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ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO

LEONARDO ADRIANO DOS SANTOS

A INAPLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ÀS


CONDUTAS CULPOSAS DOS AGENTES PÚBLICOS E A DIFICULDADE NA
APLICAÇÃO PRÁTICA DO DOLO

CABO FRIO-RJ
2023
2

A INAPLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ÀS


CONDUTAS CULPOSAS DOS AGENTES PÚBLICOS E A DIFICULDADE NA
APLICAÇÃO PRÁTICA DO DOLO

Leonardo Adriano dos Santos1

RESUMO: O trabalho aborda a exclusão da aplicabilidade da Lei de Improbidade


Administrativa às condutas culposas dos agentes públicos e a dificuldade prática na
aplicação do elemento subjetivo "dolo." A Lei de Improbidade Administrativa, criada
para combater a corrupção e o mau uso de recursos públicos, foi originalmente
concebida para punir condutas realizadas com intenção de prejudicar o erário.
Entretanto, a inaplicabilidade da lei a condutas culposas, caracterizadas por
negligência, imprudência ou imperícia, tem gerado controvérsias e desafios jurídicos.
Além disso, o trabalho destaca a complexidade da comprovação do dolo nas ações
de agentes públicos, o que pode tornar a aplicação da lei um processo demorado e
incerto. O estudo ressalta a necessidade de reformas legislativas para lidar
especificamente com condutas culposas de agentes públicos e enfatiza a
importância da capacitação dos órgãos de controle e do judiciário na identificação e
punição de irregularidades administrativas.

Palavras-chave: Lei 8.429/1992. Direito Administrativo. Improbidade Administrativa.


Dano ao erário.

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Improbidade; 2.1. Conceito e origem do termo


improbidade; 2.2 Contexto histórico na elaboração da Lei de Improbidade
Administrativa; 3. Atos de Improbidade; 3.1. Condutas que tipificam atos de
Improbidade; a) Enriquecimento Ilícito ; b) Prejuízo ao erário; c) violação dos
princípios; 3.1.1. Autorização para propor ação e celebrar acordo de não persecução
civil dentro da lei de improbidade, 3.2. Conduta Culposas; 3.3. Condutas dolosas;
3.4. Condutas dolosas específicas; 3.5 - A ineficácia da comprovação de dolo
específico para tipificar conduta de ato administrativo; 4. Posição dos tribunais aceda
da improbidade administrativa; 5. Disposições finais.
1. INTRODUÇÃO
1
Bacharelando em direito pela universidade Estácio de Sá.
3

Ao vislumbrar uma sistemática da improbidade administrativa, busca-se


olvidar todo o conjunto normativo que almeja combater a prática do ato de
improbidade. E o ato ímprobo, por sua vez, pode ser compreendido como “todas as
ações qualificadas como crimes contra a Administração Pública, ao menos daquelas
de responsabilidade de agentes públicos de um modo geral” (DECOMAIN, 2007, p.
27)
Sempre houve, por parte do poder legislativo brasileiro, a preocupação em
tutelar o patrimônio e demais valores públicos, de maneira que a previsão de
condutas ilícitas e dos correspondentes sancionamentos pelas suas práticas, tanto
por particulares como também pelos agentes públicos, e que esteve presente nos
diversos ordenamentos jurídicos nacionais ao longo dos anos, ainda que com
variações quanto ao alcance das condutas protegidas e ao campo jurídico incumbido
de as sancionar.
À luz das presentes alterações na Lei de Improbidade, se levantou à
necessidade de discorrer sobre Improbidade Administrativa, com suas significantes
mudanças, no que tange a exclusão da culpa nos atos da Lei 8.429/92, bem como a
modificação do dolo, em dolo específico, expresso pela Lei 14.230/21, o que na
prática, acarreta na dificuldade de sua comprovação.
Um dos conjuntos de princípios norteadores que regem a administração
pública, bem como todas as condutas praticadas pelos agentes públicos está
disposto no art. 37 da Constituição Federal de 1988, quais sejam: Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, esse último inserido pela
Emenda Constitucional 19/1998. Princípios que a Lei de Improbidade acampa para
si como defesa de toda a administração pública, como filtro desses atos e condutas
que envolve a administração pública e que passa pelo filtro dessa lei, protegendo a
máquina pública
Desta forma, vale mencionar que, a Lei de Improbidade Administrativa (LIA),
traz em seus artigos 9, 10 e 11, atos e condutas que configuram improbidade
administrativa, como no seu artigo 9, o qual traz atos ou condutas que importam
enriquecimento ilícito, no seu artigo 10, prejuízo ao erário, bem como no seu artigo
11, em que traz situações expressas que atentam contra os princípios da
administração pública.
4

