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UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CIÊNCIAS SOCIAIS - QUINTA FASE


DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DO TRABALHO
PROFESSORA: THAÍS DE SOUZA LAPA
ALUNA: LARISSA MIRANDA DOMINGOS

TRABALHO FINAL

1.0 TEMA: A descartabilidade de trabalhadores(as) em empresas de


telecomunicações e outros setores.

2.0: Apresentação: Este trabalho, tem como objetivo, trabalhar as reflexões


feitas através de alguns autores que trabalham as questões das privatizações de
empresas de telecomunicações, o aceleramento dos processos de trabalhos para
mulheres, a questão do Home Office para mulheres, mães e atendentes de
telemarketing, e por fim, a substituição do funcionário e as formas líquidas de
demissões em massas.

Palavras-chave: telemarketing, sociologia do trabalho, atendente, mulheres,


privatizações, maternidade, pandemia.

3.0 Resumo: Iremos trabalhar com a sociologia do trabalho a partir das


perspectivas de gênero, onde maternidade e atendimento ao consumidor se
tornaram patamares indissociáveis a uma pandemia de trabalho doméstico,
empresarial, até estudos, sobre o Home Office. Essa problemática conversa com
as perspectivas das autoras Hirata (2008) e Lapa (2020), nas questões de gênero
feminino nas empresas e indústrias, temos então, uma perspectiva histórica e
sociológica através de conceitos que concernem o funcionamento da máquina
capitalista e das significação dos conceitos de maternidade, pela visão empírica
e dos tratamentos morais que já estão arraigados na sociedade através da
Sociedade Contratual (CASTEL, 2008), a partir de perspectivas históricas sobre
a visão das mulheres sobre o mercado de trabalho, percebemos as constantes e
problemáticas.

4.0 Metodologia: Será apresentado, através de autores trabalhados durante o


curso de Sociologia do Trabalho, alguns autores que trouxeram contribuições e
definições para os diversos significados de trabalho e de formas de trabalho,
trabalho feminino e direitos do trabalho, embora, na contemporaneidade, esses
assuntos estejam cada vez mais em pauta, discutiremos o que os autores tem a
acrescentar nessas discussões contemporâneas.

O trabalho feminino como rotativo: os questionamentos e desdobramentos


teóricos que iremos apresentar através da ideologia de gênero e sociologia do
trabalho, em que podemos reconhecer as diversas formas que são vistas o
trabalho feminino como algo a ser explorável, sem necessitar de bom
pagamentos, pela lógica da exploração capitalista, de Marx (1985), que
articulamos com o mundo contemporâneo através das pesquisas sobre o mundo
do trabalho e da sociologia contextualizadas historicamente por Castel (2008),
temos também as análises e narrativas contemporâneas expostas pelas
professoras Hirata (2008) e Lapa (2020), visitaremos os conceitos centrais sobre
a sociologia do trabalho e ideologia de gênero ou divisão de gênero, em que
articulamos estes dois conceitos para verificar através de estudos de caso e
análises sociológicas, onde são observados as leis do funcionamento do mundo
do trabalho e seus acontecimentos, que permeiam as perspectivas de estudo.

5.0 Contextualização e organização: Conversaremos, através da problemática


histórica, passamos por períodos dificultosos em que a realidade pandêmica e
sanitária que passamos no momento, trouxe consequências como uma forma de
desemprego e demissão de funcionários, aproveitando o momento de pausa,
para recapitular as organizações empresariais e seu espaço, quem o ocupa e
quem o manda. Através de demandas das amplas terceirizadas que organizam o
funcionamento de empresas de telemarketing, o atendimento ao cliente, SAC,
venda e oferta de produtos, denotaram a necessidade de funcionamento
empresarial de forma remota, porém, as demandas se tornaram confusas e o
tempo de trabalho ou reduziu ou aumentou, o funcionamento e atendimento ao
cliente se tornou cansativo e forçado, na qual, muitas empresas demandaram o
retorno imediato de funcionário, em meio a pandemia.

