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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

NATÁLIA EVELYN LINS BRAGA

O DESVIRTUAMENTO DO TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO:


ANÁLISE SOB PERSPECTIVA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

São Paulo

2023
NATÁLIA EVELYN LINS BRAGA

O DESVIRTUAMENTO DO TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO:


ANÁLISE SOB PERSPECTIVA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de graduação em
Ciências Econômicas da Universidade
São Judas Tadeu, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Miguel Huertas Neto

São Paulo

2023
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

FIGURAS

Figura 1 - Porcentagem de casos registrados de desvirtuamento de


termo de compromisso de estágio entre os anos de 2019 e
2023……………………………………………………………… 39

Figura 2 - Número de casos registrados de desvirtuamento de termo


de compromisso de estágio entre os anos de 2019 e 2023.. 40

Figura 3 - Total de alunos matriculados no ensino médio em 2021…... 45

Figura 4 - Alunos matriculados no ensino superior em 2018 e 2020…. 46

Figura 5 - Alunos matriculados em cursos presenciais e à distância,


em 2018 e 2020………………………………………………… 47

Figura 6 - Alunos matriculados no Ensino Médio e alunos contratados


como estagiários……………………………………………….. 48

TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos casos de desvirtuamento de termo de


compromisso de estágio (números reais).................………. 41

Tabela 2 - Distribuição percentual dos casos de desvirtuamento de


termo de compromisso de estágio.................………............ 42
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 8
1.1 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................15
2.1 ECONOMIA DO TRABALHO x ECONOMIA DE MERCADO......................... 15
2.2 INSTITUIÇÕES DE DIREITO......................................................................... 27
2.3 LEI Nº 11.788 (CONTRATO A TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO)............29

3 RELAÇÕES DE TRABALHO E DE EMPREGO: O PAPEL DO ESTÁGIO NA


FORMAÇÃO E INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS JOVENS BRASILEIROS......... 32
3.1 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO: MODALIDADES DE
VÍNCULOS LABORAIS E NOVAS TENDÊNCIAS................................................35
4 DISCUSSÃO E RESULTADOS.............................................................................. 39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 51
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53
Dedico este trabalho aos meus amados pais, Nilza Lins e Gonsalo Braga, cujo amor,
apoio e dedicação incondicionais foram fundamentais em minha jornada acadêmica.
Se hoje estou prestes a me tornar uma economista formada, é graças ao incentivo e
encorajamento que sempre recebi de vocês. A vocês, meus eternos exemplos de
determinação e perseverança, meu profundo agradecimento.
Diante do que é chamado de Segunda Grande Revolução Industrial,
Guimarães (1999) sustenta que o destino do direito do trabalho ficará
condenado a se extinguir, por sua própria culpabilidade, porque o capital se
cansou de ser pressionado pelo inchaço da legislação trabalhista e passou
a consumir grande parte de seu lucro e iniciou a substituição da mão de
obra pelo 'robô'. (MAIOR, 1999)

Delfim Netto, economista brasileiro, no passado, defendeu a seguinte tese


ao dizer que 'é preciso fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo', em alusão
à política que implicou a vigorosa redução salarial dos trabalhadores na
década de 1970, o qual teve um desagrado unânime por parte daqueles que
operavam o direito do trabalho. Ficou a impressão, à época, de que a
Economia tinha como inimigo de seu avanço e desenvolvimento o direito do
trabalho. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2008)

Por essa razão, o Tribunal-10 afirma que a função do estágio profissional é


o aperfeiçoamento do aluno na sua área de formação educacional, unindo a
teoria adquirida ao longo do período de estudo com a prática, numa espécie
de complementaridade do ensino e da aprendizagem, como bem define a
norma legal reguladora da matéria. (TRT-10 DF:00007579320195100011
DF, Relatora: Desembargador Grijalbo Fernandes Coutinho. Data de
Julgamento: 09/09/2020, Data de Publicação: 02/09/2020).
O DESVIRTUAMENTO DO TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO:
ANÁLISE SOB PERSPECTIVA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

THE DEVIATION OF THE INTERNSHIP AGREEMENT TERM:


ANALYSIS FROM THE BRAZILIAN LABOR MARKET PERSPECTIVE

Natália Evelyn Lins Braga

Resumo: Este trabalho de conclusão de curso aborda a falta de fiscalização das


ofertas de estágios que não cumprem os requisitos legais e, portanto, não possuem
registro adequado. Essas práticas fraudulentas por parte das empresas visam obter
mão de obra barata e supostamente "qualificada", revelando uma realidade em que
as empresas negligenciam as responsabilidades previstas na Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT) ao não cumprir os requisitos essenciais de um contrato a termo
de compromisso de estágio. O desvirtuamento do termo de compromisso ocorre
quando empresas contratam estagiários ou terceirizados para desempenhar funções
idênticas às dos empregados formais, sem conceder a esses trabalhadores os
mesmos direitos e benefícios. Isso resulta em uma distorção das relações de
trabalho, em que esses profissionais são explorados e submetidos a condições
desfavoráveis, como salários inferiores, ausência de estabilidade e falta de proteção
social, enquadrando-se no conceito de subemprego. Adicionalmente, a subutilização
da mão de obra é uma consequência desses problemas. Muitos trabalhadores
enfrentam dificuldades para encontrar empregos de acordo com suas habilidades e
qualificações, sendo forçados a aceitar ocupações de menor nível, salários inferiores
ou jornadas de trabalho reduzidas. Portanto, o desvirtuamento do termo de
compromisso, a informalidade, a subutilização da mão de obra e o subemprego
estão interconectados no mercado de trabalho brasileiro. Essas diferentes facetas
convergem em um mesmo cenário, perpetuando um ciclo de precarização,
desvalorização e falta de oportunidades para os trabalhadores.
Palavras-chave: Desvirtuamento. Precarização. Estágios.

Abstract: This paper addresses the lack of supervision regarding internship offers
that do not comply with legal requirements and, therefore, lack proper registration.
These fraudulent practices by companies aim to obtain cheap and supposedly
"qualified" labor, revealing a reality in which companies neglect the responsibilities
established in the Consolidation of Labor Laws (CLT) by failing to fulfill the essential
requirements of an internship agreement. The distortion of the internship agreement
occurs when companies hire interns or outsourced workers to perform the same
tasks as formal employees, without granting these workers the same rights and
benefits. This results in a distortion of labor relations, where these professionals are
exploited and subjected to unfavorable conditions such as lower salaries, lack of job
stability, and inadequate social protection, falling under the concept of
underemployment. Additionally, underutilization of labor is a consequence of these
problems. Many workers face difficulties in finding jobs that align with their skills and
qualifications, being forced to accept lower-level occupations, lower salaries, or
reduced working hours. Therefore, the distortion of the internship agreement,
informality, underutilization of labor, and underemployment are interconnected in the
Brazilian labor market. These different facets converge in the same scenario,
perpetuating a cycle of precariousness where they share similar characteristics and
mutually influence the devaluation and lack of opportunities for workers.
Keywords: Distortion. Perpetuating. Internships.
1 INTRODUÇÃO

Entre 2010 e 2021, no Brasil, as ofertas de estágios alcançaram uma


elevação de, no mínimo, 45%, bem como seus diferentes tipos de bolsas e jornadas
oferecidas, conforme o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE (2020). Os
números não são tão positivos quando comparados aos números ofertados como
atributos dessas bolsas. Apesar da oferta crescer, há também uma diminuição nos
valores das bolsas e aumento da jornada de trabalho, caracterizando uma
precarização nas contratações a termo de compromisso de estágio, de acordo com
um estudo feito pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) pela supervisora
de planejamento e controle de atendimento Maria Mondini Paré, em 2020. É
exatamente esta precarização o tema principal deste artigo, como se verá mais
adiante.
Com a crescente taxa de desemprego entre os jovens, os estagiários acabam
tendo grande dificuldade na busca por oportunidades, não lhes facultando a
possibilidade de igualdade na negociação, já que há muitos jovens universitários
disponíveis no mercado de trabalho.
Dados do CIEE (2020), através de seu balanço social, indicam que os
primeiros meses da vigente pandemia foram os mais árduos, sendo que, no Brasil, a
Organização Mundial de Saúde - OMS declarou a pandemia de COVID-19 em
fevereiro de 2020 e esta perdura após o limite de tempo estabelecido por este
projeto.
Em abril de 2021, a contratação de estagiários caiu 84% em comparação ao
mesmo mês de 2019, conforme dados do CIEE (2021). Mesmo com uma queda
acentuada na contração de estagiários, este fato não evidencia a não fiscalização de
estágios que não cumprem os requisitos legais e, consequentemente, não têm
registro.
Como se pode confirmar pela jurisprudência aplicada ao processo do TRT-1
de Rondônia (2014) que consigna que:

não basta denominar o contrato como de estágio, para que o trabalhador se


enquadre no comando legal, pois necessário se faz que o estágio se realize
em entidades que tenham condições de proporcionar experiência prática na
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linha de formação do estagiário, devendo ainda, propiciar a


complementação do ensino e da aprendizagem e ser planejado, executado,
acompanhado e avaliado em conformidade com os currículos, programas e
calendários escolares. (TRT-1, 2014).

O TR-10 do Distrito Federal diz que o contrato de estágio:

busca, além do aperfeiçoamento do aluno na sua área de formação


educacional, unir a teoria adquirida ao longo do período de estudo com a
prática, numa espécie de complementaridade do ensino e da aprendizagem,
como bem define a norma legal reguladora da matéria. (TRT-10, 2020).

Dentro de tal contexto, qualquer ação empresarial que tem por objetivo
descaracterizar a utilização da mão de obra para reduzir os custos da produção,
evidentemente, exclui do trabalho executado a natureza jurídica de estágio para
torná-lo mais uma relação de emprego oculta, sob a condição antes apontada. Para
tais desvirtuamentos, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem o instrumento
adequado, onde declarará nulo qualquer ato que busque violar os seus princípios do
artigo 9º, como afirma o TRT-10 (2020).
Como pode-se observar acima, tais processos, assim como inúmeros
precedentes, tiveram consequências positivas, através de estudantes que
procuraram seus direitos ao constatarem tal fraude, obtendo então o vínculo
empregatício; isso, uma vez que o contrato de estágio fora declarado nulo com a
empresa em questão, que, em detalhe, muitas vezes vem acompanhado de danos
morais e lucros cessantes.
As ações na Justiça do Trabalho referentes ao reconhecimento de vínculo
empregatício do estagiário, entendendo o estágio como um aprendizado acadêmico
e não um trabalho precarizado, aumenta a cada ano, como apontam as matérias
publicadas no respectivo portal do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no período
abordado por este trabalho. Dentre elas, os bancos habitualmente são os maiores
litigantes e, em seguida, de acordo com uma apuração quantificada através do
jusbrasil> desvirtuamento do termo de compromisso de estágio > filtro de relevância
em processos julgados: as empresas que não tenham um convênio intermediando a
contratação.
Regulamentada pela Lei n.º 11.788/2008, a relação entre as empresas
contratantes e os estagiários costuma ser delicada e, por conta disso, deveria ser
indispensável uma fiscalização mais eficiente, visto que não gera danos só à
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legislação da lei de estágio, mas, também, ao mercado. Dessa forma, facilitando e


gerando imensuráveis vantagens à empresa litigante: verbi gratia uma mão de obra
que propicia o desenvolvimento da empresa sem liquidar os direitos trabalhistas nem
encargos sociais, dificultando o aquecimento do mercado formal, o que disfarça, de
forma negativa, dados de desemprego no país, sendo um desserviço a
responsabilidade pedagógica.
O número de estudantes que buscam seus direitos ainda é baixo, comparado
com conjunto dos estagiários, e a fiscalização é quase inexistente - veracidade
sustentada pelo CRA-RS (2022), onde os mesmos realizaram uma capacitação,
afirmando que:

o conselho irá fiscalizar os estágios em Administração e comunicará ao


MPT quando identificar possíveis ilegalidades, tais como: estagiário sem
supervisão de profissional registrado no órgão de classe desempenha de
atividades sem vínculo com a área de formação, e incompatibilidade entre o
conteúdo do plano de estágio e a carga horária, observando-se as diretrizes
curriculares nacionais. (CRA-RS, 2022).

