Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira
instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua
secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da
Ouvidoria.
ouvidoria@fgv.br
www.fgv.br/fgvmanagement
SUMÁRIO
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA
1.1 Ementa
Cultura organizacional, origem e impacto no resultado da empresa. Cultura, estratégia,
modelo de gestão e estilo de liderança. Clima organizacional. Diagnóstico, gerenciamento
e mudança da cultura organizacional. Cultura, fusão e aquisição
1.3 Objetivos
1.5 Metodologia
A metodologia de ensino a ser adotada privilegiará, concomitantemente, a aquisição de
novos conhecimentos e o desenvolvimento de uma percepção individual crítica sobre os
temas apresentados, a partir da vivência pessoal e profissional de cada aluno. Assim,
serão utilizadas exposições orais seguidas de debates e trabalhos em grupo, envolvendo
estudos de casos, dinâmicas de grupo e simulações empresariais.
SCHEIN, Edgard. Cultura organizacional e liderança. 7 reimp. São Paulo, Atlas, 2020.
JOHANN, Sílvio Luiz. Gestão da cultura corporativa. 3 ed.. São Paulo: Saraiva, 2011.
Gifford e Elizabeth Pinchot destacam que a burocracia se firmou como o modelo de gestão
básico da maioria das organizações do século XX, pelo fato de atender a diversas das
necessidades das empresas da chamada era industrial. Ele aumentou a eficácia da
hierarquia, reduzindo os abusos de autoridade e trazendo uma maneira mais eficiente de
gerenciamento das tarefas complexas que foram se apresentando à medida em que as
instituições cresciam. A burocracia criou, conforme destacam esses autores, um sistema
capaz de gerir de forma adequada a produção mecanizada, padronizada, de larga escala e
com maciços investimentos financeiros que caracteriza o capitalismo industrial1.
1
PINCHOT, Gifford e PINCHOT, Elizabeth. O poder das pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
• Excessiva concentração das decisões – a hierarquia rigorosa faz com que praticamente
todas as decisões não previstas expressamente nas normas e regulamentos precisem
ser tomadas pela cúpula, gerando lentidão e, muitas vezes, inadequação no processo
decisório;
Na visão de Follett, a função do gerente é ajudar seus liderados a perceber que têm esse
poder e unificá-los em um poder total do grupo. Enquanto no “poder-sobre” o líder exerce
pressão sobre o grupo para obter o que quer, no “poder-com” trabalha com o liderado para
satisfazer as necessidades mútuas. Frases do tipo: “manda quem pode, obedece quem
tem juízo” ou “ordens são para ser cumpridas e não discutidas”, largamente utilizadas por
gerentes com perfil autoritário, são o oposto dessa posição, levando, normalmente, à
irritação e descomprometimento por parte dos liderados. Assim, frequentemente, quando
ocorrem resistências em relação a uma determinada ordem, o que não está sendo bem
recebido é a ordem em si, devido à maneira como foi dada e não a ação ordenada.
2
GRAHAM, Pauline (organizadora). Mary Parker Follett: Profeta do gerenciamento. Rio de Janeiro: Quality
Mark, 1997.
3
LIKERT, Rensis. Novos Padrões de Administração. São Paulo: Pioneira: 1971.
4
TOLEDO, Flávio. Recursos Humanos e Globalização. São Paulo: FTA Editora, 1996, p. 12.
Paulo Roberto Motta, outro estudioso contemporâneo da liderança, também reforça a maior
eficácia da gestão participativa. Para ele, a participação mobiliza a inteligência da empresa,
pois, ao valorizar o potencial das pessoas, permite que estas exprimam suas ideias e
emoções. Permite, ainda, que desenvolvam relações pessoais mais autênticas, tornando-
se profissionais mais autônomos e competentes. Na sua visão, é preciso reverter o
processo de repressão organizacional, que produz funcionários alienados, ameaçados,
submissos e servilmente obedientes5.
Robbins e Finley7 definem o bom líder como aquele que projeta a energia, favorecendo a
motivação para a realização das tarefas do grupo. Caracteriza-se, também por apoiar a
criatividade e nunca se acomodar, buscando a evolução constante. Está verdadeiramente
envolvido com os desafios do grupo e obtém o envolvimento dos liderados. Acentua o lado
positivo das pessoas e das situações, fugindo da negatividade. Acima de tudo, o líder eficaz
é capaz de difundir uma visão comum, um pensamento que arde na mente e nos corações
da equipe, emprestando-lhe uma razão de ser.
