PIS e Cofins (art. 3º, II, da Leis 10.637/02 e
10.833/03), a ideia de insumos, ainda que na sua acepção mais ampla, está
relacionada com os elementos essenciais à realização da atividade fim da empresa.
Nesse sentido: AgRg no REsp 1.230.441/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia
Filho, Primeira Turma, DJe 18.9.2013” (AgRg no REsp 1.244.507/SC, Rel. Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 21.11.2013, DJe 29.11.2013).
3. A mão de obra de pessoa física não gera direito a creditamento, ante a
expressa vedação contida no art. 3º, § 2º, inciso I, das Leis 10.637/2002 e
10.833/2003.
4. Agravo Regimental não provido.

Anexo IV
REsp n. 1.232.697/SC
DJ 14/11/2014
RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: PROCESSUAL CIVIL.
TRIBUTÁRIO. ART. 535, CPC. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. SÚMULA N.
284/STF. PIS E COFINS NÃO-CUMULATIVOS. BENS INTEGRANTES DO ATIVO
FIXO/IMOBILIZADO/PERMANENTE. CREDITAMENTO PELOS ENCARGOS DE
DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA NA FORMA DA
Módulo Controle da Incidência Tributária

SÚMULA N. 411/STJ, POR ANALOGIA.


1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535,
do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a
omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua
relevância para a solução da controvérsia apresentada nos autos. Incidência da
Súmula n. 284/STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.
2. Reconhecido o direito ao creditamento e a existência de dispositivos legais e
normativos ilegítimos que o impedem (no caso o art. 31, da Lei n. 10.865/2004
declarado inconstitucional pela Corte de Origem), é de se reconhecer a correção
monetária dos créditos escriturais de PIS e Cofins. Declarada a inconstitucionalidade,
tanto a lei como todos os normativos que dela derivaram e obstaram o aproveitamento
dos créditos pleiteados pelos contribuintes (in casu, art. 6º, II, da IN SRF n. 457/2004)
são atos normativos estatais inconstitucionais, “ilegítimos”, portanto. Incidência, por
analogia, do recurso representativo da controvérsia REsp n. 1.035.847 – RS, Primeira
Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009, e do enunciado n. 411, da Súmula
do STJ: “É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição
ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco”.
3. No presente caso, o não reconhecimento da correção monetária implicaria
juízo implícito a respeito da constitucionalidade do art. 31, da Lei n. 10.865/2004 (já
afastada pela Corte de Origem) e dos normativos que o seguiram, o que não pode ser
realizado em sede de recurso especial sob pena de invasão da competência
reservada ao Supremo Tribunal Federal.
4. Presente recurso extraordinário da Fazenda Nacional nos autos, acaso
julgada a constitucionalidade do art. 31, da Lei n. 10.865/2004 no RE,
automaticamente não haverá que se falar em correção monetária, pois sequer haverá
creditamento, daí não haver prejuízo da coerência da prestação jurisdicional no
julgamento do presente recurso especial.
5. Com as vênias de praxe, DIVIRJO DO RELATOR para conhecer parcialmente
e, nessa parte, negar provimento ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL, para
manter o reconhecimento da incidência da correção monetária, nos moldes decididos
pela Corte de Origem.
RECURSO ESPECIAL DOS CONTRIBUINTES: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO.
PIS E COFINS NÃO-CUMULATIVOS. BENS INTEGRANTES DO ATIVO
FIXO/IMOBILIZADO/PERMANENTE NA DATA DA ENTRADA EM VIGOR DOS
REGIMES DE NÃO CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO
PELOS ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO APURADOS JÁ NA
VIGÊNCIA DO REGIME. ARTS. 3º, §1º, III e §3º, III, DA LEI N. 10.637/2002 E DA LEI
N. 10.833/2003.
1. O fato gerador dos créditos escriturais de PIS e de Cofins previstos nos arts.
3º, VI, da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003 ocorre no momento (“no mês”)
em que são apurados os encargos de depreciação e amortização, na forma do art. 3º,
§1º, III e §3º, III das mesmas leis, indiferente a data de aquisição dos bens. Isto é: “A
apuração dos créditos decorrentes dos encargos de depreciação e de amortização
dos bens mencionados nos incisos VI e VII do art. 3º da Lei n. 10.637, de 2002,
alcança os encargos incorridos em cada mês, independentemente da data de
aquisição desses bens” (Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 2 de 14 de março de
2003).
Módulo Controle da Incidência Tributária

2. Desse modo, sem adentrar à análise do art. 31, da Lei n. 10.865/2004, os


bens existentes em 1º de dezembro de 2002 no ativo permanente das empresas estão
aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a
contribuição ao PIS/Pasep e os bens existentes em 1º de fevereiro de 2004 no ativo
permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de
depreciação e amortização para a COFINS. Precedente: REsp n. 1.256.134 – SC,
Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10.04.2012.
3. Com as vênias de praxe, DIVIRJO DO RELATOR para dar provimento ao
recurso especial dos contribuintes.

