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CURSO DE

MECÂNICA DE
MOTOS
Freios

EDUBRAS
PROIBIDA A REPRODUÇAO, TOTAL OU PARCIAL DESTA OBRA, POR QUALQUER MEIO OU METODO SEM AUTORIZAÇÃO POR ESCRITO DO EDITOR
© TODOS OS DIREITOS FICAM RESERVADOS.
FREIOS

FREIOS
Os objetivos desta unidade são:

 Entender o funcionamento do sistema de freio a tambor .


 Entender o funcionamento do sistema hidráulico de freio a
disco.
 Aprender a ajustar a folga do pedal e o manete do freio.
 Aprender a inspecionar o desgaste das lonas de freio.
 Aprender a desmontar, limpar, inspecionar e montar
um sistema de freio a tambor.
 Aprender a desmontar, limpar, inspecionar e montar
um sistema de freio a disco.
 Aprender a sangrar o sistema hidráulico.

O editor não se responsabiliza por nenhum acidente ou dano causado pela aplicação dos procedimentos
descritos neste e nos demais textos do programa. As pessoas que utilizarem este texto como guia para
realizar procedimentos de manutenção em motocicletas farão isso assumindo todos os riscos e responsabi-
lidades.
O editor não se responsabiliza por nenhuma omissão ou erro no texto e/ou no programa que possam causar
algum inconveniente ou prejuízo ao leitor.

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FREIOS

FREIOS
FUNCIONAMENTO exemplo, o freio.
Este contato produz uma fricção (atrito) que freia a roda
O princípio de funcionamento dos freios está baseado e gera calor com a conseqüente perda de material.
na transformação da energia cinética ou de movimen- A fricção é conseguida quando as sapatas roçam com
to em energia calorífica. o tambor.
Isto se consegue quando uma peça metálica ligada à O freio pode ser acionado mecanicamente, através de
roda, como por exemplo, o disco ou o tambor, entra um cabo ou uma haste ou, hidraulicamente, através
em contato direto com una peça estática como, por de um pistão e tubulação hidráulica.

CAME

SAPATA

TAMBOR

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FREIOS

FREIO A TAMBOR
O cubo da roda é um cilindro fechado num dos seus
extremos. Pelo centro do cubo passa o eixo que con-
tém dois rolamentos. O outro extremo do cubo está
aberto e suporta as sapatas. Estas entram em contato
com um anel que é colocado na face interna do cubo,
freando a roda. Este anel é feito de aço e evita que o
cubo ou tambor, geralmente de fundição de alumínio,
se desgaste prematuramente.

A face externa do tambor tem pequenas aletas que


permitem dissipar o calor gerado durante a frenagem.
O prato de freio tem dois orifícios: um permite a passa-
gem do eixo da roda; o outro, deixa passar o eixo que
aciona as sapatas.
Este eixo tem um came no extremo que está localiza-
do dentro do tambor. O extremo oposto tem estrias que
permitem instalar uma alavanca.

Esta alavanca (braço do freio) é conectada à haste ou


cabo que permite ao piloto acionar o sistema de freios.
As sapatas são suportadas em dois pontos: no came
e no pivô. São mantidas no seu lugar através de uma
ou duas molas de retorno. Quando a alavanca é acio-
nada, o came gira. O came move as sapatas até a
superfície do anel de aço. A fricção da sapata com o
anel provoca a frenagem da roda.
Frear significa reduzir a velocidade, ou desacelerar até
deter completamente a motocicleta. Ao cessar a ação
sobre o came, as molas retornam, separando as sapa-
tas do tambor.

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FREIOS

FREIO A TAMBOR COM UM CAME


Observe a flecha que indica o sentido de rotação da
roda. Neste caso, a roda e o tambor giram para à es-
querda. A sapata que fica para frente, é levada a uma
posição de repouso. O movimento do tambor arrasta a
sapata e trata de fechá-la.
A sapata traseira se mantém numa posição de frena-
gem pelo movimento do tambor. Você pode observar
que o came se encontra na parte inferior do conjunto
de freio. Se ele estivesse na parte superior, os resulta-
dos finais seriam totalmente opostos.
Ao estar a sapata frontal na posição de frenagem e a
posterior em repouso, uma delas se desgastará mais
rápido que a outra no mesmo período de tempo.