Um grande exemplo de líder corporativo carismático foi Henry Ford, o fundador da Ford
Motors. No início do século XX, quando um automóvel custava mais caro do que uma casa
e demorava cerca de três dias para ser produzido, ele criou e difundiu por sua equipe a
seguinte visão: Fabricar um carro tão barato que os próprios operários poderiam adquiri-
lo. Diante das limitações tecnológicas da época, da complexidade do processo produtivo,
que gerava um alto custo de fabricação, essa visão parecia ser um grande absurdo, algo
totalmente fora da realidade. Alguns anos depois, no entanto, ela foi alcançada, sendo
oferecido à população, por apenas 500 dólares, o famoso Ford Modelo T.
5
MOTTA, Paulo Roberto. Gestão Contemporânea: A ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record,
1991, p. 179
6
KONDO, Yoshio. Motivação Humana: Um fator-chave para o gerenciamento. 2 ed. São Paulo: Editora Gente,
1994.
7
ROBBINS, Harvey e FINLEY, Michael. Por que as Equipes Não Funcionam: O que não deu certo e como torná-
las criativas. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
Marco Aurélio Vianna8 destaca a necessidade de que o líder esteja buscando continuamente
conhecer os fatores de motivação de sua equipe. Deve indagar aos colaboradores quais
são os seus sonhos e verificar se a organização tem atendido aos mesmos.
De acordo com a mitologia grega, Sísifo provocou a ira de Zeus ao revelar segredos dos
deuses e prender a morte por algum tempo, evitando a guerra e esvaziando o império de
Plutão. Seu castigo consistiu em empurrar incessantemente uma enorme pedra até o alto
de uma montanha. Ao chegar ao cume, a pedra rolava e ele tinha que recomeçar seu
trabalho.
8
VIANNA, Marco Aurélio F. Trabalhar para quê? A motivação profissional nas equipes realizadoras. São Paulo:
Editora Gente, 1997, p. 35.
9
MOSCOVICI, Fela. Renascença Organizacional. 3 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993, p. 79.
Para Motta, a visão tradicional das organizações, vistas como racionais, controláveis e
passíveis de serem uniformizadas está cada vez distante da realidade caótica, imprevisível,
que caracteriza, em muitos aspectos, as organizações contemporâneas. Isso não quer
dizer, conforme ele mesmo destaca, que não se deva dar valor à racionalidade nas práticas
gerenciais. O que é preciso é tratar-se a gerência, de um lado, como algo científico,
racional, passível de ser analisado a partir de relações de causa e efeito e, de outro, aceitar-
se sua face de imprevisibilidade e de interação humana, que lhe conferem a dimensão do
ilógico, do intuitivo, do espontâneo e do irracional.
A adoção deste estilo gerencial não deve ser confundido, logicamente, com a renúncia da
supervisão, com o descomprometimento por parte do gerente em relação ao desempenho
de seus liderados. A eficácia de sua adoção depende, de acordo com Toledo, da criação de
10
MOTTA, Paulo Roberto. Gestão Contemporânea, op. cit., p. 19.
11
MOTTA, Paulo Roberto. Gestão Contemporânea, op. cit., p. 78.
12
TOLEDO, Flávio. Recursos Humanos e Globalização op. cit., p. 84.
Vivemos uma época marcada por grandes desafios econômicos, onde as organizações que
não forem extremamente produtivas não sobreviverão. É preciso gerar resultados. As
empresas precisam dar lucros. Os órgãos públicos precisam atender às necessidades dos
cidadãos e implementar as políticas governamentais com eficiência, eficácia e efetividade.
13
PLATT, Lewis E. “O equilíbrio entre vida profissional e pessoal do funcionário”. In: : HESSELBEIN, Frances,
GOLDSMITH, Marshall e BECKHARD, Richard (organizadores) A Organização do Futuro. São Paulo:
Futura, 1998.
O líder deve ser um obstinado por resultados, pela superação de metas, pelo compromisso
com a qualidade e a produtividade, em especial com o bom atendimento aos clientes.
Marco Aurélio Vianna, um dos autores de abordagem mais humanista dentre os
anteriormente citados, lança um claro alerta neste sentido. Conforme ele destaca, a
valorização dos empregados não pode servir, em momento algum, de desculpa para a
acomodação e a indolência. Ao contrário, devem ser valorizados a energia, o desafio e o
trabalho. Protecionismos, corporativismos e “patotas” não devem ser admitidos. Amizades
de longos anos não devem arranhar os princípios da competência14.
