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ELEMENTOS DE

MÁQUINAS

Marcelo Quadros
Tipos de mancais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Aplicar mancais como elementos de apoio.


„„ Distinguir mancais de deslizamento e mancais de rolamento.
„„ Descrever os esforços atuantes em mancais.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre o elemento mecânico mancal,
considerado o principal elemento de apoio utilizado em mecanismos de
máquinas e equipamentos. Este importante componente foi desenvolvido
em função da exigência fabril de produzir peças com maior velocidade e
melhor qualidade. A indústria foi desafiada a desenvolver sistemas para
diminuir consideravelmente os problemas gerados pelo atrito dos ele-
mentos das máquinas, permitindo movimentações mais rápidas e precisas.
Esse esforço gerou dois sistemas distintos, os mancais de rolamento e os
mancais de deslizamento, que supriram a necessidade industrial. Entre as
peças que compõem os sistemas mecânicos, é fundamental conhecer
os elementos de apoio e, especialmente, os mancais. Esses servem como
componentes auxiliares ao perfeito funcionamento de uma máquina,
tendo como função a redução de atrito entre um elemento girante e um
eixo, evitando assim seu desgaste prematuro e a consequente quebra
do mecanismo e da máquina.
Vamos conhecer e identificar as aplicações dos mancais como ele-
mentos de apoio, a necessidade de seu desenvolvimento e melhorias
constantes, sua descrição e as vantagens de sua utilização. Também
vamos distinguir os mancais de deslizamento dos mancais de rolamento
e os acessórios que os complementam, como as buchas para os mancais
de deslizamento e os rolamentos para os mancais de rolamento. Por fim,
vamos conhecer e aprender sobre os esforços atuantes em mancais para
determinarmos qual é o melhor componente a ser utilizado, conforme
sua aplicabilidade, viabilidade técnica-econômica e eficiência produtiva.
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Mancais como elementos de apoio


Desde a invenção da roda e consequentemente dos eixos, o homem teve pro-
blemas com o atrito. Para superá-los, surgiu a ideia de colocar, entre o eixo
e a roda, um anel de metal que foi chamado de bucha. Com o tempo, ela foi
modificada e aprimorada gerando os componentes denominados mancais.
Veja a Figura 1.

Figura 1. Primeiras utilizações dos mancais.


Fonte: Khoroshunova Olga/Shutterstock.com; AndreeaDragomir/Shutterstock.com.

Inicialmente, foram desenvolvidos os mancais de deslizamento. A partir


deles, criaram-se os mancais com rolamentos, componentes importantíssimos
que estão presentes em praticamente todas as máquinas operatrizes.
Os mancais são elementos de máquinas que servem de apoio fixo para
eixos (Figura 2). Geralmente são compostos de uma estrutura bipartida (base/
tampa) de ferro fundido, que encerra o casquilho, no qual gira o eixo. Existem
diversos tipos de mancais, tais como os de escorregamento, de deslizamento
ou bucha; de rolamento; hidrodinâmicos; hidrostáticos e aeroestáticos.
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Figura 2. Mancais.
Fonte: Leandro PP/Shutterstock.com.

Na área da mecânica técnica, os mancais são considerados como elementos


de apoio. Consistem de acessórios auxiliares para o perfeito funcionamento de
máquinas, equipamentos e dispositivos. Os elementos de apoio são divididos
em três tipos:

„„ buchas;
„„ guias;
„„ mancais.

Os elementos de apoio são acessórios auxiliares que melhoram o funcio-


namento das máquinas, ajudando a qualificar o desempenho e diminuindo o
desgaste. O mancal serve para fixar o eixo mas, quando utilizado sozinho, há
desgaste tanto do eixo quanto no próprio mancal. Por esse motivo, se passou à
utilização de buchas ou rolamentos no seu interior, de forma a reduzir o atrito.
Os elementos de apoio de máquinas, como sugere sua denominação, são
utilizados juntamente com outros componentes de movimento, com a função
de guiar seu deslocamento. Essas guias fazem com que a movimentação tenha
uma trajetória pré-estabelecida. Nosso estudo está direcionado aos mancais
de rolamento e de deslizamento. Veja a Figura 3.
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Figura 3. Mancal como elemento de apoio de um mecanismo automatizado.


Fonte: mofaez/Shutterstock.com.