No que diz respeito aos atos da Lei n° 8.429/92, vislumbra-se que o art. 9°
constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito, ou
seja, o agente que recebe qualquer vantagem econômica, direta ou indiretamente,
em razão do exercício de cargo. Quanto ao art. 10, constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário, e por fim conforme previsto art. 11, o
agente que atenta contra os princípios da administração pública.
Dessa forma, o principal objetivo desse trabalho, é justamente analisar a Lei
de Improbidade Administrativa com o intuito de verificar a problemática em retirar as
condutas culposas perante esta lei.
O método de abordagem utilizado na presente pesquisa será o dedutivo, a fim
de estabelecer uma formulação que parte do geral para o específico, deste modo
utiliza-se a técnica de pesquisa documental, doutrinária, jurisprudencial e de artigos,
com o intuito de esclarecer a ineficiência de exclusão da conduta culposa, bem
como a dificuldade probatória na aplicação prática do dolo específico na Lei de
Improbidade Administrativa.
2 - Improbidade
2.1 - Conceito e origem do termo improbidade
O conceito de improbidade administrativa refere-se a ações ou omissões
ilegais ou antiéticas cometidas por agentes públicos no exercício de suas funções.
Esses atos violam os princípios da administração pública, tais como legalidade,
moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. A improbidade administrativa
pode envolver o uso indevido de recursos públicos, enriquecimento ilícito,
nepotismo, conluio com empresas privadas, entre outras condutas prejudiciais ao
interesse público.
O termo "improbidade" tem origens antigas e está relacionado com a ideia de
desonestidade, falta de probidade, retidão ou integridade. No contexto jurídico,
"improbidade" refere-se principalmente à má conduta ou falta de ética por parte de
agentes públicos, especialmente aqueles que ocupam cargos de confiança ou
autoridade no governo.
A origem do termo "improbidade" remonta ao latim, onde "improbitas"
significava falta de honestidade, desonestidade ou falta de integridade. Ao longo da
história, essa ideia foi incorporada ao sistema jurídico de vários países, incluindo o
Brasil, onde a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429/1992, estabelece as
5

normas e penalidades para lidar com atos de improbidade cometidos por agentes
públicos.

2.2 - Contexto histórico na elaboração da Lei de Improbidade


Administrativa
A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) é uma peça-chave na
legislação brasileira que combate a corrupção e a má conduta no serviço público.
Sua origem está fortemente relacionada com o contexto histórico da
redemocratização do Brasil e a necessidade de estabelecer normas e punições mais
rígidas para agentes públicos que abusam de seus poderes e desviam recursos
públicos.
É impossível de ser estipulado um “marco zero” no contexto histórico da
corrupção no Brasil, sendo a política brasileira desde sempre permeada pelo
princípio do interesse privado dos governantes. Durante o período antecedente a
promulgação da constituição, o país enfrentou uma série de desafios que
contribuíram para um nível alarmante de corrupção e escândalos envolvendo
políticos e agentes públicos. O regime militar, que vigorou de 1964 a meados dos
anos 80, restringiu a transparência e o controle democrático, criando um ambiente
propício para práticas corruptas.
A transição para a democracia trouxe incertezas e competição política,
enquanto a hiperinflação2 pressionava o governo em busca de recursos. Práticas
como o clientelismo e o patrimonialismo, que envolviam a troca de favores políticos
por cargos públicos, exacerbaram a corrupção. Escândalos notórios, como o caso
Collor e o Mensalão, expuseram a profundidade do problema e abalaram a
confiança do público nas instituições.
A impunidade e a falta de instituições eficazes de controle contribuíram para a
perpetuação da corrupção. No entanto, a sociedade brasileira, ansiosa por um
governo mais transparente e ético, pressionou por medidas eficazes contra a
corrupção e seus escândalos que ganharam destaque na mídia, gerando uma
demanda por legislações que responsabilizassem agentes públicos envolvidos em
atos de improbidade.

2
NAKANO, Luiz Carlos Bresser Preira Yoshiaki. HIPERINFLAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO NO BRASIL: O PRIMEIRO
PLANO COLLOR. Revista de Economia Política, vol. 11, nº 4 (44), 1991. Acesso em 07 de outubro de 2023.
6

O projeto de lei que viria a se tornar a Lei de Improbidade Administrativa foi


elaborado e discutido no Congresso Nacional. Ele foi aprovado e sancionado em
1992 pelo presidente Fernando Collor de Mello. Essa lei estabeleceu um conjunto de
regras rigorosas e penalidades severas para agentes públicos que praticam atos de
improbidade, como desvio de recursos públicos, nepotismo e enriquecimento ilícito.
Contudo, é importante ressaltar que, embora a Lei de Improbidade
Administrativa estabeleça as sanções e as penalidades para agentes públicos
envolvidos em atos de improbidade, ela não fornece uma definição precisa do
núcleo do tipo de ato ímprobo. Utilizando termos abertos e princípios gerais, como a
violação dos princípios da administração pública, a falta de moralidade e a lesão ao
erário, deixando espaço para interpretação. Para Mauro Roberto Gomes de Mattos3:

A definição de improbidade administrativa não pode ser um


“cheque em branco” ou ato de prepotência do membro do Ministério
Público, pois a segurança jurídica que permeia um Estado
Democrático de Direito como o nosso não permite essa indefinição
jurídica.
Ao longo dos anos, a Lei 8.429/1992 passou por ajustes e interpretações
através da jurisprudência e emendas legislativas, refletindo o compromisso contínuo
do Brasil em aprimorar seu sistema de controle e responsabilização no setor público.
Assim, a lei desempenhou um papel fundamental na luta contra a corrupção e na
promoção de uma administração pública transparente e responsável em benefício
do interesse público.
A LIA representa um marco importante na história do Brasil, uma vez que
demonstra a determinação do país em estabelecer um sistema jurídico robusto para
combater a corrupção e a má conduta no âmbito governamental. Ela foi uma
ferramenta vital para responsabilizar aqueles que violem os princípios éticos e legais
que devem orientar a atuação do serviço público.

3
MATTOS, Mauro Roberto Gomes de. Os vinte anos da Lei de improbidade administrativa.
Consultor Jurídico. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2012-dez-06/mauro-mattos-vinte-
anos-lei-improbidade-administrativa#:~:text=A%20Lei%20de%20Improbidade
%20Administrativa,assolava%20o%20Pa%C3%ADs%20naquela%20%C3%A9poca.>. Acesso em:
8 out. 2023.