Além disso, aquele que não confia em si próprio não pode inspirar confiança nos liderados.
Quanto maior a autoestima de um dirigente, maior a possibilidade ele terá de servir de
exemplo e influenciar o comportamento dos outros, características básicas do líder. A
adoção de formas autoritárias de gestão pode ocorrer, inclusive, como um reflexo da
insegurança do gerente. Ao tornar-se mais seguro de si mesmo, o gerente terá maior
facilidade para manter um relacionamento de alto nível com seus liderados.
14
VIANNA, Marco Aurélio F. Trabalhar Para Quê? Op. cit., p.68.
15
BRANDEN, Nathaniel. “A autoestima na era da informação”. In: HESSELBEIN, Frances, GOLDSMITH,
Marshall e BECKHARD, Richard (organizadores) A Organização do Futuro: Como preparar hoje as
empresas de amanhã. São Paulo: Futura, 1997, pp. 242-51.
Instruções de aplicação:
A aplicação do quadro deve ser assim: o próprio gerente deve fazer uma auto-avaliação
marcando, em cada linha, a resposta na qual mais se percebe, dentre as colunas 1 a 4.
Para cada marcação na 1a coluna, é computado 1 ponto; 2 pontos na 2a coluna, 3 na 3a
e 4 na 4a coluna. Tira-se, então, a média aritmética. Quanto mais próximo de 4, mais
participativo é o estilo gerencial. Quanto mais próximo de 1, mais autocrático.
Depois, deve-se tirar uma cópia para cada liderado e pedir-lhe que preencha sem se
identificar, colocando sua resposta em uma urna ou envelope . Procede-se, então, a
contagem de pontos da mesma maneira.
É interessante a comparação entre a forma como o gestor se percebe e a forma como é
percebido por seus liderados.
A tabela também proporciona a percepção de que aspectos estão deixando mais a desejar
no estilo de liderança adotado (que são, no caso, os contemplados nas linhas onde houver
maior número de marcações nas colunas 1 e 2)
Referência:
LIKERT, Rensis e LIKERT, Jane Gibson. Administração de Conflitos: Novas
Abordagens. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1980.
“ABSALÃO” - voltou a voz - “Não estou contente com os homens. Farei chover até cobrir a
terra de água. Vá e construa um barco para você e sua família. Você terá 4 meses para
esse empreendimento”.
- “Sim, senhor. Mas qual o tipo, para qual carga, para que navegação?”
- “Ora, isso são detalhes. Isso não é da sua conta. Faça apenas seu serviço. Combinado?”
- “Puxa, eu não tinha pensado nisso” - disse Absalão – “É preciso selecionar bem estes
homens. Meu amigo Roboão é especialista em seleção, vou chamá-lo”.
O 2o dia amanheceu tranqüilo e claro. O Presidente foi acordado por Roboão com boas
notícias: “Chefe, já contratei 5 recrutadores e 10 examinadores para a fase de seleção.
O empreendimento crescia da vento em popa. Absalão, com seu habitual dinamismo, logo
adquiriu uma cabana para instalar o pessoal, com divisórias e tapetes, e formou uma
equipe de segurança e zeladoria.
- “Este Noé está sempre me perturbando, exigindo decisões imediatas sobre assuntos de
grande complexidade Diga a ele que nomearei um grupo de trabalho, o GT-BAR, para me
dar um parecer.
- “Roboão, não quero incomodá-lo” - disse Absalão - “Mas Noé me disse que ainda não
foram contratados os carpinteiros para o corte.”
Na noite do 40º dia Absalão estava cansado, mas não pôde esquivar-se de receber Noé
em sua residência.
- “Sr. Presidente, desculpe-me interromper o seu descanso mas o projeto já está pronto e
as pessoas do GT-BAR ainda não foram nomeadas. Faltam também... ”
No 80o dia Absalão passeava pela ravina. Estava orgulhoso. Era presidente de um
empreendimento que já contava com 1.200 pessoas. Subitamente - “PUFF” - uma nuvem
de fumaça. Ouviu-se então uma voz que dizia: “Absalão ponha gente de mais peso no
topo, caso contrário o empreendimento afundará”
- “Noé, Noé, ponha um convés no alto do mastro. Vou colocar as pessoas mais pesadas
em cima.”
