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Bacharelado em Engenharia Mecânica

Disciplina: Engenharia automobilística


Aula 8 - Sistemas de Suspensão

Marcelo Lourenço Antunes


Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
O sistema de suspensão contém um conjunto de peças que trabalham em constante movimento, com o
objetivo de absorver e acompanhar as saliências da pista, proporcionando conforto, segurança e desempenho ao
automóvel.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
A função da suspensão dos veículos é maximizar o atrito entre os pneus e o solo, de modo a fornecer
estabilidade na direção com bom controle e assegurar o conforto dos passageiros.
Se as estradas fossem perfeitamente planas, sem irregularidades, as suspensões não seriam necessárias.
Entretanto, elas estão longe de serem perfeitas. Até mesmo as recém-pavimentadas possuem desníveis tênues, que
podem interagir com as rodas do carro.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
São essas imperfeições que transmitem força às rodas. De acordo com as leis de deslocamento de Newton,
todas as forças possuem tanto magnitude como direção. Uma ondulação no solo faz com que a roda se mova para
cima e para baixo, perpendicularmente à superfície. A magnitude, é claro, vai depender de a roda atingir uma
grande ondulação ou uma partícula minúscula. Em ambos os casos, ela sofre uma aceleração vertical quando
passa sobre a imperfeição.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
Sem uma estrutura que intervenha, toda a energia vertical das rodas é transferida para o chassi, que se move
na mesma direção. Nesta situação, as rodas podem perder completamente o contato com o solo e, sob a força da
gravidade, elas podem bater no chão. O veículo precisa de um sistema que irá absorver a energia da roda
acelerada verticalmente, permitindo que o chassi e a carroceria permaneçam inalterados enquanto as rodas seguem
as ondulações do solo.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
O sistema de suspensão dos veículos atua em três importantes princípios:
• Isolamento do solo: É a capacidade do veículo de absorver ou isolar o impacto com o solo do compartimento
dos passageiros, permitir que o veículo trafegue sem perturbação enquanto estiver percorrendo solos ásperos,
absorver energia dos obstáculos do solo e dissipá-la sem causar oscilação indevida no veículo.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
O sistema de suspensão dos veículos atua em três importantes princípios:
• Adesão ao solo: É a proporção em que o carro está em contato com a superfície do solo em várias mudanças
de direção e em linha reta . Por exemplo: o peso do carro irá se deslocar dos pneus traseiros para os pneus
dianteiros durante a frenagem, inclinando a parte frontal na direção do solo, e este tipo de deslocamento é
conhecido como "mergulho". O efeito oposto - "agachamento" - ocorre durante a aceleração, que desloca o
peso do carro dos pneus dianteiros para trás. Ou seja, é manter os pneus em contato com o solo, pois o atrito
entre os pneus e o solo afeta a capacidade do veículo de andar, frear e acelerar; minimizar a transferência do
peso do veículo de um lado para outro e de frente para trás, pois essa transferência reduz a adesão dos pneus ao
solo.
Sistemas de Suspensão
8.1. Introdução
O sistema de suspensão dos veículos atua em três importantes princípios:
• Capacidade de curva: É a capacidade do veículo em trafegar em uma trajetória curva, minimizando a
inclinação da carroceria que ocorre quando a força centrífuga na curva força o veículo para fora pelo seu
centro de gravidade, elevando um lado do carro e abaixando o lado oposto, e transferindo o peso do carro
durante as curvas do lado mais baixo do carro para o lado mais alto.
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8.2. Componentes da suspensão
O sistema de suspensão dos veículos possui três componentes fundamentais:
• Molas;
• Amortecedores;
• Barras estabilizadoras.
• Molas:
Os sistemas atuais de molas são baseados em um dos quatro projetos básicos:
Molas helicoidais - esse é o tipo mais comum de mola e é, em essência, uma barra de torção de alta
capacidade, enrolada em volta do seu eixo. As molas helicoidais se comprimem e expandem, para absorver o
deslocamento das rodas.
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8.2. Componentes da suspensão
Molas helicoidais
Sistemas de Suspensão
8.2. Componentes da suspensão
Feixe de molas - este tipo de mola consiste em várias camadas de metal (chamadas "lâminas") colocadas
juntas para atuarem como uma única peça. Os feixes de molas foram usados inicialmente em carruagens puxadas