Fiscalização essa que fica a cargo e competência do Ministério do Trabalho,


por meio dos agentes de fiscalização, de acordo com a Associação Brasileira de
Estágios – ABRES (Lei 11.788 de 25/09/2008).

É comum encontrarmos no mercado de trabalho estagiários atuando como


profissionais de verdade. Situações como essas revelam um grande risco
na cadeia de aprendizado, já que o estudante está ali para adquirir
conhecimento prático e não tão somente como mão de obra barata. É
preciso separar o joio do trigo e se atentar ao que a legislação prevê como
permitido. Nós, enquanto Conselho Profissional, estamos fiscalizando
rotineiramente sem retroagir um segundo sequer”, afirma o diretor de
Fiscalização e Registro do CFA, Carlos Alberto Ferreira Jr. (CRA-RS. 2022).

Esta situação preocupante de fraudes na contratação de estagiários, visando


obter mão de obra barata e supostamente "qualificada", revela uma realidade em
que as empresas negligenciam as responsabilidades previstas na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) ao deixarem de cumprir os requisitos essenciais de um
contrato a termo de compromisso de estágio, tais como: 1. Não ter um convênio
autorizado a mediar e gerenciar a contratação junto a universidade e empresa; 2.
Não contratação de um seguro contra acidentes pessoais; 3. Sem determinação do
período de trabalho; 4. Não presença da instituição de ensino para participar do
contrato (isso quando há um contrato, que por vezes nem é redigido); 5. A não
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existência de um sistema de supervisão evidenciando então sua completa nulidade,


pois não respeita os critérios básicos de um contrato a termo de compromisso de
estágio.
Essa problemática foi identificada por meio da pesquisa bibliográfica
qualitativa, já citada anteriormente, com o objetivo de examinar o desvirtuamento do
termo de compromisso de estágio e filtrar a relevância de processos julgados no
âmbito do Jusbrasil. A pesquisa bibliográfica qualitativa, baseada na análise dos
processos julgados, revelou a existência de casos em que empresas se aproveitam
dessa modalidade de contratação para explorar estagiários, sem garantir seus
direitos trabalhistas e necessidades básicas. Através do filtro de relevância, foi
possível identificar situações em que ocorre a distorção e a utilização indevida do
termo de compromisso de estágio.
Ao detectar essa situação por meio da pesquisa mencionada anteriormente,
foi possível evidenciar a prática recorrente de desvirtuamento do termo de
compromisso de estágio. Essa constatação demonstra a necessidade de medidas
preventivas para coibir tais abusos e assegurar que os estagiários sejam tratados de
acordo com seus direitos e garantias previstos na legislação.

Pensando nesta problemática, o CFA celebrou um novo Acordo de


Cooperação Técnica com o Ministério Público do Trabalho, com o objetivo
de intercâmbio técnico e de informações – visando a obtenção de maior
eficiência e tempestividade na adoção de providências relacionadas a
eventuais irregularidades em estágios nas profissões regulamentadas.
(CRA-RS. 2022).

Portanto, a pesquisa conduzida, utilizando o filtro de relevância em processos


julgados relacionados ao desvirtuamento do termo de compromisso de estágio,
sustenta a importância de abordar e solucionar essa problemática no contexto dos
contratos de estágio. A análise dos casos jurídicos representa uma base sólida para
embasar a reflexão sobre a implementação de políticas públicas e regulamentações
eficazes, visando a proteção dos estagiários e a promoção de condições laborais
justas e equitativas.
Além da contratação de estagiários movimentar expectativas por parte dos
estudantes, como uma porta de entrada para o mercado de trabalho em meio a
tantas incertezas, uma oportunidade de estágio, por muitas vezes, é como uma luz
no fim do túnel. Em contrapartida, para as empresas contratantes, principalmente
12

com a crise no mercado, ter estagiários é uma das soluções a fim de cortar ou
diminuir gastos enquanto mantém suas atividades empresariais ativas no mercado.
Assim, a contratação de um estagiário é uma das melhores alternativas para manter
a qualidade dos colaboradores com um custo menor, pois o estagiário é um
potencial trabalhador em formação acadêmica (GAÚCHAZH, 2018).
Muitas empresas enxergam como vantagem na contratação de um estagiário
a contribuição na formação de um profissional qualificado, que, por vezes, agrega
benefícios além da base financeira à companhia. Um deles, por exemplo, é a
vontade de aprender dos estagiários que fomenta o surgimento de ideias, propostas
novas e inovações que agregam, de forma significativa, aos objetivos que a empresa
tem no mercado. A contratação de estagiários é realidade em 76% das empresas
brasileiras (CATHO, 2018).
Os empresários que atuam dentro da legalidade contratam um mediador que
legalize a contratação dessa mão de obra, seguindo todos os direitos dos estagiários
como acompanhamento pedagógico adequado, carga horária reduzida, salário
(bolsa) compatível, entre outros. O programa de estágios no Brasil é considerado um
sucesso social, econômico e cultural. (CHECKOUT RH, 2022).
Nesse contexto geral, se faz necessário distinguir o que não está a operar
adequadamente, quais são os incidentes de abuso ou fraude e como as precaver,
mas é também vital enaltecer as empresas com boas práticas, que estão
efetivamente a auxiliar para a formação e integração de jovens no mercado de
trabalho. (FOLHA DE PERNAMBUCO, 2017).
Entretanto, sem deixar de ter uma analogia como explicitado anteriormente,
algumas empresas simplesmente exigem que os estagiários, contratados a termo de
estágio, realizem os mesmos serviços que os empregados formais, sem gozar de
iguais benefícios, esquivando-as de encargos como o 13º salário, terço
constitucional, vale-transporte, salário-mínimo obrigatório e pagamento de FGTS.
(COFEN, 2022)
No meio de tantos direitos empregatícios, fica evidente que é mais vantajoso
contratar um estagiário do que um empregado formal - desviando-o da função do
estágio com a realização de tarefas em desacordo com seu curso em formação. Fica
perceptível que a esfera da contratação de estagiário está desconfigurada e,
atualmente, retrata mais um aspecto de proveito de mão de obra barata e
defraudação à legislação. (IEA, 2023).
13

Quando se pensa a atividade econômica de forma geral, afiguram-se


dificuldades dos empregadores na economia, pois o sistema capitalista
indubitavelmente gera imensuráveis benefícios para a sustentação e crescimento da
economia em âmbito global, gerando emprego e demanda. Apesar disso, não deixa
de gerar também efeitos colaterais nesse mesmo mercado de trabalho aquecido,
como o crescente aumento de direitos empregatícios, em que parte dos
empregadores se auto pressiona, pelas condições do mercado, a ter menos gastos
e vínculos com funcionários, adotando, por vezes, contratações de trabalhadores
informais. (MCCLELLAND, 1972).
Assim, mesmo com tantos direitos e obrigações, perfaz uma insuficiente
proteção dos direitos trabalhistas e, como a legislação trabalhista brasileira
implementada em 1943 é muito robusta, acaba dificultando a liberdade de
empreender no país, na visão dos empregadores. (PORTER, 1992).
Para fugir das obrigações trabalhistas e ter um aumento de capital, mesmo a
legalidade não permitindo, cria-se precarização. Este fato não permite uma maior
valorização dos empregos informais. Perante isso, o estágio e o trainee, por
exemplo, acabam pegando uma fatia dessa ineficiência que prejudica de forma
significativa a responsabilidade pedagógica, descaracterizando a real intenção de
um estágio supervisionado na formação acadêmica de um indivíduo. (HOFFANN,
1977).
Dessa forma, esta pesquisa buscará responder à seguinte questão de
Pesquisa: O que leva as empresas a desvirtuar os termos de compromisso de
estágio?

1.1 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho se justifica pelo crescimento das ofertas de estágios no


Brasil e pelo aumento das ações na Justiça do Trabalho relacionadas ao
reconhecimento de vínculo empregatício devido ao desvirtuamento do termo de
compromisso de estágio. É importante destacar que o estágio profissional tem como
função o aperfeiçoamento do aluno na sua área de formação educacional,
proporcionando a integração da teoria adquirida durante o período de estudo com a
prática, conforme previsto na norma legal reguladora da matéria (TRT-10, 2020).
14

Segundo Kon (2004), no Brasil, grande parte da mão de obra em condições


desvantajosas está presente no setor informal, que abrange atividades fora de
empresas. Além disso, há pequenos produtores de serviços com níveis superiores
de renda e produtividade também alocados fora de empresas, juntamente com os
assalariados. A autora ressalta que a informalidade nas atividades brasileiras é
resultado tanto de políticas públicas que priorizam a continuidade da estabilização
econômica quanto de transformações estruturais intensificadas e aceleradas, que se
manifestam de maneiras diversas em âmbito global, internacional e regional,
resultando em diferentes formas de inserção no mercado de trabalho.
A informalidade no trabalho pode ocorrer em ocupações por conta própria, em
microempresas ou até mesmo no assalariamento ilegal. Os níveis de emprego e
renda desses diferentes grupos de ocupados são influenciados por dinâmicas
distintas, o que torna inviável a análise conjunta de seu comportamento. Nesse
contexto, Kon (2016) define como subemprego a situação do trabalhador que ocupa
um posto inferior ao correspondente às suas qualificações ou que trabalha por um
período inferior à jornada de trabalho legal.
Diante das obrigações trabalhistas e com o objetivo de obter maior
rentabilidade, as empresas muitas vezes desvirtuam os termos de compromisso de
estágio, desrespeitando as cláusulas estabelecidas. Essas empresas exigem que os
estagiários desempenhem atividades que não estão relacionadas à sua área de
formação. Essa pesquisa se justifica ao buscar verificar se há má alocação da mão
de obra do estagiário, o que acarreta na precarização do trabalho.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico da presente pesquisa é estruturado em três tópicos,


sendo eles o debate entre Economia do Trabalho e de Mercado, Instituições de
Direito e o Contrato a Termo de Compromisso de Estágio. No primeiro tópico, será
discutido como a economia do trabalho e a economia de mercado representam
abordagens distintas no contexto das relações trabalhistas e do mercado de trabalho
- visto que cada uma delas possui suas próprias perspectivas e objetivos, gerando
um debate sobre a melhor forma de promover o desenvolvimento econômico e a
proteção dos trabalhadores. No segundo e no terceiro tópico, o debate apresentará
a demonstração das relações entre as instituições de direito e o estagiário, na ótica
do contrato de estágio, onde economia e direito do trabalho não deveriam se
contrapor, mas se complementarem.

