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Universidade Serra dos Órgãos – UNIFESO

Teresópolis, 4 de novembro de 2021


Bacharelado em Psicologia - 5° Período
Professor: Sérgio Guimarães
Grupo: Alessandra Guimarães, Fabricia Carvalho, Mariana Savattone, Monalisa
Pais e Quitéria Carvalho

Exercício Aula 11

Elaboração de Resenha Crítica do texto intitulado “Recrutamento e Seleção de


Pessoas” em articulação com uma das reportagens indicadas para leitura coletiva (link
para acesso disponibilizado abaixo). A(o) aluna(o) deverá destacar os principais pontos
do texto e escolher uma das reportagens para elaboração da resenha que, por ser crítica,
deve ser estruturada da seguinte forma: resumo do texto + resumo da reportagem +
comentários articulando os conteúdos do texto e da reportagem escolhida.

O presente texto faz um apontamento no que refere as práticas comuns


executadas pelos psicólogos/as organizacionais, nos auxiliando na reflexão sobre a falta
de documentos científicos que permitam ter um olhar aprofundado e mais crítico nessa
temática.

Tal questão, prejudica diretamente a categoria profissional, no que tange à


elaboração de conhecimento e estratégias mais efetivas na promoção de bem- estar para
o trabalhador e consequentemente para organização. Contudo, as mudanças ocorridas no
universo do trabalho, o avanço tecnológico e as modificações no processo de
aprendizagem, visto a dinamicidade do cenário e a necessidade imposta pelo sistema,
exigem novas qualificações no complexo mundo do trabalho.

Todavia, os processos seletivos perfazem uma questão fundamental dentro das


organizações, uma vez que não se trata somente de preenchimento técnico de vagas,
mas de um compromisso ético no que se refere ao trabalho proposto pelo/a psicólogo/a,
junto ao trabalhador e a organização. Vale ressaltar que nesse processo é de suma
importância a parceria entre o setor demandante, pois quanto mais claro for o nível das
informações sobre as atividades e tarefas da referida posição, maiores serão as chances
de ambos (candidato e organização) obterem sucesso no processo seletivo.

O texto também nos remete à reflexão sobre a efetividade do recrutamento, nos


levando a pensar que por ser tratar do comportamento humano, apesar de inúmeros
testes e avaliações desenvolvidos através de estudos e pesquisas, no final do processo
fica tudo numa condição subjetiva, ou seja, uma aposta da organização naquele
candidato que através das avaliações teve um destaque maior. E, através dessa aposta
ser avaliada no decorrer da carreira desse colaborador na organização, vão se
produzindo mais estudos sobre os processos de recrutamento e seleção e observando-se
a necessidade de que num processo como esse sejam levados em consideração, de
maneira séria e pontual, as competências dos candidatos, que nem sempre são
observados e preferenciados devido a outras características que ainda são levadas em
consideração nos processos através das visões pessoais dos recrutadores.

É certo pensarmos que ainda faltam muitos aspectos a serem revistos, estudados
e colocados em prática nos processos de recrutamento e seleção. E levando em
consideração as falas divulgadas no artigo “Seleção às cegas pode combater o racismo”,
da revista Exame, que nos foi disponibilizado em aula, podemos citar atravessamentos
que tem sido a causa de dificuldade de inserção de minorias no mercado de trabalho. Se
os processos avaliativos levam em consideração as competências do candidato, por sua
vez a falta de informação e empatia na derrubada de pré-conceitos enraizados na
sociedade tem dificultado a entrada de muitos profissionais no mercado de trabalho, por
motivo de, inconscientemente, os recrutadores estarem usando seus preconceitos para
fazer escolhas.