A contextualização deste acontecimento gira em torno de um grupo de mulheres


e trabalhadoras, que ocupam esse espaço, compartilhando suas vivências
pessoais e necessidades de estar ocupando tal espaço empresarial, servindo e
atendendo as demandas da empresa de forma dedicada e submissa. A
organização das empresas de telemarketing, de pequeno porte e locais, gira em
torno da divisão entre supervisoras e funcionárias, em torno de 15 a 20 pessoas
ocupando as salas e computadores. As jornadas de trabalho são divididas entre
dois turnos, de 6 horas diárias e semanais, incluindo sábado como dia produtivo.
A composição de ocupação deste espaço, é principalmente, de mulheres jovens
e jovens adultas, de 17 anos a 25 anos, um espaço onde muitas são estudantes
ou terminando seus estudos e poucas universitárias.

A questão da maternidade, neste espaço, foi-se conversado, através de tempos


de intervalo com as funcionárias, onde algumas também, compartilhavam da
mesma experiência da locutora que vos escreve, mãe jovem onde seu filho é
bebê ou de pequena idade e exercendo seu primeiro cargo, após dar um
intervalo nos estudos, no caso, universitários ou escolares. Esse tempo de
retorno a produtividade, após maternar e passar pelo puerpério, é marcado pela
jornada de trabalho de atendimentos e comércio, onde a localidade e
proximidade ao trabalho e local doméstico, denota a possibilidade de conexão
com os filhos em tempos de intervalo. Tal questão, enquanto surgem
emergências ou urgências sobre a maternidade, não tem auxílio ou apoio para
poder desvincular sua jornada e dar atenção à maternidade, tendo que escolher
entre um ou outro. Algumas mães consideravam a jornada pequena e os filhos
estavam em creches ou escolas, ou com algum outro responsável, para poder
exercer a jornada de trabalho.

O tratamento com as funcionárias, em questões de exercimento de seu trabalho


e atendimento às demandas impostas pela empresa, consistia em
supervisionamento e aconselhamento, e também feedback, onde a funcionária é
avaliada pelo seu desempenho em desenvolver as tarefas que são demandadas e
impostas, o não-cumprimento completo ou parcial das atividades, acarretava em
demandas dobradas nos dias seguintes ou no final de semana, diminuindo sua
nota no desempenho final, sendo considerado inapto para o trabalho. O
atendimento ao cliente, fornecimento de produtos, consiste na comercialização
de pacotes de internet para celulares, cursos de universidades privadas, onde era
oferecido em sites e por telefone, inscrição de possíveis estudantes
universitários, comercialização de serviços de saúde também eram oferecidos,
embora, quando uma atividade ou serviço não demonstra tal desempenho e
rendimento esperado pelos responsáveis do fornecimento de tal produto, ele é
retirado da pauta de vendas e ofertas.

6.0 Contextualização teórica: Tratemos de alguns conceitos estudados durante


a leitura dos textos da disciplina de Sociologia do Trabalho, que elucidam o
tema de maneira mais contundente com a ideia proposta, a ideia de: “trabalho
teamwork: estímulo ao trabalho em grupo e autocontrole, fazendo com as
próprias trabalhadoras se cobrem e se pressionem a alcançar metas.” (LAPA,
137) Através desta citação, podemos perceber a divisão sexual do trabalho e de
gênero, mas também a necessidade de permanência nos empregos por conta de
condições financeiras e sociais que levam a tal submissão a competição entre as
funcionárias, vimos como a utilização de processos de execução do trabalho,
mais simplificados e mais rígidos, sendo separados conforme o gênero e força
para executá-lo. O que mais acontecia, durante as pausas, era o reforço das
metas que deveriam ser atingidas diariamente, semanalmente e mensalmente e
também um prêmio ou “incentivo” que era dado a funcionária que batia a meta,
recebendo folgas ou até valores em dinheiro pelas vendas dos produtos. O que
representou, uma certa pressão para atingir as metas ou realizar qualquer venda
e um certo medo caso, não fosse batido a meta, o que seria feito? Em Durand,
podemos perceber:

Tal organização é definida de tal forma: “Criação do teamleader, denominado


freqüentemente monitor, chefe de grupo – um par, um semelhante, em ascensão social
– e que, por uma pequena diferença salarial e sem poder hierárquico delegado,
aceita ocupar uma função contraditória, qual seja, a de controlar seus colegas,
fazendo passar os objetivos da direção da empresa e, ao mesmo tempo, manter-se
como um empregado preso às tarefas e ao constrangimento do fluxo. Além disso, suas
chances de promoção são tanto mais reduzidas quanto o encolhimento dos degraus
hierárquicos (do qual ele participa ao aceitar ser monitor, sem pertencer a qualquer
degrau hierárquico) e a limitação, na mesma proporção, dos meios que lhe são
oferecidos” (DURAND, p. 149)

As diferenças entre empregados e empregadores, sub gerentes ou supervisores


também é escancarada por diferenças de salário e tratamento, divididos entre
sedes, onde ficam os funcionários e supervisores. A ideia de aptidão ou
qualificação para o trabalho de telemarketing, muitas vezes, não é exigida,
pessoas sem emprego, jovens aprendizes e outros podem fazer o trabalho
mediante um breve treinamento e tempo de experiência, que é prorrogado em
15 dias caso o funcionário seja contratado. Com isso, o funcionário é contratado
e inicia seus serviços mediante demanda, através das plataformas e tecnologias
disponíveis e também sobre qual tipo de serviço prestará ou oferecerá para os
clientes; em Durand, ainda vemos essa ideia e conceito de forma explicativa:
“O modelo núcleo/periferia, que caracteriza não somente a firma estendida com seus
subcontratados, mas também todos os serviços da grande empresa, opõe um núcleo
de empregados permanentes altamente qualificados e muito bem remunerados a uma
periferia de empregados precários, com qualificações não reconhecidas e com rendas
diretas, e indiretas, bem inferiores” (DURAND, p. 153)

Neste sentido, podemos entender as questões referentes a essa subcontratação,


que podemos analisar através das reformas trabalhistas de 2017, em que, alguns
direitos foram retirados e outros subnotificados, como as noções de acordo entre
empregado e empregador, o tempo de experiência e outras vertentes, na questão
das empresas de telemarketing, essas novas determinações trabalhistas, se
tornaram normas mais do que flexíveis no ambiente de trabalho, a falta de
assinatura na carteira de trabalho, usufruindo de um contrato volátil, que pode
ser encerrado a qualquer momento e subclassificação do emprego de atendente
de telemarketing como um extra ou bico, mas ainda assim, seguindo os horários
regulares e comerciais e o banco de horas, caso haja alguma falta no serviço.

Referente às competições que vemos, dentro do ambiente de trabalho, entre


funcionários de uma empresa de prestação de serviços ou de vendas
direcionadas, a questão feminina de competição pode ser entendida de maneira
que reflete no desempenho de algumas funcionárias, os discursos de motivação,
o batimento de metas, a punição caso não cumpra tal meta, reflete em tal
comportamento. O estabelecimento dos “coachs” de serviços, ou assistência,
mostra uma substituição do auxílio ao trabalhador que era causado pela
presença dos sindicatos dos trabalhadores, núcleo que foi se extinguindo com o
passar dos anos e com a retirada dos direitos.

“Em outras palavras, o modelo núcleo/periferia, como estrutura diferenciada de


emprego, contribui para a implementação do modelo da competência e da implicação
constrangida, os quais são coerentes com o trabalho em grupo e com o fluxo
tensionado.” (DURAND, p. 154)

De acordo com Lima (2010), a subcontratação através da reestruturação


econômica e das terceirizações, tal processo é resultado das transformações
capitalistas e suas formas de produção que passaram por novas fases de
organização. “A precarização, ou processo de precarização, vincula-se a uma maior
desregulamentação da utilização da força de trabalho com a redução de postos de
trabalho, a intensificação do trabalho e mudanças nos contratos nos quais se tenta
enxugar os custos com direitos trabalhistas e sociais nas relações salariais. A
transferência de atividades para outras empresas, que se responsabilizam pela
organização do trabalho e gestão da mão de obra, elimina custos e ônus com essa
gestão.” (p. 18)