2.1 ECONOMIA DO TRABALHO x ECONOMIA DE MERCADO

A organização da atividade econômica é primordial para o desempenho do


mercado de trabalho e do movimento sindical, fator importante nessas relações. A
economia do trabalho tem por objetivo contribuir no entendimento da determinação
do nível de emprego, da força de trabalho, do poder de compra dos salários e da
participação dos salários na renda nacional. Com isso, nos possibilita uma visão da
demanda por trabalho, bem como estimativas empíricas da sua elasticidade, o que
torna o mercado de trabalho um importante objeto de investigação, como sustenta
Kon (2016).
A evolução das desigualdades salariais, como afirma Silva e Costa (2018),
tem precarizado o trabalho no mundo, levando em conta o papel do progresso
tecnológico, a competição internacional, os fluxos migratórios, a mudança
institucional e a avaliação de políticas sobre o mundo do emprego.
A economia do trabalho busca compreender as dinâmicas e determinações do
emprego, dos salários e da distribuição da renda. Seu objetivo é analisar as relações
de trabalho, a demanda por mão de obra e o poder de compra dos salários. Por
meio de estudos empíricos e análises, a economia do trabalho busca identificar
16

fatores que influenciam o nível de emprego, como progresso tecnológico, políticas


governamentais e mudanças institucionais.
Por outro lado, a economia de mercado enfatiza a importância da livre
concorrência, da iniciativa privada e do mercado como mecanismo eficiente para
determinar quantidades e preços de bens e serviços. Nesse sistema, a interação
entre oferta e demanda é o principal fator que regula as transações econômicas. A
economia de mercado valoriza a liberdade individual e a não interferência
governamental excessiva na tomada de decisões econômicas (ILO, 2018).
No entanto, o debate entre essas abordagens se intensifica quando se discute
a promoção estatal do pleno emprego e a garantia de direitos trabalhistas. A
economia do trabalho argumenta que o Estado tem um papel fundamental na
proteção dos trabalhadores, na criação de políticas de emprego e na regulação das
relações trabalhistas. Para seus defensores, é necessário garantir condições dignas
de trabalho, salários justos e a manutenção de direitos laborais (MOURA et al,
2015).
Já a economia de mercado argumenta que a intervenção estatal excessiva
pode limitar a liberdade econômica, gerar ineficiências e prejudicar o crescimento
econômico. Seus proponentes defendem que o mercado livre, baseado na
concorrência e na iniciativa privada, promove a eficiência alocativa e incentiva a
inovação e o empreendedorismo. Nesse sentido, eles questionam a necessidade de
intervenção estatal no mercado de trabalho, argumentando que isso pode prejudicar
a flexibilidade e a competitividade (GÜNTHER & NASCIMENTO, 2018).
É importante ressaltar que a busca por um equilíbrio entre essas abordagens
é essencial para o desenvolvimento sustentável. Enquanto a economia do trabalho
destaca a importância da proteção dos trabalhadores e da promoção de condições
dignas de trabalho, a economia de mercado ressalta a necessidade de incentivar a
atividade econômica, a criação de empregos e o crescimento. (FERNANDES &
ROSSI, 2013).
No contexto brasileiro, o desvirtuamento do termo de compromisso de estágio
no mercado de trabalho é um exemplo de desafio que requer uma análise
cuidadosa. É essencial garantir que os estágios sejam verdadeiras oportunidades de
aprendizado e desenvolvimento profissional, assegurando que os estagiários
tenham condições adequadas e que os termos de estágio sejam respeitados
conforme a legislação trabalhista (IGLIORI, 2014).
17

Esse desvirtuamento, muitas vezes relacionado ao subemprego e ao trabalho


informal, reflete a necessidade de uma abordagem equilibrada entre a proteção dos
direitos trabalhistas e a promoção de um ambiente de negócios favorável ao
crescimento econômico. É fundamental que o Estado exerça um papel de
fiscalização e regulamentação, garantindo que as leis trabalhistas sejam cumpridas
e que os trabalhadores sejam protegidos contra abusos e exploração (SILVA &
COSTA, 2015).
No entanto, é igualmente importante considerar os impactos de regulações
excessivas, que podem criar obstáculos para a geração de empregos e para o
crescimento das empresas. Restrições burocráticas e custos trabalhistas elevados
podem desencorajar a contratação de novos trabalhadores, especialmente em micro
e pequenas empresas, prejudicando a expansão econômica e a criação de
oportunidades (ILO, 2018).
O debate entre economia do trabalho e economia de mercado não deve ser
encarado como uma dicotomia, mas, sim, como um processo contínuo de busca por
soluções que promovam o desenvolvimento sustentável e o bem-estar dos
trabalhadores. É necessário estabelecer um equilíbrio entre a proteção dos direitos
trabalhistas, a promoção do emprego e a criação de um ambiente propício aos
negócios (IGLIORI, 2014).
Uma abordagem integrada pode envolver a implementação de políticas que
incentivem a formalização do emprego, ofereçam programas de capacitação e
qualificação profissional, promovam a negociação coletiva e estimulem a criação de
empregos de qualidade. Ao mesmo tempo, é preciso garantir que as empresas
tenham liberdade para operar e inovar, criando condições favoráveis para o
crescimento econômico e a geração de empregos (GÜNTHER & NASCIMENTO,
2018).
Em resumo, o debate entre economia do trabalho e economia de mercado é
essencial para a compreensão das relações trabalhistas e do mercado de trabalho.
Ambas as abordagens possuem pontos fortes e desafios, e a busca por um
equilíbrio é fundamental para promover o desenvolvimento econômico e garantir a
proteção dos direitos trabalhistas. Através do diálogo e da colaboração entre os
diferentes atores envolvidos, é possível encontrar soluções que promovam o pleno
emprego, a justiça social e o crescimento sustentável (IGLIORI, 2014).
18

A economia de mercado abrange uma estrutura em que as quantidades e os


preços produzidos dependem substancialmente da correlação entre procura e oferta
e não de um planejamento centralizado. Os países capitalistas são países com
economia diversa dos países socialistas, onde, nos últimos, o planejamento
determina a suas decisões de produção, ao passo que uma economia de mercado é
predominantemente setorial e competitiva. Já as economias idealizadas podem
outorgar papel ao mercado, mas sem que este seja eficaz na produção e na
determinação dos preços, como Sowell (2018) destaca no livro ‘’Um Guia de
Economia Voltado ao Senso Comum’’.
Diante disso, há autores que expõem algumas tendências do mercado de
trabalho, como por exemplo, Adam Smith (1776). Ele ressalta que o trabalho é o
primeiro preço, o dinheiro da compra inicial que era pago para que toda mercadoria
obtivesse valor, pois ela é produto do trabalho humano.
Assim, o valor do produto é considerado, por ele, como a soma de três
componentes: o salário, os lucros e os aluguéis. De acordo com Claudio Napoleoni
(1988) em seu livro "Smith, Ricardo, Marx", Smith distingue entre o preço de
mercado e o preço natural. O preço de mercado é considerado o verdadeiro preço
da mercadoria, determinado pelas forças de oferta e demanda.
Daisy A. N. Rebelatto e Mariana S. O. Lima (2021) afirmam que, em
contrapartida, o conceito de preço natural complementa a perspectiva de Smith
sobre o valor do trabalho, ao argumentar que esse preço é determinado pela receita
obtida com a venda e é capaz de gerar lucro suficiente. Essa abordagem representa
um equilíbrio estabelecido pelos custos de produção, porém regulado no mercado
por meio das forças de oferta e demanda. Dessa forma, existe uma relação
intrínseca entre esses dois preços, visto que o preço natural atua como um valor de
equilíbrio influenciado pelos custos de produção, mas estabelecido no contexto do
mercado.
Um objetivo relevante das análises econômicas consiste em explicar, por
meio de uma teoria, esse processo de distribuição de tarefas e funções entre
indivíduos, que são os agentes do processo de produção econômica. O
desenvolvimento econômico e a difusão do trabalho é um traço da economia de
mercado e do meio de acumulação de capital, assim restringindo a valorização do
trabalho.
19

Por sua vez, Ricardo aponta que o processo de produção pode ser entendido
com coeficientes técnicos variáveis, em que a mesma fração de terra, que é fator
fixo, seria capaz de ser ligada a quantidades progressivas do fator variável, o
trabalho. O total de indivíduos ativos que se ofertam ao mercado de trabalho
existente estabelece um melhor grau de produção e de nível de emprego. O tempo
despendido no trabalho, as técnicas de manufaturas e o volume de emprego são
delimitados pelo grau de aproveitamento da produtividade existente na economia.
A dedução deste fato implica no poder de compra de maior nível nominal de
salários, agregado a um nível de emprego elevado, determinando os preços dos
bens e serviços, ao compor elevados níveis de emprego e salário nominal, onde os
bens e serviços são cedidos a preços que cobrem os custos da produção e
possibilitam rentabilidade para as empresas.
Karl Marx (1867), no século XIX, descreve o que ele chamou de ‘’a tendência
de alteração da composição orgânica do capital’’, retratando uma realocação do
trabalho vivo pelo trabalho morto e da elaboração de uma superpopulação, isto é,
um exército industrial de reserva. Quando Marx conceitua esse problema, ele
destaca que o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas diminui o trabalho
socialmente necessário, criando um contingente de indivíduos subutilizados.
Já no século XX, com a crise de 29, John Maynard Keynes redige sua teoria
geral do emprego, do juro e da moeda, a qual é uma crítica categórica aos
neoclássicos, fazendo alusão à especificação do emprego no capitalismo. Keynes
(1983) destaca que o desemprego da mão de obra e de máquinas e equipamentos
ao mesmo tempo é uma fato macroeconômico, não restrito a questões de
performance do mercado de trabalho. Sendo assim, segundo o autor, a ocorrência
simultânea do desemprego tanto da mão de obra quanto de máquinas e
equipamentos é um fenômeno de natureza macroeconômica, que vai além das
questões de desempenho do mercado de trabalho. Para Keynes (1983), o
desemprego pode ser involuntário, pois os trabalhadores desempregados não
conseguem encontrar emprego mesmo quando estão dispostos a trabalhar por
salários mais baixos do que os praticados no mercado. Nesse contexto, o
desemprego não é determinado por salários reais elevados, mas sim por uma
demanda efetiva extremamente baixa, como afirmado por Dathein (2003).
A transição da economia agrária para a industrialização trouxe consigo uma
série de desafios sociais e econômicos, incluindo a necessidade de uma mão de
20

obra qualificada e o estabelecimento de padrões trabalhistas justos. A influência de


Smith e Ricardo, que enfatizavam a importância da livre concorrência e da
autorregulação do mercado, começou a ceder espaço para uma abordagem mais
intervencionista.
Nesse contexto, as ideias de Marx sobre a exploração da classe trabalhadora
no sistema capitalista e a necessidade de uma organização da classe para
reivindicar seus direitos ganharam destaque. A percepção de que o mercado por si
só não garantiria condições dignas de trabalho e salários justos impulsionou o
debate sobre a necessidade de uma intervenção estatal mais ativa.
É nesse cenário que as contribuições de Keynes se tornam relevantes. Sua
visão de que o mercado de trabalho não alcançava automaticamente o pleno
emprego, que políticas governamentais eram necessárias para estimular a demanda
agregada e combater o desemprego, encontrou eco nas discussões sobre a
estruturação do mercado de trabalho brasileiro. O governo de Vargas, por meio da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, materializou essa mudança,
estabelecendo um conjunto de direitos e garantias trabalhistas e instituindo a
proteção social para os trabalhadores.
Na situação do mercado de trabalho nacional, a regulação trabalhista vigente
foi erguida e consolidada nos anos 30 e 40 do século XX. Foi iniciada conjuntamente
com a estruturação do estado nacional, no período do governo do presidente Getúlio
Vargas, quando este buscou executar um projeto de industrialização do Brasil. À
medida que o Brasil buscava sua industrialização, sob a liderança do presidente
Getúlio Vargas, a abordagem econômica sobre o mercado de trabalho passou por
uma transformação significativa. Enquanto as teorias de Smith, Ricardo, Marx e
Keynes ofereciam perspectivas distintas sobre a relação entre trabalhadores e
empregadores, suas ideias encontraram terreno fértil no contexto brasileiro em
busca de uma estrutura regulatória que abarcasse as demandas emergentes
(ABREU, 2001).
A Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT foi construída dentro de um
projeto mais geral de reorganização do Estado brasileiro. Ela surgiu como um
instrumento para a afirmação e estabelecimento da classe trabalhadora à medida
que a industrialização se desenvolvia no Brasil. Para que a lei trabalhista fosse
operacionalizada, um dos primeiros procedimentos do governo da aliança liberal e
revolucionária de 1930 foi formar o Ministério do Trabalho, da Indústria e do
21