7

Ao longo das décadas, a lei tem sido aplicada em inúmeros casos de


corrupção e improbidade administrativa, resultando na punição de agentes públicos
corruptos e na recuperação de recursos desviados dos cofres públicos. Isso
demonstra sua eficácia na promoção da transparência e na proteção do erário.
Em resumo, a Lei de Improbidade Administrativa tem suas raízes na
redemocratização do Brasil e na necessidade de combater a corrupção e a má
gestão no setor público. Ela desempenha um papel crucial na promoção da
transparência, da ética e da responsabilidade na administração pública, mas
também gera debates sobre sua aplicação e possíveis reformas para torná-la mais
eficaz e justa. Seu legado é, sem dúvida, parte integrante da evolução do sistema
jurídico brasileiro no combate à corrupção.
A Lei de Improbidade Administrativa também tem impactos significativos no
campo político e na cultura cívica do Brasil. Ela reforça a ideia de que agentes
públicos devem agir com integridade e em conformidade com os princípios éticos,
promovendo uma cultura de responsabilidade e accountability no governo.
Além disso, a aplicação da lei tem implicações políticas, uma vez que agentes
públicos envolvidos em casos de improbidade muitas vezes enfrentam sanções que
podem incluir a suspensão dos direitos políticos e a perda de cargos públicos. Isso
demonstra a disposição do sistema jurídico em punir agentes públicos corruptos,
independentemente de seu status ou posição política.
A LIA também serve como um mecanismo de proteção aos recursos públicos
e ao interesse da sociedade. Ao responsabilizar agentes públicos por atos de má
conduta, a lei ajuda a garantir que o dinheiro dos contribuintes seja utilizado de
forma adequada e em benefício da coletividade.
No entanto, é importante observar que a eficácia da lei depende não apenas
de sua existência, mas também de uma aplicação consistente e imparcial. A atuação
das instituições responsáveis pela investigação e julgamento dos casos de
improbidade administrativa desempenha um papel fundamental na garantia da
justiça e na manutenção da confiança da sociedade no sistema legal.
Em resumo, a Lei de Improbidade Administrativa não apenas combate a
corrupção e promove a responsabilidade no setor público, mas também
desempenha um papel importante na cultura política e na proteção dos interesses
da sociedade brasileira. Seu impacto se estende além do âmbito jurídico,
influenciando a ética na administração pública e o debate sobre a transparência.
8

A Lei de Improbidade Administrativa também desempenha um papel crucial


na promoção da confiança da população nas instituições públicas. Quando os
cidadãos veem que agentes públicos corruptos são responsabilizados por seus atos,
isso fortalece a credibilidade do sistema democrático e aumenta a sensação de que
ninguém está acima da lei. Essa confiança é fundamental para a estabilidade política
e social de um país.
Além disso, a lei serve como um mecanismo de prevenção, dissuadindo,
teoricamente, potenciais infratores de se envolverem em atos de corrupção. A
perspectiva de enfrentar sanções severas, como a perda de direitos políticos e a
obrigação de ressarcir os danos causados ao erário, pode atuar como um elemento
dissuasório poderoso.
Ao longo dos anos, a Lei de Improbidade Administrativa tem sido
complementada por outras iniciativas e legislações no Brasil para fortalecer o
combate à corrupção, como a Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013). Esses
esforços combinados refletem o compromisso contínuo do país em enfrentar a
corrupção em todas as suas formas e promover uma administração pública mais
transparente e ética.
No entanto, é importante ressaltar que a eficácia da lei e de outras medidas
anticorrupção depende da vigilância contínua da sociedade civil, da imprensa livre e
do comprometimento das autoridades responsáveis pela aplicação da lei. O combate
à corrupção é uma jornada contínua e requer o envolvimento de todos os setores da
sociedade para ser verdadeiramente eficaz.

3 – Atos de Improbidade
3.1 - Condutas que tipificam atos de Improbidade
a) Enriquecimento Ilícito
O enriquecimento ilícito é um dos temas mais relevantes no campo do direito
administrativo, principalmente quando se trata da atuação de agentes públicos. In
verbis, o artigo 9º da Lei nº 8.429/19924 que é a principal legislação que busca coibir
e punir práticas relacionadas ao enriquecimento ilícito por parte de agentes públicos:

4
L8429. Planalto.gov.br. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm>. Acesso em: 8 out. 2023.
9

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa


importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa
importando em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática
de ato doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida
em razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de
emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
2021)
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa
ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por
essas entidades;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem
móvel, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades referidas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de
servidores, de empregados ou de terceiros contratados por
essas entidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
2021)
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos
de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura
ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer
dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro
serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das
10

entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação dada pela


Lei nº 14.230, de 2021)
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e em
razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos
descritos no caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional à
evolução do patrimônio ou à renda do agente público,
assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem
dessa evolução; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
2021)
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público,
durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou
declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei. (grifo autoral)

Portanto, enriquecimento ilícito se refere ao aumento injustificado do


patrimônio de um agente público durante o exercício de suas funções, de forma
dolosa. Isso pode ocorrer de várias maneiras, como desvio de recursos públicos,
recebimento de propinas, nepotismo, tráfico de influência, entre outras condutas que
beneficiem indevidamente o servidor público.
Para o glossário do Conselho Nacional do Ministério Público5, o significado de
enriquecimento ilícito é:
É o que se promove empobrecendo injustamente
outrem, sem qualquer razão jurídica, isto é, sem ser fundado
numa operação jurídica considerada lícita ou uma disposição
legal.
Nesse contexto, a lei considera como ato de enriquecimento ilícito qualquer
aumento patrimonial injustificado durante o exercício do cargo ou função pública.
Isso abrange não apenas o recebimento direto de valores indevidos, mas também o
5
Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/institucional/476-glossario/8057-enriquecimento-
ilicito#:~:text=%C3%89%20o%20que%20se%20promove,l%C3%ADcita%20ou%20uma%20disposi
%C3%A7%C3%A3o%20legal. Acesso em 08 de outubro de 2023.
11

uso indevido de recursos públicos, favorecimento indevido de terceiros e outros


meios de obtenção de vantagens ilícitas, mesmo em casos em que não há dano ao
erário como dispõe a jurisprudência in verbis:
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a
condenação por ato de improbidade administrativa que
importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei n. 8.429/92),
excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da
pena de ressarcimento ao erário. STJ. 1ª Turma. REsp
1.412.214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para
acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016 (Info
580).6

