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Mas por que isto acontece no capitalismo? O que acontece, no filme, pode ser explicado por
conta da exclusão do sindicalismo ou da seguridade do trabalho através da atualização e
retirada de direitos dos trabalhadores que vem sendo aprovada por diversas divisões políticas,
econômicas e sociais. Podemos explicar da seguinte maneira: a funcionária vale x (valor)
para empresa (contando com os custos, remuneração e contrato de trabalho), a empresa paga
através de seu salário (cálculo dos valores), este cálculo é dividida entre diversas outras
variantes e vertentes contabilísticas e matemáticas, a empresa então, contabiliza seu mais-
valor e dos outros funcionários, categorizado como lucro para o patrão, podendo escolher
entre distribuir tal valor ou mantê-lo, o então bônus salarial é o mais-valor dos funcionário e
seria dividido entre todos os funcionários, a exclusão da funcionária não compete,
matematicamente, para sua exclusão e demissão da empresa, a não ser que o patrão esteja
lucrando com a saída da mesma, o que sobrecarregará os outros funcionários em demandas e
tempo.
O sindicalismo invisível que não vemos no filme, é uma questão importante para a discussão
da seguridade de trabalho para as mulheres que já estão empregadas e ocupando seus postos,
mas para também às empregadas que estão em outras margens e/ou desempregadas. Grupos
de apoio empresarial e psicológicos são projetos necessários para o desenvolvimento destes e
diversos outros trabalhos que ocupamos diariamente. Funcionando como um diário onde
podemos dizer o que nos aflige em nossas jornadas diárias, nossas reflexões, fraquezas e
outros acontecimentos. O sindicato pode fazer este papel em levantar a bandeira para o
reconhecimento de que nossos trabalhadores possuem vida pessoal e própria e que essas
questões refletem conjuntamente em seus desempenhos, humores e comportamentos. O que
será tratado por Lobo (2010) e a questão de gênero no trabalho, vista como trabalhadoras
descartáveis e menos dignas de remuneração e outros direitos.
No filme, temos alguns funcionários que são a favor do bônus salarial e outros, que fazem
questão em votar a favor da funcionária e de sua permanência no trabalho, a questão não é
reconhecida pelos funcionários que não são a favor da funcionária, pois, a palavra do patrão e
coordenadores da empresa, não é questionada, fazendo com que os trabalhadores se tornem
submissos à essas decisões e por conseguinte, prejudicando a funcionária sem questionar sua
própria decisão e as consequências, pois estão pensando no que irão ganhar. Vemos diversos
trabalhadores em suas questões pessoais, filhos, outros comerciantes, pessoas exercendo seus
hobbies, etc. Sandra então, continua com seu esposo, a ir atrás dos funcionários de seu
trabalho ou empresa, para conseguir os votos necessários para permanência no seu trabalho,
com isso, fazendo os funcionários desistirem do bônus salarial e votarem a seu favor.
5.0 Autores também tratam a questão: Vemos alguns destes conceitos na construção do
texto, A Sociedade Salarial (CASTEL, 2008) em que são trabalhados as contradições da
sociedade salarial. Sobre a construção identitária do trabalho, das classes operárias e da
transformação do mundo do trabalho, as formas de receber um salário e ter também suas
formas de servidão laboral, as técnicas implementadas que foram transformada ao longo dos
séculos, as formas de realização dos trabalhos refletem as relações trabalhistas, entre o
empregador e os empregados, que na França do século XVI até o século XVIII, existiu-se
toda uma nação que utilizava dessas relações para construir o capitalismo, através de seu
historicismo, condições e ações em que podemos observar, por exemplo, a construção do
sindicalismo de esquerda e diversas outras lutas e revoluções, permeado pelas ideologias
marxistas e também utilizado pelo autor para entender as relações de trabalho e capital.
