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orientação profissional
Introdução
“Dizem que o talento cria suas próprias oportunidades. Mas, às vezes, parece que o desejo
intenso cria não apenas suas próprias oportunidades, mas seus próprios talentos.”
(Eric Hoffer)
Eric Hoffer diz que “Num tempo de mudanças drásticas, são os que aprendem que irão possuir
o futuro. Os cultos geralmente encontram-se equipados para viver num mundo que já não
existe. “Esta citação remete-nos para a reflexão numa época de descompressão pós
pandemia e das consequentes mudanças nos paradigmas, nomeadamente a alteração das
necessidades do mercado de trabalho. Estamos assim, perante uma nova realidade, um
devir constante proveniente de uma época de sobressalto face às questões económicas e
sociais. Na verdade, impõe-se alterações aos modelos vigentes, nomeadamente:
necessidade de maior flexibilidade nos contratos de trabalho, no teletrabalho versus
trabalho presencial ou híbrido, enquadrados por nova legislação, proveniente do
impacto da pandemia nos mercados, na regulamentação e na transição digital.
Apesar, dos desafios e incertezas, estamos na presença de uma nova forma de ver e
viver o mundo laboral pautada pelos grandes desafios da orientação através do nível do
emprego, do aumento dos níveis de educação e formação e da equidade social. Para o
efeito o Instituto do Emprego e Formação Profissional foi um suporte para as empresas
e famílias através das medidas de apoio no âmbito da Covid-19 : Apoio Simplificado
para Microempresas à Manutenção dos Postos de Trabalho; MAREESS - Apoio ao
Reforço de Emergência de Equipamentos Sociais e de Saúde; Apoio extraordinário à
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retoma progressiva de atividade em empresas em situação de crise empresarial, com
redução temporária do período normal de trabalho (PNT) | Formação Profissional.;
Apoio extraordinário à manutenção de contratos de trabalho em situação de crise
empresarial - Formação profissional; Plano Extraordinário de Formação; regime
extraordinário de majoração das bolsas mensais dos Contrato Emprego-Inserção (CEI) e
Contrato Emprego-Inserção+ (CEI+).
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independentes fica, muitas vezes, aquém da proteção fornecida aos
trabalhadores uma vez que os critérios de elegibilidade introduzidos incluem
restrições sectoriais, limitações a certos grupos de trabalhadores independentes
e requisitos para atender aos limites de redução de rendimentos”. (Eurofound,
2021)
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desenvolvimento de soluções de governo eletrónico; banalização da entrega ao
domicílio de vários produtos e comércio eletrónico.
A transformação digital ao nível da orientação nos serviços de emprego é algo que por
vezes de torna difícil, muitas vezes pela resistência à mudança, outras vezes por falta de
meios e conhecimentos adequados. Tantos os candidatos, como o setor empresarial, têm
ritmos de transformação digital diferentes, pelo que o serviço, tem que se adaptar as
necessidades de cada um, pois este publico é o nosso foco.
Contudo, no que diz, respeito à orientação é notório, que a escassez de candidatos para
determinados setores da economia surga como um dos maiores desafios da atualidade
do mercado de trabalho. Os motivos estão intimamente relacionados com vários fatores,
nomeadamente a desvalorização de percursos formativos de caracter profissional e um
claro desfasamento entre os percursos formativos e as carências do mercado de trabalho.
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Durante muito tempo no que diz respeito à orientação dos candidatos a emprego
centramo-nos muito no individuo, no que ele deseja fazer e quais as suas possibilidades
de inserção no mercado de trabalho, através de um processo de escolha e de
autoconhecimento. Neste campo, a orientação tem um papel fundamental no auxílio do
individuo, na busca de uma profissão e recolocação/reconversão no mercado de
trabalho. O Manual do Modelo de Intervenção para o Ajustamento (MIA) orienta para a
promoção da integração dos desempregados de forma eficaz e eficiente nas ofertas de
emprego e consequentemente no aumento da captação de ofertas, para o efeito torna-se
imperativo a rapidez no ajustamento.
Segundo (Ribeiro & Uvaldo, 2007) Parsons, considerado por muitos o pai da
orientação Vocacional, considerava, que o desempenho de uma ocupação em harmonia
com as aptidões, habilidades e interesses, tornaria o trabalho mais agradável, com uma
maior produtividade e eficiência, resultando em uma boa remuneração.
Ainda segundo (Ribeiro & Uvaldo, 2007), citando Parsons a orientação profissional
exige uma clara compreensão de si mesmo, de suas aptidões, capacidades, interesses,
ambições, recursos, limites e de suas causas; um conhecimento dos requisitos e condições de
sucesso, vantagens e desvantagens, remuneração, oportunidades e das perspetivas nos
diferentes tipos de trabalho; uma resultante verdadeira das relações entre esses dois grupos de
fatores (Parsons, 2005).
