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Carlitos (Charles Chaplin) no filme “Tempos Modernos” evidencia a realidade

do empregado ocasionada pelas mudanças advindas da Grande Revolução Industrial,


no século 20. Com a criação e a amplificação das máquinas nas fábricas, o homem
agora é visto como o principal piloto desse meio de produção, necessário para a que
as máquinas funcionem de forma efetiva e gerem lucro para os Capitalistas. No filme é
revelado um novo modelo de organização trabalhista, chamado de Taylorismo, forma
de produção especifica e individualista, onde o trabalho torna-se superespecializado,
dessa forma, não permitindo a absorção de novos conhecimentos. Essa metodologia
de produção em massa, faz com que o trabalhador não fique a par dos processos de
produção, apenas aprendendo a executar sua tarefa ou parte do processo produtivo.
Esse processo consiste na alienação em relação ao produto do trabalho, ela é o efeito
do trabalhador não ter acesso aos bens que ele mesmo produz, uma vez que ele não
ganha em cima da mercadoria que produz, ganha apenas pela sua força de trabalho.
É também, a pobreza gerada ao trabalhador enquanto, ao mesmo tempo, se gera a
riqueza do capitalista.

Carlitos, personagem do filme, um mero operário, torna-se consequentemente


alienado pelo trabalho que vinha exercendo nas máquinas, revelando que ao se
distanciar do trabalho atrapalha-se em executar simples tarefas que não a que estava
acostumado a realizar. O trabalho executado na fábrica era repetitivo e exaustivo,
como mostra o filme nas cenas em que Carlitos repete seus movimentos nas
máquinas em que operava, assim acarretando graves problemas físicos e mentais no
indivíduo. Como operário da fábrica, Carlitos depara-se com a esteira de produção
fordista que aumenta o ritmo de produção a todo o momento, tornando a relação
homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto que o personagem é engolido
pela máquina, saindo de lá em uma condição de Colapso Nervoso, evidenciando o
quanto o trabalho exercido nas fabricas era desgastante e desumano.

Nesse contexto, o filme revela a necessidade que os operários tinham de


trabalhar exaustivamente para sustentar apenas as suas necessidades básicas e de
suas famílias, uma vez que o trabalho nas fabricas possuía jornadas longas, somando
mais de 16 horas por dia, em contraposição aos salários que se mantiam sempre
muito baixos. Nessa perspectiva, o trabalho, como elemento central na vida do
homem, no decorrer da história e do desenvolvimento das sociedades, passa a não
mais satisfazê-lo, transforma-se em uma relação de exploração entre classes sociais.
A alienação aparece como fator determinante desse novo processo de trabalho, em
que o trabalhador deixa de se reconhecer no objeto produzido, desencadeando uma
série de problemas e o adoecimento mental desse operário.

A partir disso, esses operários deram início a movimentos


associativos/sindicais de busca de melhores condições de trabalho. A partir de então,
os trabalhadores passaram a buscar direitos por intermédio de greves, que
inicialmente foram violentamente repreendidas, mas que, gradativamente, passaram a
permitir a conquista de melhores condições de trabalho, sendo a mais importante a
limitação da jornada de trabalho. Não obstante, após o início dos movimentos
sindicais, a legislação passou a resguardar o trabalhador, de forma gradativa.

Na perspectiva atual, mesmo após conquistar uma série de direitos trabalhistas e


promulgar leis que protegem os trabalhadores e proporcionam condições de trabalho
adequadas, pautadas nos direitos humanos, o trabalho, ainda hoje, é um dos
principais motores do adoecimento mental. Os motivos desse processo são diversos,
entre eles: ambiente de trabalho tóxico, competitividade no trabalho, falta de
intermediários para planejamento e conflito, funcionários que trabalham
excessivamente para ganhar mais renda, funcionários que não gostam de seu
trabalho, etc.

Existe uma frase que diz: “O trabalho dignifica o homem”, entretanto, até que ponto o
trabalho interfere na sua vida pessoal? Se alguém trabalha demais, possivelmente não
tenha tempo para realizar outras atividades necessárias para o bem estar e a saúde
individual, como: separar um tempo para o lazer, realizar atividades físicas, ter uma
boa noite de sono, investir nas suas relações familiares e pessoais, separar um tempo
para si e assim por diante.

Essa cultura de se colocar 100% à disposição do trabalho e deixar as outras


atividades em segundo plano nos precede. Vem de nossos avós e bisavós, que
tinham como principal objetivo de vida acumular bens e patrimônios, possuir a casa
própria, oferecer garantias e heranças aos filhos e estar sempre preparados
financeiramente para imprevistos. Por essa razão, esses indivíduos se submetiam a
passar anos dentro de uma empresa com o objetivo de serem promovidos,
sujeitavam-se a trabalhar excessivamente e muitas vezes vendiam sua força de
trabalho a baixos salários e muitas horas extras .

Na contemporaneidade, com a ascensão da internet e o avanço da tecnologia

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