Você está na página 1de 9

O Regime Teletrabalho

Impacto no trabalho

Aluno: Daniel Nave Ribeiro, 120094;

Curso: Matemática Aplicada à Transformação Digital;

Ano: 2022/2023.
Índice

Introdução ...............................................................................................................................................3
Teletrabalho .............................................................................................................................................4
1. As Vantagens do Regime de Teletrabalho .......................................................................................4
2. Desvantagens do Regime de Teletrabalho ......................................................................................5
III. Conclusão ............................................................................................................................................7
Referências Bibliográficas ........................................................................................................................8
Resumo: O regime de teletrabalho é um modelo de trabalho vigente dos tempos atuais; a sua
contemporaneidade deve-se principalmente à epidemia Covid-19, que obrigou a um
confinamento a nível mundial e “forcou” o mundo a encontrar novos métodos de trabalho. O
teletrabalho representa uma forma diferente de trabalhar quando comparada com o modelo
tradicional pré-pandemia; tem muitas vantagens a nível laboral e uma maior flexibilidade
horária, no entanto aparenta ter desvantagens significativas a nível social, reduzindo a interação
entre as pessoas e consequentemente uma diminuição da qualidade do trabalho em equipa. O
estudo realizado foi baseado em vários artigos científicos de diversas organizações e
universidades certificadas. A análise das vantagens e das desvantagens do regime em causa
mostra que ainda existe muito trabalho possível a fazer para o melhoramento do conhecimento
acerca do tema

Palavras-chave: impacto; qualidade; redução; tempo; teletrabalho.

I.Introdução

O tema “teletrabalho” surge com maior impacto e significado com o aparecimento de


um novo “coronavírus” designado então por covid-19. O conhecimento reduzido, no início
daquilo que seria uma epidemia mundial, levou à necessidade de “fechar o mundo”, isto é,
praticamente todo o comércio e economia mundial teve de fechar portas; apenas os serviços
essenciais à população se mantiveram abertos.

Com o sucedido, a população teve a necessidade de ficar em confinamento, as pessoas


apenas podiam sair das suas habitações para um passeio higiénico e assim foi durante largos
meses. O impacto na economia previa-se devastador com este cenário, no entanto, a
dinamização do teletrabalho veio conter alguns dos resultados dessa consequência na economia
mundial.

O teletrabalho não era muito usual em tempos pré-pandémicos; apenas cerca de 5% da


população empregada em Portugal (Eurofound, 2019) podia usufruir do teletrabalho. No
entanto a pandemia despoletou e foi a grande causadora para o teletrabalho se ter tornado no
modelo de trabalho mais comum durante a Covid-19, o que é deveras impressionante, e essa
necessidade foi um requisito para a sobrevivência financeira de milhares de empresas.
O regime em causa, para além da contribuição que teve durante o confinamento para as
empresas, apresenta várias vantagens na atividade laboral relativamente à vertente do
trabalhador, como é comprovado por diversos estudos1. Flexibilidade de horário, menor
necessidade de deslocação, são exemplos de vantagens para os trabalhadores, permitindo assim
ganhar tempo e poupar dinheiro. Para além destes fatores, existe normalmente uma melhor
qualidade de vida nos trabalhadores, derivada de uma diminuição de stress e uma maior
disponibilidade para a família.

As vantagens na vertente laboral são bastante notórias, no entanto, a nível social e


pessoal podem existir diversos problemas resultantes do teletrabalho. A saúde mental é uma
das principais desvantagens; normalmente depende de pessoa para pessoa e de como estas
reagem às adversidades impostas por este problema, mas na generalidade existe uma conotação
negativa associada a este tema.

II.Teletrabalho

O teletrabalho, também designado telework ou telecommuting teve origem na década


de 70, nos Estados Unidos da América. A criação deste regime esteve na consequência de uma
crise petrolífera e de uma recessão económica mundial, onde era necessário a flexibilidade nas
empresas e, simultaneamente, reduzir os custos desnecessários, para estas se tornarem mais
competitivas no mercado económico. O regime em prática, apenas surge em Portugal no final
do século XX.

