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Universidade Federal de Goiás

Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas


Graduação em Administração
Disciplina de Psicologia das Organizações
Professora Juliana Chaves
Alunos: Víctor Pires Borges e Pedro Vitor Sousa de Lima

Introdução
O presente trabalho tem como objetivo principal compor a nota da primeira parte da
disciplina de psicologia das organizações da professora Juliana Chaves. Nosso texto relaciona
os assuntos discutidos em sala de aula com o enredo do filme “A Classe Operária Vai Ao
Paraíso”, de 1971. O longa-metragem é um clássico do cinema italiano do período pós
Segunda Guerra Mundial e trata da história de um operário e seu cotidiano na fábrica. Os
acontecimentos do filme se relacionam perfeitamente com os conceitos trabalhados em classe,
como, por exemplo, trabalho, alienação, fetiche e como uma empresa imersa no modo de
produção taylorista-fordista explora o trabalhador, gerando, consequentemente, adoecimentos
(específicos do modo de produção) tanto ao próprio trabalhador, quanto à empresa. Tais
adoecimentos diminuem a produtividade e geram crise no capitalismo, afinal o capitalismo é
muito dependente do próprio trabalhador neste modelo de produção, como demonstra o filme.
Trataremos, então, dos assuntos estudados em classe e, na medida do possível, relacionaremos
com o filme. Uma observação a se fazer é a utilização do termo “homem” enquanto sinônimo
de espécie humana e não como pessoa do gênero masculino.

Análise do filme a partir da teoria estudada


Primeiramente, é importante destacar que o trabalho, conforme explicam Navarro e
Padilha (2007), é a atividade que caracteriza o ser humano como um ser social. É ele,
enquanto atividade, que faz o ser humano ser ser humano e não peixe, ave, planta etc. O
trabalho enquanto atividade afirma a vida do homem e molda a vida de alguém (OLIVEIRA,
2010). Esta atividade não é algo específico, mas envolve tudo o que se pode transformar da
natureza, e, com isso, resolver todas as necessidades humanas, sejam elas imediatas, sejam
elas supérfluas.
Ainda, é importante ressaltar que o homem, em sua natureza, precisa de outro homem
para atingir sua condição plena enquanto vivente, porque ele é um ser social; um ser que se
desenvolve intelectualmente a partir do outro; um ser que precisa do outro para completar a
sua formação cognitiva. Nesse caso, o ser humano externaliza as suas precisões e desejos, a
fim de sanar suas inquietações e, conforme vai evoluindo a sua racionalidade, internalizando o
processo para saná-los; e isso vai sendo passado a cada geração instintivamente. Este processo
de externalizar e internalizar é que se chama de Trabalho/Atividade e é isso que nos
caracteriza como humanos.
O resultado do trabalho, enquanto atividade caracterizadora humana, é o produto. Para
Marx (1989), qualquer ser humano desenvolve o produto, tendo este um valor de uso, o qual,
como o nome sugere, é a sua própria função. O valor de uso sugere o motivo para o qual o
produto foi concebido na sua forma pura, ou seja, com fim em si mesmo. Ademais, neste
produto, é depositado trabalho concreto, o qual possui duas características: (1) esforço mental
e físico do indivíduo para produzi-lo e (2) depósito das experiências pessoais do indivíduo no
próprio produto. É importante lembrar que, mesmo usando terminologias que, hoje, são mais
empregadas como conceitos mercadológicos, os estudos marxistas também fazem uma análise
sociológica do mundo. Tendo isso em vista, ressalta-se a necessidade de um empenho
intelectual para conseguir transpor esses conceitos do mundo dos negócios para o
entendimento das ciências sociais.