Anexo V
CARF - Acórdão n. 3802003.849

Julgamento: 15/10/2014
COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E
SERVIÇOS. CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência
não-cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º,
inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como
insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda
na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito
pelas retrocitadas leis – dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto
normativo – vê-se que o legislador optou por um regime de não-cumulatividade parcial,
onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se
apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como
fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso,
portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃO-
CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS
COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS
INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O
creditamento objeto do regime da não-cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS,
além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação,
por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e
serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. REGIME DA
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO-COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não-
comprovação dos créditos, referentes à não-cumulatividade, indicados no Dacon,
implica sua glosa por parte da fiscalização. ÁLCOOL PARA OUTROS FINS.
CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. RATEIO. As receitas relativas a vendas de álcool
para outros fins que não o carburante são tributadas pelas contribuições sociais no
regime de incidência não-cumulativa, devendo o respectivo crédito, em relação aos
insumos utilizados na produção de álcool, ser apurado proporcionalmente à receita
total do produto. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA. O
julgador não está obrigado a rebater todos os argumentos trazidos no recurso, nem a
esmiuçar exaustivamente seu raciocínio, bastando apenas decidir
fundamentadamente, entendimento já pacificado em nossos tribunais superiores.
Hipótese em que o acórdão recorrido apreciou de forma suficiente os argumentos da
impugnação, ausente vício de motivação ou omissão quanto à matéria suscitada pelo
contribuinte, não há que se falar em nulidade do acórdão recorrido. DESPACHO
Módulo Controle da Incidência Tributária

DECISÓRIO. INSUBSISTÊNCIA. MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É incabível a


arguição de nulidade do despacho decisório, cujos procedimentos relacionados à
decisão administrativa estejam revestidos de suas formalidades essenciais, em estrita
observância aos ditames legais, assim como verificado que o sujeito passivo obteve
plena ciência de seus termos e assegurado o exercício da faculdade de interposição
da respectiva manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte.

Anexo VI
CARF - Acórdão n. 3802003.849

Julgamento: 19/08/2014
COFINS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. APLICAÇÃO CASO A
CASO. Não se aplica, para apuração do insumo de PIS não cumulativo previsto no
inciso II, artigo 3º, Lei n. 10.637/02, o critério estabelecido para insumos do sistema
não cumulativo de IPI/ICMS, uma vez que não importa, no caso das contribuições, se
o insumo consumido obteve ou não algum contato com o produto final comercializado.
Da mesma forma não interessa em que momento do processo de produção o insumo
foi utilizado. Por outro giro, também não se aplica o conceito específico de imposto de
renda que define custo e despesas necessárias. O conceito de insumo para o sistema
não cumulativo do PIS é próprio, sendo que deve ser considerado insumo aquele que
for UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte na produção/fabricação de
produtos/serviços; for INDISPENSÁVEL para a formação do produto/serviço final e for
RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. Em virtude destas especificidades, os
insumos devem ser analisados caso a caso. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE
DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. SERVIÇOS DE FUMIGAÇÃO. DESPESAS
INCORRIDAS APÓS O PROCESSO PRODUTIVO. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Os
serviços de capatazia e os serviços de fumigação são despesas operacionais
incorridas quando da exportação dos produtos fabricados pela recorrente, não se
tratando de despesas de armazenagem, nem se amoldando ao conceito de insumo,
respectivamente. A inexistência de previsão legal contida no artigo 3º da Lei n. 10.833,
de 2003 para as referidas despesas impedem o correspondente creditamento de
Cofins. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. ÉPOCA. Os
legítimos créditos de Cofins de um determinado mês podem ser utilizados em meses
subsequentes, inclusive quando apurado extemporaneamente, sem necessidade,
neste caso, de alterar o valor a recolher apurado à época do lançamento feito pelo
contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em
Parte.

Anexo VII
AgRg no REsp 1.051.634/CE
Módulo Controle da Incidência Tributária

PROCESSUAL. CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. PIS E COFINS. TRIBUTAÇÃO PELO SISTEMA MONOFÁSICO.
APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL
CONCEDIDO PELA LEI N. 11.033/04, QUE INSTITUIU O REGIME DO REPORTO.
EXTENSÃO ÀS EMPRESAS NÃO VINCULADAS A ESSE REGIME. CABIMENTO.
I - O sistema monofásico constitui técnica de incidência única da tributação, com
alíquota mais gravosa, desonerando-se as demais fases da cadeia produtiva. Na
monofasia, o contribuinte é único e o tributo recolhido, ainda que as operações
subsequentes não se consumem, não será devolvido. II - O benefício fiscal consistente
em permitir a manutenção de créditos de PIS e COFINS, ainda que as vendas e
revendas realizadas pela empresa não tenham sido oneradas pela incidência dessas
contribuições no sistema monofásico, é extensível às pessoas jurídicas não vinculadas
ao REPORTO, regime tributário diferenciado para incentivar a modernização e
ampliação da estrutura portuária nacional, por expressa determinação legal (art. 17 da
Lei n. 11.033/04).
III - O fato de os demais elos da cadeia produtiva estarem desobrigados do
recolhimento, à exceção do produtor ou importador responsáveis pelo recolhimento do
tributo a uma alíquota maior, não é óbice para que os contribuintes mantenham os
créditos de todas as aquisições por eles efetuadas.
IV - Agravo Regimental provido.
(AgRg no REsp 1051634/CE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministra
REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe
27/04/2017)

