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SEMANA 4 de 4

FUNDAMENTOS
DE ECONOMIA
TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

PROFA. MÁRCIA APARECIDA DE PAIVA SILVA


marcia.silva@ifsuldeminas.edu.br

PROEAD - 2022
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Semana 4
Agregados Macroeconômicos: Desemprego e Noções sobre
Mercado de Capitais

Objetivos da Semana

10. Entender e aplicar o conceito de desemprego: O discente deverá compreender a


definição da taxa de desemprego divulgada pelas notícias, identificar os tipos de
emprego e a taxa natural de desemprego, além de entender como esses conceitos
podem ser interpretados diante da realidade econômica.

11. Compreender noções sobre mercado de capitais: O discente deverá aprender sobre o
funcionamento do sistema financeiro nacional, com destaque para as principais
instituições e operações desse mercado.

Material Didático
Olá, pessoal!! Chegamos ao último conteúdo dessa disciplina, onde estudaremos o
desemprego, outro importante indicador macroeconômico, que tem classificação, causas e
consequências específicas. Por fim, iremos introduzir as noções do funcionamento do mercado
de capitais, de forma a compreender práticas relacionadas à operacionalização desse mercado.
Vamos nessa!?

4. ENTENDIMENTO INICIAL

O presente material aborda informações básicas sobre desemprego e mercado de


capitais, que são temas constantemente abordados em notícias divulgadas e comentadas

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diariamente. Em linhas gerais, o desemprego é visto como algo muito negativo; contudo,
alterações tecnológicas e produtivas fazem com que haja uma taxa de desemprego,
considerada natural, que sempre deverá existir. O mercado de capitais, por sua vez, aborda o
funcionamento do mercado financeiro, que chama a atenção pela possibilidade de
capitalização das empresas e sua consequente geração de empregos. Os temas são
interdependentes e é importante enfatizar que o comportamento das taxas de desemprego e do
mercado financeiro sinalizam,também, o desempenho da economia em um determinado
período.

4.1 DESEMPREGO

O desemprego pode ser entendido como a parcela da população disponível e apta a


trabalhar que não consegue emprego (ALBERGONI, 2018). De forma simplificada, o
desemprego se refere às pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão
trabalhando, mas estão disponíveis e estão procurando trabalho.

Assim, o desempregado, que tem seu número acompanhado e divulgado pelas fontes
oficiais de estatística (como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE)) compõe o
denominado desemprego involuntário, referente às pessoas que querem trabalhar, estão aptas,
mas não encontram ocupação. É importante diferenciá-lo do grupo que compõe o desemprego
voluntário, referente às pessoas que não querem ou não têm disponibilidade para trabalhar, e
não entram nas estatísticas de desemprego, como estudantes e donas de casa.

Para melhor compreender o conceito e o cálculo da taxa de desemprego, divulgada pelo


IBGE, é importante definirmos: mercado de trabalho, força de trabalho e População
Economicamente Ativa (PEA) (ALBERGONI, 2018; IBGE, 2021).

- Mercado de trabalho: onde ocorre a negociação da mão de obra e são determinados os


salários, por meio da interação entre a oferta e a demanda de mão de obra. Os
trabalhadores respondem pela oferta de mão de obra, pois disponibilizam a sua força de
trabalho para as empresas; e as empresas, por suas vez, respondem pela demanda de
mão de obra. Se a oferta de mão de obra for maior que a demanda, espera-se uma
redução dos salários, porque há muitos trabalhadores disponíveis; por outro lado, se a
oferta for menor que a demanda por trabalho, os salários tendem a aumentar porque há
escassez de mão de obra.

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- Força de trabalho: refere-se à população que está disponível e apta para trabalhar, ou
seja, pessoas que querem trabalhar e têm condições físicas, mentais e intelectuais para
isso. Não fazem parte desse grupo, as donas de casa e os estudantes que não querem
trabalhar e, portanto, não estão disponíveis.
- População Economicamente Ativa (PEA): refere-se à população acima de 14 anos,
ocupada e desocupada. Nesse grupo, a população ocupada está empregada e a
população desocupada está desempregada, disponível e em busca de trabalho, mas
sem encontrar uma ocupação (seria o desemprego involuntário).