por cavalos e eram encontradas na maioria dos carros americanos até 1985. Até hoje, eles são usados em muitas
picapes e veículos pesados.
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8.2. Componentes da suspensão
Sistemas de Suspensão
8.2. Componentes da suspensão
Barras de torção - as barras de torção utilizam as propriedades de torção de uma barra de aço para obter o
desempenho similar ao de uma mola helicoidal. O seu funcionamento ocorre do seguinte modo: uma extremidade
da barra é fixada no chassi do veículo e a outra é fixada ao braço triangular, que atua como uma alavanca que se
movimenta perpendicularmente à barra de torção. Quando a roda atinge um obstáculo, o deslocamento vertical é
transferido ao braço triangular e, depois, através da ação de alavanca, à barra de torção. Esta então se torce ao
longo do seu eixo para prover a força de mola. Os fabricantes de carros europeus usaram amplamente este sistema
nas décadas de 1950 e 1960, assim como a Packard e a Chrysler nos Estados Unidos (e no Brasil, nos Dodge Dart
e Charger).
Sistemas de Suspensão
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8.2. Componentes da suspensão
Molas pneumáticas - consistem em uma câmara cilíndrica de ar e são posicionadas entre a roda e o carro,
usando a propriedade de compressão do ar para absorver as vibrações da roda.
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8.2. Componentes da suspensão
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8.2. Componentes da suspensão
Outros tipos de suspensão
Suspensão hidráulica
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8.2. Componentes da suspensão
Outros tipos de suspensão
Suspensão à rosca
Sistemas de Suspensão
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8.3. Componentes da suspensão
• Amortecedores
As molas são ótimas para absorver energia, mas não tão boas para dissipá-la . Outras estruturas, conhecidas
como amortecedores, são necessárias para fazer isso. A não ser que haja um dispositivo de amortecimento, a mola
de um carro aumentará e dissipará a energia absorvida em um impacto de maneira descontrolada. A mola
continuará oscilando na sua frequência natural até que toda a energia originalmente aplicada a ela seja dissipada.
Sistemas de Suspensão
8.3. Componentes da suspensão
• Amortecedores
Uma suspensão constituída apenas de molas tornaria o rodar
bem balançante e, dependendo do terreno, seria impossível
controlar o carro. Para isso existe o amortecedor, um dispositivo
que controla o deslocamento indesejado da mola através de um
processo conhecido como amortecimento. Os amortecedores
reduzem a magnitude dos deslocamentos oscilatórios. Isso ocorre
quando o equipamento transforma a energia cinética do
movimento da suspensão em calor, energia essa que é dissipada
através do fluido hidráulico.
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8.3. Componentes da suspensão
• Amortecedores
Um amortecedor está localizado entre o chassi do carro e as rodas. A parte superior do amortecedor se fixa ao
chassi (por exemplo, o peso suspenso), enquanto a parte inferior se fixa ao eixo, próximo à roda (por exemplo,
peso não-suspenso). Em um tipo de dois tubos, um dos mais comuns, a parte de cima é fixa à uma haste, que, por
sua vez, está ligada a um pistão. Ele está inserido em um tubo cheio de fluido hidráulico. O tubo interno é
conhecido como tubo de pressão. Já o externo é conhecido como tubo de reserva. Este último armazena o excesso
do fluido hidráulico. Quando a roda do carro encontra um obstáculo na via, a mola se comprime e se distende. A
energia dela é transferida para o amortecedor através da parte de cima e vai seguindo através da haste para dentro
do pistão. Os orifícios no pistão permitem que o fluido passe através dele e ele se mova para cima e para baixo no
tubo de pressão. Como os orifícios são relativamente pequenos, somente uma pequena quantidade de fluido passa
sob grande pressão. Isso faz com que o pistão desacelere, o que por sua vez desacelera a mola.
Sistemas de Suspensão
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8.3. Componentes da suspensão
• Amortecedores
Os amortecedores trabalham em dois ciclos - o de
compressão e o de extensão. O ciclo da compressão ocorre
quando o pistão se move para baixo, comprimindo o fluido
hidráulico na câmara abaixo. Já o ciclo da extensão ocorre
quando o pistão se move na direção do topo do tubo de pressão,
comprimindo o fluido na câmara acima. Um carro comum ou
uma picape terão maior resistência durante o ciclo da extensão
do que no ciclo da compressão. Considerando isso, o ciclo da
