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Responsabilidade Social
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Bem vindo(a)!
Olá!
Seguiremos juntos nessa jornada, espero que possamos conhecer um pouco mais
sobre as Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social.
Não temos a pretensão de esgotar as análises sobre o tema, mas propomos re etir
sobre a construção do racismo em sua historicidade e seus impactos na sociedade e
relações interpessoais. Abordaremos também a manifestação do etnocentrismo e
seus re exos nas instituições de ensino e nas organizações formais e informais.
Nosso objetivo é fornecer subsídios teóricos e indicativos sobre o tema, que podem
suscitar outras re exões e posicionamentos teóricos-metodológicos.
Portanto, temos como objetivo levar você leitor(a) a re etir sobre essas temáticas, e
sobretudo, fomentar a re exão e apostar na diversidade, e especi camente na
diversidade racial, a m de que possamos contribuir com a construção de uma
sociedade mais justa.
Bem, nossa disciplina é composta por essas temáticas. Espero que você goste.
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Introdução
Prezado(a) estudante, você já pensou sobre a in uência do trabalho na qualidade de
vida humana? E sobre o impacto que as organizações ao longo dos anos têm
provocado na sociedade?
Para compreender essa relação tão importante entre o trabalho nas organizações e
na sociedade, faz-se mister compreender como foi o desenvolvimento do
pensamento sobre o trabalho, quais são as formas de poder e dominação nas
organizações e como se organizou o trabalho desde os primórdios até os dias atuais.
Caro(a) aluno(a), você irá perceber nesta unidade, a relação trabalho e organização
são compreendidas como um processo de interação entre homem e natureza. É
que esta interação implica também em relações de con itos de interesses que
podem ser resolvidos ou atenuados por meio do poder que as organizações em
sociedade impõem aos trabalhadores.
Bons estudos!
O Desenvolvimento do
Pensamento sobre o
Conceito: Trabalho
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Estudando o mundo do trabalho será possível identi car as transformações
ocorridas nas últimas décadas, a começar pela inovação tecnológica, reestruturação
produtiva, precarização das relações de trabalho, exigências decorrentes dos
modelos de gestão organizacionais, novas formas de organização percebendo como
essas mudanças do século XX até os dias atuais, muitas delas ocorridas no ambiente
de trabalho, trouxeram para a vida dos trabalhadores (SOUZA; TOLFO, 2009).
Podemos entender o trabalho como sendo o meio pelo qual as pessoas buscam
suprir suas necessidades, alcançar seus objetivos e se realizar. Em outras
palavras, o trabalho é uma categoria humana, bem como uma atividade complexa,
multifacetada, polissêmica, que não apenas permite, mas exige diferentes olhares
para sua compreensão. Coutinho (2009), por exemplo, a rma que quando falamos
de trabalho nos referimos a uma atividade humana, individual ou coletiva, de caráter
social, complexa, dinâmica, mutante e que se distingue de qualquer outro tipo de
prática animal por sua natureza re exiva, consciente, propositiva, estratégica,
instrumental e moral.
CONCEITUANDO
A palavra trabalho vem do latim Tripularium, que tem como
signi cado “instrumentos de tortura”, no entanto, vem passando por
um processo de mudanças de signi cados e sentidos (RIBEIRO; LÉDA,
2004).
Por muito tempo, o trabalho humano signi cou fardo e sacrifício, sendo visto como
punição para o pecado. Somente a partir do Renascimento que o trabalho foi
concebido como fonte de identidade e autorealização humana, e a partir daí foi visto
como desenvolvimento e condição necessária para a liberdade.
Dessa forma, o trabalho não deve ser analisado apenas em relação às técnicas de
produção e dominação, mas considerando a maneira como os sujeitos vivenciam
e dão sentido às suas experiências de trabalho. Estas também variam conforme
o contexto social, histórico e econômico, apontando para diferentes processos
de produção de subjetividade, diferentes sujeitos trabalhadores (DEJOURS,
2004).
ATENÇÃO
Podemos considerar trabalho como a forma na qual o sujeito social se
inscreve num coletivo do qual recebe um nome próprio, que o nomeia,
segundo a inscrição da sua tarefa na cultura e história da sua época.
Outorgando-lhe um lugar de pertença no qual estabelece laços e
condições de realização de desejos enquanto sujeito portados de um
saber socialmente produtivo. Nesta perspectiva, trabalho não é de nido
em relação ao capital. Portanto produtivo/improdutivo não cabe nessa
proposta. Pois todo trabalhador produz um trabalho produtivo.
Já Marx (1988) compreende que justamente essa capacidade que o homem tem de
transmitir signi cado à natureza, por meio de uma atividade planejada, consciente e
que envolve uma dupla transformação entre o homem e a natureza, que diferencia
o trabalho do homem de qualquer outro animal. Para o autor, é pelo trabalho que o
homem transforma a si e à natureza, e, ao transformá-la de acordo com suas
necessidades, imprime em tudo que o cerca a marca de sua humanidade.
O trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza,
processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona,
regula e controla o seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-
se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as
forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a m de
apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à
vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modi cando-a
ao mesmo tempo em que modi ca sua própria natureza (MARX, 1988,
p. 202).
Neste sentido, a ação humana que altera a natureza, altera o próprio ser humano,
produzindo sempre novas necessidades. Para plantar ou arrancar raízes, ou preparar
a terra para o plantio, por exemplo, é necessária a criação de instrumentos
chamados “meios de produção”.
O trabalho, nos seus elementos simples, é aquele produtor de valores de uso, pois.
Deste modo, Marx caracteriza o trabalho, de um ponto de vista mais geral, como a
interação entre o homem e a natureza, com o objetivo de transformar a natureza
nos bens necessários à sobrevivência do homem. Deste ponto de vista, só seria
trabalho a atividade que promovesse esta interação e consequentemente somente
seria trabalho produtivo o que resultasse em um produto (COLÁM; POLA, 2009).
O trabalho não é só explorado pelo tempo excedente e baixos salários, como pelo
ritmo que se impõe à produção, sem alteração de jornada de trabalho. Além da
separação entre trabalhador e meios de produção, não existe mais a unidade entre
necessidades e produção na era do capital, ou seja, a produção não é mais voltada
para o uso, mas principalmente para a troca.
A condição humana tinha o trabalho como meio de humanização, agora na
condição de mercadoria, ocorre a desumanização, porque só se tem acesso ao
trabalho, por isso soa externo ao trabalhador, produzindo, na maioria das vezes,
sofrimento, como aponta Dejours (1992, p.96 apud IASI, 2010, p.73).
REFLITA
Trabalho ao mesmo tempo cria e subordina, emancipa e aliena,
humaniza e degrada, oferece autonomia, mas gera sujeição, libera e
escraviza (ANTUNES, 2011, grifo nosso).
Formas de Organização do
Trabalho
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
As transformações ocorridas nas organizações proporcionaram grandes mudanças no
processo de trabalho. No último século, a indústria e o processo de trabalho
culminado pelo Fordismo com os elementos constitutivos básicos eram dados por:
1º Princípio: O estudo, por parte da gerência, das tarefas (Estudo dos tempos e
movimentos). Este deve ser feito de forma a levantar o conhecimento que se encontra
na cabeça dos trabalhadores, registrá-los, medi-los, simpli cá-lo e reduzi-lo ao
mínimo, observando assim, a melhor maneira de se executar a tarefa. Em seguida,
criam-se regras e leis que irão retornar aos trabalhadores que as colocam em prática.