Definido o conceito de trabalho, é importante explicar a contradição relatada no artigo
trabalhado em sala de aula: “Ao mesmo tempo em que o trabalho é a fonte de humanização e
é o fundador do ser social, sob a lógica do capital se torna degradado, alienado, estranhado”
(NAVARRO E PADILHA, 2007). Navarro e Padilha (2007), estabelecem, portanto, duas
situações distintas: o trabalho como humanizador e como alienador. Acreditamos que o
trabalho como forma de humanização já foi esmiuçado nos parágrafos anteriores e iremos
abordar, neste segundo momento, o trabalho em função do capitalismo. Nessa situação, o
homem e o fruto dos seus esforços são explorados por uma conjuntura econômica, a qual, não
só usa a capacidade intelectual do ser humano a seu favor para produzir tecnologia e riqueza,
mas também consegue dar outras características ao resultado de seu trabalho, o produto. A
esse produto é incrementado, pelo capitalismo, mais dois elementos: o valor de troca e o
trabalho abstrato. Quando é incluído essas duas chaves, entende-se que o produto se
transformou em uma mercadoria (a mercadoria possui tanto o valor de troca e o trabalho
abstrato como também o valor de uso e o trabalho concreto). Quando o resultado do trabalho é
uma mercadoria, e não um produto, ele se degrada. Nas palavras das autoras: “O trabalho
perde a dimensão original e indispensável ao homem de produzir coisas úteis (que visariam
satisfazer as necessidades humanas) para atender as necessidades do capital” (NAVARRO E
PADILHA, 2007).
Paralelamente a isso, no filme "A Classe Operária Vai Ao Paraíso", dois novos
operários são admitidos para trabalhar na produção de peças na fábrica. Eles são designados
para aprender o serviço com o personagem que "mergulhava" no sistema implantado e era
considerado o funcionário padrão pela chefia com tempos de produção excelentes: Lulu.
Esses novos operários seguem o personagem pela fábrica, pois, naquele momento eles
precisam dos saberes do outros para se desenvolverem enquanto fabris. Esse é o exemplo
máximo de Interiorização e Exteriorização.
Ainda, Lulu faz uma comparação entre o processo de ingestão de comida e o processo
de produção, afirmando que o homem é equivalente a uma fábrica e dizendo que o ser
trabalha para comer. Nesse sentido, percebe-se o quanto o trabalho interfere na vida daquele
ser humano, fazendo com que ele se compare a uma fábrica, onde o alimento é a matéria
prima e a subsistência é a sua motivação instantânea. Percebe-se, então, que o operário possui
um único estímulo para seguir trabalhando: a sua própria existência. Essa relação é um
exemplo do que foi dito anteriormente, ou seja, uma vez que o trabalho está degradado pelo
capitalismo, ele deixa de ser uma atividade afirmadora de vida e passa a explorar o
trabalhador. Lulu, se coisifica mais ainda quando afirma que se sente mais homem depois que
ele trai a sua esposa. Portanto, o homem se sente ser humano apenas fora de seu trabalho,
quando come, bebe ou prática sexo, conforme veremos em seguida.
Ressalta-se, também, a transformação do produto em mercadoria no filme: as peças
produzidas na BAN (empresa que Lulu trabalha) são produtos que possuem trabalho concreto,
ou seja esforço físico (este mais atenuado quando se trata de chão de fábrica) e mental
(importante recordar a forma com que Lulu se concentra - “peça, bunda, peça, bunda, peça,
bunda"), e valor de uso, uma vez que possuem função. Mas, acima disso, possuem trabalho
abstrato e valor de troca, porque são vendidas e adquirem especificidades dentro do mercado
capitalista que a transforma em uma mercadoria.