A partir desses conceitos básicos, é possível definir a taxa de desemprego, divulgada


periodicamente pelo IBGE, por:

(Equação 2)

A Figura 10 ilustra o comportamento da taxa de desemprego brasileira, entre o 1º


trimestre de 2012 e o 2º trimestre de 2022. No período, a maior taxa registrada foi de 14,9%
referente ao terceiro trimestre de 2020 e ao primeiro trimestre de 2021, em função dos
desequilíbrios provocados pelo isolamento social, avanço da pandemia da Covid-19 e pela
instabilidade econômica brasileira nesse contexto. A taxa de desemprego atual (2º trimestre de
2022) é de 9,3%, que corresponde à parcela da PEA que está desempregada, ou seja querem
trabalhar mas não encontram emprego; isso equivale a 10,1 milhões de pessoas (IBGE, 2022).

Figura 10 - Taxa de desemprego no Brasil (1º trimestre de 2012 ao 2º trimestre de 2022), em %.

Fonte: IBGE (2022).

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Mas será que é possível zerar as taxas de desemprego no Brasil? Falaremos sobre isso
no próximo item.

4.1.1. Tipos de desemprego e taxa natural de desemprego

Antes de pensarmos na possibilidade de zerar a taxa de desemprego brasileira, vamos


conceituar os tipos de desemprego, São eles (PINHO et al., 2011; ALBERGONI, 2018):

- Desemprego friccional: composto por pessoas que estão temporariamente


desempregadas, porque ainda não encontraram o emprego ideal, procuram um novo
emprego ou estão entrando no mercado de trabalho; trata-se de uma situação de curto
prazo (temporária). Exemplo: trabalhador que vai para outra cidade à procura de um
emprego.
- Desemprego cíclico: é aquele devido a condições recessivas na economia, que faz com
que as pessoas desejem trabalhar e não encontrem emprego. Nesse contexto, as
empresas deixam de contratar ou demitem funcionários. Exemplo: desemprego
registrado no período de recessão econômica (como na pandemia).
- Desemprego sazonal: decorrente da sazonalidade da atividade, que ocorre,
especialmente, no comércio, na agricultura, no turismo, entre outras, onde se registra
maior nível de desemprego em determinadas épocas do ano. Exemplo: desemprego
registrado no comércio após datas comemorativas, quando há contratação extra.
- Desemprego estrutural (tecnológico): decorrente do desenvolvimento tecnológico, que
demanda mão de obra qualificada para exercer determinadas funções; se a população
não possui qualificação, ocasiona o desemprego estrutural. Exemplo: registrado no
caso do trabalhador que perde sua ocupação por não conseguir operar máquina
necessária para executar a sua função.

Agora vamos à resposta da pergunta: é possível zerar as taxas de desemprego no


Brasil?

A resposta é não, infelizmente… Isso porque nenhuma economia consegue ter todas as
pessoas empregadas e há sempre uma parcela da população desempregada devido ao
desemprego friccional, sazonal e estrutural. Assim, a soma das taxas de desemprego friccional,
sazonal e estrutural formam o que se denomina de taxa natural de desemprego. A taxa natural

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de desemprego, existe mesmo quando a economia está em equilíbrio, ou em crescimento,
pois nem sempre ocorre a igualdade entre a oferta e a procura de ocupações específicas; o
mercado de trabalho demora um tempo para se adaptar às modificações da atividade produtiva
e da evolução tecnológica. Contudo, em situações de equilíbrio econômico, com plena
utilização dos recursos produtivos (denominado de pleno emprego), o desemprego cíclico deve
ser igual a zero, porque a atividade econômica está em aquecimento, o que estimula a geração
de empregos (ALBERGONI, 2018).

4.1.2. Entendimento e custos do desemprego

Mas o entendimento do desemprego como algo negativo não ocorre sem motivo, visto
que é notório o impacto econômico e social de pessoas que não encontram ocupação e,
consequentemente, uma fonte de renda. Nesse sentido, Albergoni (2018) contextualiza os
custos econômicos e sociais do desemprego.

- Custos econômicos: do ponto de vista econômico, o desemprego ocasiona redução da


renda e do consumo, o que desestimula a atividade produtiva (a produção das
empresas), ocasionando menor demanda no mercado de trabalho. Com isso, há o risco
de redução dos salários e desaquecimento ainda maior no mercado de trabalho, em um
efeito cíclico negativo. Os efeitos cíclicos registrados devem ser geridos com cuidado,
especialmente, por incorrerem em desdobramentos sociais, para a população e a
sociedade como um todo.
- Custos sociais: o desemprego piora a distribuição de renda e intensifica a desigualdade
social. Toda essa problemática gera aumento da violência e marginalização da
população, que sujeita-se a empregos com menor remuneração e pode praticar atos
ilícitos, decorrentes da falta de condições dignas de sobrevivência.