2º Princípio: A gerência deve fazer uma seleção cientí ca dos trabalhadores de forma
a escolher a melhor pessoa para a execução de uma tarefa e cuidar do seu contínuo
desenvolvimento.
Tornou-se mais quali cada em vários setores onde houve uma relativa
intelectualização do trabalho, mas desquali cou-se e precarizou-se em
diversos ramos, como na indústria automobilística, na qual o
ferramenteiro não tem mais a mesma importância, sem falar na
educação dos inspetores de qualidade, dos grá cos, dos mineiros, dos
portuários, dos trabalhadores da construção naval etc. Criou-se, de um
lado, em escala minoritária, o trabalhador “polivalente e multifuncional”
da era informacional, capaz de operar com máquinas com controle
numérico e de, por vezes, exercitar com mais intensidade sua dimensão
mais intelectual. E, de outro lado, há uma massa de trabalhadores
precarizados, sem quali cação, que hoje está presenciando as formas de
part-time, emprego temporário, parcial, ou então vivenciando o
desemprego estrutural. (SILVA, M., SILVA, S., 2011, p. 24).
REFLITA
Como declara Antunes, máquinas inteligentes não podem substituir
trabalhadores, pois elas exigem o trabalho intelectual de operários, que
ao agir com as máquinas acabam por transferir parte dos atributos
intelectuais nesse processo, estabelecendo um completo processo
interativo entre trabalho e ciência produtiva, que não pode levar à
extinção do trabalho (2011, p.32).
Poder e Dominação na
Sociedade e no Trabalho
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Historicamente as organizações têm sido associadas a processos de dominação
social nas quais indivíduos ou grupos encontram formas de impor a respectiva
vontade sobre os outros. Na visão de alguns teóricos organizacionais, inspirados por
Karl Marx, Weber e Robert Michels, essa combinação de realização e exploração é
uma característica marcante das organizações através dos tempos. É possível
encontrar relações de poder assimétricas que resultam na maioria trabalhando para
a minoria, por exemplo, a convocação obrigatória e a escravização que garantiram
muito da mão de obra necessária para a construção da pirâmide e de impérios,
deram lugar atualmente, ao trabalho assalariado, da qual os empregados têm o
direito de se demitir (MORGAN, 1996).
Dominação tradicional: o poder de mando tem por base o respeito pela tradição e
pelo passado. É legitimado pelo costume e o sentimento de que é correto fazer as
coisas de tal forma tradicional. As pessoas exercem o poder de status adquirido.
Exemplos: o ciais, parentes, administradores.
Essas ideias se compatibilizam com aquelas que Karl Marx expõe, a de que a lógica
move a sociedade moderna e encontra- se na dominação por meio da
racionalização. Para Marx, encontra-se na dominação gerada pela mais valia e a
acumulação de capital, mostrando como a organização no mundo moderno se acha
baseada em processos de dominação e exploração de diferentes formas (MORGAN,
1996).
Deste modo, enquanto algumas pessoas veem o poder como um recurso, por
exemplo, como alguma coisa que alguém possui, outras o veem como uma relação
social caracterizada por algum tipo de dependência, como um tipo de in uência
sobre alguma coisa ou alguém. “O poder é o meio através do qual, con itos de
interesses são, a nal, resolvidos. O poder in uencia quem consegue o quê, quando e
como” (MORGAN, 1996, p.163).
Sendo assim, cabe pontuar que os empregos de características precárias não são
produtos de ausência de crescimento econômico (ARAUJO; MORAIS, 2017). Pelo
contrário, são inerentes ao próprio modelo de desenvolvimento econômico de
caráter toyotista, visto que a necessidade de elevação da produtividade motivou
novas práticas trabalhistas sob imposição da concorrência internacional, que passou
a buscar, além de isenções scais, níveis mais rebaixados de remuneração da força
de trabalho (ANTUNES, 2008).
REFLITA
Como a rma Zanelli, Borges-Andrade, & Bastos (2014) o trabalho que
deveria ser humanizador, torna-se:
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
As reestruturações e inovações pelas quais o capitalismo tem passado, são
multifacetadas e in uenciam a forma de organização e funcionamento das relações
de produção e processos de trabalho. Como a rma também Castells (2001 apud
AQUILES, 2011, p. 14):
De acordo com Antunes (2010, 2011), essas mutações criaram uma classe
trabalhadora mais heterogênea, fragmentada e dividida entre os trabalhadores que
são ou não quali cados, pertencem ao mercado formal e informal, jovens e velhos,
homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais, brancos e negros
etc. Além das divisões que decorrem da inserção diferenciada dos países e
trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho, ou seja, quando se constata
que a maior parte da força de trabalho encontra-se dentro dos países chamados de
terceiro mundo.
O trabalho estável tornando-se então informatizado, quase virtual muitas vezes, por
contratos regulamentados, substituído pelas diversas formas de
empreendedorismo, cooperativismo, trabalho voluntário ou atípico como apontava
Vasapollo (2005) e Vasapollo e Arriola Palomares (2005).
Além disso, a tecnologia assume cada vez mais a parte mecânica da produção e
substitui um quantitativo grande de mão-de-obra, ao sujeito-trabalhador caberá um
novo espaço, extremamente disputado e competitivo, com novas regulações, com
novas exigências e requisitos, impelindo os sujeitos à construção de novos padrões,
valores e relações no trabalho, e também fora dele.
Pode-se a rmar que diante deste cenário as principais características desta nova
realidade, são: a redução estrutural dos postos de trabalho e a precarização dos
vínculos trabalhistas; a maior competitividade do mercado e a exigência contínua
de individualização e inovação da produção; a exibilização da organização do
trabalho; a dinamização das tarefas e atividades e a consequente necessidade de
maior quali cação e polivalência dos trabalhadores.
REFLITA
Não é sinal de saúde estar adaptado a uma sociedade doente
(KRISHNAMURTI).
A Sociedade Global e as
Questões Socioambientais
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Considerando as diversas questões relação trabalho-capital descritos até o presente
momento, a sociedade global tem ainda como incumbência um papel primordial,
relacionado às questões socioambientais. Face às grandes transformações, o que se
percebe em escala global, é a expansão sem precedentes do desemprego estrutural
e da desigualdade social.
Uma competição como diria Singer (2002), que faz com que as empresas satisfaçam
a sociedade pelo melhor preço, que a melhor lucre e seja considerada ganhadora.
Porquanto, do outro lado, cam os perdedores, trazendo seus efeitos sociais. Tudo
isso explica que o capitalismo produz desigualdades, vantagens e desvantagens,
produzindo ao longo dos anos, sociedades profundamente desiguais. E por que?
De acordo com o NUPAUB (s.d.), a crise global estende-se a todos os países, de forma
acelerada e crescente, de caráter irreversível, ameaçadora, reforçadora das
desigualdades sociais locais e entre nações, causadora de impactos socioculturais
de grandes proporções (os que mais sofrem com a degradação ambiental são os
pobres – que para fugirem dos desastres socioambientais são obrigados a
conviverem com o desemprego, a discriminação racial e as precárias condições de
vida). Contudo não é somente dimensão socioambiental que nos afetará, visto que o
problema é ainda muito maior, envolvendo a dimensão econômica, ecológica, social
e política.