FREIO A TAMBOR
COM DOIS CAMES
Para solucionar o problema, foi desenvolvido um siste-
ma de dois cames. Neste sistema, cada sapata tem
seu próprio pivô e came, permitindo um efeito maior
de frenagem. O sentido de rotação estende as duas
sapatas durante a frenagem e o resultado final é um
aumento da eficiência do sistema.

CONSTRUÇÃO DA SAPATA
A sapata está constituída por duas partes: a sapata
propriamente dita, feita de fundição de alumínio e a
lona de freio. A lona entra em contato com o tambor e
por isso deve ser medida para a verificação do seu
desgaste. A lona, normalmente, vai colada na sapata.
Anteriormente, costumava-se rebitá-la.
O sistema de freio a tambor e sua área de fricção ge-
ram uma grande quantidade de calor. As característi-
cas de sua construção dificultam a dissipação do ca-
lor. Por isso, se são colocadas tomadas de ar para a
sua ventilação, pode entrar água, reduzindo perigosa-
mente sua eficiência. Portanto, ao dificultar-se a venti-
lação, o grande problema deste sistema é a fatiga a
que está exposto ao ser usado de forma excessiva.

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FREIO A DISCO
Este sistema iniciou sua aplicação prática na indústria
da motocicleta na década dos 70, em motos de gran-
de desempenho. Hoje em dia, todas as motos de tama-
nho grande, médio, algumas pequenas e os scooters
possuem este sistema.

VANTAGENS
- Resistência à fatiga: Seu desenho lhe permite estar
sempre em contato com o ar. As frenagens sucessi-
vas e prolongadas, geradoras de calor, não reduzem
sua eficácia.
- Não se molha: Como o disco gira com a roda, sua
força centrífuga o mantém seco.
- Frenagem balanceada: Como a pinça «atrapa» as
duas faces do disco simultaneamente, a roda desace-
lera de forma segura e paulatina, não brusca.
- Ajuste automático: À medida que as pastilhas vão
se desgastando com o uso, o pistão avança, compen-
sando o espaço perdido pelo desgaste das pastilhas.
- Baixo custo: De manutenção e de fabricação.

DISCO
O sistema de freio a disco tem um disco de aço uni-
do à roda. O disco pode ser maciço, ventilado ou fura-
do (com orifícios). O maciço é utilizado em motos de
baixo custo e consta de um simples disco retificado
em ambas faces. O ventilado é aquele formado por
dois discos unidos por pequenas aletas. Ao girar, as
aletas tomam o ar de impacto que recebe sua face
circular e o faz atravessar as faces internas. É uma
espécie de ventilação forçada. Este tipo de disco é
utilizado em motocicletas muito exigidas.
O modelo furado tem uma aparência agressiva e es-
portiva. Os orifícios lhe permitem reduzir seu peso.

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PINÇA
O segundo elemento mais importante do freio a disco
é a pinça. A pinça está fixada no amortecedor do gar-
fo, no freio dianteiro, e no braço oscilante, no traseiro.
Está composta de uma ou duas peças fundidas em
forma de «U». Por dentro do «U», passa o disco. Os
braços do «U» são o alojamento do pistão (ou dos pis-
tões). A pinça pode ser fixa ou deslizante.
Quando a pinça possui somente um pistão, o disco é
flutuante e ela é fixa. Se o disco é fixo, a pinça deverá
ser deslizante para permitir a operação do seu único
pistão.

O pistão empurra uma das pastilhas, esta transmite o


movimento ao disco que se aproxima em direção à se-
gunda pastilha. Este movimento axial tem o objetivo
de eliminar o jogo que existe entre as peças. Logo após,
a pressão hidráulica comprime o «sanduíche» forma-
do, provocando a frenagem da roda. Para que isto acon-
teça naturalmente, uma das partes tem que ceder, po-
dendo ser o disco ou a pinça.

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PASTILHAS
As pastilhas se localizam em ambas faces do disco e
podem ser idênticas (intercambiáveis) ou simétricas
(cada uma tem seu lugar na pinça).
Estão divididas em duas partes:
- Parte metálica: que está em contato com o pistão
(ou a pinça) e dá rigidez à peça.
- Material de fricção: é a parte que entra em contato
com o disco. Pelo seu desgaste, sua espessura deve
ser medida.
Não é necessária uma desmontagem complexa para
ver o estado das pastilhas. Essa é uma das principais
razões do baixo custo de manutenção do freio a dis-
co.