Já a alienação descrita na penúltima citação refere-se ao alheamento do resultado do
trabalho da pessoa à sua energia intelectual e física. Em outras palavras, o trabalhador não
consegue recuperar em forma de produto/mercadoria essa energia mental e física imposta na
produção de algo. O homem, portanto, está alheio ao resultado da sua atividade vital: o
trabalho. É importante lembrar que o homem é homem porque trabalha e, quando o modo de
produção capitalista o afasta da sua atividade vital, ele se torna “coisificado” (SILVEIRA,
1989, p.50 apud NAVARRO e PADILHA, 2006, p.3). É importante destacar que, para Marx
(2004) a alienação se subdivide em quatro tópicos. O primeiro é a alienação em relação ao
produto do trabalho. Neste, o trabalhador não se reconhece no produto, não pode reivindicar a
sua posse e, muitas vezes, não sabe qual a finalidade deste produto. A segunda é a alienação
do processo produtivo. No qual, por exemplo, o trabalhador, em uma linha de produção, que
participa apenas de uma parte do processo de criação de um produto, está alienado ao
processo, pois não está participando de todo seu desenvolvimento e, como consequência,
estando alheio ao produto final. Tal alienação também se refere ao processo de
desumanização do capitalismo. Partindo da premissa anterior (o homem é homem porque
trabalha), a alienação do processo se refere ao fato do capitalismo tornar o trabalho apenas
uma ocupação para a sobrevivência e não uma atividade de realização humana. O capitalismo
inverte a situação: o trabalho se torna um fardo a ser carregado, o trabalhador apenas o faz por
coerção e a realização humana se dá, apenas, longe do trabalho (quando se dorme, se come, se
bebe, no sexo etc). A terceira alienação é a de si próprio. O homem, enquanto pertencente do
capitalismo, se aliena a ele mesmo, na medida em que deixa de lado a sua essência humana a
partir do trabalho e a partir da falta de socialização. O processo de internalização e
externalização (citado no início do nosso trabalho) fica de lado e o indivíduo passa a se
enxergar como um ser único, próprio, não pertencente à uma comunidade e acaba se
alienando de si mesmo. A última forma de alienação é a do outro. Esta é bem ligada à
anterior, uma vez que, se o indivíduo não se enxerga através de um prisma social e está
alienado a si próprio, o seu colega de serviço, vizinho (etc) também não tem valor.
No longa-metragem, podemos observar esses quatro tipos de alienação. A alienação de
si se dá quando um grupo de operários que, dentro do movimento grevista, querem uma
solução mais pacífica com a fábrica porque não se enxergam para além de funcionários. Eles
só se veem como objetos da própria empresa, a qual, de acordo com o pensamento deles, lhes
dão a condição de humanização. Também, na fala de Lídia, mulher do Lulu, ela diz que os
grevistas não são nada sem os patrões e os benefícios que eles provem; A alienação do outro
está exemplificada quando os novos funcionários da fábrica já citados, os quais Lulu tem de
ensinar, vão se apresentar a ele e o mesmo não liga para seus nomes, já que eles são apenas
mais alguns no processo produtivo e no chão daquela fábrica; A alienação do produto pode
ser relacionada ao discurso de um personagem durante a greve. Ele explana o
desconhecimento dos trabalhadores em relação à função da sua própria produção. É certo que
cada um tem uma função e que todos sabem que produzem peças para motor, mas eles não
sabem o motivo específico da existência da peça, não sabem para onde ela vai depois e não
podem reivindicá-la, mesmo que foram eles que a produziram. E, por último, mas não menos
importante, evidencia-se a alienação do processo na própria linha de montagem da fábrica: os
trabalhadores são especialistas em apenas uma parte do motor e não compreendem não só o
resto do processo, mas também não compreendem o produto final.
Aliado ao conceito de alienação, surge o conceito de fetiche. O Fetiche de Mercadoria
se refere à situação em que a mercadoria tem mais valor do que o próprio ser humano, ou seja,
quando o ser humano apenas se vê enquanto homem quando possui a mercadoria. O homem
deixa de se enxergar enquanto ser social, advindo de um determinado lugar, o qual possui
determinados valores; e passa a se observar como indivíduo possuidor ou não de determinado
bem. Este, por sua vez, “cria vida própria” e se torna mais importante do que o próprio
indivíduo.