SAIBA MAIS
Tendo como base as discussões realizadas nesta Unidade, bem como,
as análises sobre a nova morfologia do trabalho no Século XXI, pode-se
veri car que com o desemprego estruturante houve crescimento nos
“trabalhos informais” – Consequentemente o/a trabalhador/a ca
desprovido de benefícios, como vale-refeição, vale-transporte, etc., além
dos direitos previstos na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Por
exemplo: O Brasil é o segundo país na América Latina com o maior
número de trabalhadores informais, cando somente atrás da
Bolívia. Em algumas regiões da Ásia, o problema é maior ainda:
cerca de 65% dos trabalhadores são informais.
REFLITA
O trabalho é um dado fundamental da saúde. Não somente de maneira
negativa (o trabalho como causa de doenças, de intoxicações, de
acidentes, de desgaste etc.), mas também de forma positiva. O não
trabalho também pode ser perigoso para a saúde, como se vê bem,
atualmente, com toda a patologia do desemprego (DEJOURS, 1992, p.
102).
Conclusão - Unidade 1
Leitura Complementar
Prezado/a aluno/a no artigo os modos de ser da informalidade: rumo a uma nova era
da precarização estrutural do trabalho; Desenhando a nova morfologia do trabalho no
Brasil; e As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital, o
autor Ricardo Antunes aponta que como resultado das transformações e
metamorfoses nos países capitalistas, estamos diante de um intenso e signi cativo
processo de informalização e precarização da classe trabalhadora. Compreender os
modos de ser dessa processualidade, seus elementos explicativos, bem como suas
conexões com a lei do valor é o principal objetivo deste texto. Em oposição à
a rmação do m do trabalho, podemos constatar uma expressiva precarização e
informalidade do trabalho, que ocorre nas formas de trabalho parcial, subcontratado
e precarizado. Por sua vez as autoras Marley Rosana Melo de Araújo e Kátia Regina
Santos de Morais a rmam que precarização, em suma, apresenta-se como um
fenômeno que perpassa o dinâmico movimento de estruturação do trabalho e do
emprego, posto que concerne tanto ao crescimento do desemprego e à ampliação
do exército de reserva quanto às especi cidades dos empregos disponíveis no
mercado de trabalho, enfatizados pela instabilidade e efemeridade contratuais. Isso
conduz à expansão do contingente de trabalhadores alienados de seus direitos e
sujeitos a condições de trabalho instáveis, insatisfatórias e potencialmente
adoecedoras.
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Unidade 2
Responsabilidade Social e
Sustentabilidade
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Introdução
Prezado(a) estudante!
Neste sentido, poderemos veri car e compreender que a gestão ambiental vem
ganhando um espaço crescente no meio empresarial. O desenvolvimento da
consciência ecológica em diferentes camadas e setores da sociedade mundial acaba
por envolver também o setor empresarial. Naturalmente, não se pode a rmar que
todos os setores empresariais já se encontram conscientizados da importância da
gestão responsável dos recursos naturais, mas nesta sessão poderemos observar
que há intensas discussões e ações no que diz respeito à relação responsabilidade
social e socioambiental.
Bons estudos!
Desenvolvimento
Sustentável,
Responsabilidade Social e
Sustentabilidade
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
A noção de desenvolvimento está, muitas vezes, atrelada ao crescimento
econômico. Entretanto este conceito tem mudado muito nas últimas décadas,
demonstrando um consenso entre a busca pela preservação ambiental e melhores
padrões de vida para a sociedade global. A partir do estabelecimento de relações
entre o crescimento econômico, a exploração dos recursos naturais, a herança para
as futuras gerações, a qualidade de vida e a distribuição de renda e pobreza, a
exclusão social e desigualdade social busca-se um conceito aproximado para o
desenvolvimento sustentável.
CONCEITUANDO
O “Ecodesenvolvimento”, desenvolvido por Ignacy Sachs re etia uma
preocupação com o desenvolvimento e o papel do homem neste
processo, na qual ele é colocado como protagonista ou vítima. O termo
em si busca retratar o desenvolvimento socioeconômico de forma
equitativa também incluindo a dimensão meio ambiente com
reconhecida importância (SACHS, 1994 apud CHACON, 1997).
Corroborando com Sachs, Veiga (2005) alia a cultura como outra dimensão
importante e promotora do desenvolvimento. Para ele, não se podia limitar o
desenvolvimento unicamente a aspectos sociais e sua base econômica, pois se
ignoraria questões complexas entre o porvir das sociedades humanas e a evolução
da biosfera.
[...] na realidade estamos na presença de uma co-evolução entre dois
sistemas que se regem por escalas de tempo e escalas espaciais
distintas. A sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai
depender da sua capacidade de se submeter aos preceitos de
prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. É por isso que
falamos em desenvolvimento sustentável. A rigor, a adjetivação deveria
ser desdobrada em socialmente includente, ambientalmente
sustentável e economicamente sustentado no tempo (VEIGA, 2002, p.
9-10).
Fonte: Pixabay
CONECTE-SE
Na Conferência Rio+20, em 2012, de acordo com o portal do Palmares,
foram proporcionados dois espaços para discussão sobre cultura, que
englobam aspectos étnicos- raciais, sendo a cultura considerada como
o quarto pilar para o Desenvolvimento Sustentável. A programação (1)
do Galpão da Cidadania e, (2) do Armazém da Utopia.
ACESSAR
(*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar
a resposta global à mudança do clima.
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as orestas, combater a
deserti cação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de
biodiversidade.
Objetivo 16. Promover sociedades pací cas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e
construir instituições e cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria
global para o desenvolvimento sustentável.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, essa agenda Universal, elaborada
em 2015, visa a transformar o mundo até 2030, ou seja, nos próximos 15 anos busca
concretizar os direitos humanos, alcançar a igualdade de gênero e empoderamento
das mulheres e meninas, erradicar a pobreza no mundo. E para cada objetivo os
governos, empresas e demais organizações terão que traçar metas, objetivos e
estratégias que envolvam a todos, através dos relatórios e da prestação de contas.
A cultura e a diversidade têm relação direta com o processo produtivo, por um lado,
devido ao crescimento dos movimentos em defesa do meio ambiente em relação ao
uso dos recursos naturais e, por outro, como força produtiva, ou seja, mão de obra
nas empresas. A discussão do desenvolvimento sustentável é para todos os atores
da sociedade e todos, independente das relações étnico-raciais, devem estar
envolvidos.
Responsabilidade Social:
Percalços e Desa os
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Em nossos estudos estamos compreendendo que a responsabilidade social e
ambiental e o desenvolvimento sustentável são questões atuais e altamente
discutidas no mundo globalizado. Veri ca-se que enquanto não houve o aumento
acentuado do desemprego, das desigualdades sociais, da miséria, da fome e da
violência; e, que enquanto o meio ambiente foi capaz de fornecer todos os insumos
e receber todos os refugos da produção industrial sem demonstrar os impactos
negativos gerados à natureza, esses temas não eram abordados, uma vez que o
objetivo estava no crescimento de riquezas materiais.
Diante deste contexto de globalização veri cou-se diversas mudanças efetivas tanto
na economia, acirrando a competitividade no ambiente de negócios, como na forma
de comunicação mundial, que por meio das novas tecnologias propiciou o contato
em tempo real da sociedade com os fatos ocorridos nos quatro cantos do globo.
Nesse contexto, a responsabilidade social e ambiental e o desenvolvimento
sustentável, se tornaram cada vez mais evidentes e incidiram em aspectos que
revelam à cultura das organizações, impactadas em seus objetivos, estratégias e
mesmo no conceito contemporâneo de empresa.
