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U

Garagem

Sistemas de suspensão
Nasceu a pensar no confor to, mas tornou-se
u m a q u e s t ã o d e s e g u ra n ç a , e f i c á c i a e
performance. Eis o essencial da tecnologia
de suspensão.

Escrito por:
Motorbest
2023-01-27
O sistema de suspensão nasceu ainda antes do advento do
automóvel com o intuito de tornar o veículo mais
confortável e seguro para os passageiros, devido à péssima
qualidade das estradas existentes na época.

É um sistema que tem a função de absorver, através das


rodas, os impactos provocados pelas irregularidades do piso,
proporcionando conforto aos ocupantes do veículo e
garantindo o contacto com o solo. Compensa as
imperfeições da estrada, e proporciona maior estabilidade, 

seja em curva, aceleração ou travagem, facilitando o 


controlo do veículo pelo condutor.

Inicialmente foram utilizadas suspensões do tipo molas de 


lâmina (semi-elípticas) para ambos os eixos do veículo,

devido à simplicidade e baixo custo de produção.
Posteriormente, este tipo de suspensão passou a ser
utilizado apenas nos eixos traseiros dos veículos, e
generalizou-se-se a aplicação de molas helicoidais nos eixos
dianteiros.

Posteriormente, a suspensão modificou-se, adoptando


sistemas independentes. Assim, cada roda passou a
acompanhar a irregularidade da estrada sem afectar o
comportamento da outra roda do mesmo eixo, mantendo a
estabilidade da carroceria.

Os componentes fundamentais da suspensão são os


amortecedores e as molas.

O amortecedor tem como função controlar os movimentos


da carroceria e suavizar as oscilações produzidas pelas
molas, influenciando directamente a estabilidade do veículo.
Quando estão gastos, deixam de exercer a sua função e
ficam sem acção, o que leva ao desgaste prematuro dos
restantes componentes da suspensão.

Em altas velocidades ou em curva, os amortecedores


exercem um controlo importantíssimo na estabilidade e
segurança do veículo. Por isso deve-se estar atento ao seu
estado e ao limite de quilometragem estabelecido pelo
fabricante para uma possível substituição, a fim de evitar
acidentes.

É fácil verificar quando um amortecedor não se encontra em

boas condições: A carroceria oscila mais do que o normal
nas travagens e nas curvas e veículo “foge” durante as 

travagens. 

Há ainda possibilidade de uma verificação visual, analisando 

se há fugas de óleo entre o eixo e o corpo do amortecedor


e/ou se pneus apresentam um desgaste anormal (rápido
e/ou irregular). Se se deparar com uma destas situações, não
tenha dúvidas: está na hora de fazer a substituição dos
amortecedores.

Actualmente o sistema de suspensão é foco de contínuo


desenvolvimento. Como referido, a necessidade de melhorar
a segurança, o conforto e desempenho é o que impulsiona o
desenvolvimento tecnológico de suspensões, como por
exemplo, as suspensões activas, que controlam os
movimentos verticais das rodas recorrendo à electrónica.

PRINCIPAIS COMPONENTES DOS SISTEMAS DE


SUSPENSÃO

Para uma melhor percepção do funcionamento dos vários


tipos de sistemas de suspensão, é de elevada importância
fazer uma abordagem sobre os principais componentes bem
como as suas características, sempre com o foco no estudo
da dinâmica do veículo.

As molas (principal e auxiliar ou batente), o amortecedor e


os casquilhos constituem os principais componentes de
uma suspensão, sendo empregues na grande maioria dos
sistemas actuais.

Mola Semi-elíptica

A mola semi-elíptica ou mola de lâminas convencional, é



composta por várias lâminas sobrepostas.

As grandes vantagens destas molas são a sua simplicidade
de construção, robustez e baixo custo. Existe uma 

característica neste tipo de mola que deve ser mencionada, 


que é o atrito interno gerado pelo escorregamento entre as

lâminas.