No final do filme, Lulu se questiona porque possui determinadas coisas e reflete o
valor do trabalho concreto que ele teve para comprá-las. Por exemplo, por quê possuir quatro
relógios, onde todos têm o mesmo valor de uso. Sob tal ótica, os relógios acabam tendo um
papel de mercadoria, sendo utilizados principalmente como enfeite (valor de troca). Observa-
se ainda um fetiche em relação às diferentes perucas usadas pela esposa de Lulu no filme,
estimulada principalmente por um padrão de estética a ser seguido.
Uma vez definidos todos esses conceitos prévios, adentraremos um pouco na história
do capitalismo para conceituarmos o Taylorismo e o Fordismo: a Primeira Revolução
Industrial aconteceu predominantemente na Inglaterra e tem como principal característica a
mecanização do processo produtivo. O uso de máquinas no campo e na cidade aumentou e,
consequentemente, a produtividade também cresceu. Entretanto, o processo produtivo cresceu
de forma desorganizada, ou seja, de uma maneira em que o trabalhador, completamente
desqualificado, era designado a uma função dentro da indústria ou da fazenda em que todos
também sabiam fazer. Muitas vezes, havia o acúmulo de capital humano em uma área da
produção e a falta deste em outra. Dessa forma, a organização da entidade se fazia necessária.
Já a Segunda Revolução Industrial (predominantemente nos Estados Unidos - EUA), além de
uma série de mudanças - melhorias nos transportes, troca da matriz energética (vapor pela
eletricidade), substituição do ferro pelo aço -, trouxe consigo a Administração Científica. Ela
é a tentativa da aplicação dos métodos científicos no ambiente da produção a fim de
sistematizá-la e organizá-la para melhorar a produtividade final. Além disso, a administração
científica é uma das causas da consolidação do Capitalismo Liberal/Industrial, pois rearranjou
e consolidou este modo de produção pautado na transformação de matéria prima do meio-
ambiente. Ela organizou a produção, melhorando-a e tornando-a mais eficaz. O Capitalismo
Comercial (das grandes navegações) tinha ficado para trás. Nos próximos parágrafos
trataremos das duas primeiras figuras chave da administração científica.
O primeiro expoente é Frederick Taylor. Ele foi aprendiz, operário e, quando chegou
na posição de chefia, quis alterar a forma de organização da fábrica para melhorar o processo.
Na visão dele, era preciso dividir especificamente cada função na fábrica, uma vez que, se o
trabalhador especializasse em uma função, ele a faria com maestria. Também buscou-se o
melhor operário para cada operação dentro da indústria ou da fazenda para que os melhores
em tal processo ajudassem a fábrica como um todo a progredir. Taylor também inseriu um
elemento único: controle das tarefas por tempo. Estabelecia-se como executar a atividade e
um tempo a ser cumprido para que o rendimento da fábrica fosse o esperado. Também havia a
separação entre chefia e operário, ou seja, um não sabia da função do outro e vice-versa.
Apesar disso, como todo sistema de produção, há males e adoecimentos que precisam ser
ressaltados. O principal deles é resultado do desconhecimento da rotina de trabalho no chão
de fábrica pelas chefias, porque estas elaboravam métodos onde o operário desperdiçava
esforço e tempo por não quererem tomar conhecimento do processo produtivo. Também não
se preocupava com o ambiente de trabalho e uma possível melhoria no manuseio das
máquinas. Tudo isso, resultava em um trabalhador improdutivo, seja por motivos musculares
ou psicológicos, seja por motivos de acidentes de trabalho. (NAVARRO E PADILHA, 2007)
Tais características deste sistema podem ser observadas no decorrer de todo filme. A
designação de uma máquina para cada operário para produção das peças, um funcionário
específico responsável por cronometrar o tempo de produção de cada operário e a separação
total entre funções que não exigem uma força de pensamento maior e outras que, de acordo
com o pensamento taylorista, exigem; são pensamentos tayloristas no filme. Observamos
também preocupação apenas com a produção e não com a saúde física ou mental do
trabalhador, mesmo que na cidade tenha hospício. A condição de louco após o trabalho na
fábrica foi colocada, no filme, como algo natural e que, em algum momento da vida, chegaria
para o funcionário que trabalhasse de forma muito preocupada.