PISTÃO
O pistão é um cilindro de aço que se desloca dentro
do alojamento formado pela pinça. Ele tem um reten-
tor que evita a perda do fluido hidráulico. Este retentor
tem uma segunda função: ajudar o pistão a retornar a
sua posição anterior, quando cessa a pressão hidráu-
lica.

PINÇAS DE DOIS PISTÕES


Existem conjuntos de freio a disco cuja pinça possui
dois pistões. A pressão é fornecida de forma equilibra-
da em ambos pistões. O disco e a pinça são do tipo
fixo.
Seu funcionamento é idêntico ao do pistão simples.

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COMANDO MECÂNICO DO FREIO


Os freios podem ser operados mecânica ou hidraulica-
mente.
O sistema mecânico é utilizado nos freios a tambor. Para
o freio dianteiro é utilizado um cabo e para o traseiro,
uma haste (vareta). A alavanca que se encontra no ma-
nete direito aciona o cabo. Um pedal controla a haste do
freio traseiro.

Cabo
O cabo se desloca dentro de uma capa (camisa) que
guia o cabo. Ao acionar-se o manete do freio, o cabo
move a outra alavanca que encontra-se no conjunto do
freio a tambor.
A capa tem um regulador em cada extremo. Com ele é
possível fazer os ajustes necessários, inclusive, compen-
sar o desgaste da lona de freio. Existem motonetas e
ciclomotores nas quais o conjunto de freio traseiro tam-
bém é acionado por cabo.
Em algumas motos, se corta a capa e se coloca um inte-
rruptor do tipo telescópico.
Quando se aciona o manete a capa se endurece pela
tensão exercida pelo cabo. O interruptor é comprimido e
fecha o circuito da luz do freio.

Haste (Vareta)
A vareta é utilizada exclusivamente na roda traseira. Quan-
do o pedal é oprimido ela se desloca e aciona, no seu
outro extremo, a alavanca do conjunto de freio a tambor.
A vareta se regula neste extremo. Quando se pisa no pe-
dal, se estica uma mola que aciona um interruptor. Este
interruptor acende a luz vermelha: "Pare".

Indicador de desgaste
As alavancas que estão localizadas no prato de freio têm
um indicador. Quando esta alavanca é movida, o indica-
dor se desloca na frente de um gravado feito no suporte
das sapatas (tampa). Se a lona é nova, o indicador não
deve deslocar-se além do início do gravado. Ao ir fazen-
do os ajustes de compensação por desgaste, esse indi-
cador vai tomando novas posições. Quando o indicador
chega ao final do gravado é quando deve ser sustituída
a lona do freio ou a sapata completa.

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COMANDO HIDRÁULICO
DE FREIO
Um sistema hidráulico está formado por:
- Reservatório de fluido de freio: armazena o fluido
hidráulico (líquido de freio).
- Cilindro mestre: é alimentado pelo reservatório de
fluido de freio e gera a pressão necessária para a ope-
ração do sistema.
- Alavanca ou Pedal de freio: este dispositivo mecâni-
co, atua sobre o cilindro mestre e seu deslocamento
angular é proporcional à pressão liberada.
- Tubulação hidráulica: pode ser rígida, flexível ou mis-
ta. É a encarregada de transmitir a pressão gerada no
cilindro mestre ao conjunto de freio.
- Conjunto de freio: já foi visto anteriormente.

FLUIDO DE FREIO
O fabricante da moto geralmente não faz referência a
uma marca específica de fluido de freio mas sim, à
especificação técnica.
Os mais usados são: DOT Nº 3 e Nº 4 . Recentemente
foi lançado no mercado o DOT Nº 5 sintético. Não é
conveniente misturar diferentes tipos de fluidos. Retire
o fluido em uso e coloque o novo.

Reservatório de fluido
Ele pode ser circular ou quadrado. Forma parte do cor-
po do próprio cilindro mestre ou está conectado a ele
por uma passagem parafusada. Possui uma tampa que
contém uma membrana. Esta está sempre em contato
com a superfície do fluido de freio e na sua face opos-
ta recebe a pressão atmosférica. A membrana evita o
contato do fluido com o ar e também seu derramamen-
to. Alguns reservatórios têm visor e outros possuem
duas marcas de nível: máximo (max level) e mínimo (min
level).