Comércio no mesmo órgão. Esta determinação frisou nitidamente o projeto de


industrialização, no qual a classe social se fizesse incorporada dentro dele,
contribuindo uma com a outra (CAMPOS, 2015).
Esse modelo de relações de trabalho, portanto, busca uma colaboração de
classes e uma harmonia social que evitaria possíveis conflitos, de acordo com o
Decreto-lei nº 5.452/1/5/1943 (BRASIL, 1943). Dessa forma, a transição da
perspectiva de Smith, Ricardo, Marx e Keynes para a regulação trabalhista
representada pela CLT no governo de Vargas reflete a necessidade de uma
abordagem mais abrangente e protetora, capaz de conciliar os interesses dos
trabalhadores e o desenvolvimento industrial do país, levando em consideração as
particularidades socioeconômicas brasileiras (CAMPOS, 2015).
Diante da atual flexibilização das leis trabalhistas a partir de 2017, podemos
fazer alusão ao que Veríssimo salientou na coluna comando do jornal do Brasil:
por trás da conversa mole de flexibilização e racionalização das relações de
trabalho está outro capítulo, (que é a) versão periférica dependente, da volta
triunfante do capital ao seu paraíso perdido da deixa-fazer total, pisando, no
caminho, todos os direitos conquistados pelo trabalhador em cem anos.
.(VERÍSSIMO, 1998).
Esse registro remete, com nitidez, os novos trilhos das relações de trabalho
no capitalismo contemporâneo brasileiro. Kon (2016) trabalha a informalidade no
mercado de trabalho, o perfil do mercado de trabalho no Brasil, emprego,
desemprego, subemprego e a interpretação dos indicadores, elementos importantes
para esta investigação. O autor afirma que um conceito frequentemente utilizado nas
análises do mercado de trabalho diz respeito ao subemprego, que consiste na
situação do trabalhador que se encontra em um posto inferior ao que corresponde
por suas qualificações ou por um período menor do que a jornada de trabalho legal
(KON, 2016). Sob essas condições, o subempregado deve aceitar trabalho em
cargos de menor remuneração e estabilidade. Sua argumentação sobre o mercado
informal é identificada como a subutilização da mão de obra, tendo em vista a
incapacidade das pessoas de encontrarem a ocupação desejada ou remuneração
compatível com suas aspirações, o que é associado a baixo nível de renda,
insuficiente para as necessidades básicas da família e baixa produtividade da força
de trabalho (KON, 2004).
Nas atividades brasileiras, esta mão de obra em condições desvantajosas
compõe a maior parte do setor informal alocado fora de empresas, enquanto que
outra parte muito considerável engloba pequenos produtores de serviços de níveis
22

superiores de renda e produtividade, alocados fora de empresas, bem como


assalariados de empresas.
Anita Kon (2004), se referindo a um artigo de 1999 de sua autoria, diz que,
atualmente, a condição de informalidade das atividades no Brasil é resultado de um
conjunto de fatores complexos. Por um lado, as políticas públicas adotadas
priorizam a estabilidade econômica, o que pode impactar na prevalência da
informalidade. Por outro lado, as rápidas e abrangentes transformações estruturais,
tanto em nível global quanto regional, também contribuem para a diversificação das
formas de inserção no mercado de trabalho (KON, 2004).
A informalidade define-se no âmbito do trabalho por conta própria ou em
microempresas, mas também são encontradas no assalariamento ilegal. Os níveis
de emprego e renda destes diferentes grupos de ocupados resultam de dinâmicas
diversas e, portanto, o seu comportamento não pode ser analisado conjuntamente.
(Kon,1999, apud KON, 2004).
Dentro do mercado de trabalho brasileiro, existe uma relação intrínseca entre
o desvirtuamento do termo de compromisso, a informalidade, a subutilização da mão
de obra e o subemprego. Essas diferentes facetas convergem em um mesmo
cenário, marcado pela precarização do trabalho onde compartilham características
semelhantes e se influenciam mutuamente, gerando um ciclo de desvalorização do
trabalho.
O desvirtuamento do termo de compromisso é evidenciado quando empresas
contratam estagiários ou terceirizados para desempenhar funções idênticas às dos
empregados formais, porém sem conceder a esses trabalhadores os mesmos
direitos e benefícios. Isso resulta em uma distorção das relações de trabalho, em
que esses profissionais são explorados e submetidos a condições desfavoráveis,
como salários inferiores, ausência de estabilidade e falta de proteção social. Essa
situação se enquadra no conceito de subemprego abordado anteriormente,
conforme conceituado por Anita Kon (2004).
Essa prática de desvirtuamento está intimamente ligada à informalidade, que
é caracterizada pela ausência de registro formal e garantias trabalhistas. Muitos
trabalhadores são empregados de forma irregular, sem carteira assinada, e são
privados de direitos fundamentais, como férias remuneradas, 13º salário e
contribuição para o FGTS. A informalidade acaba se tornando uma forma de
23

subemprego, uma vez que esses trabalhadores estão inseridos em ocupações com
menor remuneração e segurança.
Além disso, a subutilização da mão de obra é uma consequência desses
problemas. Muitos trabalhadores enfrentam dificuldades para encontrar empregos
que estejam de acordo com suas habilidades e qualificações. Eles são forçados a
aceitar ocupações de menor nível, salários inferiores ou jornadas de trabalho
reduzidas. Essa subutilização da mão de obra resulta em uma baixa produtividade,
desperdício de talentos e limitações no desenvolvimento econômico do país.
Dessa forma, podemos observar que o desvirtuamento do termo de
compromisso, a informalidade, a subutilização da mão de obra e o subemprego
estão interconectados no mercado de trabalho brasileiro. Esses fenômenos se
retroalimentam, perpetuando um ciclo de precarização, desvalorização e falta de
oportunidades para os trabalhadores. A falta de políticas efetivas para combater
essas questões contribui para a perpetuação desse cenário desfavorável.
Para superar esses desafios, é fundamental promover a formalização do
trabalho, garantir o cumprimento dos direitos trabalhistas e criar condições
favoráveis para o pleno emprego. Investimentos em educação, capacitação
profissional e estímulo ao empreendedorismo podem contribuir para a redução da
informalidade e para a valorização da mão de obra. É necessário também fomentar
a fiscalização e a conscientização sobre os direitos trabalhistas, a fim de coibir
práticas abusivas e assegurar um mercado de trabalho mais justo e digno para todos
os trabalhadores brasileiros.
O cenário do mercado de trabalho brasileiro, sob a ótica da economia do
trabalho, é complexo e multifacetado. É fundamental debater e compreender esses
cenários tanto na economia de mercado como na economia do trabalho, uma vez
que tais discussões são cruciais para entender as irregularidades presentes no
mercado de trabalho e suas diversas formas (ARENDT, 2007).
A economia do trabalho analisa as interações entre trabalhadores,
empregadores e instituições do mercado de trabalho, buscando compreender as
relações de trabalho, o emprego, o desemprego e os diferentes tipos de arranjos
laborais. No contexto brasileiro, essa perspectiva destaca questões como a
informalidade, o subemprego, as disparidades salariais e as vulnerabilidades dos
trabalhadores. As irregularidades do mercado de trabalho brasileiro são evidentes ao
observar a coexistência de diferentes formas de emprego, como estagiários,
24

trabalhadores com carteira assinada (CLT), microempreendedores individuais (MEI)


e trabalhadores informais. Cada uma dessas categorias possui características
específicas e enfrenta desafios distintos (NORONHA, 2003).
Como já evidenciado anteriormente nesta pesquisa, contemporaneamente, os
estagiários enfrentam a precarização das condições de trabalho, com baixos salários
e falta de proteção trabalhista adequada. O desvirtuamento dos contratos de estágio
é uma realidade preocupante, onde empresas utilizam essa modalidade como forma
de obter mão de obra barata, em desacordo com a legislação vigente (SOLIMEO,
2022).
Os trabalhadores com carteira assinada (CLT) geralmente possuem maior
estabilidade no emprego e têm acesso a benefícios e direitos trabalhistas garantidos
por lei. No entanto, enfrentam desafios como a informalidade disfarçada, o
subemprego e a falta de perspectivas de ascensão profissional (NORONHA, 2003).
Os microempreendedores individuais (MEI) representam uma parcela
crescente da economia brasileira. Embora tenham a vantagem de formalizar suas
atividades e acessar benefícios previdenciários, muitos enfrentam dificuldades para
manter seus negócios, como a falta de acesso a crédito e a limitada proteção
trabalhista (ABDALA, 2021).
Os trabalhadores informais, por sua vez, são aqueles que não possuem
registro formal de emprego e trabalham sem garantias de direitos e segurança. Esse
segmento é vulnerável a baixos salários, falta de proteção social e condições de
trabalho precárias (MEU SALÁRIO, 2010).
Continuando a análise do cenário brasileiro pelo prisma da economia de
mercado, é fundamental compreender como as forças econômicas e as políticas
públicas influenciam as condições de trabalho e as relações laborais (ARENDT,
2007). Um resumo breve desse cenário e sistema, pela ótica da economia de
mercado, envolve a compreensão das seguintes tendências e desafios:
Desigualdade salarial: O Brasil é conhecido por sua alta desigualdade de
renda, refletida também na disparidade salarial entre diferentes segmentos da
população. Essa desigualdade afeta diretamente as condições de trabalho e as
oportunidades de ascensão social (SOLIMEO, 2022).
Setores informais e precários: O mercado de trabalho brasileiro é marcado
pela presença significativa de trabalhadores em situação de informalidade e
25

subemprego. Esses trabalhadores frequentemente enfrentam baixos salários, falta


de proteção social e condições precárias de trabalho (ABDALA, 2021).
Regulação do mercado de trabalho: As leis trabalhistas e as políticas de
proteção social desempenham um papel importante na regulamentação das
relações de trabalho. O debate sobre a flexibilização ou fortalecimento dessas
regulamentações têm implicações diretas nas condições de trabalho e na proteção
dos direitos dos trabalhadores (MEU SALÁRIO, 2010).
Empreendedorismo e geração de empregos: O incentivo ao
empreendedorismo e à geração de empregos é uma questão relevante para o
desenvolvimento econômico e a redução do desemprego. Discutir políticas e
estratégias que promovam a criação de oportunidades de trabalho é fundamental
para enfrentar os desafios do mercado de trabalho brasileiro (NORONHA, 2003).
A economia de mercado é um sistema econômico amplamente defendido por
economistas adeptos do liberalismo e do neoliberalismo. Segundo Thomas Sowell,
em seu livro "Um Guia de Economia Voltado ao Senso Comum", esse sistema se
baseia na pouca interferência governamental e permite que os agentes econômicos,
como empresas, bancos e prestadoras de serviços, atuem livremente.
Nesse contexto, algumas características fundamentais se destacam.
Primeiramente, a economia de mercado proporciona liberdade para a definição de
preços de bens e serviços. Através da livre concorrência, o mercado regula os
preços, permitindo que as forças de oferta e demanda determinem os valores
adequados, como mencionado por Paulo Sandroni em seu livro "O Novíssimo
Dicionário de Economia" (1999). Um aspecto importante é que a produção e o
consumo de bens e serviços são estabelecidos pela interação entre oferta e
demanda. Os produtores são incentivados a atender às demandas dos
consumidores, e essas interações definem o fluxo de produção e distribuição na
economia. Esse mecanismo é vital para a eficiência econômica, como destacado por
Thomas Sowell.
A iniciativa privada desempenha um papel central na economia de mercado.
A maior parte dos produtos e serviços é produzida por empresas privadas nos
setores industriais, comerciais, bancários e de serviços. Segundo Paulo Sandroni
(1999), a presença estatal é limitada e geralmente restrita a setores estratégicos,
como a geração de energia.
26

