Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAPITULO II
CAPITULO III
Essas alterações trazidas pela nova lei podem ser consideradas como
uma resposta legislativa aos excessos verificados na apuração e punição dos
desvios na administração pública.
Como era: além dos agentes públicos, a lei se mostrava aplicável àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta
PRAZO PRESCRICIONAL
Como ficou com a Lei nº 14.230/2021: art. 23 caput; oito anos, contados do fato
ou, em caso de infrações permanentes, da cessação do ato ilícito. Já
prescrição intercorrente incide quando há inércia no curso do processo de
apuração da conduta ímproba, a partir de marcos interruptivo preestabelecido
pelo legislador. Assim, o prazo prescricional de oito anos, contado a partir do
ato de improbidade, interrompe-se com o ajuizamento da ação e volta a correr
pela metade do tempo (quatro anos) até interromper-se novamente com a
publicação da primeira decisão condenatória.
INDISPONIBILIDADE DE BENS
Como era: o risco de dano irreparável ou risco ao resultado útil do processo era
presumido. Inocorrente distinção acerca da ordem preferencial de bloqueio de
bens. As contas bancárias eram as primeiras a serem bloqueadas.
COMPENSAÇÃO
Para solucionar tal questão, a doutrina utiliza dois critérios. O primeiro critério
diz respeito às disposições transitórias, às quais são elaboradas pelo
legislador, no próprio texto normativo, destinadas a evitar e a solucionar
conflitos que poderão surgir do confronto da nova lei com a antiga lei. Tais
normas são temporárias e conciliam a nova lei com as relações já definidas
pela norma anterior.
O art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal prevê que: “A lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” [5] Já o
art. 6º, da LINDB diz o seguinte: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.” [6]
CAPITULO V
Convém explicar ainda que, no caso em tela, os acontecimentos e a ação de improbidade são
pretéritos à Lei 14.230/2021, de 25 de outubro de 2021, que trouxe profundas modificações
na Lei de Improbidade Administrativa, para demonstrar que a configuração da
responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa impõe a plena comprovação da
responsabilidade subjetiva dolosa (o especial fim de agir).
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as alterações trazidas pela Lei
nº 14.230/2021 à Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) não
retroagem para condenações definitivas. A decisão foi tomada pela maioria dos
ministros no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) n°
843.989, representativo do Tema 1.199 da Repercussão Geral, ocorrido na
sessão ordinária do Plenário, realizada no último dia 18 de agosto.
Além disso, conforme preceitua Gregório Guardia (2013) a ausência de associação entre os
sistemas penal e o administrativo sancionador implanta uma visão de sobreposição de
sanções, não sendo difícil perceber que, ocasionalmente, a intensidade da sanção
administrativa se mostre mais acentuada do que as punições penais. No fundo não há
diferença punitiva para uma infração penal e uma sanção administrativa, posto que em ambos
os casos o estudo expressa, pelas vias competentes para cada uma das áreas, o poder de punir
condutas qualificadas como ilícitas. Destarte, foram criadas gradações de garantias aplicáveis
pelo Estado, tanto na esfera Administrativa quanto na criminal (Benedito Gonçalves, 2021).
A sentença julgou improcedente o pedido, por considerar não ter havido ato de
improbidade administrativa, ante a ausência de dolo ou culpa da requerida. O
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, embora não tenha definido se a ré
atuou com dolo ou culpa, já antecipou o entendimento no sentido da
imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento de danos causados ao erário
por atos de improbidade administrativa ocorridos após Constituição Federal de
1988, sem fazer qualquer distinção quanto ao elemento subjetivo subjacente à
conduta do agente ao qual o fato é imputado. Na presente repercussão geral,
coloca-se para exame definir se as novidades inseridas na LIA devem retroagir
para beneficiar aqueles que tenham cometido atos de improbidade
administrativa na modalidade culposa, bem como quanto aos prazos de
prescrição geral e intercorrente. No presente Agravo em Recurso
Extraordinário interposto em face de acórdão proferido pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (Vol. 7, fl. 68), portanto, se debate o Tema 1199 da
repercussão geral: “Definição de eventual (IR)RETROATIVIDADE das
disposições da Lei 14.230/2021, em especial, em relação: (I) A necessidade da
presença do elemento subjetivo dolo para a configuração do ato de
improbidade administrativa, inclusive no artigo 10 da LIA; e (II) A aplicação dos
novos prazos de prescrição geral e intercorrente.”