O profissional deve conhecer os demais elementos de apoio, como as buchas, os guias


lineares e os guias de esferas recirculantes. Para isso, é importante a leitura do livro
Elementos de Máquinas de Shigley (BUDYNAS; NISBETT, 2016).

Na utilização dos mancais como elementos de apoio, os maiores danos


causados pela fadiga são:

„„ giro do casquilho dentro do alojamento;


„„ superaquecimento ou queima do casquilho ou bucha;
„„ desalinhamento prematuro;
„„ corrosão.

Na montagem dos mancais, devemos ter os seguintes cuidados:

„„ verificar se as dimensões de eixo e cubo estão corretas;


„„ usar lubrificante recomendado pelo fabricante;
„„ remover rebarbas;
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„„ lavar e lubrificar mancais e rolamentos, imediatamente, no caso de


reaproveitamento;
„„ não usar estopa nas operações de limpeza;
„„ trabalhar em ambiente livre de pó e umidade.

Lubrificação
O objetivo da lubrificação dos rolamentos é a redução do atrito e do desgaste
interno para evitar o superaquecimento. Veja, na Figura 4, o resultado de
falhas na lubrificação. Antes, confira seus efeitos positivos.

„„ Redução do atrito e do desgaste: o contato metálico entre os anéis,


corpos rolantes e a gaiola, que são os componentes básicos, é evitado
por uma película de óleo que reduz o atrito e o desgaste.
„„ Prolongamento da vida de fadiga: a vida de fadiga dos rolamentos é
prolongada, quando estiver lubrificada suficientemente nas superfícies
do contato rotativo, durante o giro. Inversamente, a baixa viscosidade
do óleo implica insuficiência da película lubrificante, diminuindo a
vida útil.
„„ Dissipação do calor de atrito, resfriamento: o método de lubrificação
com circulação de óleo evita a deterioração do lubrificante e previne
o aquecimento do rolamento, resfriando e dissipando, por meio dele, o
calor originado no atrito ou o calor de origem externa.

Figura 4. Falha na lubrificação de um mancal de deslizamento.


Fonte: SocoXbreed/Shutterstock.com.
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Mancais de deslizamento e mancais de


rolamento
Conforme Budynas e Nisbett (2016, p. 553):

Os termos mancal de contato com rolamento, mancais antiatrito e mancais


de rolamento são utilizados para descrever aquela classe de mancal na qual
a carga principal é transferida por elementos em contato rolante em lugar de
contato de deslizamento. Em um mancal de rolamento, o atrito de partida é
cerca de duas vezes o de funcionamento, porém ainda assim insignificante em
comparação com o atrito de partida de um mancal de deslizamento.

No ponto de contato entre a superfície do eixo e a superfície do mancal,


ocorre atrito. Dependendo da solicitação de esforços, os mancais podem ser
de deslizamento (Figura 5) ou de rolamento.

Figura 5. Mancal de deslizamento.


Fonte: Sharomka/Shutterstock.com.

Mancais de deslizamento são constituídos por uma bucha fixada em um su-


porte. Esses mancais são utilizados em máquinas pesadas ou em equipamentos
com baixa rotação pois, com rotação baixa, evitam o superaquecimento dos
componentes expostos ao atrito. Assim, dão o apoio necessário e funcional aos
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eixos e componentes gerais de uma transmissão (Figura 6). Estes elementos


são destinados a suportar as solicitações de peso e rotação de eixos e árvores.

Figura 6. Mancal de deslizamento como elemento de apoio de um mecanismo.


Fonte: PnorTkk/Shutterstock.com.

Os mancais estão submetidos ao atrito de deslizamento, que é o principal


fator a considerar para sua utilização. A perfeita funcionalidade do mancal
de deslizamento dependerá de uma película lubrificante que será formada em
função do movimento relativo de escorregamento entre as partes. O uso de
buchas e de lubrificantes permite reduzir o atrito e melhorar a rotação do eixo.

Buchas
São elementos de apoio dos eixos das máquinas, de formato geralmente cilín-
drico ou cônico, de acordo com necessidades específicas. São normalmente
utilizadas para apoiar os eixos de máquinas. As buchas são fabricadas de
metal antifricção, como as ligas de cobre, ou de materiais plásticos. Também
encontramos buchas de bronze, mas as mais utilizadas são as buchas de latão,
em função da relação custo-benefício. As buchas devem ser sempre fabricadas
com material de dureza menor do que a do material do eixo. Desta forma,
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todo o desgaste é direcionado à bucha, que é o elemento intercambiável.