Anexo VIII
AgRg no Ag n. 1.233.634/PE

DJ 13/10/2011
PIS E COFINS. IMPORTAÇÃO. DEFINIÇÃO DE VALOR ADUANEIRO. OFENSA AO
ART. 535, II, DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. AFRONTA AOS ARTS. 77 DO
DECRETO 4.543/03 E 110 DO CTN. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211/STJ. ACÓRDÃO RECORRIDO APOIADO EM MATÉRIA DE CUNHO
EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Não caracteriza ofensa ao art. 535, II, do CPC quando o Tribunal de origem
pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, assentando-
se em fundamentos suficientes para embasar a decisão, não estando, desta forma, o
magistrado obrigado a rebater, um a um, os dispositivos legais trazidos pela parte.
2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição
de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo” (Súmula 211/STJ).
3. “A discussão quanto à validade do art. 7º da Lei 10.865/2004, que teria
ampliado o conceito de “valor aduaneiro” utilizado no art. 149, § 2º, III, da Constituição
da República, é matéria constitucional, pelo que não pode ser analisada em Recurso
Módulo Controle da Incidência Tributária

Especial” (RESP 1.055.427/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
19/12/08).
4. Agravo regimental não provido.

Anexo IX
AgRg no RE n. 632.832/RS

DJ 29/08/2014
CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. LEI N.
10.168/2000. DESNECESSIDADE DE VINCULAÇÃO DIRETA ENTRE O
CONTRIBUINTE E O BENEFÍCIO PROPORCIONADO PELAS RECEITAS
ARRECADADAS. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal consolidou-se no
sentido de que a Lei n. 10.168/2000 instituiu contribuição de intervenção no domínio
econômico (CIDE). Afigura-se, pois, desnecessária a edição de lei complementar para
sua criação, assim como é prescindível, nos termos da jurisprudência desta Excelsa
Corte, a existência de vinculação direta entre o contribuinte e o benefício
proporcionado pelas receitas tributárias arrecadadas. Agravo regimental conhecido e
não provido.

Anexo X
CARF - Acórdão n° 9303-005.293

Sessão de julgamento: 22/06/2017

Ementa
Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008

CIDE. REMESSAS AO EXTERIOR. ROYALTIES. INCIDÊNCIA. POSSIBILIDADE.


A partir de 1/1/2002, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)
incide também sobre o valor de royalties, a qualquer título, que a pessoa jurídica
pagar, creditar, entregar, empregar ou remeter a residente ou domiciliado no exterior,
inclusive os royalties decorrentes de licença e direito de uso na exploração e
transmissão de filmes, programas e eventos em televisão por assinatura.

FATO GERADOR. DEFINIÇÃO POR DECRETO. IMPOSSIBILIDADE.


Dispõe o artigo 97 do Código Tributário Nacional- CTN, que somente a lei pode definir
o fato gerador da obrigação tributária principal. O Decreto tem que ser aplicado em
harmonia com a lei, por uma questão hierárquica. Qualquer natureza, prevista em lei,
induz o entendimento de uma listagem não taxativa, por se tratar de uma norma
secundária, não se pode inovar, mas apenas dar cumprimento a lei.
Módulo Controle da Incidência Tributária

CIDE X CONDECINE. A CIDE ora exigida é muito mais específica do que a


CONDECINE. Enquanto aquela contribuição somente incide sobre os royalites
remetidos ao exterior em decorrência da comercialização dos direitos autorais relativos
às obras intelectuais e criativas, já CONDECINE, por sua vez, incide sobre os
pagamentos devidos em razão da aquisição ou importação de tais obras, a preço fixo,
ou seja, possui um âmbito de incidência muito mais amplo e genérico do que a CIDE-
royalties.

INCLUSÃO DO IRRF NA BASE DE CÁLCULO DA CIDE. POSSIBILIDADE. Sujeita-se,


subsidiariamente e no que couber, às disposições da legislação do imposto de renda,
a qual que conceitua o IRRF como integrante da importância paga, creditada,
empregada, remetida ou entregue, razão pela qual, na apuração da CIDE deve-se
considerar o IRRF como integrante da importância paga, creditada, empregada,
remetida ou entregue.

INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.


O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária,
não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora,
calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de
pagamento.

Decisão
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do
Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento,
vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello (Relatora), Tatiana Midori
Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. Designado para
redigir o voto vencedor o Conselheiro Demes Brito. (assinado digitalmente)

Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício. (assinado digitalmente)

Vanessa Marini Cecconello – Relatora (assinado digitalmente)

Demes Brito - Redator designado

Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal,


Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente Convocado),
Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente Convocado), Érika Costa
Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas

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