A Lei de Improbidade Administrativa prevê diversas sanções para os agentes


públicos que praticam enriquecimento ilícito, tais como:
a. Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
b. Suspensão dos direitos políticos, que pode chegar a 14 anos;
c. Multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial;
d. Proibição de contratar com o poder público com o prazo não superior a 14
anos.
A aplicação da Lei de Improbidade Administrativa requer a instauração de um
processo judicial, garantindo o direito à ampla defesa. O Ministério Público é
frequentemente o órgão responsável pela propositura das ações civis públicas
contra os agentes públicos envolvidos em casos de enriquecimento ilícito.
b) Prejuízo ao Erário
O prejuízo ao erário refere-se a danos financeiros diretos ou indiretos
causados aos recursos públicos. Isso pode ocorrer de diversas maneiras, incluindo
desvios de verbas, superfaturamento em contratos públicos, pagamento indevido de
vantagens a terceiros, entre outros atos que resultem em perda de recursos que
deveriam ser utilizados em benefício da coletividade, in verbis o caput artigo 10º da
Lei 8.429/92:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa


que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:

6
N. 580: Informativo de jurisprudência. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/issue/view/629/showToc. Acesso em
08 de outubro de 2023
12

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa


que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão
dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
no art. 1º desta Lei, e notadamente: (...) (grifo próprio)

A categoria de ato de improbidade relacionada ao prejuízo ao erário abrange


ações que resultem em danos financeiros para a Administração Pública. Isso pode
incluir a realização de contratos superfaturados, desvios de verbas destinadas a
projetos específicos, pagamento indevido de salários ou benefícios a servidores,
entre outros. As penalidades variam de acordo com a gravidade da conduta,
incluindo suspensão de direitos políticos de até 12 anos, multa equivalente ao valor
do dano e a proibição de contratar/receber benefício ou incentivos do poder público
não superior a 12 anos.
É importante ressaltar que o art. 21 da Lei n. 8.429/1992 determina que as
sanções podem ser aplicadas independentemente da aprovação ou rejeição do
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas competente e
mesmo que não ocorra dano ao patrimônio público, salvo quanto à sanção de
ressarcimento ao erário, não sendo considerado bis in idem quando há acórdão do
TCU e sentença condenatória em ação civil pública que determinam o ressarcimento
ao erário e se referem ao mesmo fato, como consta no REsp in verbis:
Não configura bis in idem a coexistência de
título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e
sentença condenatória em ação civil pública de
improbidade administrativa que determinam o
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato,
desde que seja observada a dedução do valor da
obrigação que primeiramente foi executada no
momento da execução do título remanescente. STJ.
1ª Turma. REsp 1.413.674-SE, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª
Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 17/5/2016 (Info 584).7

c) Violação aos Princípios

7
n. 584: Informativo de jurisprudência. Stj.jus.br. Disponível em:
<https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informjurisdata/issue/view/625>.
Acesso em: 8 out. 2023.
13

Os princípios da administração pública são os pilares que norteiam a atuação


do Estado e de seus agentes e ocorre quando há a ocorrência de atos que atentem
contra os princípios previstos no artigo 37 da Constituição Federal8, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
Além daqueles relacionados a lealdade às instituições, honestidade e
imparcialidade, também são formas de improbidade administrativa, bem como cita-
se, por exemplo, a fraude na política de cotas para entrar no serviço público
(maculando o princípio da moralidade).

A Lei de Improbidade Administrativa prevê várias sanções para os agentes


públicos que violam os princípios da administração pública, tais como: pagamento
de multa civil de até 24 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar/receber benefício ou incentivos do Poder Público não superior
a 4 anos.

Vale ressaltar que em um primeiro momento, devemos observar que a


improbidade decorrente de violação aos princípios da Administração Pública não
enseja a perda da função pública ou a suspensão dos direitos políticos. De igual
forma, não há que se falar em perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, uma vez que não há, nesta modalidade de improbidade, bens ou valores
acrescidos.

3.1.1- Autorização para propor ação e celebrar acordo de não


persecução civil dentro da lei de improbidade
Originalmente, a Lei de Improbidade Administrativa vedava qualquer espécie
de transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade, adotando uma
postura rígida na persecução desses casos. No entanto, a Lei nº 13.964/2019,
conhecida como "Lei Anticrime", trouxe uma significativa alteração ao revogar o