- “Mas Presidente, isso é impossível. Sempre o convés é embaixo e o mastro aponta para
cima. Se aumentarmos a massa no topo, o barco vai emborcar.”
- “Não discuta, a orientação agora é comigo, Noé. Recebi ordens superiores de colocar
homens mais pesados no topo e é isso que vou fazer. Cumpra minhas ordens!”
- “Que inferno, Gau! Coloque a sua equipe em campo. Jacob está fora de suspeita por ser
meu amigo e companheiro de trabalho. Verifique o pessoal da carpintaria.”
- “Desculpe, Presidente” - falou o DC - “mas acho que o problema está com esse tal de
Noé. Nos nossos arquivos não constam os exames de admissão dele e nem sabemos se é
mesmo engenheiro naval”.
- “Sim, a culpa é minha” - retrucou Absalã o - “Mas quando contratei Noé ainda não
existiam as normas do empreendimento.”
- “Tudo era muito improvisado naqueles dias, Sr. Presidente” - acrescentou o DI - “a culpa
não é sua. Este Noé é um oportunista sem escrúpulos, querendo se passar por engenheiro
naval sem ter freqüentado nenhum curso regular.”
Todos concordaram com o DI e fizeram ácidas críticas a Noé. Absalão por fim decidiu: Ele
seria despedido!
Noé ficou furioso com a notificação. Nem exigiu a fração do 13o salário que lhe cabia.
Estava disposto a sair daquela terra e o caminho mais fácil era pelo rio. Partiu para a
floresta e reuniu 5 companheiros.
- “Não importa. Ensinarei a cortar madeira e já tenho os desenhos. Faremos uma equipe
motivada com o objetivo de construir um barco para uma vida melhor em outras terras.
Levaremos uns bichos a bordo para comermos na viagem. Só falta meter a mão na obra.”
E começou a chover. Absalão correu para fora, seguido de Job. A chuva estava cada vez
mais forte, começando as águas a inundar tudo. Job gritou:
- “Chefe, há um barco descendo o rio. Veja, na proa está escrito “Arca de Noé”.
Caso 2:
Caso 3:
Caso 4:
Caso 5:
funcionárias que contratou, todas vindas de sua equipe da época em que trabalhava como
gerente do hospital. Foram tempos heroicos, nos quais, no dizer da própria Joana “a gente
pegava o touro à unha”. Cinco anos após a fundação já eram quatro os hospitais atendidos
e, passados mais cinco anos, o número total de instituições clientes chegou a doze. A
empresa investiu continuamente na compra de equipamentos modernos. O que não mudou
foi o jeito de administrar. Joana continua à frente do negócio e muito envolvida com a
operação e a administração da empresa. Júlio, o Gerente Geral que contratou para ajudá-
la na gestão reclama de que é pouco ouvido, que a proprietária não admite ser contrariada
e que barra todas as inovações que ele tenta implantar. Pela primeira vez, a empresa
perdeu clientes. Três hospitais que há muito contratavam seus serviços trocaram para um
fornecedor que pratica preços mais baixos. Na percepção de Joana, o problema está na
falta de dedicação e lealdade à empresa dos novos trabalhadores, que não tem com ela a
mesma amizade e comprometimento que tinham as primeiras funcionárias. Já Júlio afirma
que a falta de modernização administrativa tem dificultado a otimização e o controle dos
processos produtivos e é isso que está tornando o preço praticado menos competitivo.