O outro expoente do Capitalismo Liberal/Industrial, quando se trata de administração
científica, é Henry Ford. Ele, como dono de fábrica de carros nos EUA, implantou muitos dos
métodos já disseminados por Taylor em sua linha de produção, mas, também, os aperfeiçoou.
Ele manteve o pagamento pela produção, a forma de produção para consumo em massa e a
divisão do trabalho em suas fábricas, mas as suas marcas registradas foram a linha de
montagem, ironizada por outro clássico filme: “Tempos Modernos” de Charles Chaplin e
exigir do trabalhador uma especialização maior para a realização da tarefa. Essas duas últimas
características colocam o trabalhador em uma posição estática dentro do processo produtivo.
Ao se tratar dos pontos negativos do modelo desenvolvido por Ford, cita-se o aumento, em
relação a Taylor, do absenteísmo e de sabotagens, uma vez que toda a produção dependia dos
trabalhadores e, se um faltasse ou sabotasse (uma máquina, por exemplo), todos ficariam
parados e a empresa não funcionaria. (NAVARRO E PADILHA, 2007)
A linha de montagem, que é a principal característica do modelo fordista, aparece
apenas no final do longa, sendo um sucessor do modelo de Taylor. Onde agora os operários
ficam enfileirados realizando uma tarefa bem mais específica.
Ademais, esses dois autores comandaram o processo produtivo até a Terceira
Revolução Industrial e, muitas vezes, são identificados como um só pensamento: o modo de
produção Taylorista-Fordista. Para sintetizar, as principais características da união entre Ford
e Taylor são: uma produção voltada para massa, era necessário produzir muito e de uma só
forma; homogeneização da produção; o trabalhador era desqualificado e apenas tinha uma
função dentro da fábrica, assemelhando-se muitas vezes a uma máquina (importante lembrar
que isso era naturalizado); a produção, portanto, é parcelada.
Durante o período da Segunda Revolução Industrial (de meados do século XIX até
meados do século XX), o Capitalismo Industrial/Liberal cresceu de forma exponencial e se
consolidou. A administração foi fundamental para essa consolidação, pois estabeleceu
questões, naquele período, que hoje são naturais no mundo do trabalho, como o trabalho
assalariado. Também foi a administração que sugeriu a produção em larga escala e o aumento
da produção de mercadorias e diminuição dos preços, os quais são características
fundamentais do alicerçamento do Capitalismo Industrial/Liberal. Também, nesse período, foi
identificado que a sociedade passou por problemas devido à gestão administrativa
taylorista/fordista. O índice de desemprego era alto e os custos sociais desse desemprego
retornavam à empresa sob a forma de impostos. A empresa não produzia de forma eficaz e
produzia, qualitativamente, mercadorias ruins. E o trabalhador envelhecia precocemente,
faltava demais e possuía ansiedade (mesmo que, naquela época, a palavra ansiedade e seu
estudo eram irrelevantes) ou doenças psicossomáticas como tiques nervosos etc (NAVARRO
E PADILHA, 2007).
No longa, como já foi dito, observamos uma preocupação maior com a produção do
que com a saúde física ou mental do trabalhador. Lulu, por exemplo, no enredo do filme,
possuía 31 anos, mas não aparentava tal idade, além de já ter tido várias doenças e ter alguns
problemas de saúde. Os tiques são outra característica presente em vários personagens, Lulu
tinha o tique de deixar os objetos sempre alinhados, por exemplo, da mesma forma que tinha
que produzir peças de forma reta e retificada.