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
As organizações não têm ainda uma postura de nida e única sobre a
responsabilidade
REFLITA
De acordo com o Instituto Ethos: Responsabilidade social empresarial é
a forma de gestão que se de ne pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade
e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS,
2009).
Richard Hall nos ajuda pensar acerca da complexidade das organizações de modo
muito objetivo e didático, haja vista que para o autor:
Haja vista que desde a da década de 60 para 70, dobrou o número de pessoas
atingidas por catástrofes naturais, principalmente secas e inundações, e isso está
diretamente ligado à má administração do meio ambiente e do desenvolvimento
socioeconômico. São crises ambientais que expõem a fragilidade da dimensão
social da economia e incentivam iniciativas globais, criação de organismos
internacionais, debates e busca de soluções para os problemas (DIAS; MARQUES,
2007).
REFLITA
Que tipo de sociedade queremos construir?
Fonte: o autor.
REFLITA
É realmente possível conciliar crescimento econômico e socioambiental
no atual contexto de economia globalizada e ainda ser uma empresa
sustentável?
Fonte: o autor.
Conclusão - Unidade 2
Livro
Livro
Filme
Filme
Filme
Unidade 3
Cultura e Diversidade
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Introdução
Esta unidade é muito importante, pois nela está contido ou “velado” conceitos sobre
etnicidade, racismo, diversidade. Sendo assim, temos por objetivo neste primeiro
momento compreender a importância do conceito raça e seus efeitos na nossa
sociedade, haja vista que as discussões e teorias sobre a diversidade humana e
consequentemente sobre raças na cultura ocidental emergiram como resultado das
grandes viagens do século XV. Uma vez que, foi nesses encontros entre as diferentes
civilizações, que surgiu a necessidade de classi car e de nir o que era e quem era a
humanidade (SCHUCMAN, 2014).
Sendo assim, a ideia de raça é uma das explicações encontradas pela humanidade
para classi car e hierarquizar os grupos humanos. Para tanto, observaremos que o
racismo passa ser concebido como sendo uma construção ideológica, que tem seu
início a partir dos séculos XV e XVI com a sistematização das ideias e valores
construídos pela civilização europeia. Nesta perspectiva, iremos estudar e entender
que o conceito de raça biológica não apresenta qualquer comprovação cientí ca,
mas a categoria raça ainda se encontra no imaginário da população e produzindo
discursos racistas, deste modo, discutiremos os efeitos desta realidade, sobretudo,
na contemporaneidade.
Bons estudos!
Re etindo sobre o Conceito
de Raça numa Perspectiva
Sociológica
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
O conceito raça veio do italiano razza, e que por sua vez veio do latim ratio
signi cando sorte, categoria e espécie. No latim medieval, o conceito de raça era
utilizado para designar descendência ou linhagem, isto é, um grupo de pessoa que
têm um ancestral comum e que possuem algumas características físicas em
comum. Todavia, em 1684 o francês François Bernier emprega o termo no sentido
moderno da palavra, para classi car a diversidade humana em grupos sicamente
contrastados, denominadas raças (MUNANGA, 2003).
Nas ciências naturais o conceito raça começou a ganhar espaço sendo utilizado
primeiramente na Zoologia e na Botânica para classi car espécies animais e
vegetais. Neste mesmo contexto que o naturalista sueco Carl Von Linné (1707-1778)
utilizou-se do conceito raça para classi car as plantas em 24 raças/classes.
Classi cação está inteiramente abandonada na atualidade.
Um geneticista pode a rmar que raça não existe, entretanto, no imaginário social a
representação de raças encontra-se presente, sendo assim, é a partir dessas raças
ctícias ou “raças sociais” (MUNANGA, 2003) que se reproduzem e se mantêm os
racismos populares. Neste sentido, porque não banir e excluir dos textos cientí cos e
das práticas discursivas o conceito raça? Mesmo inexistindo no âmbito cientí co
este conceito produz efeitos na realidade social e política, sendo assim, o seu uso diz
respeito à raça enquanto uma construção sociológica e uma categoria social de
dominação e de exclusão (MUNANGA, 2003).
CONCEITUANDO
Pode-se a rmar que racismo diz respeito a uma ideologia essencialista,
isto é, a partir da ideia de uma divisão da humanidade em grandes
grupos pautando-se em características físicas e hereditárias passaria
ser possível produzir uma escala de valores desiguais. Sobretudo, a
pessoa racista cria a raça no sentido sociológico, ou seja, a raça no
imaginário do racista não é exclusivamente um grupo de nido pelos
traços físicos, mas sim é um grupo social com traços culturais,
linguísticos, religiosos, e etc. que esta pessoa considera naturalmente
inferiores ao grupo a qual ela pertence (NAVASCONI. 2019).
Depois de quase três séculos esta representação ainda se faz presente existindo no
imaginário coletivo das gerações, bem como sobrevivendo aos progressos da
ciência, ou seja, a partir de uma construção cientí ca, produziu-se inúmeras
representações sociais do que poderia e seria a pessoa negra, branca e amarela.
Sendo assim, enquanto o racismo clássico se alimenta na noção de raça, o racismo
presente na atualidade se alimenta na noção de etnia de nida como um grupo
cultural, categoria que constituí um lexical mais aceitável que a raça (falar
politicamente correto).
Conceituando a Noção de
Etnicidade
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
CONCEITUANDO
O termo “etnicidade” permaneceu praticamente inusitado até hoje no
vocabulário sociológico ou etnológico, e só recentemente começa a ser
utilizado nos estudos sobre imigração, racismo, nacionalismo ou
violência urbana. Seu conceito está atrelado à pertença cultural.
O Quadro 1 faz referência aos vários usos do termo e seus signi cados em um dado
contexto histórico.
Quadro 1 - Uso dos termos e seus signi cados
Década de
A pertença a um outro grupo que não anglo-americano (o
50 Yankee
único grupo branco a não ter uma “origem nacional”) e é
City Series,
utilizado como uma variável independente entre outros
Warner –
(especialmente a raça ou a religião), cujo efeito sobre o
primeiro
comportamento dos indivíduos é estudado. Indica que ele
autor
entende a etnicidade como uma das características que
americano
modi cam o sistema social e sã modi cadas por ele, e as
a utilizar o
outras características são a idade, o sexo e a religião.
termo.
Desta forma, para Weber (1971, p. 416-419 apud POUTGNAT; STREIFF-FENART, 1998, p.
37-38), pode-se assim conceituar:
Grupos étnicos: são grupos que alimentam uma crença subjetiva em uma
comunidade fundada nas semelhanças de aparência externa ou de costumes, ou
dos dois, ou nas lembranças da colonização ou da migração, de modo que esta
crença torna-se importante para a propagação da comunalização, pouco
importando que uma comunidade de sangue exista ou não objetivamente.
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
De acordo com a Fundação Nacional do Índio, a FUNAI (2018, on-line), o Brasil possui
uma imensa diversidade étnica e linguística.
São cerca de 220 povos indígenas, mais de 70 grupos de índios isolados, sobre os
quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos
membros destas sociedades, que pertencem a mais de 30 famílias linguísticas
diferentes. No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades
indígenas modi cam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo,
como a cultura de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que
isto aconteceria mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de
origem europeia e africana.
Ele lembra que houve o Juruna, mas, observa que acabou abandonado em Brasília.
E quanto a Raoni, foi herói de Sting, não brasileiro (MARTINS, 2009, p.15). Calef
(2003, p. 2) inicia sua análise a partir de um questionamento importante: “o que é ser
índio neste momento histórico? ”, posto que “a classi cação do mesmo não remete
a um único grupo étnico e muito menos a uma raça, em que consiste sua
identidade”?