Uma forma implementada recentemente para diminuir o


atrito interno entre lâminas, foi a introdução de pastilhas
redutoras de atrito nos pontos onde existe contacto entre
elas.

Molas Helicoidais

Este tipo de mola é fabricado enrolando um arame em


forma helicoidal. Quando se pretende um elevado nível de
conforto, este tipo de mola é o mais utilizado.

Figura — Molas Helicoidais 

A curva de rigidez característica de uma mola é linear 

obedece à equação: 

F=KX (Lei de Hooke)

Onde:

F — Carga sobre a mola [N];

K — Constante elástica da mola [N/m];

X — Deformação da mola [m].

Na figura, a mola à esquerda é designada de mola helicoidal


do tipo Barril (Mini-block). Estas molas apresentam a curva
de rigidez progressiva (não-linear) e diferencia-se da mola
helicoidal standard (à direita na figura) devido à sua forma
de “barril”. Esta forma provoca uma menor altura de
bloqueio da mola, ou seja, altura em que todos elos de uma
mola helicoidal se tocam.

Para além da rigidez progressiva, uma grande vantagem


deste tipo de mola é o facto de requerer menor espaço para
a sua instalação (altura), em comparação com as molas
cilíndricas, para um mesmo curso total disponível.

Mola Pneumática

Em relação a todos os vários tipos de molas que já foram


mencionados, a mola pneumática é o tipo que oferece as
melhores características dinâmicas sob variadas condições
de carga.

Esta mola, quando associada a um sistema de controlo de


altura da suspensão, mantém as características dinâmicas
próximas do ideal sob qualquer condição de carregamento.
Para situações em que haja uma grande variação de carga
entre o veículo vazio e carregado aliado à necessidade de se
manter a altura do veículo constante e também onde o
conforto é importante, a mola pneumática é a melhor opção
a escolher, no entanto é um sistema mais complexo, mais
sujeito a danos e requer mais manutenção.

Amortecedor
Os elementos de ligação entre a massa suspensa e a não
suspensa dos veículos são os amortecedores. A função
destes é reduzir e limitar a velocidade e amplitude das
movimentações da carroçaria em todos os seus graus de
liberdade. Devido à necessidade do veículo ter que obedecer
à excitação provocada pelas irregularidades do pavimento,
os amortecedores tem um papel importante para restringir
as movimentações excessivas e não desejadas.

Sendo assim, o veículo pode ser analisado como um sistema


vibratório com várias massas e molas, que podem 

comprometer a estabilidade ou provocar sensação de 


desconforto e insegurança ao condutor e passageiros.

Toda a energia que o amortecedor absorve devido às 


oscilações do veículo, será libertada para o ambiente sob a

forma de calor.

Quanto à divisão dos amortecedores estes podem ser de


dois tipos, os de atrito seco com elementos sólidos e os
hidráulicos com elementos fluidos. Em relação ao de atrito
seco com elementos sólidos pode citar-se dois tipos, com
discos deslizantes (Truffault-Hartford) e com cinta enrolada
(Gabriel Snubber).
Amortecedor de cinta enrolada

Amortecedor de discos deslizantes (foto Alamy) 

No que diz respeito a amortecedores hidráulicos com 


elementos fluidos, pode-se citar dois tipos, o amortecedor

com alavanca (Houdaille), e o telescópico.

Amortecedor hidráulico com alavanca (Houdaille)

Amortecedor telescópico

Os tipos de amortecedores mais utilizados nos dias de hoje


são hidráulicos telescópicos de tubo duplo ou tubo simples
representados na figura por esta ordem.

A pressão do gás injetado nos amortecedores pressurizados,


varia normalmente entre 0,4 a 0,5 MPa, podendo ser
atingidas temperaturas até 200 °C.

É possível por o amortecimento dependente do curso com a


ajuda de cavidades de controlo. Estas são conformadas no
tubo de pressão dos amortecedores de tubo duplo,
promovendo assim uma passagem do fluido hidráulico que
depende da posição relativa da haste e do tubo de pressão.
Devido a este efeito, a força, que é função da velocidade de
acionamento, passa a ser também função do curso ou
posição da haste.

