Resumo do cap.1 “Trabalho, sociedade e valor” do livro “Economia
Política, uma Introdução Crítica” de José Paulo Netto Braz
Para o autor, o trabalho não é somente um tema ou elemento teórico na Economia
Política, é uma referência ao modo de ser dos homens em meio a sociedade, o ponto central do fenômeno humano social. Segundo Braz, esse trabalho é a transformação de materiais naturais em produtos que atendam as necessidades humanas, ou seja, a condição material de existência e reprodução da sociedade. O que foi definido como trabalho, segundo o livro, advém de uma necessidade biologicamente estabelecida, ou seja, as necessidades de sobrevivência comuns entre os animais, por exemplo, o joão-de-barro nasce “programado” para construir sua casa, as abelhas nascem “programadas” para construir colmeias e recolher pólen etc. Com o decorrer do tempo o trabalho humano rompeu o padrão natural das atividade animais, houve a necessidade do uso de instrumentos sobre a matéria natural. O trabalho saiu das determinações genéticas e demandou o aprendizado de habilidades, através de repetições e experimentações. As necessidades atendidas pelo trabalho passaram de um elenco limitado para o desenvolvimento quase sem limites de novas necessidades. Entrando no conceito do surgimento do ser social, o autor afirma que através dele, os homens transformaram o trabalho em algo diverso da natureza, mas sem deixar de participar da natureza. Sem perder sua base orgânica/natural uma espécie da natureza constituiu-se como espécie humana. Esse desenvolvimento humano sobressai as estruturas naturais, sobressai a naturalidade do homem. O desenvolvimento do ser social não suprime, do homem, a sua naturalidade. O desenvolvimento do ser social faz com que ela perca, cada vez mais, a força de determinar o comportamento humano: quanto mais o homem se humaniza, quanto mais se torna ser social, tanto menos o ser natural é determinante em sua vida. Devido ao fato dos homens ciarem objetivações que transcendem o universo do trabalho, estão incluídos na categoria teórica de práxis, que envolve seu modelo de trabalho, ou seja, inclui todas as objetivações humanas. Para esse enquadramento se observam-se alguns pontos, a práxis voltada ao controle e exploração da natureza, onde se enquadra o trabalho, o homem é o sujeito e a natureza é o objeto; a práxis voltada ao comportamento e ação dos homens, neste caso o homem é o sujeito e objeto, se enquadrando a educação e política; os produtos e obras resultantes da práxis podem objetivar-se materialmente e/ou idealmente. Em relação a práxis, o autor explica, ela pode produzir objetivações que se apresentam aos homens não como sua criação, mas ao contrário, como algo que lhes é estranho e opressivo. Em determinadas condições histórico-sociais, os produtos do trabalho e da imaginação humanos deixam de se mostrar como objetivações que expressam a humanidade dos homens, aparecem mesmo como algo que passa a controlá-los como um poder que lhes é superior. Entre os homens e suas obras, a relação real, que é a relação entre o criador e criatura, aparece invertida, a criatura passa a dominar o criador. Essa inversão caracteriza o fenômeno histórico da alienação.