VI - respeitar, no processo de
integração do índio à comunhão
nacional, a coesão das comunidades
indígenas, os seus valores culturais,
tradições, usos e costumes;
SAIBA MAIS
De acordo com a FUNAI (2020, on-line):
Atualmente, no Brasil, a questão indígena está em evidência, marcada por uma série
de con itos entre índios e produtores rurais, envolvendo um tema que não é novo: a
falta de direitos de propriedade privada sobre terras indígenas (SANTORO, 2013, on-
line).
De acordo Martins (2009), os con itos territoriais são marcados por violência e são
extremamente desfavoráveis aos indígenas, não somente pelo fato da perda
territorial, mas também da perda de sua própria identidade alterada, quando não
extinta. “Extintas, dizimadas também o foram várias comunidades ao longo da
busca desenfreada de determinados grupos em busca de vantagens nanceiras,
ausentes em si de escrúpulos com os índios” (MARTINS, 2009, p. 9).
Procura justi car, desta forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus
territórios. [...] Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira
estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no
mesmo país participa da elaboração de leis, elegem candidatos e compartilham
problemas semelhantes, como as consequências da poluição ambiental e das
diretrizes e ações do governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e
administração pública em geral. Hoje, há um movimento de busca de informações
atualizadas e con áveis sobre os índios, um interesse em saber, a nal, quem são
eles.
Re ita sobre Alguns Dados
Estatísticos sobre a
População Indígena
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Segundo Povos Indígenas do Brasil PIB (2012) estima-se que existam hoje no mundo
pelo menos 5 mil povos indígenas, somando mais de 370 milhões de pessoas
(IWGIA, 2015). No Brasil, até meados dos anos 70, acreditava-se que o
desaparecimento dos povos indígenas seria algo inevitável.
Nos anos 80, veri cou-se uma tendência de reversão da curva demográ ca e, desde
então, a população indígena no país tem crescido de forma constante, indicando
uma retomada demográ ca por parte da maioria desses povos, embora povos
especí cos tenham diminuído demogra camente e alguns estejam até ameaçados
de extinção. Na listagem de povos indígenas no Brasil elaborada pelo ISA, sete deles
têm populações entre 5 e 40 indivíduos.
Dos 256 povos listados pelo ISA, 48 têm parte de sua população residindo em
outro(s) país(es). Quando há informações demográ cas a respeito, essas parcelas
são contabilizadas e apresentadas separadamente, segundo a fonte da informação,
e não contam na estimativa global para o Brasil.
Segundo o Censo IBGE 2010, os mais de 305 povos indígenas somam 896.917
pessoas. Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que
corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país.
Tikúna 46045
Kaingang 37470
Macuxí 28912
Terena 28845
Tenetehara 24428
Yanomámi 21982
Potiguara 20554
Xavante 19259
Pataxó 13588
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
A história e cultura Afro-Brasileira e Africana tem aspectos culturais pluriétnicos que
os representam e os levam a uma nova civilização. De acordo com Prandi (2000),
aqui em uma síntese histórica, foi assim engendrada:
Entre 1525-1851: mais de cinco milhões de africanos foram trazidos para o Brasil
na condição de escravos (CONRAD, 1985, p. 34-43 apud PRANDI, 2000.
Não se tratava de um povo, mas de uma multiplicidade de etnias, nações,
línguas, culturas. Povos da África se classi caram em dois grupos linguísticos
sudaneses e bantos que se diversi caram em várias linguagens no Brasil.
Como a economia brasileira colonial vai se modi cando, a demanda por
escravos também vai mudando geogra camente.
Como escravizados, no século XVIII, grande parte era destinada ao Engenho
(Pernambuco e Bahia). Com a descoberta do Ouro em Minas no século XVIII –
Ciclo de Ouro (MG). Com a demanda agrícola – fumo e cacau (BA e Sergipe), no
Rio de Janeiro Cana e café, Cana e algodão (Maranhão e Pará), Café (PE,
Alagoas e Sergipe) Cana e café em São Paulo, Mineração (MG e MGS) e cultivo
de café em ES e agricultura no Rio Grande do Sul.
Em todos os lugares, realizavam serviços domésticos, organizados no complexo
senzala.
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Na atualidade, veri cando o contexto histórico social, percebemos que “não há
dúvida de que o passado escravocrata tem re exos sobre as relações sociais,
econômicas e raciais no Brasil”. Por muitos anos, os negros e afrodescendentes
foram vistos e tratados como inábeis para exercer funções privilegiadas, além de não
serem tratados como iguais a outros indivíduos brancos, também nos espaços
públicos e Instituições de ensino (ARAUJO, 2010, p. 124, grifos nossos).
Não obstante, não eram levados em consideração fatores importantes, por exemplo,
saúde, condições de trabalho, alimentação e organização familiar. Assim, mães eram
separadas de sua família; crianças eram postas em atividades pesadas; mulheres
levadas à prostituição; e os escravos trabalhavam até a exaustão, estando ainda
sujeitos aos castigos de seus donos (ARAUJO, 2010, p. 121).
Depois da supressão das leis do apartheid na África do sul, não existe mais, em
nenhuma parte do mundo, um racismo institucionalizado e explícito. O que signi ca
que os Estados Unidos, a África do Sul e os países da Europa ocidental se encontram
todos hoje no mesmo pé de igualdade com o Brasil, caracterizado por um racismo
de fato e implícito, às vezes sutis (salvo a violência policial que nunca foi sutil). Os
americanos evoluíram relativamente em relação ao Brasil, pois além da supressão
das leis segregacionistas no Sul, eles implantaram e incrementaram as políticas de
“ação a rmativa”, cujos resultados na ascensão socioeconômica dos afro-
americanos são inegáveis. Os sul africanos evoluíram também, pois colocaram m
às leis do apartheid e estão hoje no caminho de construção de sua democracia, que
eles de nem como uma democracia “não racial” (MUNANGA, 2012, p. 11).
REFLITA
A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
GELEDÉS (2018)
Conclusão - Unidade 3
Caro(a) aluno(a)! Espero que esta unidade tenha elucidado suas dúvidas sobre os
diversos conceitos que envolvem as questões étnico-raciais, a sociedade e as
organizações de forma geral. Como você pôde perceber, não foi nosso objetivo
aprofundar o assunto sobre o multiculturalismo existente em nosso país, sequer
como estão internacionalmente.
Como condição sine qua non, tratamos do assunto sobre os diversos conceitos acerca
da Etnicidade, o que culminou em uma discussão sobre racismo, dado à sinonímia
dos termos etnia e raça.
A sociedade busca saldar suas dívidas sociais por meio das ações a rmativas e
políticas de reparações e compensações, pois conforme visualizamos no contexto
sobre afro-brasileiros e Africanos que culminaram em uma nova Cultura e, não
obstante, o mesmo tratamento foi dado à questão indígena, esses foram, e alguns
ainda o são, marcados historicamente pela desigualdade social promovida,
principalmente, pelas relações sociais e econômicas, de forma preconceituosa e
imbuída de desrespeito identitários, como pudemos perceber na discussão sobre o
mito da democracia racial.
Leitura Complementar
Em Para entender o negro no Brasil de hoje: histórias, realidades, problemas e
caminhos, Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes focalizam alguns exemplos da
resistência negra após abolição. É importante destacá-los para re etir sobre o
processo de luta do povo negro no Brasil e desmisti car a ideia de que após a
assinatura da Lei Áurea (que aboliu a escravidão) a situação dos negros, descendentes
de africanos escravizados no Brasil, tomou-se harmoniosa e estável. Esta ideia ainda
paira em nosso imaginário social.
