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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO,CIÊNCIAS
CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

Professora: Gardênia De Souza Furtado Lemos


Aluna: Lyssandra Ferreira Borges
2021/1

Relatório
Filme: Tempos Modernos

O filme retrata de forma cômica os modos de produção capitalistas, dando


enfoque ao modelo fordista, que mantém o trabalhador fixo em uma única atividade
repetitiva durante sua jornada de trabalho diária. Como animais adestrados, os
operários vão todos os dias, em filas, para a fábrica; batendo seu ponto sempre nos
mesmos horários e sempre da mesma forma. É interessante observar que as peças
sempre chegam aos trabalhadores na velocidade em que o chefe deseja, e eles não
têm nenhum controle sobre aquilo que produzem. No fim, são apenas pessoas que
fabricam coisas e acabam sendo controladas por elas. Toda a liberdade que tinham
enquanto artesão lhes é removida acomodando-os em uma falsa sensação de
produtividade e controle.

Por outro lado, enquanto os operários trabalham aceleradamente com pouca


ou nenhuma pausa, restando somente as “necessárias” para que estes não parem
de produzir, o chefe fica sentado em sua sala monitorando todo o processo por meio
de câmeras que se encontram até mesmo no banheiro, esta que é uma sátira que
indica o controle, e pode ser explicada com base no panóptico de Foulcault, onde o
corpo é disciplinado e domesticado para que obedeça e tema a voz e o poder de
alguém. Ainda no filme, é possível notar que só o chefe tem voz. Ele é o único que
fala durante todo o processo de produção, e suas decisões sempre focam na
“produtividade” e, sem surpresa nenhuma, no lucro.

É no meio desse caos que um dos trabalhadores silenciados enlouquece


afetando todos ao seu redor. Contudo, não lhe é ofertada a oportunidade de
descansar, antes é “curado” e encaminhado novamente ao seu serviço. É a partir
dessa desvalorização e despreocupação com o bem-estar e a saúde do trabalhador
que o modelo fordista, antes tão produtivo e organizado, passa a ser o problema de
toda uma sociedade, agora caótica. Quando a fábrica fecha devido às
manifestações da revolução dos operários, muitos são presos por protestar tentando
conseguir seus empregos de volta. As relações de trabalho se tornam tão precárias
ao ponto de produzir em alguns detentos o desejo de permanecer na prisão.

Paralelamente a toda essas situações, existem alguns que nunca


conseguiram um emprego e vivem em condições ainda mais precárias, encontrando
no roubo sua fonte de subsistência. Alguns trocam seus serviços e seu
conhecimento por dinheiro, enquanto outros não conseguem nem se imaginar nessa
situação. A coisificação das pessoas, proposta por Karl Marx, as torna menos
valiosas do que qualquer um dos produtos das fábricas, que são produzidos por elas
mesmas. As vidas operárias não significam nada diante da visão de um negócio
próspero e lucrativo, e mesmo diante dessa situação, nada muda no mercado de
trabalho.

Esse comportamento está tão enraizado que os próprios trabalhadores se


contentam com quaisquer coisas “conquistadas por suas mãos”. Casas velhas,
roupas usadas, empregos insalubres e sem benefícios, tudo é glorificado diante do
pesadelo em que vivem durante toda sua vida. Como escravos que decidem se
escravizar, eles se alegram com o pão e o circo sem compreender o que está por
trás de tudo isso, pois são doutrinados para apenas temer e obedecer.

Ademais, com a intensificação do processo de globalização, as relações de


trabalho sofreram mutações que se acentuaram rapidamente, contribuindo para o
surgimento de novas formas de adoecimento no ambiente de trabalho. Os
trabalhadores, agora reduzidos a dados e números, não têm assistência para a
prevenção e tratamento da sua saúde física e mental, e são cada vez mais
impulsionados a trabalhar constantemente em busca do enriquecimento e da
melhoria da condição de vida. No fim nada lhes resta senão a exaustão, o
adoecimento e a loucura, todas derivadas da insaciável sede pela produtividade e
pelo lucro capitalista, que paradoxalmente, se mantém sempre assim.

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