8
Constituição. Planalto.gov.br. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 8 out. 2023.


14

artigo que vedava tal disposição, sinalizando uma mudança no paradigma legal. Não
obstante, o verdadeiro avanço na introdução do Acordo de Não Persecução Civil,
como uma alternativa eficaz para a resolução célere de casos de improbidade
administrativa, ocorreu com a Lei nº 14.230/2021, que formalizou e regulamentou a
implementação desse mecanismo, proporcionando um importante instrumento de
conciliação e responsabilização no âmbito da administração pública.
O Acordo de Não Persecução Civil é uma ferramenta proposta pelo Ministério
Público (MP) em casos de improbidade administrativa que atendem a critérios
específicos. Para que o acordo seja válido, algumas regras devem ser seguidas,
visando a transparência, o ressarcimento dos danos causados e a preservação dos
interesses públicos.
O ANPC é uma iniciativa do Ministério Público, que deve apresentá-lo aos
envolvidos como uma alternativa à propositura de uma ação de improbidade
administrativa e tem como requisito a obtenção dos seguintes resultados:
a) Integral Ressarcimento dos Danos: Uma das condições fundamentais para a
celebração do acordo é o comprometimento dos envolvidos em ressarcir
integralmente os danos causados aos cofres públicos ou à entidade lesada.
b) Reversão à Pessoa Jurídica Lesada: Além do ressarcimento dos danos, o
acordo prevê a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
obtida, mesmo que esta vantagem seja oriunda de agentes privados.
c) Oitiva do Ente Federativo Lesado: Antes ou após a propositura do acordo, o
ente federativo lesado deve ser ouvido, garantindo sua participação no
processo e a defesa de seus interesses.
d) Aprovação pelo MP Competente: O acordo deve ser aprovado, no prazo de
até 60 dias, pelo órgão do Ministério Público competente para apreciar as
promoções de arquivamento de inquéritos civis, se a celebração ocorrer antes
do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.
e) Homologação Judicial: O acordo de não persecução civil deve ser
homologado judicialmente, independentemente de ter sido celebrado antes ou
depois do ajuizamento da ação de improbidade administrativa. Essa
homologação garante a validade e a eficácia do acordo perante o Poder
Judiciário.
O Acordo de Não Persecução Civil representa uma importante ferramenta para
desafogar o Judiciário, reduzir a morosidade dos processos e garantir a efetiva
15

responsabilização daqueles que cometem atos de improbidade administrativa. Além


disso, ele incentiva a reparação dos danos causados ao erário e à sociedade de
forma mais rápida e eficaz. Contudo, é fundamental que seu uso seja transparente e
siga rigorosamente as regras estabelecidas na legislação, preservando os interesses
públicos e a integridade do sistema de justiça.
Entretanto, é importante ressaltar que o Acordo de Não Persecução Civil não é
aplicável em todas as situações de improbidade administrativa. Ele se destina a
casos específicos que atendam aos critérios estabelecidos pela lei e que envolvam
agentes públicos dispostos a colaborar na reparação dos danos causados. Além
disso, a aprovação pelo órgão do Ministério Público e a homologação judicial são
etapas cruciais para garantir a legitimidade e a legalidade do acordo.
3.2 - Conduta Culposas
A culpa, no contexto do direito penal, refere-se à responsabilidade moral do
indivíduo pela prática de um crime. Ela pode ser subdividida em culpa consciente,
quando o agente age ciente do risco de produzir um resultado criminoso, assumindo
esse risco, e culpa inconsciente, quando o agente, embora não tendo consciência do
risco, age de maneira negligente, não observando o cuidado que uma pessoa
razoável adotaria nas mesmas circunstâncias.
Sob o pretexto da lei 8.429/92, permitia-se uma margem de interpretação dos
atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário (art. 10)
absurdamente larga e, por vezes, injusta.
Ocorre que, aparentemente, o objetivo da nova lei de improbidade
administrativa não é responsabilizar quem praticou ato ineficaz e imprudente na
condução do exercício natural de uma função pública, mas sim, fazer com que o ato
de pouca cautela não seja abrangido, ainda que voluntário e consciente, pois o
objetivo é enquadrar o agente não honesto e com vontade de lesar e descumprir à
lei.
"De fato, a lei alcança o administrador
desonesto, não o inábil, despreparado,
incompetente e desastrado" (REsp
213.994-0/MG, 1ª Turma, Rel. Min. Garcia Vieira,
DOU de 27.9.1999)
16

O conceito de culpa é o mesmo em todos os ramos do direito, com isso no


que tange a culpa no direito penal, para Guilherme de Souza Nucci9 a culpa é:
O comportamento voluntário
desatencioso, voltado a um determinado
objetivo, lícito ou ilícito, embora produza
resultado ilícito, não desejado, mas previsível,
que podia ter sido evitado.
Cabe salientar que, a intenção da LIA, é punir os agentes comprovadamente
ímprobos, garantir que as atividades da administração pública não paralisem, a fim
de tornar os agentes públicos inertes e inoperantes, diante o rigor do regime
disciplinar.

3.3 Condutas Dolosas

Concernente ao dolo na esfera penal: Cezar Roberto Bitencourt10:


Dolo é a consciência e a vontade de
realização da conduta descrita em um tipo penal
assim sendo é a intenção do agente de alcançar
o resultado.

Noutro giro, Guilherme de Souza Nucci11 define dolo como:


A vontade consciente de realizar a
conduta típica (...), ou seja, é quando o agente
tem a intenção de obter o resultado, ou quando
este assume o risco de produzi-lo.

Entende-se por dolo na seara penal, como livre vontade e consciente dirigida,
ao resultado ilícito, ou mesmo a mera aceitação do risco de produzi-lo. Assim,
quando a vontade visa alcançar o resultado, sendo a conduta exercida em razão
dele, chama-se de dolo direto (teoria da vontade). Já quando a vontade prevê o
alcance do resultado, porém, a conduta é praticada, de acordo o agente e o advento
daquele, entende-se como dolo eventual (teoria do consentimento)
No que tange ao dolo genérico, Segundo Nucci, a vontade do agente de
praticar a ação descrita no tipo penal, ou seja, quando este pretende realizar o fato
9
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de direito penal – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense,
2014.

