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ATIVIDADE 1 –

Visionamento do filme
Atividade Individual “Tempos Modernos” e
Acácio Franco
elaboração de uma
Módulo I
reflexão crítica
Os indivíduos, os grupos e as
organizações e organizacional individual

Psicossociologia das Organizações | Atividade Individual


ATIVIDADE 1 – REFLEXÃO CRÍTICA | ATIVIDADE INDÍVIDUAL

Data: 14 de Março de 2023


Licenciatura: Relações Humanas e Comunicação Organizacional
Ensino: À distância
Unidade Curricular: Psicossociologia das Organizações
Docente: Mafalda Casimiro
Ano: 1º Ano – 2º Semestre
Período: 2022/2023
Discente: Acácio Jorge Faria da Silva Franco

NOTA INICIAL

Realizado no âmbito da disciplina de Psicologia das Organizações, nomeadamente para o


módulo “Os indivíduos, os grupos e as organizações”, este trabalho tem como objetivo a
elaboração de uma reflexão crítica sobre organizações e as sociedades modernas, tendo
como base o seguinte filme “Tempos Modernos”. Filme esse, sugerido pela professora.

REFLEXÃO CRÍTICA

O filme Tempos Modernos é um filme que foi idealizado e protagonizado por Charles
Chaplin em 1936. A sua produção tornou-se um clássico no cinema e é um dos mais
conhecidos cineasta. Nesta obra cinematográfica, Chaplin desempenha o papel de um
operário de uma linha de montagem na sociedade industrial americana nos anos 30,
imediatamente após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda sociedade norte-
americana, levando grande parte da população ao desemprego e à fome (Infoescola,
2022).

O filme narra a história de um trabalhador comum que busca uma vida estável, não
só profissionalmente, mas também como individuo, numa sociedade que estava a ser
confrontada com uma inovação tecnológica apelativa.

Configurando-se numa forte crítica, principalmente à sociedade industrializada,


onde as cidades são sujas, barulhentas e a atividade humana foi reduzida a uma repetição
de tarefas que não exige criatividade, o filme retrata de forma clara as condições de
trabalho e a cultura das pessoas na época da Revolução Industrial (Porto Editora, 2022).

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“Tempos modernos, uma história sobre indústria, sobre empresa individual -


cruzada da humanidade na busca da felicidade", põe-nos a acreditar que “o Vagabundo”
(Charlie Chaplin) encarnará essa empresa individual (Chaplin, 2022).

Logo na cena de abertura, verificamos que os trabalhadores das fábricas são


comparados a um rebanho , que tem o tempo limitado, diria pior que isso, pois o “dever” do
trabalhador é produzir, por tal motivo as suas tarefas devem de ser feitas o mais rapidamente
possível, na época era esse o ritmo celerado que se impunha.

Chaplin, que presenta milhões de trabalhador que tinham que lidar com a pobreza,
o desemprego, as greves e os desordeiros, e a tirania da máquina. Ao longo do filme,
verificamos que chega a ser preso, o que para ele de certa maneira era bem melhor, pois
pelo menos na prisão tinha cama e comida, atrevo-me a dizer que ali, sempre seria melhor
tratado, os tempos eram difíceis.

Charles Chaplin, enquanto operário, era dominado pelo rigor no cumprimento de


horário de trabalho, que não permitia descanso. Na realização da mesma atividade, ele teve um
colapso nervoso devido à repetição constante dos mesmo movimentos contínuos que era obrigado a
exercer na linha de produção. A pressão era bastante que não permite descanso, e pelos
movimentos repetitivos e contínuos que foi obrigado a exercer na linha de produção, o
protagonista assume-se como uma extensão da máquina.

O “Vagabundo” não consegue controlar o seu próprio corpo, a sua mobilidade está
reduzida à linha de produção da qual ele se tornou parte. Surge, assim, a divisão do
trabalho, ou seja, para as empresas e os seus gestores, a produção esta a cima do bem-
estar dos trabalhadores, pouco ou nada se preocupavam com a sua formação, proteção e
motivação, os trabalhadores para eles eram “mais um número”, o importante era
produzir…. Nesta altura, recursos humanos, recrutamento e seleção eram conceitos que
não existiam.