Fazemos então, uma linha do tempo, através do mundo do trabalho, desde o


século XVIII ao XXI, onde todas as formas de transformação e atualização dos
meios de produção foram sendo mitigadas a novas produções e outras maneiras
de conduzir o gerenciar e executar os trabalhos, hoje, com a tecnologia e outros
meios de comunicação, podemos verificar a questão da Uberização, (ABÍLIO,
2020), onde a complexidade do trabalho, devido a flexibilizações e legitimação
das banalizações e organizações do trabalho. Verificamos a transformação do
trabalhador em uma espécie de auto gerente de si mesmo, de sua remuneração e
seu tempo de trabalho, onde não há garantias ou direitos fixos de que essa será
sua atual situação e condição financeira, sem tal perspectiva ou segurança. Um
desafio para as políticas públicas e para os pesquisadores do mundo do trabalho.

7.0 Novas Leituras: A partir de novas leituras sobre o mundo do trabalho,


gostaria de ressaltar alguns textos da Sociologia do Trabalho e o desemprego,
autores como Nadya Guimarães (2002 e 2008) e Graça Druck (2011) são
essenciais para entender o contexto histórico-social da existência dos
desempregos e sua necessidade de uma análise sociológica. A partir de uma
capitalização e industrialização brasileira, a margem de desempregados cresce
nas capitais e em outras cidades, o que isso aponta, para as empresas de
Telemarketing, é que a rotatividade, as subcontratações e direitos trabalhistas
são temas pertinentes a qualquer empresa que contrata empregados e com o
Telemarketing não é diferente.

No texto de Guimarães e Brito (2008), são utilizadas como comparação a massa


de desempregados franceses e das capitais brasileiras, também foi destacado a
necessidade de uma pesquisa em torno das classes sociais, de gênero e racial,
que também são importantes características ao considerar o número de
desempregados ou subempregados. Na Sociologia do Trabalho, além de obter
esses dados através de pesquisas e entrevistas, a sociologia também pode ser
feita através de dados ou pesquisas empíricas, em que se relata a experiência
sob tal condição que se torna um fenômeno social.

Como foi discutido anteriormente, a necessidade de políticas sociais que


combatam o desemprego, e muito além disso, fiscalizam as empresas para que
cumpram os direitos trabalhistas, que incentivem novos empregos, que
trabalham para diminuir as taxas cada vez mais altas de desempregados(as), de
trabalhadoras domésticas, em sua maioria mulheres negras e de periferia. A
noção de classe e gênero na condição social de trabalho, é extremamente
importante para ressaltar o tipo de estrutura vigente, o capitalismo e seus
preconceitos, suas exclusões, suas políticas higienistas.

Ao afastar uma mulher negra, uma mãe, uma servidora doméstica, de um


ambiente de trabalho, ao recusar-se emprego vitalício ou direitos de
maternidade e trabalhistas, é negado direito primordial dos trabalhadores,
direito constitucional do estado de bem-estar social, uma tão sonhada política
que mesmo, de origem neoliberal, se torna importante nesse sentido de
vigilância e atuação do Estado como um provedor seguro, que deve abrir
caminhos a seguir para o número de pessoas que estão na dita marginalidade.
Em A Sociedade Salarial, de Castel, através de diversos embates franceses dos
trabalhadores com os empregados, garantiu-se direitos trabalhistas, mesmo
embora, tendo anos seguidos de desemprego em altas taxas.

Mais uma vez, essa comparação se faz necessária para entendermos a história
social e política que há por trás das conquistas trabalhistas e na qual, para
sermos diretos, a existência dos sindicatos e da contribuição sindical e
principalmente, a união dos trabalhadores de qualquer setor industrial ou
comercial, na união e participação dos sindicatos, do levantamento das pautas,
dos encaminhamentos aos políticos ou empregadores responsáveis. Para
podermos tirar de cena, o oligarquismo empresarial, o estado de concessão, o
neoliberalismo e todas as outras políticas que concedem direitos aos
empresários e jogam os funcionários à margem de necessidades inconcebíveis.
“Dessa forma, a empregabilidade passa a ser o resultado da interação entre
estratégias, individuais e coletivas, tanto dos que buscam o trabalho assalariado,
quanto daqueles que o empregarão (Outin, 1990)” (GUIMARÃES, 2002, pg. 109).