Em linhas gerais, para que as empresas realizem investimento e possam empregar


trabalhadores, é necessário capital, que muitas vezes, essas organizações não têm
prontamente disponível. Nesse contexto, o mercado de capitais surge como uma forma de
organizar a capitalização dessas empresas, o que é organizado por meio do sistema financeiro
Abordaremos no próximo tópico, as noções básicas do mercado de capitais.

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4.2 NOÇÕES SOBRE MERCADO DE CAPITAIS

Agora, iremos entender um pouco mais sobre como a economia se organiza para que as
pessoas que gastam menos do que ganham possam poupar e investir. Entenderemos um
pouco sobre como os recursos poupados são disponibilizados para as pessoas/empresas que
gastam mais do que recebem e precisam de empréstimos.

Para intermediar essas operações (entre poupadores e devedores) no tempo e no


volume de recursos necessários, surgiram as instituições financeiras, que intermediam essas
operações. Posteriormente, surgiu um sistema mais robusto para operacionalizar essa relação,
denominado de Sistema Financeiro.

4.2.1. Sistema Financeiro e o Sistema Financeiro Nacional

O sistema financeiro pode ser entendido como o conjunto de instituições e ferramentas


que permitem e promovem o fluxo de recursos financeiros entre poupadores e tomadores de
empréstimos e, portanto, são responsáveis pela intermediação de recursos (PORTAL DO
INVESTIDOR, 2021a).

O Sistema Financeiro Nacional (SFN), por sua vez, refere-se à estrutura nacional
formada pelas entidades e instituições que promovem a intermediação financeira, isto é, o
encontro entre credores (poupadores) e tomadores de recursos. É constituído pelos seguintes
agentes (BCB, 2021):

- Normativos: entidades que determinam regras para o bom funcionamento do sistema.


Exemplo: Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão normativo responsável
pela formulação da política monetária e de crédito (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2022);

- Supervisores: trabalham para que os operadores sigam as regras. Exemplos: Banco


Central (BC) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM); O BC é o principal responsável
pela execução das determinações do CMN, e tem como atribuições controlar a
circulação de moeda na economia, estimular a formação de poupança e contribuir para
o aperfeiçoamento do sistema financeiro (IZIDORO, 2015).

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- Operadores: são as instituições que ofertam serviços financeiros e respondem pela
operacionalização do sistema financeiro; cumprem o papel de intermediários entre
poupadores e tomadores de empréstimos. Exemplo: bancos, bolsas de valores e outras
instituições financeiras (IZIDORO, 2015).

A operacionalização desses agentes e o funcionamento do SFN se organiza por meio de


diferentes mercados, como (PORTAL DO INVESTIDOR, 2021a):

- Mercado monetário: responde pela transferência de recursos de curto prazo, realizada,


especialmente, entre instituições financeiras e o Banco Central; promove o controle da
circulação de moeda (monetária) na economia, por meio da política monetária
executada pelo Banco Central, com a compra ou venda de títulos públicos, para
aumentar ou diminuir a circulação monetária, respectivamente.

SAIBA MAIS: Na operacionalização da política monetária, quando o Banco Central


compra títulos públicos, aumenta a circulação monetária, porque injeta moeda na
economia, em decorrência do pagamento por esses títulos. Por outro lado, quando
o governo deseja reduzir a circulação monetária na economia (para controlar a
inflação, por exemplo), o BC vende títulos públicos e retira moeda de circulação.

- Mercado de crédito: refere-se à transferência de recursos (curto e médio prazo), dos


agentes poupadores para os tomadores de empréstimos (também denominados de
agentes deficitários), com a intermediação de instituições financeiras; é o mercado
utilizado pelos agentes que recorrem a bancos e empresas financeiras, para realizar
empréstimos, financiamentos, utilização de recursos do cheque especial, etc; as
instituições financeiras assumem o risco pela inadimplência e, por isso, cobram altas
taxas dos devedores.