10
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral – Vol. 29ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2022.
11
Nucci, Guilherme de Souza. Manual de direito penal – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense,
2014.
17

previsto na lei penal, neste sentido entende que: “seria a vontade de praticar a
conduta típica, sem qualquer finalidade especial”.
Ainda quanto ao dolo genérico, entende-se que é quando a vontade do
agente se dirige a realização do tipo, sem objetivos excedentes, diferentemente do
dolo específico que é aquele em que está dirigido à efetivação do tipo, porém há
outros fins os quais excedem a definição do ilícito.
Referente ao dolo no direito civil, Washington de Barros Monteiro entende que
o dolo tem duas definições: a primeira significa um vício de vontade, a qual pode
levar à extinção do ato jurídico: “Em sentido restrito e técnico, dolo é, consoante
definição de CLÓVIS, o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir
alguém à prática de um ato, que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a
terceiro”.

3.4 - Conduta Dolosa Específica


A necessidade da exigência do dolo específico (intenção), para que os
agentes públicos sejam responsabilizados foi inserida pela mudança mais recente
na lei de improbidade administrativa, além disso, os danos causados por
imprudência, imperícia ou negligência, não podem mais ser configurados como
improbidade.
O dolo específico é uma das modalidades de conduta previstas na lei e se
relaciona com a intenção deliberada do agente em praticar atos de improbidade.
Para que se configure o dolo específico, o agente deve agir com a clara intenção de
lesar o patrimônio público ou de beneficiar-se indevidamente, consciente de que sua
ação é contrária aos princípios da administração pública.
Será doloso o ato de improbidade quando o agente quis o resultado (dolo
direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual). Dolo, portanto, pode ser
conceituado como a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a
conduta prevista no tipo administrativo sancionador.
Ocorre que, a ação deverá comprovar a vontade livre e consciente do agente
público de alcançar o resultado ilícito, não sendo suficiente apenas a voluntariedade
ou o mero exercício da função. Deste modo, as alterações foram no sentido de
conferir maior segurança jurídica ao gestor público e de diminuir os espaços de
subjetividade das autoridades encarregadas da aplicação da lei, em especial o
Poder Judiciário e o Ministério Público.
18

3.5 - A ineficácia da comprovação de dolo específico para tipificar


conduta de ato administrativo
A comprovação do dolo específico exige que o agente público atue com a
clara intenção de lesar o erário ou violar os princípios da administração pública. Isso
impõe um ônus probatório elevado sobre os órgãos de controle e o Ministério
Público, tornando muitas vezes difícil a obtenção de evidências claras da intenção
do agente.
Além disso, a interpretação do dolo específico pode variar entre os tribunais, o
que gera incerteza jurídica e resultados divergentes em casos semelhantes. Essa
subjetividade na interpretação do requisito dificulta ainda mais a aplicação
consistente da Lei de Improbidade Administrativa.
Para o Promotor de Justiça André Tiago Pasternak Glitz:
Atos de negligência, imprudência ou
imperícia, por exemplo, que podem causar
danos e prejuízos ao patrimônio público, mesmo
que não decorram de uma vontade direta de
provocá-los, não mais poderão ser tipificados
como atos de improbidade
Diante desses desafios, é importante considerar o retrocesso da atualização
da LIA fazendo com sua abordagem seja menos efetiva na repressão da
improbidade administrativa.
4 - Posição dos Tribunais acerca da Improbidade Administrativa
Com a nova lei, o Supremo Tribunal Federal, com o voto do Ministro
ALEXANDRE DE MORAES, concluiu o julgamento do Tema 1.199 12 da Repercussão
Geral, tendo fixado a seguinte tese:
"1) É necessária a comprovação de responsabilidade
subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade
administrativa, exigindo-se - nos artigos 9º, 10 e 11 da
LIA - a presença do elemento subjetivo - DOLO;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 - revogação da
modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa -, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo
5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo
incidência em
relação à eficácia da coisa julgada; nem tampouco
durante o processo de execução das penas e seus
incidentes;

12
Supremo Tribunal Federal. Stf.jus.br. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?
incidente=4652910&numeroProcesso=843989&classeProcesso=ARE&numeroTema=1199>. Acesso
em: 9 out. 2023.
19

3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de


improbidade administrativa culposos praticados na
vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação
transitada em julgado, em virtude da revogação
expressa do texto anterior; devendo o juízo competente
analisar eventual dolo por parte do agente;
4) O novo regime prescricional previsto na Lei
14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos
marcos temporais a partir da publicação da lei".

No tocante a retroatividade da lei mais benéfica, o Supremo Tribunal Federal


defende no ARE 84398913 que:
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
IRRETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA (LEI
14.230/2021) PARA A RESPONSABILIDADE POR
ATOS ILÍCITOS CIVIS DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92). NECESSIDADE DE
OBSERVÂNCIA DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DE
REGRAS RÍGIDAS DE REGÊNCIA DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E RESPONSABILIZAÇÃO
DOS AGENTES PÚBLICOS CORRUPTOS PREVISTAS
NO ARTIGO 37 DA CF. INAPLICABILIDADE DO
ARTIGO 5º, XL DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL AO
DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR POR
AUSÊNCIA DE EXPRESSA PREVISÃO NORMATIVA.
APLICAÇÃO DOS NOVOS DISPOSITIVOS LEGAIS
SOMENTE A PARTIR DA ENTRADA EM VIGOR DA
NOVA LEI, OBSERVADO O RESPEITO AO ATO
JURÍDICO PERFEITO E A COISA JULGADA (CF, ART.
5º, XXXVI). RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO
COM A FIXAÇÃO DE TESE DE REPERCUSSÃO
GERAL PARA O TEMA 1199. 1. A Lei de Improbidade
Administrativa, de 2 de junho de 1992, representou uma
das maiores conquistas do povo brasileiro no combate à
corrupção e à má gestão dos recursos públicos. 2. O
aperfeiçoamento do combate à corrupção no serviço
público foi uma grande preocupação do legislador
constituinte, ao estabelecer, no art. 37 da Constituição
Federal, verdadeiros códigos de conduta à
Administração Pública e aos seus agentes, prevendo,
inclusive, pela primeira vez no texto constitucional, a
possibilidade de responsabilização e aplicação de
graves sanções pela prática de atos de improbidade
administrativa (art. 37, § 4º, da CF). 3. A Constituição de
1988 privilegiou o combate à improbidade
administrativa, para evitar que os agentes públicos
atuem em detrimento do Estado, pois, como já
salientava Platão, na clássica obra REPÚBLICA, a
punição e o afastamento da vida pública dos agentes
corruptos pretendem fixar uma regra proibitiva para que
os servidores públicos não se deixem "induzir por preço