A abertura e o funcionamento de empresas são essenciais na economia de


mercado. Nesse sistema, há pouca interferência governamental na criação e
operação de empresas, fomentando um ambiente propício ao empreendedorismo e
à inovação. Isso foi ressaltado por Thomas Sowell ao discutir a importância da
liberdade econômica.
A economia de mercado também favorece o comércio exterior, com menos
obstáculos e entraves, como burocracia, impostos e taxas alfandegárias. Essa
abertura estimula a competição, promove a inserção das empresas no mercado
global e impulsiona o desenvolvimento econômico, conforme apontado por Paulo
Sandroni.
No que se refere ao controle cambial, a economia de mercado tende a ter
pouca ou nenhuma intervenção do Banco Central na regulação das taxas de
câmbio. Em muitos países aderentes a esse sistema, as taxas de câmbio são
determinadas pelo mercado, o que permite maior flexibilidade e adaptabilidade às
condições econômicas internacionais. (ITAÚ EDUCAÇÃO E TRABALHO, 2023)
A proteção da propriedade privada é garantida por meio de leis no sistema de
economia de mercado. Essa proteção é fundamental para estimular a segurança
jurídica e os investimentos, como mencionado por Paulo Sandroni (1999). A
propriedade privada é um pilar desse sistema, garantindo os direitos individuais e
incentivando o crescimento econômico.
Embora a economia de mercado apresente benefícios, também enfrenta
desafios e problemas. A formação de monopólios e cartéis pode prejudicar a livre
concorrência e gerar concentração de poder econômico, como alertado por Thomas
Sowell em seu livro "Um Guia de Economia Voltado ao Senso Comum" (2018).
Essas práticas limitam a competição e podem prejudicar o bem-estar dos
consumidores.
Outro desafio enfrentado pela economia de mercado é a questão da
desigualdade social e da má distribuição de renda. Embora esse sistema seja
conhecido por impulsionar o crescimento econômico, nem sempre os benefícios são
distribuídos de forma equitativa. Alguns indivíduos e empresas podem acumular
grandes riquezas, enquanto outros enfrentam dificuldades financeiras. Essa
disparidade de renda pode gerar tensões sociais e desequilíbrios na sociedade.
Além disso, a escassez de bens públicos também é uma preocupação na
economia de mercado. A diminuição da arrecadação de impostos pode limitar os
27

recursos disponíveis para investimentos em infraestrutura, serviços públicos e


programas sociais. É importante que o Estado desempenhe um papel ativo na
promoção desses bens públicos, a fim de garantir o bem-estar da população e a
redução das desigualdades.
No entanto, é fundamental ressaltar que o sistema econômico baseado na
economia de mercado tem se mostrado eficiente na criação de riqueza e no estímulo
à inovação. Ele proporciona um ambiente propício para o empreendedorismo, a
competição e o crescimento econômico. Ao mesmo tempo, é necessário um
equilíbrio entre a liberdade econômica e a intervenção do Estado para garantir a
justiça social e o funcionamento adequado do mercado.
Em resumo, a economia de mercado é um sistema que permite aos agentes
econômicos atuarem com liberdade e pouca interferência governamental. Ela é
caracterizada pela definição de preços pela livre concorrência, produção e consumo
determinados pela oferta e demanda, iniciativa privada predominante, abertura ao
comércio exterior, proteção da propriedade privada e regulação governamental para
coibir práticas irregulares. No entanto, é importante lidar com desafios como a
formação de monopólios, a desigualdade social e a escassez de bens públicos,
buscando um equilíbrio entre a liberdade econômica e a responsabilidade social.
O debate desses cenários, tanto na economia do trabalho quanto na
economia de mercado, é importante para sensibilizar a sociedade, os formuladores
de políticas e os agentes econômicos sobre a necessidade de buscar soluções para
as irregularidades presentes no mercado de trabalho brasileiro. Essas discussões
contribuem para a formulação de políticas públicas mais eficientes, o fortalecimento
dos direitos dos trabalhadores e a promoção de um ambiente de trabalho mais justo
e inclusivo.
Dessa forma, é imprescindível continuar debatendo e buscando soluções
para os problemas relacionados aos diferentes arranjos laborais no Brasil, incluindo
estagiários, trabalhadores com carteira assinada, microempreendedores individuais
e trabalhadores informais. Somente por meio desse debate e da ação coletiva será
possível promover mudanças significativas e construir um mercado de trabalho mais
equitativo e sustentável.

2.2 INSTITUIÇÕES DE DIREITO


28

É notável como, no Brasil, o direito e a economia do trabalho não têm uma


relação em linhas paralelas mas sim em linhas concorrentes e, no cenário brasileiro,
se faz necessário a interconexão entre as mesmas, já que os mercados, por vezes,
deixados por si mesmo tendem a resultados que não são tão favoráveis aos
trabalhadores. A discussão em torno desse tema envolve diferentes perspectivas,
como destacado em um artigo intitulado "Veja o que eles dizem sobre 5 pontos
polêmicos: A visão contra e a favor da reforma trabalhista em 5 polêmicas",
publicado na EXAME.com em 2017.
O conteúdo desta matéria é um grande exemplo disto, onde foram
entrevistados dois especialistas com visões opostas sobre a reforma trabalhista.
Andre Portela Souza, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (EESP/FGV), argumenta que a reforma amplia os direitos dos
trabalhadores, em vez de retirá-los (LUZ & SANTIN, 2010). Por outro lado, Marcelo
Paixão, economista e sociólogo licenciado da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) e atualmente na Universidade de Austin, considera que a reforma
representa a "uberização" do trabalho.
É importante resgatar que o movimento principal para a criação da justiça
trabalhista no Brasil, que construiu e passou a aplicar a Consolidação das Leis do
Trabalho-CLT, veio com a Constituição de 1934 (artigo 122), mas sua
regulamentação só ocorreu pelo Decreto 6.596/1940 e, o papel a ela deliberado era
de equacionar os atritos entre empregadores e empregados. Preliminarmente
introduzida pelo Poder Executivo, foi transferida para o Poder Judiciário, o que
suscitou um acirrado debate entre parlamentares do período, especialmente no que
diz respeito ao seu poder normativo (Decreto-lei nº 5.452/1/5/1943). Ainda assim,
com a sua vigorosa CLT, o Brasil é qualificado por um relevante setor informal da
sua força de trabalho, onde boa parte dos direitos trabalhistas estipulados não se
aplica.
A regulação jurídica do mercado de trabalho desperta dois pontos de vistas,
sendo eles aqueles que apontam que regras estatais rígidas se fazem necessárias
para a proteção do trabalhador e aqueles que afirmam que os empregos formais são
prejudicados devido a excessiva regulamentação sobre o trabalho, e isso,
consequentemente, reduz o crescimento econômico e limita o impacto dessa
proteção aos trabalhadores bem assentados na curva de distribuição de renda.
29

Delfim Netto, economista brasileiro, no passado, defendeu a seguinte tese ao


dizer que “é preciso fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, em alusão a política
que implicou a vigorosa redução salarial dos trabalhadores na década de 1970, a
qual teve um desagrado unânime por partes de que operavam o direito do trabalho.
Ficou a impressão, à época, de que a Economia tinha como inimigo de seu avanço e
desenvolvimento o direito do trabalho.
Diante do que é chamado de Segunda Grande Revolução Industrial,
Guimarães (1999), sustenta que o destino do direito do trabalho ficará condenado a
se extinguir, por sua própria culpabilidade, porque o capital se cansou de ser
pressionado pelo inchaço da legislação trabalhista e que passou a consumir grande
parte de seu lucro e iniciou a substituição da mão de obra pelo "robot" (Guimaraes,
1999). Como se depreende acima, os efeitos da CLT nas relações de trabalho são
controversos.

2.3 LEI Nº 11.788 (CONTRATO A TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO)

Na atualidade, o estágio é regulado pela Lei nº 11.788/2008, que o define


como “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho,
que visa à preparação para o trabalho produtivo”. Precisamente por ter essa
natureza educacional e pedagógica, que o conhecimento prático dos respectivos
estagiários não é titulado como uma relação de emprego, mesmo que suas
características sejam trabalho prestado por pessoa física, com pessoalidade, não
eventual, oneroso, com subordinação e alteridade.
A Lei do Estágio designa imposição para o formato da relação de estágio, que
é impreterivelmente composta por três partes: sendo o estudante, a instituição de
ensino e a parte concedente do estágio. Além disso, é primordial a celebração de
termo de compromisso entre as partes, no qual consignam as cláusulas do contrato
de estágio.
Além disso, é importante ressaltar que a figura do estagiário está restrita aos
estudantes que estejam atualmente matriculados em instituições de ensino superior,
educação profissional, ensino médio, educação especial e nos últimos anos do
ensino fundamental, no contexto da educação de jovens e adultos. Essa condição é
estabelecida para garantir que o programa de estágio seja uma oportunidade de
30

aprendizado e desenvolvimento profissional para os estudantes, conforme as


diretrizes educacionais vigentes.
Salientando que o Art. 7º, inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988
estabelece que é proibido o trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos. Desta
maneira, como o estágio é uma forma de trabalho, a regra constitucional tem que ser
considerada.
O Termo de Estágio evidencia a ampla supervisão das atividades
desempenhadas pelo estagiário, sendo compartilhada pelo professor orientador da
instituição de ensino e pelo supervisor designado pela entidade concedente do
estágio. Esse acompanhamento é efetuado por meio de relatórios regulares, com
prazos estabelecidos de forma a não exceder 6 meses, ressaltando-se que o
período máximo de estágio é de 2 anos. Essa abordagem garante um
monitoramento abrangente e contínuo ao longo de todo o estágio, com o intuito de
assegurar a qualidade da experiência educacional e profissional do estudante.
A carga horária do estágio deve ser adequadamente limitada e ajustada,
podendo ser de 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, ou de 6 (seis)
horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, levando em consideração o nível de
escolaridade do estagiário. Tal determinação visa assegurar um equilíbrio entre as
atividades do estágio e o tempo dedicado às atividades acadêmicas, de acordo com
o nível de formação em que o estudante se encontra. Essa regulamentação busca
garantir que o estágio seja uma experiência enriquecedora, sem comprometer o
desenvolvimento acadêmico do estagiário. Registrando ainda que, nos períodos de
avaliação da instituição de ensino, deve haver uma redução da carga horária do
estágio de no mínimo 50%.
Ademais, é importante frisar que os estagiários têm direito a usufruir de um
período de recesso anual de 30 (trinta) dias, ou de forma proporcional, de acordo
com o tempo de duração do estágio. Além disso, é garantido aos estagiários a
cobertura de seguro contra acidentes pessoais, com uma apólice que esteja em
conformidade com os valores praticados no mercado. Essas medidas visam
assegurar a proteção e o bem-estar dos estagiários durante o período de realização
das atividades, proporcionando um ambiente seguro e promovendo a valorização do
estudante como parte integrante do ambiente de trabalho.
Verifica-se, da mesma forma, que nos casos em que o estágio não for
obrigatório, isto é, que não seja requisito essencial para a formação do estudante, é
31

vital a concessão de bolsa ou contraprestação pelos serviços prestados, assim como


de auxílio-transporte.
Fica evidente que o vínculo de estágio é uma relação de trabalho e que
possui causa e destinação nobres e pedagógicas, uma vez que determina preparar
o estudante para o mercado de trabalho, perfazendo sua formação acadêmica.
À vista disso, a legislação de estágio (Lei nº 11.788/2008) deu destaque
notável a esta relação, de modo a propiciar a prestação de serviços a baixo custo e
garantir o aprendizado dos estudantes. Este modo de propiciar a prestação de
serviços a baixo custo e garantir o aprendizado dos estudantes está abrindo
precedentes para a precarização do estágio.
32

