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FORTALEZA – CEARÁ
2017
INSTITUTO DOM JOSÉ DE EDUCAÇÃO E CULTURA - IDJ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
FORTALEZA - CEARÁ
2017
A INCLUSÃO DE PROFISSIONAIS COM DEFICIÊNCIA NO
MERCADO DE TRABALHO
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Ms. Marcos Alexandre Lima de Oliveira
(Orientador)
FORTALEZA - CEARÁ
2017
A INCLUSÃO DE PROFISSIONAIS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE
TRABALHO
RESUMO
Interessante, para não dizer inquietante, que nos dias atuais, ainda se trate da
temática da PCD sob uma ótica condicionante. Há de existir, sempre, uma
contrapartida para que os direitos dessa população possam ser atendidos,
preservados, respeitados. O sentimento de “obrigatoriedade” parece permear todas
as relações que se estabelecem, hora em relação ao Estado, hora em relação às
organizações.
O mais preocupante é que não são percebidas tendências de mudança
voluntária dessa realidade. A cada dia, mais e mais legislações sobre essa temática
são incorporadas ao ordenamento jurídico do País na tentativa de resguardar os
direitos das PCD, o que, na prática, importa em que as organizações e o próprio
Estado não cumprem com o seu papel de promotores da inclusão social. Tais direitos
tiveram que ser resguardados sob a força da lei, “por meio da ameaça de sanção,
restrição de liberdade e multa” (BRAGA; SCHUMACHER, 2013, p. 375).
Legislação brasileira
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a
preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos
com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 Empregados..............................................................................2%;
II - de 201 a 500.........................................................................................3%;
III - de 501 a 1.000.....................................................................................4%;
IV - de 1.001 em diante. ............................................................................5%.
(BRASIL, 1991).
Inclusão social
3 Fonte: IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE: 6,2% da população têm algum tipo
de deficiência. Empresa Brasil de Comunicação (EBC), 21 ago. 2015. Brasília: EBC, 2015.
[...] inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder
incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades
especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis
na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual
as pessoas, ainda excluídas e a sociedade buscam, em parcerias,
equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de
oportunidades para todos. (SASSAKI, 1997, p. 3, grifo nosso).
A lei que estipulou cotas para as PCD (Lei nº 8213/91), também fez alusão à
preparação destas pessoas para o mercado de trabalho. Entretanto, o mercado se
ressente da falta de PCD, qualificadas.
Falou-se anteriormente em “parceria”, ligando esse conceito à uma ausência
estatal ou organizacional, contudo, o termo só se estabelece em razão da existência
de, ao menos, dois atores. Isso significa que as PCD, além de direitos, têm deveres,
dentre os quais, a busca de sua capacitação profissional (SASSAKI, 1997).
Assim, existe um certo impedimento para as empresas que desejam contratar
PCD, mesmo para atender a obrigatoriedade imposta por lei, haja vista que elas não
encontram, no mercado, PCD qualificadas e capacitadas para atender às suas
necessidades. Corroborando esse entendimento, Philereno e colaboradores (2015)
reconhecem a necessidade de identificar quais meios estão à disposição das PCD
para profissionalizá-las, capacitando-as para desenvolver a contento, diversas
funções.
Mas, de quem é a responsabilidade social de qualificar as PCD para o mercado
de trabalho? No artigo 15, do Decreto n° 3298 de 1999, está previsto que “Os órgãos
e as entidades da Administração Pública Federal, prestarão direta ou indiretamente à
pessoa portadora de deficiência formação profissional e qualificação para o trabalho”
(BRASIL, 1999). Dessa forma, é sobre o Estado que repousa a obrigação de capacitar
ou requalificar as PCD, para que estas possam ter acesso ao mercado de trabalho em
igualdade de condições com as demais pessoas. Entretanto, não é o que acontece!
Basta uma breve pesquisa na internet para perceber que são as Organizações não
Governamentais (ONGs) e as empresas do Sistema “S”5, as que mais promovem a
qualificação das PCD, em todo o País.
Outro fator complicador da inserção das PCD no mercado de trabalho é o grau
de escolaridade! Apesar de a inclusão ter sido alvo de várias conferências
internacionais, como a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
Especiais, Acesso e Qualidade (Salamanca, 1994), que afirmava ser “[...] dever das
escolas [...] acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas,
intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras”, ainda há um longo caminho
a percorrer, no Brasil, para que haja igualdade de oportunidades para todas as
pessoas (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011, p. 380-381).
Uma perspectiva de melhoria do problema, no entendimento de Hammes e
Nuernberg (2016), já começa a ser experimentada, como é possível perceber pelos
dados do Senso Escolar6, aumento do número de matrículas de crianças portadoras
de deficiência nas escolas regulares, o que é fundamental para que em médio e longo
prazos essa lacuna possa ser preenchida.
Em termos de oportunidades de uma educação inclusiva para as pessoas com
necessidades especiais é possível citar os atos legais e normativos, como: Decreto n°
6571/2008, o Parecer n° 13/09 e a Resolução n° 4/2009. Estes e outros dispositivos
legais regulam a educação especial das PCD, configurando-se em avanços
consideráveis para o ensino inclusivo no País (MAZZOTTA; D’ANTINO, 2011). Mas,
o fato é que existem muitas arestas a serem aparadas em muitas escolas, inclusive
públicas, que ainda colocam obstáculos para a inserção das PCD.
Mesmo quando concluem o ensino superior, as expectativas de inserção no
mercado de trabalho para as PCD não se concretizam. Na maioria das vezes, por
5 Sistema S - Termo que define o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para
o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além
de terem seu nome iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais
similares. Fazem parte do sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço
Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (Senac). Existem ainda os seguintes: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar);
Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social de Transporte
(Sest). Fonte: <http://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/sistema-s>. Acesso em: 26
set. 2017.
6 Em 1998, cerca de 200 mil pessoas estavam matriculadas na educação básica, sendo apenas 13%
em classes comuns. Em 2014, eram quase 900 mil matrículas e 79% delas em turmas comuns.
(PORTAL BRASIL, 2015, n.p.).
equívocos no processo de formação/qualificação. Este contexto faz com que haja a
quebra de expectativas, fazendo ruir a ideia de que a formação em um curso superior
redundaria, automaticamente, em uma colocação no mercado de trabalho
(PINHEIRO; DELLATTORE, 2015).
Outra barreira para a qualificação profissional e educacional, por impensável
que seja, está na própria família da PCD.
Despreparo familiar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ACN. Agência Câmara Notícias. Empresa que contratar pessoa com deficiência
poderá deduzir salário do IR. Câmara dos Deputados. Brasília, 2015. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/5
01584-EMPRESA-QUE-CONTRATAR-PESSOA-COM-DEFICIENCIA-PODERA-DE
DUZIR-SALARIO-DO-IR.html>. Acesso em: 24 set. 2017.