1. As Vantagens do Regime de Teletrabalho

O tema em causa tem sido alvo de inúmeros estudos, nomeadamente, nos últimos três
anos, com a implementação de um confinamento obrigatório devido à pandemia Covid-19. A
principal razão que levou a estes estudos prende-se com a necessidade de prever o
comportamento humano e a sua adaptação a uma nova realidade. Os estudos realizados
permitiram concluir que este novo regime trouxe, em geral, diversas vantagens para os
trabalhadores; a diminuição do stress levou a um grande aumento da qualidade de vida dos
trabalhadores. Uma das principais razões causadoras de stress está associada às deslocações ao
local de trabalho, que na maioria das vezes, estão associadas a tempos de espera elevados no
transito ou nos transportes públicos devido a atrasos e possíveis greves.

O teletrabalho pode considerar-se uma forma menos dispendiosa de trabalho, isto é, as


várias despesas associadas à deslocação ao trabalho e alimentação deixaram de existir ou
diminuíram (Ana Guerra, 2013). Os trabalhadores tornam-se assim economicamente mais
estáveis e consequentemente existe um melhoramento da disponibilidade financeira, oque por
sua vez aumenta a qualidade de vida. Para além disso, com uma maior flexibilidade de horário,
o aumento de tempo na presença em família aumenta, o que é um fator com um grande impacto
na qualidade de vida de um ser humano (Ana Guerra, 2013). A implementação deste regime
criou a necessidade dos funcionários das empresas se tornarem mais autónomos, o que acaba
por ser uma vantagem. As empresas deixaram de ter um controlo direto e imediato sobre os
funcionários e naturalmente os trabalhadores desenvolveram capacidades de autonomia,
responsabilidade, criatividade e entre muitos outros, o que pode levar a uma motivação extra
por parte do subordinado (Ana Guerra, 2013).

Por último, os trabalhadores veem a suas oportunidades no mercado de trabalho


aumentarem com este regime em prática, visto que a acessibilidade ao trabalho torna-se maior.
Para além disso o teletrabalho tende a criar empregos e novas funções dentro dos trabalhos já
existentes provocando assim uma maior oferta no mercado de trabalho.

A vantagem desta nova forma de trabalhar não se direciona apenas e só aos


trabalhadores, mas sim também às empresas que veem a sua produtividade aumentar, visto que
a qualidade de trabalho dos operários aumentou. É um pensamento lógico bem simples: se a
qualidade de vida e de trabalho dos funcionários aumenta, a sua produtividade tem tendência a
aumentar de forma proporcional, o que só traz vantagens para as empresas.

2. As Desvantagens do Regime de Teletrabalho


Apesar das evidentes vantagens que o desenvolvimento deste regime tem trazido à
sociedade, existem bastantes condicionantes. Os impactos humanos e sociais que esta forma
de trabalho tem não podem passar despercebidos, visto que com um regime de trabalho a partir
de casa a socialização que os trabalhadores tinham entre si no local de trabalho acabou por
desaparecer (Ana Guerra, 2013). Estas interações são importantes, não só porque mais
facilmente se resolvem problemas em equipa presencialmente, mas também porque as
interações sociais são essenciais para a moldagem do ser humano.

De facto, as interações sociais têm uma relevância forte no ponto de vista dos
trabalhadores, para além de serem importantes para melhorar a confiança das pessoas, estas
também contribuem consideravelmente para uma comunicação mais clara e eficiente entre as
pessoas, o que permite uma resolução de problemas mais simples e eficaz, e ainda uma maior
capacidade de falar para um publico (Ana Guerra, 2013). O problema em causa pode provocar
uma diminuição grave das oportunidades de carreira, que consequentemente leva a uma
dificuldade acrescida de progressão na carreira profissional, isto é, estando a trabalhar
remotamente retira a possibilidade de certos contactos com outros meios tanto de empresas
como de conhecimentos e com essa agravante as dificuldades aumentam nesse sentido (OIT,
2021).

A diminuição de oportunidades não passa apenas pela progressão da carreira, a


formação também é outro fator que diminui com este regime, isto é, grande parte da
aprendizagem é alcançada através do contacto direto com situações reais e desafiantes e é algo
que o teletrabalho não consegue corresponder, assim sendo existe uma diminuição das
oportunidades de formação. O trabalho em equipa perde impacto com esta situação, o que traz
desvantagens a nível do rendimento, pois não há possibilidade de uma boa troca de impressões
entre trabalhadores o que por vezes é muito importante para o desenvolvimento de um bom
trabalho.