compressão controla o deslocamento do peso não-suspenso do
veículo, enquanto o de distensão controla o mais pesado, o
suspenso.
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8.3. Componentes da suspensão
• Amortecedores
Todos os amortecedores modernos são sensíveis à velocidade: quanto mais rápido a suspensão se movimenta,
mais resistência o amortecedor fornece. Isso permite aos amortecedores que se ajustem às condições da estrada e
que controlem todos os movimentos indesejados que possam ocorrer em um veículo em marcha, incluindo
balanço, oscilação, mergulho na frenagem e agachamento na aceleração.
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8.3. Componentes da suspensão
• Barras estabilizadoras
As barras anti-oscilação (também conhecidas como barras estabilizadoras) são usadas junto com as colunas
de suspensão ou braços triangulares para fornecer estabilidade adicional ao veículo em movimento. Essa barra é
uma haste metálica, que se estende sobre todo o eixo e se conecta a cada um dos lados da suspensão, e que
controlam a velocidade na qual o peso é transferido para o sistema de suspensão.
Quando a suspensão em uma roda se move para cima e para baixo, a barra estabilizadora transfere o
movimento para a outra roda, fazendo com que o carro ande mais nivelado lateralmente e com menos inclinação
nas curvas.
SEM COM
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8.4. Tipos de suspensão
As quatro rodas de um carro funcionam juntas em dois sistemas independentes - as duas rodas fixadas pelo
eixo dianteiro e as duas rodas fixadas pelo eixo traseiro, o que significa que o carro pode ter tipos diferentes de
suspensão na frente e atrás. Isso significa que um único eixo rígido pode conter as duas rodas ou elas podem se
mover independentemente.
• O primeiro arranjo é conhecido como sistema independente, enquanto o segundo é conhecido como sistema
de eixo rígido.
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8.4. Tipos de suspensão
Sistema independente
Em um sistema independente de suspensão dianteira, as rodas podem se mover independentemente. A coluna
MacPherson, desenvolvida em 1947 por Earle S. McPherson, da General Motors, é o sistema de suspensão
dianteira mais utilizado, especialmente em carros originados na Europa.
Sistemas de Suspensão
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8.4. Tipos de suspensão
Multilink
A multilink, ou multibraço, é uma evolução do sistema duplo A em que a manga de eixo (peça que sustenta a
roda) é ligada à estrutura por vários braços, dando maior liberdade ao projetista para determinar a geometria de
suspensão. Sua vantagem é o controle mais preciso dos movimentos da roda, importante em carros de rua que
normalmente têm amplo curso de suspensão. Mas esse maior controle custa mais.
Sistemas de Suspensão
8.4. Tipos de suspensão
Duplo A
A de duplo A (em inglês chamada de double wishbone) é formada por dois braços triangulares superpostos
atrelados ao chassi ou subchassi por meio de buchas silenciosas, permitindo que os braços aos quais a roda é
atrelada se movimentem verticalmente. Trata-se uma ótima solução, mas é mais complexa por concentrar mais
esforço na estrutura do veículo, que precisa ser muito bem calculada para isso, e contribui para deixá-lo mais
pesado.
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8.4. Tipos de suspensão
Sistema de eixo rígido
As suspensões de eixo rígido, como o nome diz, possuem um rígido eixo ao qual se montam as rodas do
veículo. Basicamente, ele se parece com uma barra sólida sob a parte dianteira ou traseira do carro, mantida no
lugar pelo feixe de molas e amortecedores. Comuns em picapes, as suspensões dianteiras por eixo rígido não são
usadas em carros há muitos anos.
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8.4. Tipos de suspensão
Se ambas as suspensões dianteira e traseira são independentes, todas as rodas são fixadas e suspensas
individualmente. Isso resulta naquilo que os anúncios de carros informam como "suspensão independente nas
quatro rodas". Qualquer suspensão que possa ser usada na dianteira do carro pode ser usada também na traseira.
As versões dos sistemas dianteiros independentes descritos na seção anterior podem ser encontrados nos eixos
traseiros. É claro que, na parte traseira do carro, a caixa de direção - o conjunto que inclui o pinhão e permite que
as rodas sejam viradas de um lado para o outro - é inexistente. Isso significa que as suspensões traseiras
independentes podem ser versões simplificadas das dianteiras, apesar de os princípios básicos serem os mesmos.

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