No texto de produção coletiva de Márcia Leite, Sandra Silva e Pilar Guimarães


de 2017, o mundo da confecção têxtil e a baixa remuneração das trabalhadoras
domésticas, enfrentando diversas questões de ilegalidades, trabalhos análogos à
escravidão, baixa remuneração, poucos direitos. De certa forma, analisamos as
terceirizações e o pagamento dos seus funcionários a partir da contabilidade de
por exemplo: R$ 0,10 centavos cada peça confeccionada. Nas terceirizadas de
telecomunicações, cada venda, ou cada chip vendido por ligação, tem seu valor
contabilizado na comissão final, embora seja de pequeno valor. Faço esta
pequena comparação, embora sejam casos extremamente diferentes, para termos
ideia do que significa essa baixa remuneração ou comissão das terceirizadas,
colocando o trabalhador em situação desafiadora quanto à junção de sua renda.

Sobre o trabalho migratório, a situação se torna ainda mais precária, sem


condições de moradia, alimentação, necessidades básicas, saúde e higiene.
Outras formas de exploração também são acumuladas, como o preço da
passagem dos migrantes, as oficinas em condições insalubres e outras dívidas
que vão sendo acumuladas de forma verbal na qual o empregador não negocia
com o imigrante. Trago estes exemplos para que fique claro, que estas formas
de emprego e trabalho, são formas de exploração, onde não há saída a não ser
uma reestruturação do sistema trabalhista, das leis e normas, além da
fiscalização e multa para empregadores que exercem esses tipos de atividades.

Quando há denúncias ou fiscalizações, a própria empresa fecha e não paga os


salários, no jornal CNN Brasil, de 2022, a morte de um jovem congolês Moise
Mugenyi, espancado até a morte em um quiosque do Rio de Janeiro, ao pedir o
pagamento de seu salário que estava atrasado… Uma enorme repercussão do
caso se manifestaram em redes sociais a pedido de justiça, porém, isso só
evidencia o fato de que ainda assim, as leis trabalhistas e a questão da imigração
e do racismo, é extremamente gritante e que merece espaço para ser debatido e
exposto em muitos outros meios de comunicação.

8.0 Trabalho feminino e relação social:

Através da leitura de gênero, autores como Kergoart (2002) e Hirata (2021),


vemos uma enorme gama de pesquisas sobre relação de gênero e trabalho,
diversos casos entre mulheres que têm seus cargos subvalorizados em uma
estrutura capitalistas que muitas vezes, segrega e discrimina as mulheres em
favor de seu gênero sexual e consequentemente, social. Contamos com as
autoras, das definições e problemáticas através da questão de gênero em
diversos setores do mercado, indústria têxtil, outras profissões como medicina,
transporte, etc. O que podemos entender é que através das profissões, o gênero
feminino vem tomando conta, através dos tempos, de ocupar estes espaços que
antes eram subentendidamente masculinos, que eram designados ao gênero
masculino e que, através da divisão sexual do trabalho, ambas começaram a
ocupar estes espaços e reconhecer-se através deles.

Sobre a questão das telecomunicações, o que pretendo elucidar aqui, é que,


imaginamos um grupo de mulheres ocupando cargos de funcionárias e
supervisoras, enquanto, homens ocupam cargos de diretores e assistentes.
Claramente, em um espaço e exemplo tão pequenos e não muito visíveis, mas
de qualquer forma, ainda assim observamos a estrutura de divisão sexual do
trabalho e muitas vezes, a discriminação e competição feminina dentro destes
espaços, onde não há fortalecimento do trabalho em equipe, ou quando há,
acabam excluindo uma ou outra mulher em favor e questão subjetivas como
“gosto pessoal, opinião ou preferência”.