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Unidade 4
Políticas Públicas e a
Diversidade Cultural
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Introdução
Nesta unidade falaremos sobre as políticas públicas e a diversidade cultural, isto é,
os estudos e fatos cientí cos tentam explicitar os aspectos pluriétnicos em suas
mais variadas dimensões.
Dessa forma, a ideia inicial é levá-lo(a) a uma re exão sobre os contextos históricos e
culturais das nações étnicas presentes no Brasil, bem como a re exão acerca da
relação educação, diversidade, relações étnico-raciais e organizações. Não temos a
pretensão de esgotar as re exões possíveis , mas apresentaremos conceitos
pertinentes para analisar a temática.
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
De acordo com Navasconi e Moscheta (2020) pensar sobre a formação, a relação
educação, políticas públicas e as relações étnico-raciais é um desa o necessário a
ser enfrentado dentro de um contexto nacional que ainda não superou o nefasto
legado do processo de escravização.
No Brasil, as discussões sobre políticas públicas voltadas para a ascensão dos negros
no país, é muito recente, data de 1996, quando o Ministério da Justiça realiza em
julho deste mesmo ano, um Seminário Internacional sobre “Multiculturalismo e
Racismo: o papel da ação a rmativa nos estados democráticos contemporâneos”.
Segundo Guimarães, (1996), foi a primeira vez que um governo brasileiro admitiu
discutir políticas públicas especi camente voltadas para a ascensão dos negros no
Brasil.
Logo é neste cenário que as políticas públicas ganham espaços e notoriedade, haja
vista que as “políticas públicas designam como a intervenção do Estado no
ordenamento da sociedade, por meio de ações jurídicas, sociais e administrativas”
(RODRIGUES, 2010).
Bicharra (2015) pontua que no Brasil não existe uma discriminação racial de maneira
o cializada, ou seja, inscrita na lei. Contudo:
Deste modo, esperamos que você leitor e leitora possa compreender que ao falar
sobre ações a rmativas automaticamente pensem que se refere a um conjunto de
ações privadas e/ou políticas públicas que tem como objetivo reparar os aspectos
discriminatórios que impedem o acesso de pessoas pertencentes a diversos grupos
sociais às mais diferentes oportunidades. Uma ação a rmativa não deve ser vista
como um benefício, ou algo injusto. Pelo contrário, a ação a rmativa só se faz
necessária quando percebemos um histórico de injustiças e direitos que não foram
assegurados.
Por sua vez, as ações a rmativas de acordo com Munanga e Gomes (2004), podem
ser entendidas como políticas de combate ao racismo e à discriminação racial, que
por sua vez, busca promover ativamente a igualdade de oportunidades para todos,
instituindo meios que façam com que os grupos socialmente discriminados tenham
as mesmas chances e condições de vivência digna e livre dentro da sociedade. Tais
ações podem ser compreendidas como um conjunto de políticas, ações e
orientações públicas ou privadas, de caráter compulsório, facultativo ou voluntário,
cujo intuito consiste na correção de desigualdades que historicamente têm sido
impostas, gerando discriminação e exclusão em determinados grupos sociais e ∕ ou
étnico-raciais.
Nesta perspectiva, pode-se a rmar que discutir sobre educação das relações raciais
é também assumir uma postura política, uma vez que é através do debate social
que ocorre a mudança de mentalidade. A ruptura de preconceitos existentes nas
discussões acerca da inserção social, cultural, histórica e política acerca dos povos
afrodescendentes, nos levam a pensar na urgência de incluir esses povos no âmbito
escolar. Se a maioria da população brasileira é composta por negros e estes cam
exclusos das políticas públicas, logo signi ca que não haverá no país
desenvolvimento na democracia e nem tampouco avanços sociais.
Os Negros na Educação
Brasileira e nos
Movimentos Sociais
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
Segundo Domingues (2007) é possível dividir a história política do movimento negro
em três fases principais. A primeira faz do que hoje em dia chamamos de
Movimento Negro se deu entre a Primeira República ao Estado Novo (1889 a 1937)
diversas entidades foram criadas, como clubes negros, jornais escritos por e para
negros, comunidades e grêmios. A entidade que mais se destacou foi a Frente
Negra Brasileira (FBN) criada em 1936 desenvolveu várias ações combatendo a
discriminação racial, como por exemplo, a criação de escolas voltadas
especi camente para a população negra. Já em 1936 a FBN tornou-se partido
político de extrema direita.
Um segundo momento, foi entre a Segunda República e ditadura civil militar (1945 –
1964) dessa época, um dos principais agrupamentos foi a União dos Homens de Cor.
Também intitulada Uagacê ou simplesmente UHC, foi fundada por João Cabral
Alves, em Porto Alegre, em janeiro de 1943. Já no primeiro artigo do estatuto, a
entidade declarava que sua nalidade central era “elevar o nível econômico, e
intelectual das pessoas de cor em todo o território nacional, para torná-las aptas a
ingressarem na vida social e administrativa do país, em todos os setores de suas
atividades” (DOMINGUES, 2004).
Com o golpe militar de 1964 veri cou-se uma desarticulação e uma coalização de
forças no que tange o combate e enfrentamento do preconceito de cor, sendo
assim, a discussão acerca da questão racial foi praticamente excluída. O terceiro
momento foi marcado pelo surgimento do Movimento Negro Uni cado (MNU) em
1978. Momento este em que o movimento passou-se a construir discursos
radicalmente contra o racismo e a favor de uma melhor qualidade de vida para a
população negra, visando o estabelecimento de uma identidade étnico-racial
especí ca do negro.
Essa conferência veio na tentativa de reparar os danos causados aos povos que
foram tão importantes para o desenvolvimento político, social e econômico de vários
países como o Brasil, onde os índios e os negros levantaram a economia entre os
séculos XV e XX.
Em janeiro de 2003 foi promulgada a lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Esta foi
criada no intuito de buscar resgatar a cultura africana tão presente no Brasil, trazida
pelos escravos, que modi ca a lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e assim
passa a vigorar acrescida dos seguintes:
Arts. 26-A, 79-A e 79-B: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, o ciais e particulares, torna-se obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1o O conteúdo
programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da
História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e
política pertinentes à História do Brasil. § 2o Os conteúdos referentes à
História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
Literatura e História Brasileiras. [...] Art. 79-B. O calendário escolar
incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência
Negra’. (BRASIL, 2003, p. 35).
AUTORIA
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Paulo Vitor P. Navasconi
As identidades plurais evocam as discussões sobre a identidade nacional e a
introdução do multiculturalismo numa educação-cidadã, considerando todas as
diversidades, posto que, olhando a distribuição geográ ca do Brasil e sua realidade
etnográ ca, percebe-se que não existe uma única cultura branca e uma única cultura
negra e que regionalmente podemos distinguir diversas culturas no Brasil.