O Taylor-Fordismo entrou em crise após a Segunda Guerra Mundial. Depois de ter
durado aproximadamente 100 anos, a produção em larga escala não fazia mais sentido. Para
quem vender, já que todos os países estão destruídos pela guerra? E os que não estão
destruídos, estão com ânimo para comprar ou estão com medo de uma nova guerra? Este
receio foi uma das causas do colapso do modelo Taylorista-Fordista, além do surgimento de
outros modelos considerados mais "flexíveis". Podemos citar, ainda, o fortalecimento dos
sindicatos, que cobravam melhorias no trabalho e a rigidez do processo produtivo. Esta última
tornava muito dispendioso a abertura de novas fábricas e a flexibilidade para atender nichos
específicos. (NAVARRO E PADILHA, 2007)
Na obra, podemos observar a importância que os estudantes, operários e pessoas que
participavam de sindicatos tiveram, protestando por melhores condições de trabalho, como
redução da carga horária e salários mais justos. Percebemos, também, que, ao passar do
tempo, o movimento grevista aumenta e no final ele é mais forte que o próprio movimento
industrial. Isso exemplifica a necessidade do modelo capitalista industrial/liberal de se
reorganizar. Surgiu, assim, uma nova forma de ordenar a produção.

Conclusão
A partir dos temas e o do filme trabalhados nesta atividade, é possível avaliar a sua
importância na nossa aprendizagem, pois podemos fazer um paralelo da teoria com a
realidade, o que torna, consideravelmente, mais fácil sua compreensão. Como futuros
administradores iremos nos deparar com quase tudo que foi trabalhado e, a partir dos assuntos
que abordamos, estaremos mais preparados e com um olhar mais crítico ao capitalismo,
trabalho e trabalhador. Poderemos identificar, dessa forma, possíveis adoecimentos no
exercício da nossa profissão e solucioná-los de forma mais rápida, ou melhor, sempre que
possível, desenvolver processos que evitem o desenvolvimento de tais adoecimentos.
Os conceitos ministrados em classe e fixados pelo filme são de suma importância no
nosso cotidiano, uma vez que eles dão luz a diversos temas que são deixados de lado ou até
normalizados durante o dia-a-dia. Percebe-se, por exemplo, que o conceito de trabalho
enquanto humanizador foi deixado de lado pela contemporaneidade e assumiu-se uma relação
de subsistência do trabalho para com o homem. O conceito de fetiche, também hodiernamente
observado, foi intensificado e alguém só se enxerga como tal e só se enxerga na sociedade se
possuir tal mercadoria ou frequentar tais lugares. Portanto, a produção deste texto foi de
grande valia para nós, uma vez que ajudou-nos a fixar o conteúdo da disciplina e melhorou a
nossa visão crítica a respeito do capitalismo e o homem como ser social.
Referências bibliográficas
A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO. Direção: Elio Petri. Produção de Scuola
Nazionale Di Cinema. Itália, 1971. 1 DVD (125 min.).
GUIMARÃES, Renata F. & GOULART, Iris B. Cenários contemporâneos do mundo do
trabalho. In SAMPAIO, Jader dos R. & GOULART, Íris B. (Org.). Psicologia do Trabalho e
gestão de recursos humanos: estudos contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo:
Boitempo, 2004.
MARX, Karl. O capital, crítica da economia política: Vol. 1. Livro 1. Rio de Janeiro, RJ:
Bertrand Brasil, 1989
OLIVEIRA, Renato Almeida de. A Concepção de Trabalho na Filosofia do Jovem Marx e
Suas Implicações Antropológicas, Kínesis, Volume 2, nº 3, p. 72-88, Abril-2010
PADILHA, Valquíria; NAVARRO, Vera Lucia. Dilemas do trabalho no capitalismo
contemporâneo, Psicologia & Sociedade, Ribeirão Preto - SP, Edição Especial 1, p. 14-20,
2007.

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