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Cilindro mestre
Está fixo no lado direito do guidão da moto e consta
de um corpo cilíndrico. Na sua parte superior se en-
contra o reservatório de fluido de freio. Basicamente,
o cilindro possui no seu interior os seguintes elemen-
tos:

Um pistão : atua diretamente desde um dos seus ex-


tremos pela manete de freio ou por uma haste peque-
na que é comandada pela manete de freio.

Dois selos : o primário está localizado no extremo opos-


to desde onde é acionado o pistão. O secundário se
encontra perto do ponto de acionamento do pistão,
evitando assim as possíveis perdas do fluido de freio.

Dois orifícios : um orifício que alimenta a câmara for-


mada na frente do selo primário, quando o pistão está
em repouso. O outro orifício é calibrado e serve de alí-
vio. Quando o pistão os bloqueia, o cilindro começa a
gerar pressão. Ao ser aliviada a força que desloca o
pistão, o orifício de alívio é o primeiro a ser conectado
com o depósito. Assim se consegue um alívio da pres-
são de forma suave ao soltar a manete de freio.

Uma mola de recuperação: este componente garante


o retorno do pistão a sua posição de repouso.

Uma válvula unidirecional (check valve): quando o pis-


tão começa a gerar pressão, o fluido hidráulico é obri-
gado a passar pelo orifício restritivo, pois a válvula uni-
direcional está apoiada no seu assento. Isto garante
a suavidade do sistema. Quando a manete de freio é
liberada, a mola leva o pistão a sua posição de retor-
no (freio desativado). Este movimento cria uma carên-
cia de fluido de freio bem na frente do pistão, que é
rapidamente enchido ao separar-se da válvula de seu
assento.
De que se enche? De líquido de freio que regressa da
pinça, liberando o disco da pressão que o oprimia.

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FREIOS

Manete ou Pedal de Freio


É importante destacar que o sistema hidráulico tem
um efeito multiplicador da força aplicada pelo manete
de freio ou pedal.
O manete tem um ponto de apoio, o pivô, e dois braços.
Por exemplo, veja que a distância desde o ponto de
apoio ao extremo do manete é igual a 5 vezes a dis-
tância desde o mesmo ponto até o lugar onde é acio-
nado o pistão. Se a força que você aplica à alavanca
de freio é igual a 10 kg, então o pistão recebe uma
carga de 50 kg. O pedal de freio tem um comprimento
3 vezes maior que a distância comprendida entre seu
ponto de apoio e o ponto de acionamento da bomba.
Se seu pé produz uma força de 40 kg. o pistão recebe-
rá uma força de 120 kg.

PRINCÍPIO HIDRÁULICO
Qual é a força final que os pistões recebem nas pinças?
Para isto é necessário recordar o princípio hidráulico
em que se baseia este sistema de freio. Devemos con-
siderar em primeiro lugar que os líquidos não são com-
pressíveis e que a pressão aplicada na sua superfície
é transmitida integralmente em todas as direções den-
tro do sistema.

Temos dois vasos idênticos comunicados entre si. Seus


diâmetros também são idênticos. Colocamos dois pis-
tões com superfície igual de ação, tamanho e peso.
Chamemos a esses pistões A e B.
Se o pistão A recebe uma força de 100 kg, se moverá
para baixo por uma certa distância. O líquido transmite
esse movimento ao pistão B. Como eles são iguais,
este último sobe uma distância idêntica àquela que
baixou o pistão A.

Agora o pistão A tem a metade do tamanho do pistão


B. Ao ser aplicada uma força de 100 kg nele, o mesmo
se desloca uma certa distância.
O que acontece com o pistão B?
O pistão B sobe uma distância igual a metade da dis-
tância do pistão A.
O que acontece com a pressão?
A pressão muda totalmente. Se a distância recorrida
pelo pistão B é igual a metade da recorrida pelo pistão
A, a força resultante no B é igual ao dobro. Em outras
palavras, o pistão B gera uma força de 200 kg.