- Mercado de capitais: refere-se à transferência de recursos de médio e longo prazo, em


geral, feita entre investidores e agentes deficitários, como as empresas que precisam
de capital para investimento; são negociados títulos denominados de valores
mobiliários, que podem ser exemplificados pelas ações. Surgiu para suprir algumas
restrições do mercado de crédito em relação à demanda de recursos e aos riscos
assumidos pelas instituições financeiras (o que pode encarecer as operações
financeiras). Participam desse mercado, os Bancos de Investimento, as Corretoras e

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Distribuidoras de títulos e valores mobiliários, as entidades administradoras de
mercado de bolsa, além de diversos outros prestadores de serviços.

IMPORTANTE: Os títulos negociados no mercado de capitais são denominados de


valores mobiliários, porque mudam de nominação de investidor para outro, sendo,
portanto, ativos móveis (PORTAL DO INVESTIDOR, 2021a).

O mercado de capitais, e especificamente, o mercado acionário subdivide-se em


(PARMAIS, 2021; PEREIRA, 2013):

- Mercado primário: ocorre quando o título (ação) é lançado pela primeira vez no
mercado, para que uma empresa consiga se capitalizar e obter os recursos que precisa.
Exemplo: quando o investidor realiza a compra de ações de uma empresa que acabou
de começar a negociar na bolsa, ele está fazendo uma negociação no mercado
primário.

- Mercado secundário: refere-se à renegociação dos títulos do mercado primário, por


meio de investidores. Exemplo: quando um investidor compra uma ação na bolsa de
outro investidor está realizando uma operação no mercado secundário.

SAIBA MAIS: O mercado secundário tem mais negociações do que o mercado


primário e permite que o investidor negocie esses ativos com outros investidores,
de acordo com a sua estratégia.

4.2.2. A Bolsa de Valores

Segundo informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2020), a bolsa de


valores é um ambiente regulado e organizado, em um espaço físico ou um sistema eletrônico,
em que investidores podem negociar, comprar e vender os valores mobiliários, sempre com a
participação de instituições autorizadas, como as corretoras que representam os investidores
nas operações. Esse ambiente tem sua atuação autorizada pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).

Os valores mobiliários negociados em bolsa, são representados por ativos financeiros


específicos que podem ser exemplificados por, contratos com commodities agropecuárias
(açúcar cristal, boi gordo, café arábica, etanol, milho e seja), ouro, moedas estrangeiras, ações,

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debêntures, cotas de fundos de investimento imobiliário e de outros fundos fechados,
dentre outros.

A Bolsa de Valores no Brasil foi criada em 1890, com o nome Bolsa Livre de São Paulo.
Em 1967, foi criada a Bovespa; posteriormente, em 1986, foi criada a Bolsa de Mercadorias e
Futuros (BM&F) responsável pelas negociações de contratos futuros de commodities, por
exemplo. Em 2008, a BM&F se uniu à Bovespa e nasceu a BM&FBOVESPA. Em 2017, foi criada a
Brasil, Bolsa Balcão ([B]³), proveniente da fusão da BM&FBOVESPA com a Central de Custódia e
de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP) (B3, 2021; CVM, 2020).

As operações são realizadas no pregão da bolsa, conforme os procedimentos e as


regras estipuladas. Por muito tempo, o pregão foi realizado em um espaço físico nas
instalações da bolsa, onde os corretores se encontravam, com cadernetas e telefones através
dos quais recebiam ordens (compra e venda), encontravam contrapartes interessadas e
registravam operações. Era o chamado pregão viva-voz, que foi extinto em 2005, quando as
operações passaram a ser realizadas por sistemas eletrônicos.

No modelo eletrônico atual, para investir na bolsa, o investidor deve escolher e se


cadastrar em uma corretora (lembrando que as corretoras (ou intermediários) precisam estar
registrados e autorizados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)); posteriormente, deve
encaminhar sua ordem de compra ou venda para o intermediário contratado.

IMPORTANTE: O investidor deve sempre buscar todas as informações antes de tomar


as suas decisões de investimento, e assumir de forma consciente e planejada os
riscos de mercado naturalmente presentes nos negócios de bolsa (PORTAL DO
INVESTIDOR, 2021b). Para tentar reduzir os riscos, é aconselhável sempre diversificar as
opções de investimento e investir de acordo com os seus objetivos, respeitando o seu perfil de
risco e buscando orientação e informação.