Caso 6:
Caso 7:
Easy Soft é uma empresa especializada em soluções de informática para comércio varejista
de pequeno e médio porte. Seus fundadores são Roberta, Júlio e Daniel, três jovens
universitários cursando, respectivamente, Ciência da Computação, Engenharia de
Produção e Administração. Os três são amigos de infância e descobriram, na paixão comum
por informática, uma oportunidade de ingressar no mundo do trabalho desenvolvendo
atividades prazerosas e mantendo uma agradável parceria. A empresa está agora com dois
anos de existência e já conquistou uma boa carteira de clientes. Agora foram contratados
dois funcionários, pois os três fundadores não estavam mais conseguindo dar conta de
todo o trabalho. Recentemente Daniel foi entrevistado por colegas de faculdade sobre sua
experiência como microempresário e um dos pontos altos que destacou foi o excelente
entrosamento que tem com os colegas/sócios e com os funcionários. Disse que existe na
equipe uma grande sinergia, com os diferentes saberes se complementando. Explicou que
as decisões são sempre compartilhadas entre todos e que isso tem sido um dos segredos
Caso 8:
Alma é uma agência de propaganda, fundada há um ano por Fábio, um publicitário que se
destacou na agência em que trabalhava anteriormente. Tão bons eram os resultados que
alcançava que ele resolveu criar sua própria empresa. Para montar sua equipe, ele buscou
nas melhores faculdades de Comunicação da cidade alunos que se destacavam pela
criatividade e capacidade de trabalho, seguindo, assim, o seu próprio perfil. Vitória e
Fabiana, as publicitárias contratadas, revelaram-se mesmo excelentes profissionais. Tão
competentes elas eram que Fábio decidiu deixá-las à frente de todos os processos de
criação, dedicando-se integralmente a duas grande missões: prospectar novos clientes e
organizar a empresa. Temendo perder o controle sobre os procedimentos administrativos
e financeiros, estruturou uma série de rotinas de trabalho bem detalhadas, fazendo com
que todos os processos comerciais, técnicos e administrativos seguissem um padrão
previamente estabelecido. Em alguns casos, Vitória e Fabiana quiseram alterar os
procedimentos padronizados para adaptá-los a necessidades específicas dos trabalhos que
estavam fazendo mas não foram autorizadas a fazê-lo. Com isso, manifestaram
descontentamento e disseram que a rigidez com que os processos eram conduzidos estava
prejudicando o alcance de resultados e dificultando o atendimento às demandas específicas
dos clientes. O problema maior, entretanto, é que, ao contrário do que Fábio pensou
quando decidiu criar a própria empresa, não estava sendo fácil montar uma boa carteira
de clientes. Algumas empresas que pareciam bem promissoras acabaram não fechando
contrato por não se adequarem às condições impostas nas negociações.
Nesse tipo de cultura, a hierarquia é muito enfatizada, voltada para o poder exercido pelo
líder máximo da empresa, sendo, portanto, uma gestão mais personalista. As decisões são
bastante centralizadas e valoriza-se bastante a tradição, o que já foi conquistado pela
organização no passado.
7. ESTILOS DE LIDERANÇA
Autocrático
Esse líder acredita que seus liderados devem submeter-se à sua autoridade sem criar
problemas. Uma de suas frases preferidas é: "ordens são para serem cumpridas e não
discutidas". Você entende que cabe ao líder, com sua maior competência, sabedoria e
experiência (afinal, se não fosse assim não seria o líder) pensar o que fazer, dar as ordens
para que seja executado exatamente como foi planejado e controlar rigorosamente a
execução, punindo aqueles que se mostrarem pouco dedicados. O liderado ideal, de acordo
com a sua visão, é aquele que se mostra sempre dedicado, submisso à sua autoridade e
reservado. Detesta pessoas que ficam questionando ou apresentando obstáculos. Quando
se irrita com o comportamento de alguém, costuma ser bastante ríspido. As ameaças e
punições são, no seu entendimento, os melhores instrumentos de controle dos liderados.
Laissez-faire
Esse líder detesta ter que tomar decisões mais complexas, que possam lhe trazer algum
tipo de aborrecimento. Se há algum problema difícil de ser enfrentado, acha que a melhor
estratégia é esquecer que ele existe, adiando ao máximo qualquer decisão, pois pode ser
que as coisas acabem se resolvendo sozinhas. Suas frases preferidas são: "nada como um
dia atrás do outro" e "o futuro a Deus pertence". Quando percebe que estão ocorrendo
problemas, finge que não está vendo e deixa que os próprios envolvidos resolvam. Se é
procurado para dar uma opinião, "escorrega", evitando sempre assumir posições que
possam se mostrar polêmicas. Bota panos quentes em tudo e procura sempre minimizar
os problemas, por mais graves que eles sejam.
Paternalista
Amado por seus liderados, trata-os como se fossem crianças que precisam ser protegidas.