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MANUTENÇÃO
DO SISTEMA DE FREIOS
PROCEDIMENTOS SEGURANÇA
Este guia indica passo a passo procedimentos Não se esqueça de observar as normas de segu-
generalizados de manutenção deste sistema. rança requeridas pelas autoridades do seu país e
Podem haver variações com respeito aos proce- aquelas descritas no manual do fabricante da mo-
dimentos indicados pelo fabricante da motocicleta tocicleta na qual você está trabalhando.
na qual você está trabalhando.
Sempre siga os procedimentos indicados no ma- Este guia traz os seguintes procedimentos:
nual do fabricante da motocicleta.
Utilize a ferramenta indicada. - Verificação do desgaste das lonas.
Não substitua as instruções do manual de manu- - Inspeção do conjunto de freio a tambor.
tenção da motocicleta pelas deste guia se forem - Ajuste da folga do comando do freio a tam-
diferentes. No caso de diferir em algum procedimen- bor.
to, siga o indicado pelo fabricante. - Verificação do desgaste das pastillas de
freio.
- Verificação do nível do fluido de freio.
- Sangria do sistema hidráulico.
- Lubrificação do cabo de freio.

VERIFICAÇÃO
DO DESGASTE DAS LONAS
- Pressione o pedal ou manete de freio. Se ao soltá-
lo não volta a sua posição original, o freio pode estar
colado, necessitar limpeza ou estar com as lonas tão
gastas que o came está girando fora de seu ângulo
normal de funcionamento.

- Outra maneira de verificar o estado das lonas é


mediante o indicador de desgaste.
Observe se existe este indicador. Se ao acionar o
freio, o indicador supera a marca limite, será necessá-
rio trocar as sapatas.

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FREIOS

INSPEÇÃO DO CONJUNTO
DE FREIO A TAMBOR
- Neste caso se realiza a inspeção do freio traseiro.

- Para retirar a roda, retire os esticadores do eixo, a


vareta de freio, a barra que segura o prato de freio, a
porca do eixo, o eixo (utilize um martelo de plástico
para empurrá-lo), o espaçador e finalmente a roda.

- Retire o prato de freio.

- Retire o pó (partículas de asbesto) das lonas e do


tambor com um aspirador e um pincel. Não inale o
asbesto, pois ele é muito prejudicial para a saúde.
Nunca utilize ar comprimido para limpar os componen-
tes do freio.

- Umedeça um pano com limpador de freios e limpe


o tambor. Não utilize lubrificante.

- Inspecione o tambor. Verifique que não tenha irre-


gularidades ou uma borda externa. Se tiver, isto indi-
ca desgaste excessivo, sendo necessário em primeiro
lugar, retificar, em segundo lugar, trocar o tambor.

- Utilizando um paquímetro, meça o diâmetro do tam-


bor em cruz. Verifique o limite máximo de desgaste
indicado pelo fabricante.

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FREIOS

- Verifique se o tambor apresenta riscos que indi-


quem que ele tenha sido superaquecido.
Substitua-o se for necessário.

- Se o tambor estiver espelhado, passe uma lixa


média nele.

- Retire novamente o pó com um aspirador.

- Retire as cupilhas da placa-suporte, logo após, reti-


re a placa e depois as molas.

- Retire as sapatas.

- Verifique a altura das molas com o paquímetro. Com-


pare os resultados com o manual. Substitua-as se ul-
trapassarem o limite permitido.

- Meça a espessura da sapata em três pontos. Subs-


titua-a se tiver um desgaste maior do que o limite indi-
cado.

- Verifique o movimento livre do came acionando a


alavanca do freio. Se ele estiver trancado, limpe-o e
lubrifique-o com graxa de alta temperatura. Limpe os
eixos de apoio das sapatas e as arruelas.

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FREIOS

- Coloque a primeira sapata na sua posição e en-


ganche as molas. Enganche a outra sapata nas mo-
las e também coloque-a na sua posição.

- Acione o freio para assegurar-se de que as sapa-


tas se estendem e retornam apropriadamente.

- Coloque a placa-suporte.

- Coloque o prato de freio no tambor e teste o acio-


namento do freio novamente.

- Instale a roda.

- Ajuste o pedal de freio.

- Verifique se a luz do freio acende. Se ela não acen-


de por causa da troca de posição do pedal, modifique
a regulagem do interruptor.

- Se a moto tiver uma corrente de transmissão, ajus-


te-a.