Estas cavidades irão permitir a passagem do fluido

hidráulico, o que diminui a resistência hidráulica oferecida

ao movimento da haste do amortecedor, modificando a
curva de amortecimento (relação força x velocidade). A 
localização das cavidades é feita de forma que ocorra uma

passagem suave na curva de amortecimento.

A alteração da característica de amortecimento em função


da posição da haste ou pistão do amortecedor e da
configuração das cavidades depende da finalidade ou
aplicação do amortecedor. Pode apresentar varias
configurações das cavidades, como é mostrado na figura
abaixo.

A configuração “A” promove diminuição da resistência


hidráulica oferecida ao deslocamento do pistão em grande
parte do curso da região central do amortecedor.

A configuração “B” também promove a diminuição da


resistência hidráulica oferecida ao deslocamento do pistão,
porém somente num pequeno curso em torno da região
central.

Com a configuração “C”, apenas no final do curso da


suspensão existe a acção de um “travão hidráulico” não
permitindo desta forma impactos, principalmente quando
ocorre abertura total do amortecedor.

A configuração “D” promove o aumento da resistência


hidráulica oferecida ao deslocamento do pistão num
pequeno curso em torno da região central e também nas
extremidades (final de curso) do amortecedor.

Barra estabilizadora

Existem componentes que podem ser adicionados nas 


suspensões, tanto dianteira como traseira, com vista

principalmente em diminuir os ângulos de inclinação da
carroçaria e também a velocidade a que o fenómeno 

acontece. Estes são denominados de barras estabilizadoras e 


podem ser feitas de barras circulares de aço maciço ou

tubular, ou perfis em forma de “U”.

Imagem: portalauto.com.br

A barra estabilizadora possui outras características para


além das já mencionadas, como a influência das
características de comportamento em curvas e respostas ao
virar do volante, fazendo com que o veículo aumente ou
diminua a sobreviragem e subviragem, melhorando a
segurança e controlo do veículo. Sendo assim, a utilização
da barra no eixo dianteiro proporciona um aumento da
tendência de subviragem e melhora o comportamento em
manobras de mudança de direção. Com isto, a maior
estabilização do eixo traseiro conduz a um comportamento
mais neutro nos veículos de tração dianteira e maior
sobreviragem nos de tração traseira.

Na figura é apresentada uma suspensão dianteira com barra 

estabilizadora, onde a barra é fixada aos braços oscilantes e 


apoiada por casquilhos presos à carroçaria.

O seu efeito estabilizante depende das características de 


rigidez, definidas através da sua geometria, dimensões e

materiais utilizados.

Posto isto, quando se utiliza a barra estabilizadora com vista


a melhorar o comportamento do veículo, poderá também
provocar alguns efeitos indesejáveis, tais como o aumento
da rigidez das suspensões e a vibração devido ao aumento
da rigidez do conjunto, provocando assim uma diminuição
do conforto. Outra situação que pode ocorrer é o aumento
da oscilação da carroçaria, quando o veículo circula em
estradas com pavimento irregular.

TIPOS DE SUSPENSÃO

Para estudar a dinâmica do veículo, é necessário um


conhecimento aprofundado dos sistemas de suspensão e
dos seus componentes.

Responsáveis pelo amortecimento e controlo do equilíbrio


do automóvel, as suspensões têm um papel determinante
no comportamento do carro. Umas mais elaboradas que
outras, mais destinadas ao conforto ou à performance.
Vamos assim, tentar entender o que as distinguem.

São de seguida apresentados os vários tipos de sistemas de


suspensão existentes.

EIXOS RÍGIDOS

Este sistema foi o primeiro a ser desenvolvido e começou a


ser usado nas carruagens, utilizando molas semielípticas ou
de lâmina. A grande vantagem deste tipo de suspensão é a

elevada simplicidade de construção, elevada robustez e
baixo custo de produção. 