A questão feminina dentro destes espaços, muitas vezes, é de competição e


rivalidade, causando conflitos nas estruturas e gerando muitas vezes,
penalizações ou afastamento do trabalho, por conta dessas questões. Não há, em
nenhum momento, algum discurso ou pacificação dentro destes espaços, para
que os conflitos não influenciam na permanência de tal funcionária dentro do
seu espaço de trabalho. Essa tal rivalidade feminina além de minar as
capacidades laborais das trabalhadoras, compromete toda uma renda gerada
para o sustento provável da família e pessoal desta mulher.

“Outra constatação preocupante é que o processo de desintegração vertical das


grandes firmas vem produzindo uma forte assimetria de poder entre as empresas que
compõem a cadeia produtiva, na medida em que se estabelecem relações de
subcontratação fundadas na lógica de diminuição de custos que têm como
consequência a precarização do trabalho – o que afeta significativamente as
mulheres (ABRAMO, 1998; POSTHUMA, 1998; NEVES, 2000, 2009).” (NEVES,
2013)

9.0 Conclusões: O trato inicial em trazer esses temas é que são de referência
importante para o entendimento do que é a Sociologia do Trabalho, do que se
trata, quais seus segmentos e tantas outras questões, não só acadêmicas, mas
empíricas como todo estudo sociológico. O que pretendo elucidar com isto, é
que ainda assim, muitas empresas e toda a estrutura econômica e política
brasileira, deixa todos esses temas e questões de lado, quando se trata sobre
regulamentações, vida de qualidade aos imigrantes, seguridade para as
trabalhadoras domésticas e tantas outras formas de trabalho que estão
subnotificados, de formas invisíveis, transparentes a estrutura capitalista
vigente, que afeta os mais próximos tanto os mais distantes.

A Sociologia do Trabalho, por fim, através de todos estes autores e do relato


empírico que foi descrito no início, como experiência empírica que trouxe a
autora deste texto a uma compreensão mais compreensível sobre os processos
de trabalho e suas formas de precarização, que finalizamos este texto através
deste escrito e sua intencionalidade em descrever os processos trabalhistas e
suas demais perspectivas.

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABILIO, Ludmila Costhek. Uberização: a era do trabalhador just-in-time?1.


Estudos Avançados, São Paulo, v. 34, n. 98, p. 111-126, Apr. 2020.

CASTEL, Robert. “A sociedade salarial”. As metamorfoses da questão social.


Uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 415-494.

DRUCK, Graça. Trabalho, precarização e resistências: Novos e velhos


desafios? CADERNO CRH, Salvador, v. 24, n. spe 01, p. 37-57, 2011

DURAND, Jean Pierre. A refundação do trabalho no fluxo tensionado. Tempo


Social. Revista de Sociologia da USP. Vol. 15, n. 1. São Paulo, Abr. 2003.

GUIMARÂES, Nadya Araújo. Por uma sociologia do desemprego. Rev. bras.


Ci. Soc. 17 (50) • Out 2002

HIRATA, Helena; ZARIFIAN, Philippe. Trabalho (o conceito de). In


Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo, 2008. [p.251-256]

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. A atualidade da divisão sexual e


centralidade do trabalho das mulheres. Revista de Ciências Sociais - Política &
Trabalho, v. 1, n. 53, p. 131-143, 2021.
KERGOAT, Danièle. “A Relação Social de Sexo. Da Reprodução das Relações
Sociais à sua Subversão”. Revista Pró Posições. vol. 13.N. 1 (37)- Jan/abr.2002.
p. 47-59

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sociologia do trabalho brasileira. In: O gênero do trabalho operário. Marília:
Lutas Anticapital, 2020.

LIMA, Jacob C. “A terceirização e os trabalhadores: revisitando algumas


questões”. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. 2010, vol. 13, n. 1, pp.
17-26.

MARX, Karl. V. Processo de trabalho e processo de produzir mais valia. In: O


Capital. São Paulo: Difel, 1985. [p. 200-223]

NEVES, Magda. Anotações sobre trabalho e gênero. Cadernos de Pesquisa. v.


43. n 149, p. 404-421. mai/ago2013.

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