Tendo por base, as profissões requeridas, nas ofertas de emprego do centro de emprego
de Penafiel é imperativo reorientar os candidatos para a aposta em novas profissões e
consequentemente desmistificar conceitos e significados de velhas profissões, agora
emergentes. Para o efeito, direcioná-los para aquisição de competências essenciais
como: capacidade para a resolução de problemas; criatividade; flexibilidade;
inteligência emocional por forma a integrá-los no mercado.
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o fato de cada indivíduo procurar o seu desenvolvimento e crescimento econômico
pessoal"(..) “ O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os
objetivos certos”. Assim, a formação profissional, em contexto de trabalho, assume um
papel preponderante, concretizando-se, desta forma, o envolvimento das empresas e a
consequente responsabilização da formação de profissionais qualificados e respetiva
contratação por parte destas empresas.
Este trabalho tem como objetivo a criação de estratégias que permitam ajustar o
candidato às necessidades do mercado laboral, para o feito iremos apresentar alguns
dados estatísticos servirão de base para uma reflexão sobre esta problemática.
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Em junho de 2022, o Centro de Emprego de Penafiel tinha 10482 candidatos inscritos,
dos quais, 4102 já se encontravam inscritos há mais de 12 meses e 6380 há 12 meses ou
menos.
Após a analise de dados extraídos do BO, podemos concluir que, o desemprego atinge
com maior significância as mulheres (69%), a faixa etária dos 35-54 anos e os
candidatos com o 9º ano de escolaridade ou menos.
16%
33%
13% 25 - 34 Anos
< 25 Anos 31% Homens
38%
35 - 54 Anos Mulheres
55 Anos e +
69%
Gráfico
1- Faixa Sexo Gráfico 2- Faixa etária
CENTRO DE EMPREGO 4 ANOS 6 ANO S 9 ANOS 11 ANO S
NÃO LÊ E 12 ANO S DE B ACH.
DE DE DE DE LICENCIAT MES TRA DO UTO R
S AB E ES CRE ES CO LARIDA CURS O TO TAL
ES CO LA ES CO LAR ES CO LARI ES CO LARI URA DO AMENTO
LÊR VE DE MÉDIO
RIDADE IDADE DADE DADE
108- Penafiel 120 279 2262 1677 2293 60 2637 24 805 289 3 10482
TOTAL 120 279 2262 1677 2293 60 2637 24 805 289 3 10482
Tabela nº3 – distribuição dos postos de trabalho pelos grandes grupos (centro de emprego de Penafiel) - fonte BO
Cpp Colocação/Oferta/utentes Candidatos Diferença
REPRESENTANTES DO PODER LEGISLATIVO E DE ÓRGÃOS EXECUTIVOS, DIRIGENTES, DIRECTORES
Grande grupo 1 E GESTORES EXECUTIVO 104 0,99%
Grande grupo 2 ESPECIALISTAS DAS ACTIVIDADES INTELECTUAIS E CIENTÍFICAS 943 9,00%
Grande grupo 3 TÉCNICOS E PROFISSÕES DE NÍVEL INTERMÉDIO 715 6,82%
Grande grupo 4 PESSOAL ADMINISTRATIVO 926 8,84%
Grande grupo 5 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PESSOAIS, DE PROTECÇÃO E SEGURANÇA E VENDEDORES 2124 20,27%
Grande grupo 6 AGRICULTORES E TRABALHADORES QUALIFICADOS DA AGRICULTURA, DA PESCA E DA FLORESTA 304 2,90%
61,90%
Grande grupo 7 TRABALHADORES QUALIFICADOS DA INDÚSTRIA, CONSTRUÇÃO E ARTÍFICES 1483 14,15%
Grande grupo 8 OPERADORES DE INSTALAÇÕES E MÁQUINAS E TRABALHADORES DA MONTAGEM 1001 9,55%
Grande grupo 9 TRABALHADORES NÃO QUALIFICADOS 2881 27,49%
Tabela nº4 – distribuição dos candidatos pelos grandes grupos CPP (centro de emprego de Penafiel) - fonte BO
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Na tabela nº 3 podemos observar que a maioria das ofertas que dão entrada neste serviço
pertencem maioritariamente aos grupos:
5 - (5.1-trabalhadores dos serviços pessoais;5.2-vendedores;5.3-trabalhadores
dos cuidados pessoais e similares; 5.4-pessoal dos serviços de proteção e
segurança);
7 - (7.1-trabalhadores qualificados da construção e similares, exceto eletricista;
7.2-trabalhadores qualificados da metalurgia, metalomecânica e similares; 7.3-
trabalhadores qualificados da impressão, do fabrico de instrumentos de
precisão, joalheiros, artesãos e similares; 7.4-trabalhadores qualificados em
eletricidade e em eletrónica; 7.5-trabalhadores da transformação de alimentos,
da madeira, do vestuário e outras indústrias e artesanato).