3 RELAÇÕES DE TRABALHO E DE EMPREGO: O PAPEL DO ESTÁGIO NA


FORMAÇÃO E INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS JOVENS BRASILEIROS

A relação de trabalho engloba todas as modalidades de prestação de


serviços, sejam elas remuneradas ou não. Caracteriza-se pela existência de uma
atividade realizada por uma pessoa em benefício de outra, em que há subordinação
ou dependência econômica entre as partes envolvidas. Nesse tipo de relação, não é
obrigatória a formalização por meio de um contrato escrito, podendo ser
estabelecida de forma verbal, implícita ou, até mesmo, por meio de contratos de
trabalho temporários, entre outros exemplos. Essa abrangência permite flexibilidade
nas formas de contratação e atuação no mercado de trabalho, desde que
respeitados os direitos e garantias trabalhistas estabelecidos pela legislação vigente
(PONTOTEL, 2023).
Já a relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho e possui
características específicas. Para ser considerada uma relação de emprego, é
necessário que a prestação de serviço ocorra de forma subordinada, ou seja, o
empregado deve estar sujeito às ordens e diretrizes do empregador quanto à
execução das tarefas. Além disso, é fundamental a existência de uma remuneração
pelo trabalho realizado, seja ela fixa, variável, comissões, entre outras formas
previstas em lei (PRETTI; PAIXÃO, 2022).
As normas trabalhistas, como a CLT, estabelecem uma série de direitos e
obrigações para as partes envolvidas nas relações de trabalho e de emprego. Essas
normas visam proteger o trabalhador, estabelecendo regras sobre jornada de
trabalho, salário mínimo, férias, 13º salário, benefícios previdenciários, entre outros
aspectos (PONTOTEL, 2023).
Em resumo, o contrato de atividade é aquele que envolve a realização de uma
atividade pessoal e estabelece as obrigações relacionadas a essa atividade. A
relação de trabalho e a relação de emprego são exemplos de relações jurídicas
trabalhistas, sendo que a relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho
que se caracteriza pela subordinação e remuneração do empregado (PRETTI;
PAIXÃO, 2022). As normas trabalhistas regulam essas relações, garantindo direitos
e estabelecendo deveres para as partes envolvidas.
O crescimento do número de estagiários no Brasil tem sido uma tendência
observada nos últimos anos, de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente
33

pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). Durante o primeiro trimestre de


2022, houve um aumento expressivo na quantidade de estagiários no Brasil, revela
um estudo conduzido em parceria com a consultoria Tendências e utilizando dados
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Os números apontam para um total de 726,6 mil
estagiários, o que representa um crescimento de 18,2% em relação ao ano anterior.
A região que concentra a maior quantidade de estagiários é o Sudeste, com
298,5 mil estudantes participando de programas de estágio. Nessa região, o estado
de São Paulo lidera com o maior número de estagiários, totalizando 138,8 mil. É
interessante notar a importância do estágio como uma oportunidade para os
estudantes brasileiros se familiarizarem com o ambiente profissional.
O estudo também destaca a contribuição significativa do Ciee (Centro de
Integração Empresa-Escola) na realização de contratos de estágio, responsável por
237 mil estagiários em 2021, o que equivale a 33,5% do total. Esses números
evidenciam o papel fundamental dessa organização na promoção de oportunidades
de estágio para os jovens do país.
O analista Lucas Assis, da Tendências, aponta dois fatores principais para
esse aumento no número de estagiários. Primeiro, a retomada das atividades
presenciais após as restrições impostas pela pandemia de COVID-19 permitiu a
retomada das contratações de estagiários. Além disso, a recuperação econômica do
Brasil tem se mostrado mais resiliente do que o inicialmente previsto para o início de
2022. Esses fatores contribuíram para a ampliação das oportunidades de estágio,
refletindo a importância desse segmento como um indicador de atividade econômica
e inserção profissional.
Vale ressaltar que o estágio desempenha um papel fundamental na formação
dos estudantes, proporcionando-lhes a oportunidade de adquirir experiência prática
em suas áreas de estudo, desenvolver habilidades profissionais e estabelecer
contatos na indústria. Além disso, o estágio auxilia os jovens a explorarem diferentes
áreas de interesse e a tomarem decisões informadas sobre suas futuras carreiras
(MOBE RH, 2023).
Esse aumento no número de estagiários no Brasil reflete um cenário positivo
para a economia e o mercado de trabalho, sinalizando um ambiente propício ao
desenvolvimento profissional dos jovens. É essencial que as empresas continuem
investindo em programas de estágio e que as instituições de ensino reforcem a
34

importância dessa experiência no currículo dos estudantes (MOBE RH, 2023).


Em resumo, o crescimento no número de estagiários no Brasil durante o
primeiro trimestre de 2022 evidencia a retomada das atividades presenciais e a
recuperação econômica do país. O estágio continua a desempenhar um papel
crucial na transição entre a vida acadêmica e profissional, fornecendo aos
estudantes uma base sólida para construir suas carreiras. No entanto, é importante
ressaltar que esse crescimento ocorre em comparação com uma base defasada dos
anos de 2020 e 2021, períodos em que houve uma queda significativa no número de
contratos de estágio. Portanto, ainda estamos abaixo dos níveis de 2019, antes da
crise sanitária. A pesquisa projeta um aumento de 8,6% no número de contratos de
estágio em 2023 em relação a este ano.
De acordo com a pesquisa, é possível identificar o perfil socioeconômico dos
estagiários. Cerca de 40,4% deles pertencem às classes D e E, vivendo em famílias
com renda domiciliar mensal de até R$ 3 mil. A classe C, com renda entre R$ 3 mil e
R$ 7,2 mil, representa 37,7% dos contratados. Já a classe B, com renda domiciliar
mensal entre R$ 7,2 mil e R$ 22,5 mil, abrange 17,9% dos estagiários, enquanto 4%
são da classe A, com famílias com renda acima desse patamar. Esses dados
revelam a diversidade socioeconômica dos estagiários e a importância do estágio
como uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho para jovens de
diferentes origens e realidades financeiras.
A pesquisa também revela que a maioria dos estagiários é composta por
jovens entre 18 e 24 anos, representando 75% do total. A faixa etária de 25 a 29
anos corresponde a 18% dos contratados, enquanto os estagiários com idade entre
30 e 34 anos representam apenas 7%. Esses números indicam que o estágio é uma
oportunidade amplamente explorada pelos jovens em busca de experiência
profissional e inserção no mercado de trabalho. Além disso, a pesquisa aponta que a
área de Administração é a mais demandada pelos estagiários, abrangendo cerca de
30% dos contratos de estágio. Em seguida, destacam-se as áreas de Direito,
Engenharia, Pedagogia e Ciências Contábeis. Essa diversidade de áreas reflete as
diferentes necessidades das empresas e organizações, que buscam estagiários
para auxiliar em diversas atividades e projetos.
Os benefícios do estágio vão além da experiência prática e do aprendizado
específico da área de atuação. O estágio proporciona aos jovens a oportunidade de
desenvolver habilidades socioemocionais, como trabalho em equipe, comunicação,
35

resolução de problemas e adaptabilidade. Além disso, muitos estagiários têm a


chance de construir uma rede de contatos profissionais que pode ser fundamental
para o futuro desenvolvimento de suas carreiras. No entanto, é importante ressaltar
que a relação entre estagiário e empresa deve ser pautada pelo respeito aos direitos
trabalhistas e à legislação vigente. O estágio deve ser uma forma de aprendizado e
capacitação, e não uma substituição de mão de obra regular. É fundamental que as
empresas ofereçam condições adequadas de trabalho, bolsa-auxílio compatível com
as atividades desempenhadas e um ambiente seguro e saudável (MOBE RH, 2023).
O número de estagiários no Brasil tem se mantido estável em relação a 2019,
refletindo as demandas do mercado de trabalho e a relevância do estágio como uma
forma de inserção e formação profissional. Com a retomada econômica e a busca
por profissionais qualificados, espera-se que essa tendência se mantenha nos
próximos anos, oferecendo oportunidades e possibilitando o desenvolvimento dos
jovens em busca de experiência e aprendizado (CIEE, 2023).
Em conclusão, as relações de trabalho e de emprego abrangem diversas
modalidades, desde o trabalho autônomo até o emprego formal, com subordinação e
remuneração. As normas trabalhistas buscam garantir direitos e proteção aos
trabalhadores em todas essas modalidades. Já o estágio, como uma forma de
relação de trabalho, oferece aos jovens a oportunidade de adquirir experiência,
desenvolver habilidades e se preparar para o mercado de trabalho. O crescimento
do número de estagiários no Brasil reflete a importância dessa modalidade de
inserção profissional e a busca por qualificação por parte dos jovens (SILVA FILHO,
2020).

3.1 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO: MODALIDADES DE


VÍNCULOS LABORAIS E NOVAS TENDÊNCIAS

As relações de trabalho englobam diferentes espécies de trabalhadores, que


exercem suas atividades com base em diferentes modalidades de vínculos laborais.
Entre as principais categorias destacam-se o trabalhador autônomo, o trabalhador
eventual, o trabalhador avulso, o trabalhador empregado e o estagiário.
O trabalhador autônomo é caracterizado por exercer suas atividades de forma
independente, sem vínculo empregatício específico. Ele atua de maneira
autossuficiente, assumindo a responsabilidade por sua própria gestão de trabalho e
36

finanças. Essa categoria abrange profissionais de diversas áreas, como prestadores


de serviços, freelancers, empreendedores individuais e consultores, entre outros.
Diferentemente dos trabalhadores assalariados, os autônomos não possuem um
empregador direto e geralmente têm mais flexibilidade em relação aos horários e
locais de trabalho. Eles têm a liberdade de escolher os projetos ou clientes com os
quais desejam colaborar e estabelecem suas próprias estratégias de marketing e
precificação (CAMPOS, 2015).
É importante ressaltar que uma qualificação específica não é uma exigência
formal para ser considerado autônomo. Esse aspecto permite que pessoas de
diversas formações e níveis de experiência encontrem seu espaço nesse mercado.
No entanto, é comum que autônomos busquem aprimorar suas habilidades, realizar
cursos e se manter atualizados em suas áreas de atuação para oferecer serviços de
qualidade e se destacar em um mercado competitivo. Outro aspecto relevante é a
possibilidade de existir um tomador de serviços para quem o autônomo presta
contas. Esse tomador pode ser um cliente individual, uma empresa ou até mesmo
uma plataforma digital que conecta prestadores de serviços a clientes. Nesses
casos, é estabelecido um contrato de prestação de serviços, que define as
condições de trabalho, remuneração e responsabilidades envolvidas na relação
profissional.
Em suma, o trabalho autônomo oferece uma forma de atuação independente
e flexível, permitindo que os profissionais tenham controle sobre sua carreira e estilo
de trabalho. A diversidade de áreas de atuação e a liberdade de escolha de projetos
tornam essa opção atraente para muitas pessoas. No entanto, é necessário uma
gestão eficiente e habilidades empreendedoras para garantir o sucesso nesse
ambiente dinâmico e desafiador (GONZALES, 2009).
Já o trabalhador eventual é aquele que presta serviços de forma esporádica e
ocasional a uma ou mais pessoas. Não há relação de emprego nesse caso, sendo
regulamentado pela Lei nº 8.212/91. É importante diferenciar o trabalhador eventual
do autônomo, pois o eventual presta serviços de forma esporádica, enquanto o
autônomo exerce suas atividades de forma habitual.
O trabalhador avulso, por sua vez, é aquele que presta serviços a diversas
pessoas sem vínculo empregatício, seja em atividades urbanas ou rurais. Ele está
isolado dos demais trabalhadores da mesma categoria, e sua contratação ocorre por
intermédio de um sindicato ou órgão gestor de mão de obra. O trabalhador avulso
37