AJUSTE DO COMANDO
DO FREIO TRASEIRO
- Para ajustar o pedal de freio, aperte a porca da
vareta do freio traseiro. Você notará que através des-
ta operação o percurso do pedal diminui. Lembre-se
de que a distância do trajeto deve estar entre os limi-
tes indicados pelo fabricante.
O cabo do freio é ajustado através da porca de ajus-
te no cabo.

VERIFICAÇÃO DO DESGASTE
DAS PASTILHAS DE FREIO
- Retire a pinça.
- Retire a tampa.
- Retire o seguro elástico (presilha elástica), os pi-
nos e as molas das pastilhas.
- Retire as pastilhas.

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FREIOS

- Tenha cuidado para não oprimir o manete do freio


pois se você fizer isto, os pistões escaparão da pinça
ao não ter a resistência das pastilhas.

- Limpe o interior da pinça retirando o pó com um


aspirador, como você fez com o freio a tambor.

- Inspecione as pastilhas com o paquímetro medin-


do sua espessura e comparando o resultado com as
medidas indicadas pelo fabricante. Você deverá tro-
cá-las se elas ultrapassarem o limite de desgaste.

- Se estiverem em bom estado, limpe-as retirando o


pó com um aspirador, lixe-as com lixa média sobre uma
superfície plana.

- Coloque as pastilhas na pinça.

- No caso de instalar pastilhas novas, estas não en-


trarão na pinça porque o pistão (ou pistões) se aco-
modaram devido à menor espessura das pastilhas re-
tiradas. Será necessário pressionar o pistão (ou pis-
tões) com uma ferramenta fazendo alavanca para criar
mais espaço na pinça. Quando estiver comprimido, o
pistão (ou os pistões) ficarão fixos no seu lugar. Assim
você poderá instalar as pastilhas novas. Cuide para
não derramar o fluido do reservatório ao exercer a pres-
são sobre os pistões.

- Coloque as molas, pinos, cupilhas e tampa. Subs-


titua os pinos, caso eles estejam danificados.

- Umedeça um pano com limpador de freios e limpe


o disco.

- Meça a espessura do disco com o paquímetro e


compare a leitura com o limite indicado pelo fabrican-
te.

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FREIOS

- Instale a pinça e aperte as porcas com o torque


indicado.

- Acione o comando de freio várias vezes, gire a roda,


assegurando-se de que tenha livre movimento. É nor-
INDICADOR DO
mal experimentar um leve arrasto ou fricção nos siste- NÍVEL
mas com freio a disco.

VERIFICAÇÃO DO NÍVEL
DO FLUIDO DE FREIO
Para verificar o nível do líquido de freio basta colocar
a moto na sua posição normal de marcha e observar
o visor ou as marcas de nível.

- Pressione o pedal (ou manete) enquanto você ob-


serva o nível. Isto faz o pistão se deslocar até o ponto
permitido pela pastilha em uso.

- Proteja o tanque da moto e áreas adjacentes com


plástico. Evite danificar a pintura.

- Retire a tampa do reservatório. Limpe-a com fluido


hidráulico novo e seque-a. Verifique seu estado.

-Coloque o fluido necessário, sem salpicar. É conve-


PLÁSTICO
niente trocar a junta de borracha que vai entre a tam-
pa e o reservatório.

- Coloque a tampa. Verifique se o diafragma está


bem contra a tampa você for colocá-la, se não estiver
assim, se derramará fluido hidráulico.

- Não misture fluidos hidráulicos de diferente especi-


ficação ou de diferente marca. Se por acaso você mis-
turou sem querer, drene o fluido que existe na moto e
«lave» o sistema com o novo fluido.

EDUBRAS MECÂNICA DE MOTOS 18


FREIOS

SANGRADO
DO SISTEMA HIDRÁULICO
Este procedimento é realizado quando entra ar no
sistema hidráulico. Isto pode ser evidenciado por uma
sensação esponjosa ao acionarmos a manete do freio.
O ar na tubulação diminui a capacidade de frenagem,
ocasionando uma situação perigosa.
Também devem ser sangrados os freios logo após a
troca da tubulação do sistema; substituição ou repa-
ração da pinça ou do cilindro mestre; troca do fluido
de freio; ou se, por um descuido, o sistema ficou sem
fluido e o cilindro aspirou ar.
A sangria deve ser realizada da seguinte maneira:
- Coloque um plástico ou um pano absorvente sobre
a superfície do tanque que está localizado debaixo
do depósito para evitar manchas em caso de salpicos
do fluido.
- Retire a tampa do reservatório.
- Assegure-se de que o diafragma está na posição
deprimida.
- Acople um tubo transparente à válvula de sangria e
coloque o extremo livre do tubo num recipiente. O flui-
do de freio não deve derramar-se sobre nenhuma su-
perfície pintada, pois a danificaria.