Esta dimensão da divisão e especialização do trabalho, pode ser analisada no


conceito de Organização, cujo conceito clássico define-a como um conjunto de duas
pessoas (no mínimo) que realizam tarefas de forma coordenada e controlada, atuando num
determinado contexto ou ambiente, com a finalidade de atingir um objetivo pré-determinado
utilizando para isso meios ou recursos de forma eficaz. A realização dessas tarefas pode
ser efetuada em grupo ou individualmente e, geralmente, são liderados por alguém com as
funções de planear, organizar, liderar e controlar (Bilhim, 2001, p. 21).

Neste sentido, considera-se que o filme em análise retrata a organização ou


empresa na Revolução Industrial, em que cada operário tem uma função específica na
linha de produção, que obedece a regras muito rígidas, as quais devem ser seguidas pelo

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trabalhador escrupulosamente. Vejamos no filme em apreço, quando o protagonista tem


dificuldades em acompanhar o ritmo da linha de produção compromete o trabalho dos
outros operadores da linha. Também em linha com Bilhim (1996), no filme, o poder de
decisão está centralizado no dono da fábrica, que pede para aumentar a produção e os
trabalhadores tiveram de se adaptar à rapidez do trabalho de forma instantânea os que não
se adaptavam ficavam para trás. Esta circunstância também a centralização do poder,que
se refere “à distribuição de poder nas organizações, sendo, por isso, um dos melhoresmeios
de resumir toda a noção de estrutura” (Bilhim, 1996, p. 130.). Assim, como no filme

a autoridade é altamente centrada, é possível afirmar que é uma organização com elevada
centralização.

O desenrolar do filme demonstra também o carácter mecanicista da organização,


conforme definição dos sociólogos Tom Burns e George Stalker, devido à sua semelhança
não só pela hierarquia vertical e imposição de decisões, como também com uma máquina
que funciona sistematicamente sem qualquer divergência do movimento padrão e quando
algo inopinado acontece, instala-se o caos (Burns & Stalker, 1961).

O filme “Tempos Modernos” também aborda de forma clara algumas ideias


defendidas nas teorias organizacionais, tais como: a Administração Científica de Frederick
Taylor, a Perspetiva Administrativa das Empresas, de Henri Fayol, a Teoria Burocrática, de
Max Weber e a Teoria das Relações Humanas.

Segundo Taylor, para que o operário realizasse as tarefas de forma rápida e assim
os empresários conseguissem reduzir os custos de produção, realizou o estudo de Tempos
e Movimentos, que consistia em estudar todas as etapas dos movimentos executados
pelos operários na linha de montagem e com isso separar os movimentos úteis dos inúteis
sendo que o segundo era eliminado do processo de execução (Ferreira, Neves, Abreu, &
Caetano, 1996). Vejamos a pausa de almoço, que no filme é retirada ao operário, e
substituída por uma "máquina revolucionária" que alimenta o indivíduo enquanto este
continua a trabalhar. Para esta teoria, como é bem espelhado no filme, o trabalhador é
considerado uma máquina, desprovido de emoções, que realiza o seu trabalho com
movimentos repetitivos e com rapidez. Como consequência, o indivíduo fica
sobrecarregado e com problemas de saúde física e psicológica. É a loucura causada pela
"monotonia frenética" do trabalho que leva o protagonista a ser internado num hospital
psiquiátrico.

Assim, desde o início do filme, a personagem de Charlie Chaplin demonstra


claramente todas as consequências que a Administração Científica, que privilegia a
racionalização do trabalho no nível operacional, nomeadamente na repetição de tarefas,
que, apesar de apresentar como vantagens a produtividade e a eficiência, não levava em
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consideração as necessidades sociais dos funcionários, que se espelha na degradação da


saúde física e mental dos mesmos, devido ao trabalho monótono e agitado (Cruz, 2022).
Esta elevada especialidade, é retratada no filme como uma dificuldade acrescida para o
protagonista, quando o trabalhador saía da fábrica era difícil conseguir outro emprego por
não ser polivalente, tal como Chaplin quando tenta trabalhar como ajudante de mecânico,
que vai arranjar a fábrica que ele ajudou a destruir, ou como empregado de mesa.