pode ser substituído por outra pessoa e seu trabalho não requer pessoalidade
(GONZALES, 2009).
O trabalhador empregado é definido como toda pessoa que presta serviços a
um empregador, de forma pessoal, com subordinação, onerosidade, não
eventualidade e mediante salário. Essa relação de emprego é regida pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e confere ao empregado uma série de
direitos, como férias, 13º salário e aviso prévio.
O estagiário é aquele estudante que busca o aprimoramento profissional em
sua área de estudo. O estágio proporciona a oportunidade de aplicar os
conhecimentos teóricos adquiridos na vida acadêmica, preparando o estudante para
ingressar no mercado de trabalho. As condições do estágio são regulamentadas
pela Lei do Estágio (Lei nº 11.788/2008) e devem garantir o aprendizado do
estagiário, sem caracterizar uma relação de emprego (CAMPOS, 2015).
Em resumo, as diferentes espécies de trabalhadores refletem a diversidade
de modalidades de vínculos laborais existentes. Cada categoria possui
características específicas e direitos trabalhistas associados, garantindo a proteção
e os benefícios adequados a cada tipo de trabalhador. Além disso, as relações de
trabalho têm um impacto significativo na economia e na sociedade como um todo,
influenciando a dinâmica do mercado de trabalho e o desenvolvimento econômico.
É importante ressaltar que as formas de trabalho estão em constante
evolução. Nos últimos anos, o avanço tecnológico e as mudanças nas demandas do
mercado têm impulsionado novas modalidades de trabalho, como o trabalho remoto
e o trabalho por conta própria.
O trabalho remoto, também conhecido como teletrabalho, permite que os
profissionais desempenhem suas atividades de forma remota, fora das
dependências físicas da empresa. Com o avanço da tecnologia da informação e
comunicação, muitas tarefas podem ser realizadas de maneira eficiente e produtiva
em qualquer localidade, desde que haja acesso à internet e as ferramentas
adequadas. O trabalho remoto proporciona flexibilidade de horários e redução de
deslocamentos, mas também apresenta desafios, como a necessidade de disciplina
e organização para manter a produtividade (CAMPOS, 2015).
O trabalho por conta própria, por sua vez, refere-se àqueles profissionais que
atuam de forma independente, sem vínculo empregatício com uma empresa. São
empreendedores individuais, autônomos, freelancers ou proprietários de pequenos
38

negócios. Essa modalidade de trabalho oferece autonomia e liberdade para gerir sua
própria carreira, mas também pode envolver a necessidade de buscar clientes,
gerenciar finanças e lidar com os riscos do empreendedorismo (GONZALES, 2009).
É fundamental que as legislações e políticas trabalhistas acompanhem essas
transformações e garantam a proteção e os direitos dos trabalhadores nessas novas
formas de trabalho (CAMPOS, 2015). Questões como a definição de jornada de
trabalho, direitos previdenciários, segurança e saúde ocupacional, entre outros,
precisam ser adaptadas para abranger as especificidades dessas modalidades.
Além das novas formas de trabalho, também é relevante mencionar o impacto
da inteligência artificial (IA) e da automação no mundo do trabalho. Com o avanço
da tecnologia, algumas tarefas e funções que antes eram desempenhadas por seres
humanos estão sendo automatizadas, o que pode afetar a demanda por
determinadas habilidades e empregos. Ao mesmo tempo, surgem novas
oportunidades de trabalho relacionadas ao desenvolvimento, implementação e
manutenção dessas tecnologias.
Em suma, o mundo do trabalho é diversificado e complexo, com diferentes
espécies de trabalhadores exercendo suas atividades de acordo com diferentes
modalidades de vínculos laborais. À medida que a sociedade evolui e as formas de
trabalho se transformam, é essencial que as leis, políticas públicas e práticas
empresariais acompanhem essas mudanças, garantindo condições dignas, direitos e
proteção para todos os trabalhadores, independentemente de sua categoria ou
forma de trabalho.
39

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Centro de Integração


Empresa-Escola (Ciee), o número de contratos de estágio no Brasil apresentou um
crescimento significativo de 18,2% no primeiro trimestre de 2022 em comparação ao
mesmo período do ano anterior (EDUCA MAIS BRASIL, 2022). Os dados revelaram
que o país contava com 726,6 mil estagiários nesse período.
O estudo também apontou que a região Sudeste foi a que apresentou a maior
concentração de estagiários, totalizando 298,5 mil estudantes participando de
programas de estágio. Dentre os estados dessa região, São Paulo foi o que
registrou o maior número de estagiários, com 138,8 mil contratados (Educa mais
Brasil, 2022). Essas informações foram obtidas a partir da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em parceria com a consultoria Tendências.
Um dos principais motivos para o aumento no número de contratos de estágio
em 2022 é o retorno das atividades presenciais. Nos últimos dois anos, em
decorrência das medidas restritivas adotadas para conter a propagação da
COVID-19, houve uma queda significativa na quantidade de contratos de estágios
(EDUCA MAIS BRASIL, 2022). Com a retomada das atividades, as empresas
puderam voltar a oferecer oportunidades de estágio, impulsionando o crescimento
desse tipo de contrato.
Além disso, a pesquisa destacou a recuperação econômica do país em 2022
como um fator que contribuiu para o aumento de contratos de estágio. A economia
brasileira apresentou uma resistência maior em comparação aos anos anteriores, o
que possibilitou a abertura de mais vagas de estágio (EDUCA MAIS BRASIL, 2022).
Vale ressaltar que, para efeitos da pesquisa, foram considerados como estagiários
os trabalhadores que também estavam matriculados em cursos, sem carteira
assinada, com idade acima de 16 anos, contratos de até dois anos e jornada de até
seis horas diárias em ocupações específicas.
Portanto, diante desses dados e análises, é evidente que o crescimento no
número de contratos de estágio em 2022 está associado à retomada das atividades
presenciais e à recuperação econômica do país. Esses fatores proporcionaram um
ambiente mais favorável para a criação de oportunidades de estágio, beneficiando
40

tanto os estudantes quanto às empresas em suas necessidades de desenvolvimento


profissional e crescimento organizacional.
De acordo com a apuração realizada por meio do estudo desenvolvido neste
artigo, constatou-se um aumento preocupante das ações judiciais referentes ao
desvirtuamento do termo de compromisso de estágio no Brasil (JUSBRASIL, 2023).
De acordo com informações obtidas no JusBrasil, jusbrasil> desvirtuamento do
termo de compromisso de estágio> filtro de data>ano> mês: identificamos um total
de 7.817 casos registrados de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio.
Considerando que, quando filtramos o período de 2019 a 2023, o total de casos do
período de 2019 a 2023 é de 39,56% dos 7.817 casos registrados nos jusBrasil,
totalizando, aproximadamente, 3.090, e fazendo o mesmo para cada ano entre 2019
a 2023, temos:

Figura 1 - Porcentagem de casos registrados de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio


entre os anos de 2019 e 2023.

Fonte: Autoria própria

A distribuição correta em números reais para as porcentagens de 39,6% dos


7.817 casos, considerando apenas o período de 2019 a 2023, é a seguinte:
41

Figura 2 - Número de casos registrados de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio


entre os anos de 2019 e 2023.

Fonte: Autoria própria

Ao analisar os dados, observamos uma variação nos casos de


desvirtuamento de termo de compromisso de estágio ao longo do período de 2019 a
2023. Vamos analisar essa variação considerando o contexto da pandemia do
COVID-19, dividindo-o em três períodos: pré-pandemia, durante a pandemia e
pós-pandemia:
Pré-pandemia (2019): No ano de 2019, foram registrados aproximadamente
339 casos de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio. Nesse período,
a sociedade ainda não enfrentava os impactos da pandemia, e as atividades de
estágio eram mais frequentes.
Durante a pandemia (2020-2021): Durante o período de 2020 a 2021,
abrangendo a fase da pandemia, houve uma diminuição no número de casos em
relação ao ano anterior. Em 2020, registrou-se aproximadamente 185 casos,
representando uma redução significativa em comparação ao período pré-pandemia.
Essa redução pode ser atribuída às restrições impostas pelas medidas de
distanciamento social e às mudanças nas dinâmicas de trabalho e estágio. No ano
42

de 2021, houve um aumento nos casos, com aproximadamente 711 registros. Esse
crescimento pode ser influenciado por fatores como a adaptação das empresas às
novas formas de trabalho durante a pandemia, o aumento das denúncias e a maior
atenção dada ao tema.
Pós-pandemia (2022-2023): Nos anos subsequentes, 2022 e 2023,
verificamos um aumento gradual no número de casos de desvirtuamento de termo
de compromisso de estágio. Em 2022, foram registrados aproximadamente 865
casos, enquanto em 2023, esse número aumentou para cerca de 989 casos. Esse
crescimento pode ser atribuído à retomada gradual das atividades de estágio
conforme a recuperação econômica e a normalização das condições de trabalho.
A análise dos casos ao longo desses períodos indica uma oscilação nos
registros de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio, com um declínio
durante a pandemia e um aumento gradual pós-pandemia. É importante destacar
que esses números representam apenas os casos registrados e podem não refletir a
totalidade dos casos ocorridos. A presente análise permite compreender as
tendências e as possíveis influências da pandemia do COVID-19 nos casos de
desvirtuamento de termo de compromisso de estágio, fornecendo insights sobre a
importância de garantir a adequada supervisão e cumprimento dos termos de
estágio em momentos de transformação e desafios no mercado de trabalho.

Tabela 1 - Distribuição dos casos de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio (números


reais)

Ano Número de Casos


2019 339
2020 185
2021 711
2022 865
2023 989
Fonte: JUSBRASIL, 2023.
43

Tabela 2 - Distribuição percentual dos casos de desvirtuamento de termo de compromisso de estágio

Ano Porcentagem
2019 11%
2020 6%
2021 23%
2022 28%
2023 32%
Fonte: JUSBRASIL, 2023.

