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ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
CABO FRIO-RJ
2023
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No que diz respeito aos atos da Lei n° 8.429/92, vislumbra-se que o art. 9°
constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito, ou
seja, o agente que recebe qualquer vantagem econômica, direta ou indiretamente,
em razão do exercício de cargo. Quanto ao art. 10, constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário, e por fim conforme previsto art. 11, o
agente que atenta contra os princípios da administração pública.
Dessa forma, o principal objetivo desse trabalho, é justamente analisar a Lei
de Improbidade Administrativa com o intuito de verificar a problemática em retirar as
condutas culposas perante esta lei.
O método de abordagem utilizado na presente pesquisa será o dedutivo, a fim
de estabelecer uma formulação que parte do geral para o específico, deste modo
utiliza-se a técnica de pesquisa documental, doutrinária, jurisprudencial e de artigos,
com o intuito de esclarecer a ineficiência de exclusão da conduta culposa, bem
como a dificuldade probatória na aplicação prática do dolo específico na Lei de
Improbidade Administrativa.
2 - Improbidade
2.1 - Conceito e origem do termo improbidade
O conceito de improbidade administrativa refere-se a ações ou omissões
ilegais ou antiéticas cometidas por agentes públicos no exercício de suas funções.
Esses atos violam os princípios da administração pública, tais como legalidade,
moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. A improbidade administrativa
pode envolver o uso indevido de recursos públicos, enriquecimento ilícito,
nepotismo, conluio com empresas privadas, entre outras condutas prejudiciais ao
interesse público.
O termo "improbidade" tem origens antigas e está relacionado com a ideia de
desonestidade, falta de probidade, retidão ou integridade. No contexto jurídico,
"improbidade" refere-se principalmente à má conduta ou falta de ética por parte de
agentes públicos, especialmente aqueles que ocupam cargos de confiança ou
autoridade no governo.
A origem do termo "improbidade" remonta ao latim, onde "improbitas"
significava falta de honestidade, desonestidade ou falta de integridade. Ao longo da
história, essa ideia foi incorporada ao sistema jurídico de vários países, incluindo o
Brasil, onde a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429/1992, estabelece as
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normas e penalidades para lidar com atos de improbidade cometidos por agentes
públicos.
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NAKANO, Luiz Carlos Bresser Preira Yoshiaki. HIPERINFLAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO NO BRASIL: O PRIMEIRO
PLANO COLLOR. Revista de Economia Política, vol. 11, nº 4 (44), 1991. Acesso em 07 de outubro de 2023.
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3
MATTOS, Mauro Roberto Gomes de. Os vinte anos da Lei de improbidade administrativa.
Consultor Jurídico. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2012-dez-06/mauro-mattos-vinte-
anos-lei-improbidade-administrativa#:~:text=A%20Lei%20de%20Improbidade
%20Administrativa,assolava%20o%20Pa%C3%ADs%20naquela%20%C3%A9poca.>. Acesso em:
8 out. 2023.
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3 – Atos de Improbidade
3.1 - Condutas que tipificam atos de Improbidade
a) Enriquecimento Ilícito
O enriquecimento ilícito é um dos temas mais relevantes no campo do direito
administrativo, principalmente quando se trata da atuação de agentes públicos. In
verbis, o artigo 9º da Lei nº 8.429/19924 que é a principal legislação que busca coibir
e punir práticas relacionadas ao enriquecimento ilícito por parte de agentes públicos:
4
L8429. Planalto.gov.br. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm>. Acesso em: 8 out. 2023.
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6
N. 580: Informativo de jurisprudência. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/issue/view/629/showToc. Acesso em
08 de outubro de 2023
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7
n. 584: Informativo de jurisprudência. Stj.jus.br. Disponível em:
<https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/issue/view/625>.
Acesso em: 8 out. 2023.
13
8
Constituição. Planalto.gov.br. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 8 out. 2023.
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artigo que vedava tal disposição, sinalizando uma mudança no paradigma legal. Não
obstante, o verdadeiro avanço na introdução do Acordo de Não Persecução Civil,
como uma alternativa eficaz para a resolução célere de casos de improbidade
administrativa, ocorreu com a Lei nº 14.230/2021, que formalizou e regulamentou a
implementação desse mecanismo, proporcionando um importante instrumento de
conciliação e responsabilização no âmbito da administração pública.
O Acordo de Não Persecução Civil é uma ferramenta proposta pelo Ministério
Público (MP) em casos de improbidade administrativa que atendem a critérios
específicos. Para que o acordo seja válido, algumas regras devem ser seguidas,
visando a transparência, o ressarcimento dos danos causados e a preservação dos
interesses públicos.