No que se refere a Henri Fayol, a sua teoria tinha como característica a ênfase na
estrutura organizacional e a total eficiência na administração, através da divisão do
trabalho, disciplina, unidade de comando, unidade de direção. Desta forma é no topo da
hierarquia, que se concentram as principais funções administrativas (Ferreira, Neves,
Abreu, & Caetano, 1996). No filme, ficam evidentes todas estas características no momento
em que cada operário realizava uma tarefa e quando o superior solicitou o aumento da
velocidade de produção, todos cumpriram a ordem dada. Aliás é este superior quem
controla tudo, até mesmo tempo que o trabalhador fica na casa-de-banho. Em suma, na
Teoria Clássica, defendida por Fayol, o foco estava no gerente (visão de cima para baixo),
que planeia toda a operação da empresa (Cruz, 2022).

Quanto a Weber, que defendia a administração burocrática como o modelo de


funcionamento das organizações, defendia a eficiência através da adequação dos meios
aos objetivos pretendidos. Através da racionalização e da impessoalidade, os funcionários
eram escolhidos de acordo com a sua competência e tinham de se comportar segundo as
normas da empresa (Ferreira, Neves, Abreu, & Caetano, 1996). No filme são observados
alguns destes aspetos, pois em que cada colaborador exercia uma determinada função e
o momento em que esta organização é interrompida, quando “o Vagabundo” fica afetado
psicologicamente pelo trabalho, instala-se o caos na empresa.

A Teoria das Relações Humanas, cuja ênfase estava nas pessoas, quebra o
paradigma das teorias anteriores, uma vez que prioriza o ser humano e não o lucro das
empresas. Esta teoria defendia que se os funcionários trabalhassem em melhores
condições, também desempenhariam funções de forma eficiente (Ferreira, Neves, Abreu,
& Caetano, 1996). No momento que no filme mostra as manifestações realizadas pelo
operariado, mostra o quanto esta classe estava insatisfeita com as condições de trabalho
nas empresas, logo, queriam melhores condições de trabalho. Esta teoria aproxima-se da
realidade empresarial de hoje.

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Concluindo, o filme “Tempos Modernos” relata as formas de trabalho de


antigamente e infelizmente também mostra um pouco do que acontece nos dias de hoje.
O filme relata também a falta de respeito de consideração pelos trabalhadores, mostra
como os seres humanos eram sujeitos a esforços extremos para atingir o seu fim.

Com tudo, essa realidade, não está muito longe da realidade dos nossos dias. Creio
que há ainda muita coisa a mudar, que acredito ser possível. Muita coisa mudou, o
trabalhador de certa maneira já tem a sua “defesa2 na lei de trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bilhim, J. (1996). Teoria Organizacional: Estruturas e Pessoas. Lisboa: Instituto Superior


de Ciências Sociais Políticas .

Bilhim, J. (2001). Teoria Organizacional, Estrutura e Pessoas . Lisboa: Instituto Superior de


Ciências Sociais e Políticas. Universidade Técnica de Lisboa.

Burns, T., & Stalker, G. (1961). The Management of Innovation. Londres: Tavistock.

Chaplin, C. (16 de março de 2022). Charlie Chaplin Tempos Modernos Modern Times 1936
Legendado. Obtido de Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=_7Blz8AWQXA

Cruz, J. M. (18 de março de 2022). Teorias da Administração. Obtido de Infoescola:


https://www.infoescola.com/administracao_/teorias-da-administracao/

Ferreira, J., Neves, J., Abreu, P., & Caetano, A. (1996). Psicossociologia das
Organizações. Lisboa: McGraw-Hill.

Infoescola. (17 de março de 2022). Crise de 1929 (Grande Depressão). Obtido de


Infoescola: https://www.infoescola.com/historia/crise-de-1929-grande-depressao/

Porto Editora. (17 de março de 2022). Revolução Industrial . Obtido de Infopédia:


https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$revolucao-industrial

RTP. (março de 17 de 2022). Tempos Modernos. Obtido de RTP-Programas:


https://www.rtp.pt/programa/tv/p33772

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