13
Supremo Tribunal Federal. Stf.jus.br. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4652910>. Acesso em: 9 out. 2023.
20

nenhum a agir em detrimento dos interesses do


Estado”. 4. O combate à corrupção, à ilegalidade e à
imoralidade no seio do Poder Público, com graves
reflexos na carência de recursos para implementação
de políticas públicas de qualidade, deve ser prioridade
absoluta no âmbito de todos os órgãos
constitucionalmente institucionalizados. 5. A corrupção é
a negativa do Estado Constitucional, que tem por
missão a manutenção da retidão e da honestidade na
conduta dos negócios públicos, pois não só desvia os
recursos necessários para a efetiva e eficiente
prestação dos serviços públicos, mas também corrói os
pilares do Estado de Direito e contamina a necessária
legitimidade dos detentores de cargos públicos, vital
para a preservação da Democracia representativa. 6. A
Lei 14.230/2021 não excluiu a natureza civil dos atos de
improbidade administrativa e suas sanções, pois essa
“natureza civil” retira seu substrato normativo
diretamente do texto constitucional, conforme
reconhecido pacificamente por essa SUPREMA CORTE
(TEMA 576 de Repercussão Geral, de minha relatoria,
RE n. 976.566/PA). 7. O ato de improbidade
administrativa é um ato ilícito civil qualificado –
“ilegalidade qualificada pela prática de corrupção” – e
exige, para a sua consumação, um desvio de conduta
do agente público, devidamente tipificado em lei, e que,
no exercício indevido de suas funções, afaste-se dos
padrões éticos e morais da sociedade, pretendendo
obter vantagens materiais indevidas (artigo 9º da LIA)
ou gerar prejuízos ao patrimônio público (artigo 10 da
LIA), mesmo que não obtenha sucesso em suas
intenções, apesar de ferir os princípios e preceitos
básicos da administração pública (artigo 11 da LIA). 8. A
Lei 14.230/2021 reiterou, expressamente, a regra geral
de necessidade de comprovação de responsabilidade
subjetiva para a tipificação do ato de improbidade
administrativa, exigindo – em todas as hipóteses – a
presença do elemento subjetivo do tipo – DOLO,
conforme se verifica nas novas redações dos artigos 1º,
§§ 1º e 2º; 9º, 10, 11; bem como na revogação do artigo
5º. 9. Não se admite responsabilidade objetiva no
âmbito de aplicação da lei de improbidade
administrativa desde a edição da Lei 8.429/92 e, a partir
da Lei 14.230/2021, foi revogada a modalidade culposa
prevista no artigo 10 da LIA. 10. A opção do legislador
em alterar a lei de improbidade administrativa com a
supressão da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa foi clara e plenamente
válida, uma vez que é a própria Constituição Federal
que delega à legislação ordinária a forma e tipificação
dos atos de improbidade administrativa e a gradação
das sanções constitucionalmente estabelecidas (CF, art.
37, §4º). 11. O princípio da retroatividade da lei penal,
consagrado no inciso XL do artigo 5º da Constituição
Federal (“a lei penal não retroagirá, salvo para
21

beneficiar o réu”) não tem aplicação automática para a


responsabilidade por atos ilícitos civis de improbidade
administrativa, por ausência de expressa previsão legal
e sob pena de desrespeito à constitucionalização das
regras rígidas de regência da Administração Pública e
responsabilização dos agentes públicos corruptos com
flagrante desrespeito e enfraquecimento do Direito
Administrativo Sancionador. 12. Ao revogar a
modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa, entretanto, a Lei 14.230/2021, não trouxe
qualquer previsão de “anistia” geral para todos aqueles
que, nesses mais de 30 anos de aplicação da LIA,
foram condenados pela forma culposa de artigo 10; nem
tampouco determinou, expressamente, sua
retroatividade ou mesmo estabeleceu uma regra de
transição que pudesse auxiliar o intérprete na aplicação
dessa norma – revogação do ato de improbidade
administrativa culposo – em situações diversas como
ações em andamento, condenações não transitadas em
julgado e condenações transitadas em julgado. 13. A
norma mais benéfica prevista pela Lei 14.230/2021 –
revogação da modalidade culposa do ato de
improbidade administrativa –, portanto, não é retroativa
e, consequentemente, não tem incidência em relação à
eficácia da coisa julgada; nem tampouco durante o
processo de execução das penas e seus incidentes.
Observância do artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição
Federal. 14. Os prazos prescricionais previstos em lei
garantem a segurança jurídica, a estabilidade e a
previsibilidade do ordenamento jurídico; fixando termos
exatos para que o Poder Público possa aplicar as
sanções derivadas de condenação por ato de
improbidade administrativa. 15. A prescrição é o
perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão
executória pela INÉRCIA do próprio Estado. A
prescrição prende-se à noção de perda do direito de
punir do Estado por sua negligência, ineficiência ou
incompetência em determinado lapso de tempo. 16.
Sem INÉRCIA não há PRESCRIÇÃO. Sem INÉRCIA
não há sancionamento ao titular da pretensão. Sem
INÉRCIA não há possibilidade de se afastar a proteção
à probidade e ao patrimônio público. 17. Na aplicação
do novo regime prescricional – novos prazos e
prescrição intercorrente – , há necessidade de
observância dos princípios da segurança jurídica, do
acesso à Justiça e da proteção da confiança, com a
IRRETROATIVIDADE da Lei 14.230/2021, garantindo-
se a plena eficácia dos atos praticados validamente
antes da alteração legislativa. 18. Inaplicabilidade dos
prazos prescricionais da nova lei às ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa,
que permanecem imprescritíveis, conforme decidido
pelo Plenário da CORTE, no TEMA 897, Repercussão
Geral no RE 852.475, Red. p/Acórdão: Min. EDSON
22