Contudo, como já vimos os grupos étnicos, raciais e culturais não dominantes, assim
como as mulheres, têm sido concretamente discriminados nos mercados de serviços
e trabalho, bem como no acesso aos serviços públicos assistenciais e de uso coletivo,
porém, a adoção das políticas de ação a rmativa, favorecendo determinados grupos
da população, encontra sérias resistências em setores do pensamento liberal e
neoliberal. Isto é, segundo Taylor (1998 apud PAIXÃO, 2003, p. 144-145):
Contudo, não obstante à força desta argumentação, parece inegável que, dado o
padrão de convívio social existente no mundo atual, a inexistência de políticas que
visem a superar as desigualdades de gênero, étnicas e raciais somente poderá levar à
perpetuação das injustiças contra os grupos não hegemônicos da sociedade. Por
outro lado, o desenvolvimento do argumento comunitarista moderno vem
avançando progressivamente a ideia de que é um direito dos indivíduos a
preservação de seus laços culturais e identitários uma vez exercendo
voluntariamente.
CONCEITUANDO
De acordo com Abramowicz (2006, p. 12), o conceito de “Diversidade”
está relacionado à “variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é
qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a falta
de igualdade ou de semelhança”.
De acordo com os autores Don Hellriegel, John Slocum Jr. e Richard Woodman (2001,
p. 12 apud SILVA, 2005, p. 75), há duas categorias de diversidades que causam efeitos
sobre o comportamento organizacional:
Nesse contexto, todas as esferas (dimensões) da vida humana são atingidas, sejam
elas de ordem política, religiosa, psicológica, pessoal, familiar, entre outras [...] assim,
considera-se que falar de diversidade sociocultural, extrapola o senso comum. É
necessária uma abstração profunda da questão até mesmo para não cair na
discussão do “multiculturalismo” que vem sendo realizada em nível mundial, sem se
atentar muitas vezes para questões de “pano de fundo” tais como as mudanças nas
relações de produção e reprodução e as contradições advindas da grande
contradição capital/trabalho.
Nessa complexidade, em que, anteriormente, era discutido o conceito de igualdade
apenas como material ou substancial, na qual necessariamente é avaliada no
contexto de desigualdades concretas existentes na sociedade, de sorte que as
situações desiguais também permaneçam presentes, há a necessidade da busca de
uma igualdade, agora, de oportunidades, nascida da necessidade de se extinguir ou
pelo menos mitigar o peso das desigualdades econômicas e sociais e,
consequentemente, de promover a justiça social. Desta nova visão, surgem as
políticas sociais de apoio e a promoção de determinados grupos fragilizados. A essas
tentativas de concretização da igualdade substancial ou material, dá-se a
denominação “ação a rmativa” (GOMES, 2003, p. 3).
Magalhães e Silva (1997, p. 5), em conceito mais voltado para o Estado, não tão ampla,
como as de Munanga e Gomes (2004), de nem as ações a rmativas como especiais e
temporárias, tomadas e determinadas pelo Estado de forma espontânea ou
compulsoriamente que tem o como objetivo também:
Trata-se de uma política de inclusão, de caráter curricular, balizada por princípios que
constituem a consciência política e histórica da diversidade, o fortalecimento de
identidades e de direitos e que culmina com ações educativas de combate ao
racismo e a todo tipo de discriminação. A obrigatoriedade da inclusão da temática da
diversidade étnico-racial nos currículos escolares traduz uma postura política, com
marcantes repercussões pedagógicas, inclusive no que tange a formação de
professores, a partir do entendimento e do reconhecimento de que estamos inseridos
em uma sociedade multicultural e pluriétnica (DIAS, 2010).
De acordo com Sarres (2012, p. 1), as políticas compensatórias são justi cadas pela
Constituição:
A UnB foi a primeira Universidade Federal a instituir o sistema de cotas,
em junho de 2004. Atos administrativos e normativos determinaram a
reserva de 20% do total das vagas oferecidas pela instituição a
candidatos negros (entre pretos e pardos). A ação a rmativa faz parte do
Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial da UnB e foi
aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. No primeiro
vestibular, o sistema de cotas foi responsável pela aprovação de 18,6%
dos candidatos. A eles, foram destinados 20% do total de vagas de cada
curso oferecido. (SARRES, 2012, p. 1).
Com a criação da Portaria 68, de 14/01/2017, que atenta contra os direitos indígenas e
acelera o sucateamento da Fundação Nacional do Índio (Funai), e a criação de um
Grupo Técnico Especializado (GTE) para dar “subsídio” ao Ministro nas decisões e
diligências sobre demarcação de Terras Indígenas, objetiva pôr em prática a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) (art. 4º, VI, Portaria 68/17) (BRASIL,
2017).
Segundo o art. 5º, Portaria 68/17, prevê, ainda, que, caso tenha havido perda de terra,
será veri cado se houve previsão para a “reparação por terras que possuíam
tradicionalmente”; altera e burocratiza o sistema de demarcação já existente,
incorporando uma nova etapa e fazendo com que se realize uma reavaliação de todo
o trabalho já realizado pela Funai na demarcação, que serve à proteção dos povos
indígenas e à consagração de seus direitos, mediante o procedimento estabelecido
pelo Decreto 1.775 de 1996, que envolve estudo antropológico, possibilidade de
contraditório e foi declarado constitucional pelo STF inúmeras vezes. Isto mostra a
desnecessidade da criação de qualquer GTE.
As empresas, também têm feito o seu papel, é o que mostram as pesquisas “Per l
Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas Ações
A rmativas” (ETHOS, 2016, on-line).
ATENÇÃO
Mais de 52% das empresas disseram desenvolver políticas de igualdade
de oportunidades para brancos e negros entre os funcionários, na página
29, do relatório de 2010.
Aos que consideram a participação dos negros na empresa menor do que deveria ser,
foi indagado aos gestores a que atribuem essa insu ciência, em pesquisas realizadas
em 2010 e 2015. A maior parcela dos gestores (61%), em 2010, atribuem essa
insu ciência à falta de quali cação para os cargos (ETHOS, 2013), e 48,3%, na pesquisa
realizada em 2015 (ETHOS, 2016 on-line), também mencionaram a falta de
quali cação para os cargos. Porcentagem bem inferior, de 31% (ETHOS, 2013) e 41,4%
(ETHOS, 2016, online), atribui a situação da insu ciência à falta de conhecimento ou
experiência da empresa para lidar com o assunto; 8% dos gestores, na pesquisa de
2010 (ETHOS,2013), e 10,3% dos gestores, na pesquisa de 2015, (ETHOS, 2016, on-line),
atribuíram essa insu ciência à falta de interesse dos próprios negros por cargos na
empresa.
Comparando as percepções dos gestores, pode-se evidenciar que a falta de
quali cação para os cargos reduziu, principalmente pelos negros terem mais acesso
ao ensino superior, porém a falta de experiência ou conhecimento para lidar com o
assunto e a falta de interesse por cargos na empresa aumentaram. Em 2015, é
expressiva a presença de negros entre os aprendizes, com participação de 57,5%
nesse nível, mas cam com apenas 28,8% no nível dos estagiários, com uma diferença
de 50% entre os dois contingentes. Entretanto, sua participação nos demais cargos
ainda é incipiente (ETHOS, 2016, on-line). A porcentagem de 58,2% no nível dos
trainees, com a mesma diferença de 50% em relação aos estagiários, abre, numa
primeira observação, a perspectiva de um considerável aproveitamento de negros
nos níveis seguintes – o que não se con rma. Sua participação no quadro funcional é
de 35,7% (diferença de 38,7%), decrescendo progressivamente para 25,9% na
supervisão (27,5% de diferença), 6,3% na gerência (75,7% de diferença) e 4,7% no
quadro executivo (25,4% de diferença), e mantendo-se num mesmo patamar no
conselho de administração, com 4,9% (ETHOS, 2016, p. 24).