Economicamente é mais viável substituir a bucha do que todo o eixo. Veja
diferentes tipos de buchas na Figura 7.

Figura 7. Tipos de buchas.


Fonte: Mr.1/Shutterstock.com; Prabhjit S. Kalsi/Shutterstock.com.

Não esqueça que, nos casos em que o eixo desliza dentro da bucha nos mancais,
deve sempre haver lubrificação. Caso ela não ocorra, será menor o tempo de vida útil
da bucha e, consequentemente, dos mancais. A falta de lubrificação poderá danificar
também os eixos e levar a uma provável falha da máquina.

As buchas também podem ser classificadas quanto ao tipo de trabalho a


realizar. Assim, podem ser de:

„„ fricção radial, para esforços radiais,


„„ fricção axial, para esforços axiais;
„„ cônicas, para esforços nos dois sentidos.

Mancais de rolamento
São suportes de apoio de eixos e rolamentos, geralmente utilizados em sistemas
de movimentação de máquinas. Os principais componentes são o anel interno,
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o anel externo, o corpo rolante com esferas ou rolos, a gaiola e a vedação.


Há vários tipos de mancais de rolamento. O mais comum é o mancal com
rolamento rígido de esferas, por suportar cargas pesadas e rotações elevadas.
Outro tipo é o mancal autocompensador de esferas, parecido com o mancal
fixo de esferas, mas tendo o diferencial de possuir eixos próprios e longos.
O outro tipo é o mancal de contato angular, que permite cargas combinadas
com uma parcela de carga axial. Por ter um único sentido, quase sempre é
utilizado em pares.
Os mancais de rolamento são utilizados com o objetivo de diminuir ao
máximo os efeitos nocivos do atrito entre as superfícies dos eixos girantes e dos
seus elementos de apoio. Apresentam uma vida útil longa e grande versatilidade
de aplicações. São escolhidos em função de uma carga dinâmica, na qual são
considerados diversas condições de trabalho e o tipo de rolamento (Figura 8).

Figura 8. Mancais de rolamentos.


Fonte: Nordroden/Shutterstock.com.

Também existem mancais de rolamentos com rolos, tais como o autocom-


pensado de rolos, mais utilizado em momentos de desalinhamentos e grandes
carregamentos. O mancal de rolos cilíndricos é usado em grandes cargas radiais
e nenhuma carga axial. Outro modelo é o de rolos cônicos (Figura 9), que permite
grandes cargas axiais, é desmontável e normalmente utilizado em pares.
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Figura 9. Mancal de rolamento com rolamento duplo de


rolos cônicos.
Fonte: Direct Industry (2018, documento on-line).

Os rolamentos são elementos de máquinas constituídos por dois anéis de


aço separados por uma ou mais fileiras de esferas ou rolos. Essas esferas ou
rolos são mantidos equidistantes por meio do separador (ou gaiola) a fim de
distribuir os esforços e manter concêntricos os anéis. O anel externo (capa) é
fixado na peça ou no mancal e o anel interno é fixado diretamente no eixo. São
classificados em função dos seus elementos rolantes, sendo os principais tipos
o rolamento de esfera, o de rolo e o de agulha. Veja as partes dos rolamentos
na Figura 10.

As dimensões e características dos inúmeros tipos de mancais e seus respectivos rola-


mentos são indicadas pelas diferentes normas técnicas e em catálogos de fabricantes,
como a SKF, a NSK e a FAG. Para fazer escolhas adequadas, consulte o site dos maiores
fabricantes de rolamentos, como www.skf.com.br e www.nsk.com.br.
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Figura 10. Partes do rolamento.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com.

A seguir, veja as vantagens e desvantagens dos mancais de rolamentos em


relação aos mancais de deslizamento.

Vantagens:

„„ menor atrito e aquecimento;


„„ coeficiente de atrito de partida (estático) não superior ao de operação
(dinâmico);
„„ pouca variação do coeficiente de atrito com carga e velocidade;
„„ baixa exigência de lubrificação;
„„ intercambialidade internacional;
„„ manutenção da forma do eixo;
„„ pequeno aumento da folga durante a vida útil.