- Encha o reservatório com fluido de freio, cuidando


para que não derrame.

- Coloque a tampa e o diafragma. Não aperte os pa-


rafusos.

- Acione a manete de freio e mantenha-o apertado.


- Afrouxe a válvula de sangria. Desta maneira, o flui-
do de freio sai. Você poderá observar as bolhas de ar
que saem junto com o líquido.
- Aperte a válvula de sangria.
- Repita o procedimento até que não saiam bolhas
de ar.
- Comprove que não exista a sensação esponjosa.
O comando de freio deverá parar logo depois de ter
sido acionado. Isto determina que já não existe ar no
sistema.
- Complete o líquido de freio novamente. Coloque a
tampa e aperte os parafusos.

Lembre-se de que ao colocar novas pastilhas num


sistema hidráulico, o comando não adquirirá sua du-
reza total até que o conjunto tenha se assentado. É
aconselhável frear levemente nos primeiros metros.

EDUBRAS MECÂNICA DE MOTOS 19


FREIOS

LUBRIFICAÇÃO OUTROS PROCEDIMENTOS


DO CABO DE FREIO É conveniente que tanto o pedal quanto o manete
tenham uma pequena folga no seu acionamento.
- Solte o extremo que se localiza no conjunto de freio. Isto se consegue deixando que o conjunto de freio,
- Solte a capa que se localiza no conjunto de freio. a tambor ou disco, comece a ser acionado logo após
o deslocamento do manete (uns 8 mm) ou do pedal
- Pela parte superior do conjunto cabo (capa), colo- (entre 20 a 30 mm).
que óleo até que saia pelo extremo inferior. Geralmen-
te se usa o mesmo óleo do motor. Junto com a inspeção do sistema de freios, é reco-
mendada a comprovação do estado das rodas, dos
- Existem cabos de freio que podem ser retirados da pneumáticos, da suspensão e da direção. Estes proce-
capa. Nesse caso é conveniente retirá-lo para ver o dimentos serão vistos nos outros capítulos.
estado dos fios. Ao armá-lo use graxa.
Esta observação é necessária porque quando um
cabo de freio se rompe, deve ser feita a substituição
completa do cabo e do freio.

EDUBRAS MECÂNICA DE MOTOS 20


FREIOS

ANÁLISE DE FALHAS
FREIOS
PROBLEMA CAUSA
Ruído anormal Pastilhas vitrificadas
Pastilhas de tamanho incorreto
Disco defeituoso
Lonas gastas
Contato desigual entre as sapatas e o tambor
Tambor áspero ou deteriorado
Sapatas vitrificadas
Baixa (ou nula) potência Ar no circuito hidráulico
de frenagem Pastilhas gastas
Pastilhas sujas pela água, óleo ou fluido de freio
Pastilhas vitrificadas
Fluido de freio deteriorado
Cilindro mestre com vazamento
Retentor da pinça em mau estado
Lonas gastas ou vitrificadas
Came do freio gasto
Sapatas molhadas pela água ou óleo
Alavanca gasta ou defeituosa
Cabo defeituoso
Regulagem incorreta do pedal
Curso do pedal muito Lonas gastas
extenso Contato desigual entre as sapatas e o tambor
Presença de materiais estranhos no tambor
Alavanca e came defeituosos
Os freios se trancam Disco em mau estado
ou se arrastam Pistão ou pastilhas corroídas
Retentor do pistão danificado
Alavanca ou pedal trancado
Tambor ovalizado ou deformado
Molas da sapata muito débeis
Came mal lubrificado

Agradecemos a colaboração da YAMAHA MOTOR DO BRASIL Ltda. pelo fornecimento de manuais técnicos utilizados na elaboração
deste curso.

EDUBRAS MECÂNICA DE MOTOS 21

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