De acordo com Roosevelt Thomas (apud SILVA, 2005, p. 77), incluem-se alguns pontos
importantes na valorização da diversidade, como:
Promover a consciência e a aceitação das diferenças individuais;
Como podemos perceber neste último tópico, as organizações estão aos poucos
aperfeiçoando seu relacionamento com as questões étnicas, com respeito e equidade
e promovendo ações de antidiscriminação na esfera organizacional, baseadas em
ações a rmativas e no respeito à diversidade. Estas se traduzem, atualmente, em
ações de responsabilidade social, agregando valor à imagem organizacional.
Neste sentido, é cada vez mais comum a apresentação dos indicadores relacionados
a esses temas nos balanços sociais das organizações do primeiro, segundo e terceiros
setores, respeitando a Constituição Federal, nossa carta magna de maneira mais
efetiva. Entretanto, ainda há muitos desa os na relação entre pessoas, organizações e
sociedade, quando o assunto é relacionamento étnico-racial!
SAIBA MAIS
Leia o relatório “Per l Social, Racial e de Gênero das 500 maiores
empresas do Brasil e suas Ações A rmativas” na íntegra.
ACESSAR
REFLITA
As organizações são um campo fecundo para a reprodução das
desigualdades raciais. As instituições apregoam que "todos são iguais
perante a lei"; e asseguram que todos têm a mesma oportunidade, basta
que a competência esteja garantida. As desigualdades raciais
persistentes evidenciam que alguns são menos iguais que outros. Mas
sobre isto há um silêncio. O silêncio não é apenas o não-dito, mas aquilo
que é apagado, colocado de lado, excluído. O poder se exerce sempre
acompanhado de um certo silêncio. É o silêncio da opressão.
BENTO (2005)
Conclusão - Unidade 4
Foi possível veri car algumas políticas públicas e ações governamentais reforçadas
pela Constituição Federal e em Leis que visam a servir de compensação e reparação
das ações a rmativas, buscando minimizar os efeitos de tantos anos de desigualdade
social e econômica. Neste sentido, foi demonstrado como as empresas podem utilizar
das re exões sobre a responsabilidade social para que haja efetivamente uma
contribuição para diversidade e pluralidade de etnias, saberes e pensamentos, bem
como para implementação das ações a rmativas e reforçando o interesse pelas
questões étnico-raciais.
Haja vista que, é preciso lembrarmos que um ambiente diverso é um ambiente não
só plural, mas de extrema potência, uma vez que, a diversidade nas empresas traz
benefícios. Segundo estudos da consultoria McKinsey, empresas com mulheres na
liderança têm lucratividade 21% maior quando comparadas às que não tem. Quando
se trata de diversidade étnica-racial esse percentual sobe para 33%.
Sendo assim, reitera-se que o aprendizado em relação à questão histórica dos negros
e de outras minorias é de suma importância, não só de administradores, psicólogos,
pedagogos, e a ns, mas também na formação de cidadãos que consigam ver as
diferenças e respeitá-las e que também tenham um embasamento adquirido na
universidade para que saibam lidar com todas as pessoas, aproveitando delas o se
potencial em favor das organizações.
Leitura Complementar
Eliane Barbosa da Conceição a rma que nos últimos anos, a sociedade brasileira tem
assistindo à evolução da discussão sobre as questões relativas à discriminação racial
nos espaços de trabalho. Apesar disso, os estudos organizacionais têm negado a
importância do tema. A relativa ausência de trabalhos abordando esse assunto
demonstra que os pesquisadores da área têm dedicado pouca atenção a temática
que, por sua natureza, merece maior preocupação. Neste ensaio, apresento
características da cultura brasileira que justi cam o fato, demonstrando que a forma
como historicamente se tratou da questão racial no Brasil in uencia o modo como os
brasileiros enfrentam os problemas relativos à discriminação; e levo o leitor a
compreender como a questão veio a ser naturalizada em nosso meio. Dados
contemporâneos sobre a posição dos afrodescendentes no mercado de trabalho
revelam que as organizações reproduzem, por meio de mecanismos e processos
especí cos, a discriminação racial existente na sociedade. Certamente, a ausência de
discussão sobre as questões raciais nos espaços frequentados por administradores
tem contribuído para a manutenção da realidade retratada. Por essa razão,
argumentei em favor da ampliação da produção acadêmica organizacional sobre o
tema considerado e apresentei caminhos para futuras pesquisas, discorrendo sobre
subáreas dos estudos organizacionais que podem ser enriquecidas com a inclusão de
estudos sobre as desigualdades raciais, bem como apontando possível orientação
metodológica para a realização desses estudos. Por sua vez, Silvia Generali da Costa e
Carolina da Silva Ferreira descrevem que as pesquisas brasileiras em Administração
vêm apresentando uma lacuna no que se refere aos estudos sobre as minorias no
contexto organizacional. Esta conclusão é resultado de uma pesquisa, de caráter
descritivo e exploratório, realizada entre as principais publicações nacionais na área,
nos últimos dez anos. Seu principal objetivo foi o de mapear a presença dos
afrodescendentes, dos portadores de necessidades especiais, das mulheres e das
pessoas com diferentes orientações sexuais, no contexto dos estudos administrativos
brasileiros. Sua contribuição está em apontar caminhos para futuras pesquisas,
sobretudo do ponto de vista crítico. Em relação aos resultados, foram encontrados
quarenta e nove artigos sobre as temáticas de interesse, entre as mais de seis mil
publicações do período: quarenta sobre gênero, cinco sobre diversidade, de forma
ampla, e três sobre portadores de necessidades especiais. Os temas que
permanecem praticamente inexplorados nos estudos organizacionais são os de raça
e etnia (uma publicação) e inclusão de pessoas com orientações sexuais diversas
(nenhuma publicação). Os resultados vêm ao encontro dos achados de Hanashiro,
Godoy e Carvalho (2004) e Fleury (1999) indicando a escassa produção acadêmica
brasileira em diversidade e a ênfase na temática gênero. E por m a publicação
realizada pelo Instituto Ethos mostra formas de como enfrentar o preconceito no
ambiente de trabalho e no âmbito das relações empresariais e aborda temas como a
igualdade de oportunidades, a ética e a diversidade como fator de competitividade, a
discriminação racial, étnica, a subordinação das mulheres, além de aspectos como as
oportunidades de trabalho e o espaço existencial nas empresas.
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Considerações Finais
Dessa forma, o trabalho não deve ser analisado apenas em relação às técnicas de
produção e dominação, mas considerando a maneira como os sujeitos vivenciam e
dão sentido às suas experiências de trabalho. Estas também variam conforme o
contexto social, histórico e econômico, apontando para diferentes processos de
produção de subjetividade, diferentes sujeitos trabalhadores, ou seja, A relação com
o trabalho certamente é vivida de forma distinta entre o cidadão e o escravo na
Grécia, o senhor e o servo na Idade Média, ou entre o operário da indústria fordista e
o jovem analista de sistemas nas atuais empresas (NARDI, 2006).
Portanto, como pontua Bugarelli (2013) podemos nalizar e compreender que não
há valorização da diversidade sem a realização de ações a rmativas. Também não é
possível realizar ações a rmativas sem explicitar o posicionamento contra o racismo
e sem agir sobre ele para além da oferta de oportunidades. Aspectos culturais e
medidas concretas no âmbito da gestão, dos processos internos e do
relacionamento com os diferentes públicos, ou stakeholders, precisam ser
combinados para que as empresas ganhem maior efetividade e ajustem o passo
com as demandas da sociedade civil e do Estado brasileiro.