(4) Ausência de expressa previsão de “anistia geral” aos condenados por ato
de improbidade administrativa culposo ou de “retroatividade da lei civil mais
benéfica”;
[…]
Fábio Medina Osório (2022) nos diz que há muitas condenações envolvendo atos
administrativos com base em pareceres jurídicos. Comumente, o gestor realizava um ato de
boa fé, fundamentado em jurisprudência, doutrina, leis ou pareceres jurídicos, mas por
infelicidade divergindo do entendimento do Ministério Público. Em tais hipóteses, podiam
ocorrer condenações por improbidade administrativa. Essas condenações, pela nova lei,
devem ser revistas, sejam nos processos em curso, sejam através de ações rescisórias.
A contrario sensu, desde que obedecidas estas limitações, a lei poderia surtir
efeitos retroativos, caso expressamente consignado em seu texto ou, ainda, se
isso decorrer de sua natureza.2
Não nos convence o argumento literalista de que o artigo 5º, inciso XL, da
Constituição menciona expressamente o termo "lei penal" e que, portanto, tal
garantia estaria restrita a esse ramo do Direito. É que, como sabemos, a
Constituição deve ser interpretada de forma harmônica e sistemática, de modo
a prestigiar, de maneira geral, os valores positivados no texto constitucional. Se
compreendermos, então, a vontade constitucional de resguardar os direitos
daqueles que podem sofrer uma sanção estatal, sobretudo evidente a partir da
escolha por um Estado (democrático) de Direito, resta evidente que não
haveria lógica em tal diferenciação fruto de uma interpretação meramente
literal.
Cezar Roberto Bitencourt (2021, p.180) faz interessante apontamento referente a importância
do debate acerca dos princípios atuantes sobre a Lei de Improbidade Administrativa não
estarem na natureza dos atos de improbidade (penal ou extrapenal), mas no vigor de suas
sanções, garantindo ao cidadão a mesma proteção das garantias constitucionais, para sanções
com a mesma carga repressiva de crimes.
Ainda em Cezar Bitencourt (2020, p. 77) a correlação entre a ação de improbidade e as ações
criminais ficam bem evidentes com o artigo 21, §4º da Lei de Improbidade Administrativa, ao
prever que a absolvição criminal pelos mesmos fatos por decisão colegiada, impede o trâmite
da ação de improbidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que permite dessumir de todo o exposto,é possível uma lei retroagir para
alcançar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada?
Em resumo, o acórdão julgou improcedente o pedido, ao entendimento de que não houve ato
de improbidade, nem prejuízos causados ao erário em decorrência da atuação da ré como
procuradora contratada pela Autarquia previdenciária por não se tratar de ato com o dolo
específico de causar dano, mas sim de negligência (culpa) e que por óbvio ninguém comente
ato culposo com a vontade livre e consciente de causar um ato ímprobo tipificado nos artigos
9°, 10 ou 11 da Lei de improbidade, ou seja, ninguém é desonesto sem querer. Foi reconhecida
a repercussão geral da matéria constitucional, como já mencionado anteriormente para
definição de eventual RETROATIVIDADE das disposições da Lei 14.230/2021, em especial, em
relação: (I) A necessidade da presença do elemento subjetivo – DOLO – para a configuração do
ato de improbidade administrativa, inclusive no artigo 10 da Lei de Improbidade
Administrativa; e (II) A aplicação dos novos prazos de prescrição geral e intercorrente com
entendimento pela IRRETROATIVADADE da Lei de Improbidade.
Outros sim, teve como objetivo também, comparar em quais pontos o direito administrativo
sancionador e o direito penal têm similitude e em que medida a doutrina entende que os
princípios do direito penal, em especial o da retroatividade da lei mais benéfica, devem
tangenciar os casos de improbidade do direito administrativo sancionador norteados por uma
interpretação mais ampliativa da constituição.