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“A sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram
novas coerções. A dialética do senhor e escravo está, não em última instância, para aquela sociedade na
qual cada um é livre e que seria capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma
sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho. Nessa sociedade
coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A especificidade desse campo de trabalho é
que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia, vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós
mesmos. Com isso, a exploração é possível mesmo sem senhorio” (– Byung-Chul Han, em “Sociedade do
Cansaço”.[tradução Enio Paulo Gianchini]. São Paulo: Editora Vozes, 2015)
1 – O que podemos pensar por alienação ao trabalho, à cultura organizacional e como esta
relação se estabelece como fonte de mal-estar ou de realização no indivíduo?
Através de uma análise crítica observa-se uma crescente tendência na instrumentalização do
sujeito no meio social, principalmente no ambiente organizacional. Há um movimento que
reduz o indivíduo à um mecanismo inorgânico que, por meio de um “sequestro da
subjetividade”, aliena-o diante de si mesmo.
O distanciamento entre a essência fundamental do indivíduo e seu trabalho acaba por acarretar
em um mal-estar cuja raiz se encontra na carência de uma realização, que reflete no
empobrecimento das relações sociais e na relação consigo próprio. A cultura organizacional,
como manifestação sistemática, refere-se a um conjunto de praxis adotadas por uma empresa
com o intuito de delinear certas diretrizes. É através destas diretrizes, e da crescente confluência
entre empresa e empregado, que dá-se início a um processo de alienação: o sujeito encontra-se
imbuído no meio organizacional, despindo-se de sua subjetividade.
2 – Qual é a origem, a função e os componentes conceituais que definem o que é uma cultura
organizacional? (3,0)
Inicialmente é ideal pensarmos no significado da palavra “cultura”, para então aplicá-la dentro do
contexto organizacional.
Uma cultura é um conjunto de praxis, valores e costumes que surgem de forma orgânica com a
função de delinear comportamentos e métodos, para que seja possível uma convivência simbiótica
entre os organismos participantes de tal. A cultura organizacional se dá por meio da criação deste
ambiente comum à todos, formando um organismo sistemático que opera através das diretrizes
propostas. De maneira funcional, a cultura organizacional visa a manutenção dos interesses da
organização por meio do estabelecimento de “valores” e condutas padronizadas, sempre com o
intuito de favorecer o sistema da organização, mesmo que isso custe a subjetividade do
empregado.