4.2.3. O Índice Bovespa e o Mercado de Ações

O Índice Bovespa, denominado de Ibovespa, é o principal e mais antigo índice do


mercado brasileiro, sendo assim, uma referência para investidores. Trata-se do principal
indicador de desempenho das ações negociadas na bolsa [B3] e representa as empresas mais
importantes do mercado de capitais brasileiro (PARMAIS, 2021; NUNES. 2022; FINANTOR,
2021).

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O índice é resultado de um conjunto de ações (carteira de ativos), que corresponde a


cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do mercado de capitais brasileiro.
A variação do Ibovespa, portanto, acompanha a variação das ações que compõem o índice,
cada uma na sua proporção. Para constante atualização, a composição de ações do Ibovespa
é reavaliada a cada quadrimestre (NUNES, 2022).

SAIBA MAIS: Não são todas as ações da [B]3 que fazem parte do Ibovespa; para
entrar nesse índice a ação precisa ter um alto índice de negociação (NUNES, 2022).

A pontuação atual do Ibovespa é a ponderação do valor em reais das ações que


compõem o índice. Em resumo, cada ponto do índice corresponde a R$1. Por exemplo,
quando você vê no noticiário que o índice alcançou 100 mil pontos, isso significa que a carteira
de ações que compõem o índice representa em torno de R$ 100 mil, mas mais importante que
entender a pontuação é avaliar a variação (PARMAIS, 2022; NUNES, 2022; FINANTOR, 2021).

O cálculo do índice oscila praticamente a todo instante, pois é atualizado considerando


os novos valores. As ações têm seus preços alterados de acordo com a oferta e a demanda,
estabilidade/instabilidade políticas e econômicas, comportamento da taxa de juros (Selic),
efeitos provenientes do mercado internacional, dentre outros; por exemplo, a pandemia
influenciou em quedas do Ibovespa (NUNES, 2022).

Para entender um pouco mais, as ações equivalem a uma parte do capital da empresa
que é aberta para o investidor (acionista). Ao comprar ações você não está emprestando
dinheiro para a empresa e, sim, adquirindo um "pedacinho" da empresa.

IMPORTANTE: O investimento em ações é classificado como de renda variável, pois o


investidor não tem como saber, previamente, qual será a rentabilidade da aplicação;
depende, muitas vezes, do comportamento da economia e de tantas variáveis
conforme visto anteriormente
De modo alternativo, um título de renda fixa, seja ele emitido pelo governo ou por uma empresa
privada, a remuneração, ou sua forma de cálculo, é previamente definida no momento da
aplicação (CONEF, 2013; PORTAL DO INVESTIDOR, 2021b).

Em síntese, a remuneração no mercado de ações, pode ocorrer por meio de:

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- Participação nos lucros da empresa: todo ano as empresas precisam fazer as contas,
isto é, contabilizar seus resultados, proveniente da diferença entre receitas e suas
despesas. Se as receitas forem superiores às despesas, incluindo os tributos, significa
que a empresa teve lucro e parte desse lucro é distribuída aos acionistas como
dividendos.

- Valorização do preço das ações no mercado: isso pode ocorrer quando a demanda por
uma determinada ação aumenta significativamente, impactando em sua valorização, em
uma conjuntura econômica positiva (estabilidade econômica, política, mercado
internacional em crescimento, etc.). Mas esse resultado dependerá de muitos elementos
como o desempenho da empresa e o comportamento da economia.

Em linhas gerais, as opções de investimento são inúmeras e a decisão de investidores


dependerá do perfil do investidor, influenciado pela fase da vida, predisposição de atuação no
mercado financeiro, entre outros. Com o rendimento do trabalho (salário) é importante fazer a
gestão do orçamento, com o levantamento dos gastos mensais (energia, água, aluguel
supermercado, farmácia, cursos, viagens, etc) e tentar administrar as sobras. As opções são
variadas, desde a compra de imóvel, o investimento em um negócio, ações e a tradicional
poupança.

IMPORTANTE: Para qualquer aplicação financeira, é importante considerar: custos


(tarifas, taxas de administração); prazos (curto, médio e longo prazo); liquidez
(capacidade de vender e conseguir reverter em dinheiro); rentabilidade esperada; e
riscos envolvidos.

Em síntese, para a tomada de decisão é importante buscar uma formação plural, com
base em informação técnica, gestão do orçamento e análise de mercado. Enfim, há vários
desafios para enfrentar o problema da escassez na economia, cabe a nós identificar
alternativas.