Desvantagens:

„„ maior sensibilidade a choques;


„„ maiores custos de fabricação;
„„ tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo;
„„ menor resistência a cargas elevadas;
„„ ocupação de maior espaço radial.
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Classificação dos rolamentos

Quanto ao tipo de carga que suportam, os rolamentos podem ser:

„„ radiais — suportam cargas radiais e leves cargas axiais;


„„ axiais — não podem ser submetidos a cargas radiais;
„„ mistos — suportam tanto carga axial quanto radial.

Tipos de rolamentos

Rolamento fixo de uma carreira de esferas: é o mais comum dos rola-


mentos. Suporta cargas radiais e pequenas cargas axiais e é apropriado para
rotações mais elevadas. Sua capacidade de ajustagem angular é limitada e,
por conseguinte, é necessário um perfeito alinhamento entre o eixo e os furos
da caixa (Figura 11).

Figura 11. Rolamento fixo de uma carreira de esferas.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com; Kaban-Sila/Shutterstock.com.
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Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas: admite cargas


axiais somente em um sentido. Portanto, deve sempre ser montado contraposto a
outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário (Figura 12).

Figura 12. Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com

Rolamento autocompensador de esferas: é um rolamento de duas carreiras


de esferas, com pista esférica no anel externo, o que lhe confere a propriedade
de ajustagem angular, ou seja, compensar possíveis desalinhamentos ou flexões
do eixo (Figura 13).
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Figura 13. Rolamento autocompensador de esferas.


Fonte: Photo and Vector/Shutterstock.com.

Rolamento de rolos cilíndricos: é apropriado para cargas radiais elevadas e


seus componentes são separáveis, o que facilita a montagem e desmontagem
(Figura 14).

Figura 14. Rolamento de rolos cilíndricos.


Fonte: FedotovAnatoly/Shutterstock.com.
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Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos: seu emprego é


particularmente indicado para construções em que se exige grande capacidade
de suportar carga radial e a compensação de falhas de alinhamento (Figura 15).

Figura 15. Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos.


Fonte: Mr_Mrs_Marcha/Shutterstock.com.

Rolamento autocompensador com duas carreiras de rolos: é um rolamento


para os mais pesados serviços. Os rolos são de grande diâmetro e comprimento.
Devido ao alto grau de oscilação entre rolos e pistas, existe uma distribuição
uniforme de carga (Figura 16).
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Figura 16. Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com; FedotovAnatoly/Shutterstock.com.

Rolamento de rolos cônicos: além de cargas radiais, os rolamentos de rolos


cônicos também suportam cargas axiais em um sentido. Os anéis são separá-
veis. O anel interno e o externo podem ser montados separadamente. Como
só admitem cargas axiais em um sentido, de modo geral torna-se necessário
montar os anéis aos pares, um contra o outro (Figura 17).
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Figura 17. Rolamento de rolos cônicos.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com.

Rolamento axial de esferas: ambos os tipos de rolamento axial de esfera


(escora simples e escora dupla) admitem elevadas cargas axiais mas não podem
ser submetidos a cargas radiais. Para que as esferas sejam guiadas firmemente
em suas pistas, é necessária a atuação permanente de uma determinada carga
axial mínima (Figura 18).

Figura 18. Rolamento axial de esferas.


Fonte: byvalet/Shutterstock.com.
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Rolamento axial autocompensador de rolos: possui grande capacidade de


carga axial e, devido à disposição inclinada dos rolos, também pode suportar
consideráveis cargas radiais. A pista esférica do anel da caixa confere ao
rolamento a propriedade de alinhamento angular, compensando possíveis
desalinhamentos ou flexões do eixo (Figura 19).

Figura 19. Rolamento axial autocompensador de rolos.


Fonte: Ildarss/Shutterstock.com.

Rolamento de agulhas: possui uma secção transversal muito fina, em compara-


ção com os rolamentos de rolos comuns (Figura 20). É utilizado especialmente
quando o espaço radial é limitado.

Figura 20. Rolamento de agulhas.