O ANPC é uma iniciativa do Ministério Público, que deve apresentá-lo aos
envolvidos como uma alternativa à propositura de uma ação de improbidade
administrativa e tem como requisito a obtenção dos seguintes resultados:
a) Integral Ressarcimento dos Danos: Uma das condições fundamentais para a
celebração do acordo é o comprometimento dos envolvidos em ressarcir
integralmente os danos causados aos cofres públicos ou à entidade lesada.
b) Reversão à Pessoa Jurídica Lesada: Além do ressarcimento dos danos, o
acordo prevê a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
obtida, mesmo que esta vantagem seja oriunda de agentes privados.
c) Oitiva do Ente Federativo Lesado: Antes ou após a propositura do acordo, o
ente federativo lesado deve ser ouvido, garantindo sua participação no
processo e a defesa de seus interesses.
d) Aprovação pelo MP Competente: O acordo deve ser aprovado, no prazo de
até 60 dias, pelo órgão do Ministério Público competente para apreciar as
promoções de arquivamento de inquéritos civis, se a celebração ocorrer antes
do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.
e) Homologação Judicial: O acordo de não persecução civil deve ser
homologado judicialmente, independentemente de ter sido celebrado antes ou
depois do ajuizamento da ação de improbidade administrativa. Essa
homologação garante a validade e a eficácia do acordo perante o Poder
Judiciário.
O Acordo de Não Persecução Civil representa uma importante ferramenta para
desafogar o Judiciário, reduzir a morosidade dos processos e garantir a efetiva
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Entende-se por dolo na seara penal, como livre vontade e consciente dirigida,
ao resultado ilícito, ou mesmo a mera aceitação do risco de produzi-lo. Assim,
quando a vontade visa alcançar o resultado, sendo a conduta exercida em razão
dele, chama-se de dolo direto (teoria da vontade). Já quando a vontade prevê o
alcance do resultado, porém, a conduta é praticada, de acordo o agente e o advento
daquele, entende-se como dolo eventual (teoria do consentimento)
No que tange ao dolo genérico, Segundo Nucci, a vontade do agente de
praticar a ação descrita no tipo penal, ou seja, quando este pretende realizar o fato
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Nucci, Guilherme de Souza. Manual de direito penal – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense,
2014.
10
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – Vol. 29ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2022.
11
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de direito penal – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense,
2014.
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previsto na lei penal, neste sentido entende que: “seria a vontade de praticar a
conduta típica, sem qualquer finalidade especial”.
Ainda quanto ao dolo genérico, entende-se que é quando a vontade do
agente se dirige a realização do tipo, sem objetivos excedentes, diferentemente do
dolo específico que é aquele em que está dirigido à efetivação do tipo, porém há
outros fins os quais excedem a definição do ilícito.
Referente ao dolo no direito civil, Washington de Barros Monteiro entende que
o dolo tem duas definições: a primeira significa um vício de vontade, a qual pode
levar à extinção do ato jurídico: “Em sentido restrito e técnico, dolo é, consoante
definição de CLÓVIS, o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir
alguém à prática de um ato, que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a
terceiro”.
12
Supremo Tribunal Federal. Stf.jus.br. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?
incidente=4652910&numeroProcesso=843989&classeProcesso=ARE&numeroTema=1199>. Acesso
em: 9 out. 2023.
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13
Supremo Tribunal Federal. Stf.jus.br. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4652910>. Acesso em: 9 out. 2023.
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5 - Considerações Finais
Inicialmente, exploramos o conceito e a origem do termo "improbidade ",
contextualizando-o historicamente na elaboração da Lei de Improbidade
Administrativa. Em seguida, analisamos os atos de improbidade, destacando as
condutas que tipificam esses atos, tais como enriquecimento ilícito, prejuízo ao
erário e violação dos princípios. Discutimos também a autorização para propor ação
e celebrar acordo de não persecução civil dentro do arcabouço legal.
Um ponto crucial que emergiu em nossa investigação foi a distinção entre
condutas culposas e dolosas, e a dificuldade intrínseca na comprovação do dolo em
muitos casos. As condutas culposas frequentemente envolvem erros ou negligência,
que não se alinham adequadamente com a nova estrutura da lei, transformada para
tratar principalmente de condutas dolosas. Além disso, a necessidade de comprovar
o dolo específico em casos de atos administrativos adiciona complexidade à
aplicação da lei, dada a subjetividade inerente na interpretação das intenções dos
agentes públicos.
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REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – Vol. 29ª ed.
– São Paulo: Saraiva, 2022
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001.
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Improbidade Administrativa e Crimes de Prefeitos. São
Paulo: Atlas, 2000.
FERRACINI, Luiz Alberto. Improbidade Administrativa. 2º ed: São Paulo, Aga Júris:
1999.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Corrupção e Democracia. In: Revista de
Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Renovar e Fundação Getúlio Vargas, nº226,
out./2001.
FREITAS, Juarez. Do Princípio da Probidade Administrativa e de sua Máxima
Efetivação. In: Revista de Direito Público. Rio de Janeiro: Renovar e Fundação
Getúlio Vargas, 1996, n.204.
GARCIA, Emerson. e ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa. 2.ªed.
Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004.
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REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS
Constituição. Planalto.gov.br. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 8
out. 2023.
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