A utilização deste sistema em veículos de passageiros


perdurou até por volta da década de 60, sendo nos dias de
hoje ainda utilizado no eixo traseiro, normalmente em
veículos comerciais.

Neste tipo de suspensão, as rodas esquerdas e direitas estão


ligadas por um único eixo. Assim, o movimento de um lado
afecta o outro. Os eixos e os seus apoios são pesados,
aumentando a massa suspensa do carro.

Como mostra na figura abaixo, um par de molas semi-


elípticas é montado longitudinalmente em um eixo rígido.
Com a chegada das molas helicoidais com amortecedor em
separado, abriram-se novas portas para o desenvolvimento
de sistemas de suspensão inovadores, apesar destes
apresentarem um custo mais elevado que o sistema com
molas semielípticas.

SUSPENSÕES INDEPENDENTES

A suspensão independente permite que as rodas direita e


esquerda se movam individualmente, o que é excelente para
lidar com irregularidades e buracos das estradas. No caso de 
um carro com tracção traseira, também ajuda a transmitir

potência com mais eficácia. O sistema é leve, estável e
oferece uma condução confortável. 


A grande diferença entre as suspensões de eixos rígidos e as
independentes está no facto em que nestas últimas, o 

movimento vertical de uma roda não interfere no


movimento da roda oposta do mesmo eixo. Outra vantagem
das suspensões independentes é a de fornecer maior rigidez
ao rolamento (Roll) relativamente à rigidez vertical.

Ilustração de Stefan Đurić

Braço de arrasto (Trailing arm)

Na figura abaixo está representado um dos mais simples e


económico sistema de suspensão dianteira independentes,
“braço-de-arrasto” (trailing-arm), no qual eram usados dois
feixes de molas submetidos à torção montados
transversalmente.

Duplo Triângulo (Double wishbone)

Outro tipo de suspensão é a de duplo triângulo (Double-A-


Arm). Esta foi muito utilizada na suspensão dianteira dos
veículos americanos

Uma concepção que suporta as rodas num braço superior e


inferior juntos. Os braços têm, habitualmente, a forma de

um “V”, como um triângulo. Consoante a forma dos braços e
a tracção do carro, pode controlar alterações no 
alinhamento e posição do carro durante a aceleração, com

relativa facilidade. Também é muito rígida, revelando-se

uma escolha popular nos carros desportivos que procuram
controlo e estabilidade. No entanto, tem uma construção 

complexa, com vários componentes e ocupa espaço.

MacPherson

Atualmente, a suspensão dianteira mais utilizada nos


veículos de passageiros de pequeno e médio porte com
tração dianteira é a MacPherson.

Um sistema de suspensão simples que consiste numa mola,


um amortecedor e um braço de controlo baixo. A coluna
refere-se ao próprio amortecedor, que também serve de
suporte neste tipo de suspensão. A parte superior do
amortecedor suporta a carroçaria através de um apoio de
borracha, e a parte inferior é suportada pelo triângulo. Por
ter menos peças, o peso é mais baixo e, por consequência,
tem um bom deslocamento. A vibração pode ser absorvida
numa larga extensão.

Multilink
É um sistema de triângulos duplos avançado, que utiliza
entre três e cinco braços para manter a posição do eixo, em
vez de dois braços. Estes estão separados e existe muita
liberdade, no que diz respeito ao posicionamento. O maior
número de braços permite-lhe lidar com movimento em
muitas direcções e mantém as rodas em contacto com a
superfície da estrada a todo o momento. Este tipo de
suspensão é usado com frequência na suspensão traseira de
carros de tracção dianteira de alto desempenho para manter
a estabilidade e a alta velocidade, e em carros de tracção

traseira com muita potência para manter tracção.

Desta forma, abordamos os sistemas se suspensão mais

comuns, o que permitirá com certeza facilitar a identificação

do qual é utilizado no seu veículo.

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