Essas tabelas permitem visualizar de forma clara a distribuição dos casos ao


longo dos anos analisados, tanto em números absolutos como em
porcentagens.Para embasar essa análise, foi consultada a JusLaboris - Biblioteca
Digital da Justiça do Trabalho, que contribuiu com um artigo de periódico intitulado
"A fraude à Lei do estágio e a flexibilização do direito do trabalho" (JUSLABORIS,
2010). Nesse artigo, foi abordado o posicionamento jurisprudencial relacionado ao
desvirtuamento do estágio como forma de fraude à legislação trabalhista no Brasil.
Além disso, o estudo ofereceu uma explanação concisa sobre a legislação e a
jurisprudência pertinentes ao tema, focalizando a possibilidade de reconhecimento
do vínculo empregatício nas relações de estágio, mesmo em desrespeito aos
requisitos formais e materiais da Lei nº 11.788/2008.
A Lei nº 11.788/2008 foi criada com o intuito de estabelecer uma distinção
clara entre o estágio e a relação de emprego. Seu principal objetivo era ampliar a
oferta de vagas de estágio no mercado de trabalho, proporcionando um melhor
aprimoramento dos estagiários e valorizando sua qualificação para o trabalho
(JusLaboris, 2010). No entanto, na prática, nem sempre essa diferenciação é
efetivamente observada.
O estudo realizado pelo artigo ‘’O posicionamento jurisprudencial acerca do
desvirtuamento do estágio como fraude à legislação trabalhista, no Brasil’’, também
econtrado no JusLaboris, indica que o abuso do direito de contratar estagiários se
tornou uma realidade recorrente. Muitas empresas, ao perceberem os baixos custos
associados à contratação de estagiários, ultrapassam os limites de sua
responsabilidade social e substituem indevidamente a força de trabalho regular e
permanente pelo trabalho dos estagiários (JUSLABORIS, 2021). A jurisprudência
44

apresenta múltiplos casos de abusos desse tipo, nos quais os estagiários


simplesmente substituem os funcionários regulares.
Diante dessa problemática, o legislador da nova Lei do Estágio introduziu
dispositivos com o intuito de coibir tais práticas abusivas (MARTINEZ, 2020, p. 224).
No entanto, mesmo com as medidas implementadas, o desvirtuamento do termo de
compromisso de estágio continua sendo uma realidade presente, demandando uma
atenção constante e uma fiscalização rigorosa para assegurar o cumprimento da
legislação e a proteção dos direitos dos estagiários. É essencial promover a
conscientização e o engajamento de todas as partes envolvidas para garantir a
integridade e a qualidade dos programas de estágio no país.
Baseado no estudo realizado por essa pesquisa, através do intitulado artigo
"O posicionamento jurisprudencial acerca do desvirtuamento do estágio como fraude
à legislação trabalhista, no Brasil", de Cyntia Valéria Oliveira Rocha, e no artigo "O
Contrato de Estágio Como Mecanismo de Fraude à Legislação Trabalhista", de
Eduardo Antônio Kremer Martins, foram identificadas as seguintes conclusões:
1. O desvirtuamento dos termos de estágio pode ser motivado pelo excesso de
direitos trabalhistas regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
(Rocha, 2023). Empresas, visando substituir postos de trabalho e precarizar
os estágios, utilizam essa prática. Isso descaracteriza o estágio como uma
relação educacional, tornando-o uma forma menos onerosa de força de
trabalho (MARTINS, 2023).
2. A falta de informação e o desconhecimento dos direitos trabalhistas,
juntamente com a alta concorrência por vagas de estágio e a esperança de
serem contratados pelas empresas, contribuem para a baixa denúncia por
parte dos estagiários (ROCHA, 2023). Essa falta de informação dificulta a
percepção dos estudantes sobre a inadequação do desvirtuamento do
estágio.
3. O mau uso do estagiário não apenas prejudica os próprios estudantes, mas
também tem consequências negativas para a sociedade como um todo. Além
de ser uma forma de violação das leis trabalhistas, o desvirtuamento do
estágio contribui para o desemprego, a violência e o empobrecimento geral
da população (MARTINS, 2023). Embora existam outros fatores decisivos
para esses problemas, a discussão sobre o tema é de extrema importância.
Em suma, o desvirtuamento do estágio é um fenômeno preocupante,
45

impulsionado pelo excesso de direitos trabalhistas e pela falta de informação dos


estudantes. Essa prática prejudica não apenas os estagiários, mas também tem
impacto negativo na sociedade como um todo. É fundamental que haja uma
conscientização sobre os direitos e deveres no âmbito do estágio, bem como uma
fiscalização efetiva para coibir o desvirtuamento e garantir que essa modalidade de
contrato cumpra seu propósito educacional.
De acordo com dados da pesquisa da ABRES - Associação Brasileira de
Estudos Sociais do Trabalho (ABRES, 2023), as estatísticas reforçam a relevância
do estudo sobre o desvirtuamento do estágio como fraude à legislação trabalhista no
Brasil. Segundo a pesquisa, um número significativo de casos de estágios
irregulares e precários tem sido identificado, evidenciando a urgência de abordar e
combater essa prática prejudicial. As estatísticas fornecidas pela ABRES contribuem
para embasar a discussão sobre os problemas decorrentes do desvirtuamento do
estágio, oferecendo uma visão mais ampla e fundamentada sobre a realidade atual.
Abaixo estão alguns dos dados revelados por essa pesquisa:
1. No ensino médio, de acordo com o Censo da Educação Básica do
Inep/MEC de 2021, existem 7.770.557 matriculados. No ensino médio técnico,
temos 767.435 alunos. Somando os dois níveis (médio + médio técnico), temos
8.537.992 estudantes, com 248.066 realizando os cursos concomitantemente,
conforme podemos observar na Figura 3.
46

Figura 3 - Total de alunos matriculados no ensino médio em 2021

Fonte: Censo da Educação Básica do Inep/MEC, 2021

2. No ensino superior, de acordo com o Censo da Educação Superior do


Inep/MEC de 2020, temos 8.680.354 alunos, com um crescimento de 2,71% em
relação a 2018, conforme demonstrado na figura 4.
47

Figura 4 - Alunos matriculados no ensino superior em 2018 e 2020.

Fonte: Censo da Educação Superior do Inep/MEC, 2020

3. Na Figura 5, podemos observar que, dentre os alunos de ensino


superior, 5.574.551 são de cursos presenciais (diminuição de 12,82% em relação a
2018) e 3.105.803 de educação a distância (aumento de 33,78% no mesmo
período).
48

Figura 5 - Alunos matriculados em cursos presenciais e à distância, em 2018 e 2020

Fonte: Censo da Educação Superior do Inep/MEC, 2020

4. Em 2020, houve 20.100.183 candidatos inscritos para vestibulares em


cursos presenciais e a distância. No entanto, apenas 19.626.411 vagas foram
oferecidas, sendo 73% (14.328.139) novas e 26,69% (5.237.443) remanescentes.
Das novas vagas oferecidas, 23,04% (3.301.306) foram preenchidas, enquanto
apenas 8,29% (434.022) das remanescentes foram ocupadas no mesmo período.
5. Dos candidatos a um curso superior, 5.971.329 buscavam
universidades públicas, enquanto 14.128.854 tinham como foco as particulares. No
entanto, apenas 18,73% (3.765.475) conseguem ingressar em uma faculdade, o que
significa que 16.334.708 não tiveram acesso à educação superior naquele ano.
6. Dos candidatos a universidades públicas, estaduais e municipais,
apenas 8,83% foram aprovados (527.006). Nas instituições privadas, a porcentagem
sobe para 22,92% dos cerca de 14,1 milhões.
7. No ensino profissionalizante, há 1.892.458 matriculados em todo o
país, um aumento de 21,82% em relação a 2021. No EJA (Educação de Jovens e
Adultos), há atualmente 40.444 pessoas matriculadas. No total, há quase 8,6
milhões de alunos no ensino médio e médio técnico aptos a estagiar, mas apenas
49

214 mil conseguem uma vaga, representando 2,5% dos estudantes brasileiros,
conforme podemos observar na Figura 6.

Figura 6 - Alunos matriculados no Ensino Médio e alunos contratados como estagiários

Fonte: Censo da Educação Superior do Inep/MEC, 2020

8. De 2002 a 2020, o número de alunos na educação superior passou de


3,5 para 8,68 milhões. O total de concluintes no último ano foi de 1.278
(JUSBRASIL, 2022)
Através dessa fonte, é possível encontrar artigos, análises e casos jurídicos
relacionados ao desvirtuamento do estágio como fraude à legislação trabalhista. O
acesso a essas informações contribui para um entendimento mais amplo do
assunto, fornecendo embasamento jurídico e jurisprudencial para a discussão sobre
o desvirtuamento do estágio.
1. Ausência de convênio autorizado: De acordo com relatórios recentes,
constatou-se que algumas empresas estão contratando estagiários sem um
convênio válido, o que viola as regulamentações estabelecidas para a contratação
de estagiários. Essa prática prejudica a relação adequada entre a instituição de
ensino, a empresa e o estagiário, resultando em um desvirtuamento do termo de
50

compromisso de estágio.
2. Falta de contratação de seguro contra acidentes pessoais: Dados
indicam que certas empresas não estão cumprindo a obrigação legal de contratar
um seguro para cobrir acidentes pessoais dos estagiários. Essa negligência
representa um risco significativo para a segurança e o bem-estar dos estagiários,
além de ser uma violação dos direitos trabalhistas.
3. Ausência de determinação do período de trabalho: Constatou-se que
algumas empresas estão contratando estagiários sem especificar claramente o
período de duração do estágio. Essa falta de clareza cria incertezas para os
estagiários, tornando difícil para eles planejar sua vida acadêmica e pessoal
adequadamente.
4. Falta de participação da instituição de ensino no contrato: Segundo
informações disponíveis, em certos casos, empresas estão ignorando a presença da
instituição de ensino no contrato de estágio. Essa ausência compromete a
supervisão adequada do estágio e viola as diretrizes estabelecidas para garantir
uma experiência de aprendizado adequada.
5. Falta de sistema de supervisão: Dados recentes revelam que algumas
empresas não possuem um sistema adequado de supervisão para os estagiários.
Isso significa que os estagiários não recebem a orientação necessária para seu
desenvolvimento profissional, prejudicando a natureza educacional do estágio e
tornando-o nulo em termos de benefícios de aprendizado.
51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo analisar os motivos que levam as empresas a


desvirtuar os termos de estágio, verificando o número de ofertas de estágio em
âmbito nacional, a atuação das empresas na contratação de estagiários, com ênfase
na questão contratual e as ações na justiça relacionadas aos termos de estágio em
âmbito nacional.
Os resultados apontaram que o desvirtuamento dos termos de estágio pode
ser motivado pelo excesso de direitos trabalhistas regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). As empresas, buscando substituir postos de trabalho e
precarizar os estágios, utilizam essa prática. Além disso, a falta de informação e o
desconhecimento dos direitos, juntamente com a grande concorrência por vagas de
estágio e a esperança de serem contratados pela empresa, contribuem para a baixa
denúncia por parte dos estagiários.
Diante desse contexto, é fundamental aprofundar a análise das implicações
desse desvirtuamento dos termos de estágio. A pesquisa não se limitou a verificar a
existência de má alocação da mão de obra do estagiário, mas também buscou
compreender os fatores que levam as empresas a adotarem essa prática.
Destaca-se a importância do estágio como um momento crucial na formação
profissional dos estudantes, proporcionando a aplicação dos conhecimentos
adquiridos em sala de aula e o desenvolvimento de habilidades práticas. No entanto,
quando os termos de estágio são desvirtuados, o objetivo educacional do estágio é
comprometido, prejudicando o aprendizado e a experiência do estagiário.
A partir desta pesquisa, foi possível analisar a relação entre o desvirtuamento
dos termos de estágio e a precarização do trabalho, levando em consideração os
direitos trabalhistas previstos na CLT. Além disso, foram investigadas as causas
subjacentes a essa prática, identificando a pressão por resultados econômicos e a
falta de conscientização sobre os direitos dos estagiários como fatores que
contribuem para essa realidade. Compreender melhor os motivos que levam as
empresas a desvirtuar os termos de estágio possibilitará propor soluções e medidas
para prevenir essa prática prejudicial aos estagiários. Entre essas medidas,
destacam-se ações de conscientização, educação e fiscalização por parte dos
órgãos responsáveis, a fim de garantir que os estágios sejam realizados de acordo
52

com os princípios educacionais e legais estabelecidos.


Por fim, esta pesquisa visa contribuir para a melhoria das condições de
estágio no país, promovendo um ambiente mais justo e adequado para o
desenvolvimento profissional dos estudantes, bem como para a valorização e
respeito aos direitos trabalhistas. Espera-se que os resultados obtidos possam servir
como base para futuras discussões e ações que visem aprimorar o sistema de
estágios e assegurar um ambiente equilibrado para todos os envolvidos.
53

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