As regras do Direito de Trabalho muitas vezes podem estar em causa com o


teletrabalho; o risco de tratamento desigual entre os trabalhadores aumenta, tal como a
exploração da carga horária. Ou seja, apesar de haver uma maior flexibilidade horária, esta
pode potenciar a prestação de trabalho para além dos períodos normais de trabalho e assim o
trabalhador perde o controlo sobre as suas horas de trabalho.
III. Conclusão

O tema de estudo em causa foca-se numa prática de trabalho diferente daquela que era
a prática comum, o teletrabalho. Devido à epidemia Covid-19 o teletrabalho teve um aumento
de cerca de 23% (INE, 2020) em Portugal. O regime apresentado tem diversas vantagens quer
para o trabalhador quer para o empregador pois adota uma forma de trabalho mais dinâmica
que permite, por exemplo, uma maior flexibilidade horária, oferecendo assim, uma maior
disponibilidade para a família permitindo, por isso, um maior bem-estar e uma diminuição
significativa do stress.

Podemos ainda verificar que o teletrabalho permite ao trabalhador evitar deslocações


diárias ao trabalho, o que resulta numa diminuição de gastos relacionados com as deslocações,
eliminando também grande parte do stress causado pelas enormes filas de transito que, por
muitas vezes, o trabalhador está sujeito nas suas deslocações para o local de trabalho. Para os
empregadores existe também um lado positivo nesta forma diferente de trabalho. O aumento
da produtividade é significativo devido a uma maior motivação dos trabalhadores em
consequência da melhor qualidade de vida que passaram a ter.

O teletrabalho, ainda assim, apresenta algumas desvantagens, não podemos excluir o


fator social que este método impõe. O facto de o trabalho ser feito a partir de casa diminui as
relações entre trabalhador-empregador e entre colegas de trabalho, havendo assim, como
consequência, uma diminuição da comunicação entre as pessoas e, consequentemente, a
entreajuda na resolução de conflitos fica em causa. Para além disso a proteção do trabalhador
também ela está em causa, isto é, com o teletrabalho passa a ser possível uma maior exploração
do trabalhador e em consequência disso verifica-se um aumento da pressão sobre ele exercida,
podendo causar problemas de saúde ao trabalhador.

Como conclusão, o teletrabalho tem um impacto significativo quer ao nível do trabalho


quer ao nível pessoal, verificando-se muitas vantagens, mas de igual forma algumas
desvantagens, sendo um tema que, nos próximos anos, deve estar sujeito a mais análises como
entrevistas a teletrabalhadores para um estudo mais aprofundado e assim poder tirar melhores
conclusões.
Referências Bibliográficas

Almeida, Maria Eunice Lopes de (2019). “O TELETRABALHO E O DIREITO A


TELETRABALHAR”, UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA, 16-30,
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/28668/1/MariaAlmeida_Dissertacao.pdf

Dray, Guilherme Machado – “A globalização e as novas tendências do mercado de trabalho:


Teletrabalho e deslocalização do trabalho, o caso português” in Análise Contemporânea do
Direito em face da Globalização e da Crise Económica: Congresso Internacional de Direito
(Brasil – Europa), Almedina, 2010, página 81 a 92.

Dray, Guilherme Machado. “Teletrabalho, Sociedade da Informação e Direito” in Estudos do


Instituto de Direito do Trabalho, Volume III, Coimbra, Almedina, 2002, página 261 a 286.

Almeida, Maria Eunice Lopes de (2019). “O TELETRABALHO E O DIREITO A


TELETRABALHAR”, UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA, 16-30,
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/28668/1/MariaAlmeida_Dissertacao.pdf

Guerra, Ana Sofia Zêzere da Conceição (2013). “As Implicações nas Relações Laborais”. O
Regime Especial do teletrabalho, 18-19,
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/13903/3/O_Regime_Especial_do_Teletrabalho_
Implicacoes_nas_Relacoes_Laborais.pdf
Shellenbarger, Sue (2016), “This Beach Cabana Has Lousy Wi-Fi. Telecommuters Push Ocean
Clubs to Upgrade Tech”, in The Wall Street Journal, , https://www.wsj.com/articles/this-
beach-cabana-has-lousy-wi-fi-1469747414

Welz, Christian / WOLF, Felix - “Telework in the European Union”, 2010 in European
Foundation for the Improvement of living and Working Conditions. Consultado em
https://www.eurofound.europa.eu/publications/report/2010/telework-in-the-european-union a
25 de maio de 2012.

Você também pode gostar