O artigo fala sobre a necessidade de, em um país de diversidade como o nosso,


montarmos processos seletivos que reduzam cada vez mais as percepções tendenciosas
e os vieses preconceituosos que ainda levam em consideração questões como a cor, a
origem, o gênero e a orientação sexual do candidato, citando apenas alguns exemplos.
Pois, somente com medidas direcionadas caminharemos para a desconstrução do
racismo estrutural que mesmo na tentativa de ser abafado, já está cristalizado em nossa
cultura podendo ser visto nitidamente na constatação do número de pessoas negras
ocupando cargos de chefia em grandes empresas e em universidades, de acordo com
dados estatísticos. Com base nos dados da PNAD Contínua 2019, o estudo Síntese de
Indicadores Sociais, pretos e pardos têm maiores taxas de trabalho informal (atividades
agropecuárias, que tinha 62,7% de ocupados pretos ou pardos, construção, com 65,2%,
e serviços domésticos, 66,6%), devido a não ocupação nos grandes espaços
empresariais.

Diante da apresentação de dados que comprovam os fatos, é urgente que as


empresas adotem em seu recrutamento, uma visão para o candidato que seja para além
de sua visão e pensamentos pré-concebidos, "adestrados" para o preconceito,
discriminação e racismo; no viés inconsciente do racismo estrutural. Se não existe uma
cultura de diversidade nas organizações, a inserção também não será suficiente, o
necessário é investir nos talentos e no seu crescimento não só financeiro, mas também
como pessoas que se desenvolvam num ambiente de equidade. Criar um ambiente
saudável e seguro dentro das organizações para falar sobre os variados temas citados
acima já seria um pontapé inicial para a melhoria dos critérios nas seleções de pessoas
nas empresas. A fala de Daniel Teixeira na reportagem “Seleção às cegas pode mesmo
combater o racismo?”, traz isso, “O recrutador tem um papel social, uma
responsabilidade. Principalmente no país que a gente vive. É muito importante a gente
conseguir montar processos seletivos que tentem reduzir vieses, de qualquer maneira. É
preciso ter um esforço consciente". É urgente aceitar a realidade e fazer um movimento
de descristalização do racismo em nossa cultura, de forma propositiva; ou seja,
cumprindo os reais propósitos para que haja efetividade. Ver que se faz necessário uma
seleção às cegas para que haja o mínimo de igualdade no campo do trabalho é
assustador, é mais uma vez o reflexo de uma sociedade que não quer ver, onde está essa
psicologia?

Por fim, é importante destacar o questionamento quanto ao recrutamento de


pessoas, a serviço de quem ele é feito? Quais são seus fundamentos e parâmetros? O
trabalho, reflete também a sociedade como um todo e se estamos falando de seleção,
como não levar isso como reflexo da sociedade em que vivemos? As desigualdades, a
exclusão social e a falta do compromisso ético, não é sobre quem é mais qualificado e
sim quem tem a melhor “imagem” para a empresa, quem se encaixa no padrão que não
é aquele estabelecido por quem é o mais habilidoso? Qual é o perfil? De que padrão
estamos falando? A vaga é só mais um padrão social feito para não se encaixar e assim
criar ainda mais desigualdades, o capitalismo se retroalimenta com a ideia de uma
perfeição inexistente, aumentando cada vez mais as exigências para que estas não sejam
preenchidas e assim a escolha permanece em um viés não ético de forma da preferência
do recrutador. É de extrema importância para Psicologia repensar sobre os mecanismos
que compõem a sociedade como um todo, pois só assim podemos romper com padrões
de conduta que norteiam a prática e que trabalham aumentando as desigualdades e a
exclusão social, pois afinal é a serviço de quem que a Psicologia Organizacional do
Trabalho opera? Ver que se faz necessário uma seleção às cegas para que haja o mínimo
de igualdade no campo do trabalho é assustador, é mais uma vez o reflexo de uma
sociedade que não quer ver, onde está essa psicologia?
É necessário olhar através e encarar o problema, colocar máscaras para contornar
a situação só reafirma o que já existe, precisamos de medidas com efetividade e que
toquem na ferida, criar espaços seguros para que tomem consciência do processo, só
assim podemos construir uma mudança efetiva não só no mundo do trabalho, mas na
vida.

Referências bibliográficas:

ADUSB, Racismo estrutural: estudo do IBGE revela mais uma vez a brutal
desigualdade racial no Brasil, ADUSB, disponível em:
<https://adusb.org.br/web/page?slug=news&id=10775&pslug=#.YYQBZZ7MLIU>,
acesso em: 4 Nov. 2021.

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