Reconhecemos essas condições através desta linha temporal e histórica do que foi o advento
de direitos trabalhistas e da construção do Estado e da Seguridade Social, outras discussões
são trazidas pelo autor para ressaltarmos nesta resenha crítica, construímos tais objetividades
para ilustrar como se dão essas relações empregatícias e salariais, onde, por um lado, as
classes operárias estão em suas jornadas de trabalho, vendendo o fruto de seu trabalho em
troca de salários mensais, e também, a história das marginalidades e de grupos que se
encontram indefinidos, perdendo seus empregos, em situações econômicas e sociais
precárias, sem muita assistência social.
Um dia antes da votação final, Sandra visita um colega de trabalho, este colega diz que
votaria na personagem, mas seu contrato estaria para ser renovado e por isso, tem medo de
não assinarem o papel, por conta da cor de sua pele e outros problemas, por fim, o colega diz
que votará em Sandra, e com isso, Sandra contabiliza uma maioria de votos a seu favor. Na
votação final, houve um empate entre os trabalhadores que escolheram o bônus e os que
votaram por Sandra, com isso, o empregador a chama em sua sala, dizendo que irá manter
seu cargo, com a condição de um dos trabalhadores, de pele negra, não tivesse seu contrato
renovado; ao perceber a charada, Sandra recusa a oferta e finalmente, se despede da empresa
e de tal mecanismo, que sugava sua força de trabalho e consequentemente, sua saúde mental.
O que podemos analisar a partir das noções da Sociologia do Trabalho, é que a relação do
empregador em criar uma disputa entre os trabalhadores contra uma outra trabalhadora, de
oferecer um bônus salarial em troca do lugar de uma funcionária, desmascara o lucro que tal
funcionária rende a empresa, seu mais-valor e força de trabalho, serviu para contribuir para
essa “venda” da funcionária e “redistribuição” para outros trabalhadores. Contudo, o que
vemos, na realidade, é que o bônus salarial não significa o valor da funcionária para a
empresa, apenas uma parte dela, e que, mesmo se continuasse na empresa, haveria bônus
salarial se o empregador dividisse seu lucro com os funcionários, ou invés de demitir a
funcionária em prol de um aumento.
Sobre o processo de produção do mais-valor, vemos que em Marx (1985) o trabalhador
trabalha para o empregador, que possui sua força de trabalho. O trabalho, após diversas
consequências e resultados de lutas sociais, é utilizado para a transformação do mundo
capitalista em um mundo do consumo e da sobrevivência, a posse do empregador pela força
de trabalho do trabalhador, verifica, a produção do mais-valor, sendo posse do empregador,
podendo extrair o seu lucro. Este lucro, poderia ser distribuído para o trabalhador, mas na
maioria dos casos, fica com o empregador, o que vemos, neste filme, é uma alternativa a esta
realidade do mundo do trabalho, através da transformação do mundo capitalista e da
produção da mais-valia.
7.0 Conclusões: Finalizamos esta resenha com algumas reflexões sobre o mundo do trabalho
e os processos capitalistas, que exclui alguns trabalhadores, não provendo-lhes o devido
tratamento e não oferecendo auxílio para possível reparação de danos, o adoecimento
psíquico dos trabalhadores é uma realidade onde a criação de disputas e competições do
mundo capitalista, geram danos ao lutar por permanência e ocupação de seu posto de
trabalho, que lhe é conferido como direito. A exclusão e exploração dos trabalhadores, em
condições de competição, é o exemplo da marginalidade e precarização das forças de
trabalho, onde todos são descartáveis e substituíveis, na visão capitalista.
MARX, Karl. V. Processo de trabalho e processo de produzir mais valia. In: O Capital. São
Paulo: Difel, 1985. p. 200-223.
LOBO, Elisabeth S. O trabalho como linguagem: o gênero do trabalho. In: A classe operária
tem dois sexos: trabalho, dominação e resistência. São Paulo: Perseu Abramo, 2011. p.195-
205.