FACHIN. 19. Recurso Extraordinário PROVIDO. Fixação


de tese de repercussão geral para o Tema 1199: "1) É
necessária a comprovação de responsabilidade
subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade
administrativa, exigindo se - nos artigos 9º, 10 e 11 da
LIA - a presença do elemento subjetivo - DOLO; 2) A
norma benéfica da Lei 14.230/2021 - revogação da
modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa -, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo
5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo
incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem
tampouco durante o processo de execução das penas e
seus incidentes; 3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se
aos atos de improbidade administrativa culposos
praticados na vigência do texto anterior da lei, porém
sem condenação transitada em julgado, em virtude da
revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo
competente analisar eventual dolo por parte do agente;
4) O novo regime prescricional previsto na Lei
14.230/2021 é IRRETROATIVO, aplicando-se os novos
marcos temporais a partir da publicação da lei". (ARE
843989, Ministro relator Alexandre de Moraes, Tribunal
Pleno, julgado em 18/8/2022, Repercussão Geral -
Mérito, DJe de 12/12/2022.)

5 - Considerações Finais
Inicialmente, exploramos o conceito e a origem do termo "improbidade ",
contextualizando-o historicamente na elaboração da Lei de Improbidade
Administrativa. Em seguida, analisamos os atos de improbidade, destacando as
condutas que tipificam esses atos, tais como enriquecimento ilícito, prejuízo ao
erário e violação dos princípios. Discutimos também a autorização para propor ação
e celebrar acordo de não persecução civil dentro do arcabouço legal.
Um ponto crucial que emergiu em nossa investigação foi a distinção entre
condutas culposas e dolosas, e a dificuldade intrínseca na comprovação do dolo em
muitos casos. As condutas culposas frequentemente envolvem erros ou negligência,
que não se alinham adequadamente com a nova estrutura da lei, transformada para
tratar principalmente de condutas dolosas. Além disso, a necessidade de comprovar
o dolo específico em casos de atos administrativos adiciona complexidade à
aplicação da lei, dada a subjetividade inerente na interpretação das intenções dos
agentes públicos.
23

Essas a não aplicação da Lei de Improbidade Administrativa a condutas


culposas levam-nos a refletir sobre possíveis soluções e recomendações. Uma das
principais sugestões é a necessidade de uma nova revisão ou reforma da legislação,
a fim de adequá-la para lidar de forma mais justa e eficaz com a responsabilidade
por condutas culposas de agentes públicos, como era anteriormente. Isso envolve
considerar a complexidade envolvida na administração pública e garantir que a lei
seja equitativa e eficaz.
Ademais, é importante explorar alternativas para aprimorar o combate à
improbidade administrativa sem impor um fardo injusto aos agentes públicos cujas
condutas, em grande parte, foram negligentes ou não intencionais. É um equilíbrio
delicado que requer um esforço colaborativo entre o poder legislativo, o judiciário e
os órgãos de controle.
Em conclusão, é de suma importância e relevância a discussão em torno da
Lei de Improbidade Administrativa e suas implicações na esfera pública. Além disso,
vale ressaltar que a inaplicabilidade da Lei de Improbidade Administrativa a
condutas culposas dos agentes públicos e a dificuldade na comprovação do dolo
são questões de grande relevância no contexto da administração pública. O impacto
dessa legislação não se limita apenas aos servidores públicos, mas se estende a
toda a sociedade, uma vez que a eficácia e a justiça da aplicação da lei influenciam
diretamente a confiança nas instituições governamentais.
O estudo também destaca a necessidade de um debate contínuo sobre as
deficiências e as potenciais melhorias na Lei de Improbidade Administrativa,
especialmente no que se refere às condutas culposas. Isso não implica enfraquecer
o combate à corrupção ou à má administração, mas sim em assegurar que a lei seja
justa, eficaz e aplicável em uma ampla gama de situações imparcialmente.
A evolução da legislação e da jurisprudência sobre a improbidade
administrativa deve ser um processo constante, orientado pelo desejo de promover a
transparência, a responsabilidade e a integridade na administração pública.
Por fim, este estudo sublinha a importância de equilibrar a necessidade de
combater a má conduta com a proteção dos direitos e da justiça, reconhecendo que
a complexidade da administração pública frequentemente envolve questões de
culpa, negligência e interpretação subjetiva das ações dos agentes públicos. A Lei
de Improbidade Administrativa deve ser uma ferramenta eficaz para promover a boa
governança, mas também deve ser justa e equitativa em sua aplicação.
24

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