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TRABALHO E SUBJETIVIDADE
TRABALHO IMATERIAL
Londrina
2018
1 TRABALHO E SUBJETIVIDADE
Para dar início ao tema, antes são necessárias as definições dos dois
elementos trabalhados. A subjetividade é algo íntimo do indivíduo e que é
constituída a partir da percepção do mundo externo, ou seja, as opiniões, gostos e
sentimentos que cada ser humano carrega e que é alimentada por influências
externas como a cultura, religião, ou mesmo situações que trazem consigo
experiências marcantes. Já o trabalho pode ser definido, segundo o dicionário, como
“um conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir
determinado fim; atividade profissional regular”.
A subjetividade pode ser considerada como um efeito das múltiplas
rupturas no processo de flexibilização do capital, por isso no texto, é considerada
juntamente com o elemento “trabalho”.
O texto centraliza na construção do trabalhador, da sua saúde mental e sua
identidade. Destaca-se, a partir das ações desenvolvidas, decorrente de não ser
reconhecido pelos outros e pela hierarquia nas organizações.
O trabalhador busca o sentido no processo de realização de si no interior e
de um coletivo da empresa em qual está inserido, zela pelos resultados do trabalho,
e que sejam os melhores possíveis. Muitos jovens de certa maneira não escolhem o
trabalho que realizam, e sim aproveitam das oportunidades que apareceram. Desta
maneira, a maioria dos trabalhadores vivem em um universo de cicatrizes.
Em um mundo em que predomina a lógica do capital financeiro, e que
exige um crescimento sem fim, impondo metas, observamos várias formas de
adoecimento psíquico no trabalho. Na ânsia de corresponder às exigências de que
só se é bem-sucedido quando se atinge cada vez mais metas agressivas e
rigorosas, observamos que estes trabalhadores se tornam visíveis não pelo sucesso,
mas pelo preço que passam a pagar, ou seja, pela expressão dos seus sofrimentos.
Com isso, são “obrigados” a abandonarem sua subjetividade, tendo que se
readaptar e se reinventar neste mundo globalizado e moderno.
Esta análise não sugere que o mundo do trabalho nem sempre foi assim,
afinal no período de surgimento e desenvolvimento das indústrias, as pessoas eram
consideradas e tratadas como máquinas, que estavam ali exclusivamente para
realizar suas atividades e ser remunerada por isso, como se o ser humano não
dependesse de outros fatores para se sentir realizado e ter uma boa vida.
Porém, considerando os elementos de destaque como sendo a
globalização e o capitalismo, são estes os percussores de tantas mudanças, e não
só no quesito de organização do trabalho/produção, mas também desencadeiam
transformações socioculturais, econômicas, políticas e tecnológicas. E são essas
transformações que influenciam no comportamento do individuo, como mencionado
acima, as pressões e metas cobradas no ambiente profissional exigem um
comportamento mais duro e imparcial dos trabalhadores, o que não abre espaço de
tempo para se procurar algo que realmente importe ou que seja do gosto da pessoa,
os tornando muitas vezes infelizes.
A subjetividade neste contexto também é afetada. Diferente de
antigamente em que se acreditava que a subjetividade era algo fixo e imutável, hoje
se entende que sujeito e subjetividade são elementos íntimos e correspondentes.
Segundo Fonseca, “é pela via da posição do sujeito no mundo que a sua
subjetividade se constitui”, ou seja, a subjetividade produz e molda o individuo, mas
é influenciada pelo ambiente e condições em que se encontra, não é uma
construção globalizada, mas sim, única à reação de cada um.
2 TRABALHO IMATERIAL