8 – (8.1-operadores de instalações fixas e máquinas; 8.2-trabalhadores da
montagem; 8.3-condutores de veículos e operadores de equipamentos móveis).
9 - 9.1-trabalhadores de limpeza; 9.2-trabalhadores não qualificados da
agricultura, produção animal, pesca e floresta; 9.3-trabalhadores não
qualificados da indústria extrativa, construção, indústria transformadora e
transportes; 9.4-assistentes na preparação de refeições; 9.5-vendedores
ambulantes (exceto de alimentos) e prestadores de serviços na rua; 9.6-
trabalhadores dos resíduos e de outros serviços elementares).
E na tabela nº 4 podemos observar que 61,90% estão inscritos na classificação
portuguesa de profissões (CPP) dos grupos:
5 - (5.1-trabalhadores dos serviços pessoais;5.2-vendedores;5.3-trabalhadores
dos cuidados pessoais e similares; 5.4-pessoal dos serviços de proteção e
segurança);
7 - (7.1-trabalhadores qualificados da construção e similares, exceto eletricista;
7.2-trabalhadores qualificados da metalurgia, metalomecânica e similares; 7.3-
trabalhadores qualificados da impressão, do fabrico de instrumentos de
precisão, joalheiros, artesãos e similares; 7.4-trabalhadores qualificados em
eletricidade e em eletrónica; 7.5-trabalhadores da transformação de alimentos,
da madeira, do vestuário e outras indústrias e artesanato)
9 - 9.1-trabalhadores de limpeza; 9.2-trabalhadores não qualificados da
agricultura, produção animal, pesca e floresta; 9.3-trabalhadores não
qualificados da indústria extrativa, construção, indústria transformadora e
transportes; 9.4-assistentes na preparação de refeições; 9.5-vendedores
ambulantes (exceto de alimentos) e prestadores de serviços na rua; 9.6-
trabalhadores dos resíduos e de outros serviços elementares).
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DCpp Colocação/Oferta/utentes PT Candidatos Diferença
REPRESENTANTES DO PODER LEGISLATIVO E DE ÓRGÃOS EXECUTIVOS, DIRIGENTES, DIRECTORES
Grande grupo 1 E GESTORES EXECUTIVO 31 104 -73
Grande grupo 2 ESPECIALISTAS DAS ACTIVIDADES INTELECTUAIS E CIENTÍFICAS 201 943 -89
Grande grupo 3 TÉCNICOS E PROFISSÕES DE NÍVEL INTERMÉDIO 252 715 -463
Grande grupo 4 PESSOAL ADMINISTRATIVO 343 926 -583
Grande grupo 5 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS PESSOAIS, DE PROTECÇÃO E SEGURANÇA E VENDEDORES 589 2124 -1535
Grande grupo 6 AGRICULTORES E TRABALHADORES QUALIFICADOS DA AGRICULTURA, DA PESCA E DA FLORESTA 35 304 -269
Grande grupo 7 TRABALHADORES QUALIFICADOS DA INDÚSTRIA, CONSTRUÇÃO E ARTÍFICES 1109 1483 -374
Grande grupo 8 OPERADORES DE INSTALAÇÕES E MÁQUINAS E TRABALHADORES DA MONTAGEM 898 1001 -103
Grande grupo 9 TRABALHADORES NÃO QUALIFICADOS 804 2881 -2077
Tabela nº5 – distribuição dos Postos de trabalho e candidatos pelos grandes grupos CPP (centro de
emprego de Penafiel) - fonte BO
Através da análise da tabela nº 5 verificamos que este serviço detém mais candidatos
inscritos na classificação portuguesa de profissões (cpp) requeridas nas, do que o
número de postos de trabalho requeridos, no entanto a taxa de satisfação da oferta, nem
sempre é a desejável. Perante esta evidência impõe-se a reflexão, sobre o porquê de isto
acontecer. O estudo empírico indica-nos que muitos dos candidatos inscritos apresentam
muitas indisponibilidades para emprego após a inscrição, o que dificulta a sua inserção
no mercado de trabalho. Má experiência profissional, em empresas anteriores, também
contribui em grande escala para este problema. Outro fator que contribui para o
agravamento desta situação, prende-se com as economias paralelas que muitas vezes
subsistem nesses setores, onde os contratos de trabalho e o vencimento muitas vezes não
compatíveis com as funções. Tal como, nos refere, Adam Smith “Nenhuma nação pode
florescer e ser feliz enquanto grande parte de seus membros for formada de pobres e
miseráveis.”
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Bibliografia
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, A. C. (27 de abril de 2022).
COMISSÃO EUROPEIA- COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO
CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES.
Obtido de https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HTML/?
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Mamede, R. P., Pereira, M., & Simões, A. (junho de 2020). Organização Internacional do
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Ribeiro, M. A., & Uvaldo, M. d. (jun de 2007). Frank Parsons: trajetória do pioneiro da
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Profissional.
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