Fonte: Tschub/Shutterstock.com; SergeyMarina/Shutterstock.com.
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Esforços atuantes em mancais


Conforme Budynas e Nisbett (2016, p. 574), “Mancais são fabricados para
receber cargas radiais puras, cargas de empuxo somente ou uma combinação
dos dois tipos de cargas [...]”.
Os mancais são dispositivos utilizados para suportar cargas e dar apoio
ideal e necessário aos eixos e componentes. Nos mancais de deslizamento, é
necessária a formação de uma película de lubrificante para seu bom funciona-
mento, reduzindo o atrito que acontece com o movimento de escorregamento
entre as partes.
A falta de manutenção pode acarretar falhas operacionais e desgastes
prematuros (Figura 21). Já o mancal de rolamento necessita de lubrificante
entre os corpos rolantes e as pistas de um rolamento em funcionamento, que
impeça o contato metálico direto e possua normalmente uma espessura de 0,01
mm. Essa camada, bastante fina, é a diferença entre o sucesso e a catástrofe
decorrente do desgaste precoce.

Figura 21. Falhas devido à falta de lubrificação.


Fonte: Lobo (2017, documento on-line).

Praticamente toda máquina e equipamento de movimentação utiliza algum


tipo de mancal. Para selecionar o mais indicado, devemos levar em conta alguns
fatores importantes, como a rotação e o tipo de carga que deverá suportar em
seu funcionamento.
Cada mancal é projetado para suportar um determinado nível de rotações
por minuto (RPM). Mancais deslizantes são empregados em situações com
rotações baixas, por não possuírem partes rolantes. Para rotações mais altas,
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os mais utilizados são os de rolamento. Os mais indicados para rotações muito


elevadas são os de rolamento com esferas.
As cargas atuantes nos mancais são, de modo geral: a massa do corpo
sustentado pelo rolamento; a massa do próprio corpo em rotação; a força de
transmissão das engrenagens e correias e as cargas de origem no trabalho da
máquina. Entre essas cargas, há as que permitem o cálculo teórico, embora
algumas delas sejam difíceis de calcular. Além disto, muitas máquinas estão
sujeitas a vibrações e choques durante seu funcionamento, o que dificulta
obter com exatidão a totalidade das cargas atuantes no rolamento. Neste
caso, a solução é calcular o valor mais aproximado possível, e durante o
desenvolvimento do projeto e montagem dos sistemas, efetuar análises a fim
de ajustar o mecanismo buscando o perfeito funcionamento da máquina ou
do equipamento.
Nos mancais de rolamento e de deslizamento, teremos os três tipos de
cargas que podem atuar nestes componentes: radial, axial e cargas combinadas.
Carga radial (Figura 22) é o esforço no sentido transversal ao eixo. Os
mancais mais indicados para cargas elevadas são os deslizantes e os de rola-
mento com rolos ou barriletes. Para cargas oscilantes é utilizado o rolamento
de agulhas.

Figura 22. Esforço radial.


Fonte: Iray Rolamentos (c2017, documento on-line).
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Carga axial (Figura 23) é o esforço no sentido longitudinal ao eixo, impe-


dindo que se mova pelo mancal.

Figura 23. Esforço axial.


Fonte: Iray Rolamentos (c2017, documento on-line).

Cargas combinadas são os dois tipos de cargas radial e axial (Figura 24).
Mancais mistos suportam esses dois tipos de carga, impedindo o eixo de se
mover nesses sentidos.

Figura 24. Esforço combinado.


Fonte: Iray Rolamentos (c2017, documento on-line).
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BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 10. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2016.
DIRECT INDUSTRY. Mancal autoalinhador / de rolos cônicos / em aço / em ferro fundido.
2018. Disponível em: <http://www.directindustry.com/pt/prod/power-transmission-
solutions/product-15945-1280505.html>. Acesso em: 14 out. 2018.
IRAY ROLAMENTOS. Seleção de rolamentos. c2017. Disponível em: <https://irayrola-
mentos.com.br/selecao-de-rolamentos/>. Acesso em: 14 out. 2018.
LOBO, M. T. Boa lubrificação de mancais aumenta eficiência de transportadores de minério.
2017. Disponível em: <http://portallubes.com.br/2017/08/mancais-boa-lubrificacao/>.
Acesso em: 17 out.2018.

Leituras recomendadas
BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH.
2012.
PLESHA, M. E.; GRAY, G. L.; COSTANZO, F. Mecânica para engenharia: estática. Porto
Alegre: AMGH, 2017.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos da engenharia e ciência dos materiais. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.
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