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Videoaula(s) da Semana

1. Videoaula 1: FEC Macroeconomia (Desemprego) EaD (link:


https://youtu.be/lAZlluSdmfk)
2. Videoaula 2: FEC (Mercado de Capitais) EaD (link: https://youtu.be/pvkmKRyUTw0)

Saiba Mais
Para saber mais informações sobre o comportamento do desemprego em 2022 e o
comportamento das taxas de cheque especial, vocês podem acessar as reportagens
disponíveis, respectivamente, nos links:
https://www.cnnbrasil.com.br/business/desemprego-deve-continuar-a-cair-no-brasil-e-subir-nos
-eua-e-europa-dizem-analistas/ e
https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/economia/uso-do-cheque-especial-bate-recorde-em-ag
osto/ .

Resumo do conteúdo apresentado na semana

Você aprendeu neste capítulo sobre o conceito e a taxa de desemprego no Brasil. De


modo adicional, vimos os tipos de desemprego e verificamos que há uma taxa
considerada natural de desemprego, que deve ser registrada mesmo em períodos de
crescimento da economia. Portanto, foi possível verificar que questões tecnológicas,
sazonais e a busca por novas ocupações no mercado de trabalho podem provocar
desemprego que, nesse sentido, é considerado algo natural. Contudo, diante de todos os
impactos e custos do desemprego, é importante adaptar-se à realidade tecnológica e
produtiva, visando a ocupação no mercado de trabalho. No contexto da capitalização
das empresas, com vistas a investir e contratar mais trabalhadores, vimos as noções
básicas do mercado de capitais, com enfoque sobre sua organização no Sistema

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Financeiro Nacional (SFN). Nesse contexto, vimos a operacionalização do sistema
financeiro, do mercado de capitais e da bolsa de valores, além de compreender
informações iniciais sobre o índice Ibovespa. Por fim, vimos informações elementares
sobre o mercado de ações e refletimos que a atuação do investidor reflete o perfil
individual, a disciplina na gestão do orçamento, além de conhecimento técnico capaz de
embasar a sua atuação e garantir bons resultados.

Bibliografia da semana

ALBERGONI, L. Fundamentos da Economia. 2. ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2018.

B³. Acervo B³: Conheça a História da Bolsa. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=OSRmV3Xcjes>. Acesso em: 21 nov. 2021.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB). Sistema Financeiro Nacional (SFN). Disponível em:
<https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn>. Acesso em: 21 nov. 2021.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Como funciona a Bolsa de Valores.. Disponível


em:
<https://www.investidor.gov.br/portaldoinvestidor/export/sites/portaldoinvestidor/publicacao/s
erie_guias/guia_bolsa_de_valores_2020-1_Ed-VF.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2021

Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF). Educação financeira nas escolas: ensino
médio. Brasília: CONEF, 2013.

FINANTOR. Ibovespa. Disponível em: <https://finantor.com.br/dicionario/ibovespa/>. acesso


em: 07 dez. 2021.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desemprego. Disponível em:


<https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php>. Acesso em: 20 out. 2022.

IZIDORO, C. (Org.). Mercado de Capitais. São Paulo. Pearson Education do Brasil, 2015.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Conselho Monetário Nacional (CMN). Disponível em:


<https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/cmn#:~:text=O%20Conselho%20Monet%C3%A1rio%2
0Nacional%20(CMN,econ%C3%B4mico%20e%20social%20do%20Pa%C3%ADs> Avesso em: 25 out.
2022.

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NUNES, M. Entenda o Índice BOVESPA e conheça as ações que fazem parte. Disponível em:
<https://www.idinheiro.com.br/investimentos/indice-ibovespa/>. Acesso em: 22 out. 2022.

PARMAIS. Mercado de Capitais – o que é e como funciona? Disponível em:


<https://www.parmais.com.br/blog/como-funciona-o-mercado-de-capitais/>. Acesso em: 21
nov. 2021.

PEREIRA, C. L. Mercado de Capitais. 1. ed. Curitiba, InterSaberes, 2013.

PINHO, D.B; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO Jr., R. Orgs. Manual de Economia. 6. ed. São
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<https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/introducao_geral/introducao_mercado.h
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____________. Ações. (2021b). Disponível em:


<https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/valores_mobiliarios/Acoes/index.html>.
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VASCONCELLOS, M.A.S.; GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia. 4. ed São Paulo: Saraiva,


2011.

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