É sempre bondoso e compreensível, mesmo quando alguém se mostra inconveniente no
comportamento ou displicente com suas responsabilidades. Está sempre "passando a mão
na cabeça" dos liderados. Sua frase preferida é "o que a gente leva desta vida é o amor
que a gente tem pra dar". Seus liderados são invejados pelos outros empregados da
empresa, que dariam tudo para trabalhar com um líder tão bonzinho. Quem não gosta nem
um pouco dos seus métodos são os outros líderes, pois faz concessões que abrem
precedentes, levando pessoas de outros setores a exigirem as mesmas regalias que
oferece a seus liderados. Quando o desempenho do setor está fraco, trata de culpar a falta
de sorte, problemas "técnicos", falta de material e outros, sem nunca questionar a
eficiência de seus liderados. Dizem as "más línguas" que estraga os empregados sob sua
responsabilidade, os quais ficam acomodados, dependentes e inseguros.
Burocrático
Esse tipo de líder é muito dedicado ao trabalho mas aparenta sempre maior
comprometimento com as rotinas administrativas e o cumprimento de normas do que com
o alcance de resultados. Trata de maneira fria e distante os problemas dos liderados,
julgando que qualquer conflito é uma disfunção e que a simples observância das normas e
rotinas instituídas é capaz de dirimir dúvidas e dar orientações seguras sobre como agir.
Sua frase preferida é: “em time que está ganhando não se deve mexer”. Seus liderados o
respeitam pela seriedade como se dedica à empresa, mas, ao mesmo tempo, sentem-se
desestimulados diante de sua passividade e conformismo.
Participativo
O líder participativo ouve, sempre que possível, a opinião seus liderados, valorizando a
participação dos mesmos nas decisões a serem tomadas. Sua frase preferida é "a união
faz a força". Encara os empregados como pessoas adultas e responsáveis, acreditando que
se eles receberem os estímulos necessários e as orientações adequadas serão capazes de
manter uma elevada produtividade. Quando há algum problema a ser resolvido, procura
expor com clareza a situação, ouvir as diversas opiniões e sugestões, discuti-las com o
grupo até encontrar uma solução que se mostre mais satisfatória e, a partir daí, mobiliza
esforços de todos para colocar em prática o que foi decidido.
Tendo sido recrutado devido à experiência que possuía em construção civil, ele ficou
encarregado de supervisionar as obras. Logo, porém, acabou assumindo, informalmente,
tarefas bem mais amplas. Estando a matriz sediada em São Paulo e a nova fábrica em
Belém, ficava difícil para a diretoria estar constantemente presente no local da construção.
Com isso, muitas outras funções foram assumidas por Paulo, que se revelou um líder nato
e um negociador bastante eficaz. Durante os 30 meses que durou a obra, ele tomava todas
as decisões sobre contratações e demissões, relacionava-se com os futuros fornecedores
locais, recepcionava autoridades, mantinha contatos com futuros distribuidores, promovia
notícias sobre a fábrica nos jornais locais, dentre outras atividades. Era um exemplo de
dedicação e eficácia.
O problema está no desempenho atual de Paulo, que ficou irreconhecível depois que a
fábrica foi inaugurada. Tão logo foi designada a gerência da unidade local, ele começou a
insubordinar-se e a criar todo tipo de problema. Dizem que o que ocorreu é que Paulo
esperava ser nomeado o gerente geral. O Presidente da Palhares, quando informado pelo
Diretor de Recursos Humanos sobre essa teoria, achou que não deveria ser essa a razão
da desmotivação de Paulo. Afinal, ele jamais prometera cargo algum para ele. Além disso,
Paulo já estava inscrito na próxima edição do Programa de Capacitação Gerencial, realizado
em convênio com uma tradicional universidade, cujos primeiros colocados seriam
promovidos a cargos de confiança. Era só uma questão de esperar, portanto. Não havia
motivo para a queda de produção observada.
Paulo está cada vez pior. Recusa-se a cumprir as mais elementares normas internas, como
a de usar o crachá de identificação. Sempre que recebe um memorando, reclama do
excesso de papéis e nunca responde no prazo os relatórios e informes solicitados. Critica
a lentidão que caracteriza os processos burocráticos e procura resolver os problemas que
encontra à sua própria maneira, sempre “passando por cima” das rotinas administrativas
e da hierarquia. Correm boatos de que ele está para ser contratado por uma empresa
concorrente.
O Gerente Geral da fábrica já solicitou a demissão de Paulo, mas a mesma não tem sido
aceita pelo Presidente, que acha que, por tratar-se de um funcionário de grande valor,
conforme demonstrou no período da construção, seria um desperdício deixar de contar
com sua contribuição.
16
Adaptado pelo Professor Victor Paradela