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Resumo: Este estudo tem por objetivo pesquisar a relação existente entre a realização da
pesquisa de clima organizacional e a melhoria deste clima, além de evidenciar que esta
ferramenta de gestão pode ser utilizada em qualquer atividade, seja ela, indústria, comércio ou
serviço, aproxima o empregado do empregador e auxilia no desenvolvimento da organização
através da solução de problemas apontados e da implementação de ações propostas pelos
empregados que durante um terço, ou mais, das horas do dia estão envolvidos em algum tipo de
atividade profissional. Porém, a pesquisa de clima é um processo sério que deve realizado com
precisão e objetividade, pois trabalha com pessoas e desperta um nível de expectativa em relação
às melhorias internas; um outro fator que deve ser considerado é que cada pessoa possuí um
conceito, uma concepção e uma percepção a respeito de cada assunto tornando subjetivo e
extremamente difícil a avaliação das respostas no sentido de estabelecer indicadores que possam
medir a eficiência deste processo. Partindo do pressuposto que a satisfação no trabalho
influencia o desempenho do trabalhador, as empresas modernas passaram a preocupar-se com
as necessidades e expectativas de seus empregados entendendo que o equilíbrio entre estas e a
percepção que eles têm do atendimento destas necessidades e expectativas, demonstra o grau de
satisfação no ambiente de trabalho e consequentemente o compromisso da empresa com a
melhoria contínua de seu desempenho operacional através de fatores orientados para segurança,
saúde, bem estar e moral dos funcionários. Existe um vínculo muito estreito entre a satisfação
dos empregados e a satisfação dos clientes, em função disso a melhoria do clima organizacional
é diretamente proporcional à melhoria da satisfação dos clientes de uma organização.
1. Introdução
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As políticas de gestão de pessoas das organizações devem estar alinhadas com seus objetivos e
metas, e neste contexto Clima Organizacional deve ser avaliado periódicamente para que com
base nos resultados obtidos sejam elaborados e implementados planos de ações que promovam
melhorias nos pontos fracos observados e fomentem a potencialização dos pontos fortes.
2. AS ORGANIZAÇÕES E A SOCIEDADE
A sociedade moderna é cada vez mais uma sociedade de organizações, praticamente não há
como o homem deixar de ter contato com as organizações. Para Etzioni (1976, P.13)os cidadãos
das sociedades modernas nascem em hospitais, são educados em escolas, trabalham em uma ou
outra organização e, de acordo com sua participação em atividades político-religiosas, também
com freqüência ocupam lugares nas organizações complexas. Em resumo, os membros das
sociedades modernas tiram grande parte de sua satisfação material, social e cultural de
organizações feitas em grande escala.
São inúmeras as tentativas de caracterizar as organizações:
Chanlat (1993) as define como um local onde diversos agentes contribuem com seus
recursos para produzir objetos e serviços, mas também é um local onde cada membro atua
para realizar seus próprios objetivos;
Morgan (1996) as caracteriza como pequenas comunidades que têm padrões próprios de
cultura, e que as articulam como um grupo bem integrado ou uma família;
Srour (1998, P.122) diz que as organizações são um microcosmo social, onde os agentes
individuais são os portadores das relações sociais. A despeito da dominância de uma
dimensão, que justifica existência e diferencia uma determinada organização, todas elas
possuem as seguintes dimensões: econômica, política e simbólica. E enfatiza: toda
organização se conforma, a um só tempo, como unidade produtiva, entidade política e
agência ideológica. Dito de outra maneira, toda organização comporta espaços variados.
Em termos econômicos, as relações de haver (ou de produção) articulam uma espécie de
praça em que se produzem e intercambiam bens e serviços. Em termos políticos, as
relações de poder articulam uma espécie de arena em que se defrontam diferentes forças
sociais. E, em termos simbólicos, as relações de saber articulam uma espécie de palco em
que se elaboram e difundem representações imaginárias (discursos ou mensagens).
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Os instrumentos utilizados para avaliar o clima de uma organização são “pesquisas de clima”,
ou seja, é uma pesquisa de opinião que caracteriza uma representação ou uma percepção da
realidade organizacional.
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O modelo proposto por Litwin e Stringer (apud Santos, 1983) apresenta 7 fatores:
a) Estrutura – Representa a percepção dos membros da organização sobre quantidade de
regras, procedimentos e outras limitações enfrentadas para realização dos trabalhos; ênfase
que a organização coloca na burocracia versus a que aposta em um ambiente de trabalho
livre, informal e não estruturado;
b) Responsabilidade – é o sentimento dos membros da organização a respeito da sua
autonomia nas decisões relacionadas ao seu trabalho. Leva em consideração se a
supervisão que recebem é do tipo mais geral, ou seja, o sentimento de ser seu próprio
chefe;
c) Desafio – corresponde à percepção dos membros da organização quanto aos desafios
impostos pelo trabalho. È o parâmetro pelo qual a organização promove a aceitação de
riscos calculados para atingir objetivos propostos;
d) Recompensa – corresponde à percepção dos membros sobre a adequação da recompensa
por um trabalho bem feito. É a medida que a organização utiliza mais a premiação do que a
punição;
e) Relações – é a percepção dos membros da organização acerca da existência de um
ambiente de trabalho gratificante e de boas relações sociais, tanto entre os pares quanto
entre chefe e subordinados;
f) Cooperação – é o sentimento dos membros da organização sobre a existência de um
espírito de ajuda, tanto por parte das lideranças quanto dos demais colegas, é colocada
ênfase no apoio mútuo;
g) Conflito – é o sentimento de que os membros da organização, em todos os níveis, aceitam
opiniões contrárias e não temem enfrentar e solucionar problemas tão logo eles surjam.
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O modelo de Kolb (1986), com a definição de oito fatores, é uma ampliação do modelo de Litwin
e Striger:
a) Conformismo – sentimento de que há muitas limitações impostas pela organização; com
inúmeras regras, políticas, procedimentos, determina que o indivíduo deve se amoldar e
não fazer a sua maneira;
b) Responsabilidade – grau com que os trabalhadores podem tomar decisões e resolver
problemas sem consultar seus superiores em cada etapa;
c) Padrões – é a percepção dos membros a cerca da ênfase que a organização coloca nos
padrões de desempenho e se esses são objetivos desafiadores;
d) Recompensa – mede o nível de reconhecimento por um trabalho bem feito. Está
relacionado, também, com o nível de crítica e das punições.
e) Clareza Organizacional – percepção dos membros da organização de que os padrões e as
rotinas de trabalho estão organizados, assim como as metas claramente definidas;
f) Relações – sentimento de que as relações entre seus membros são positivas, que existe
confiança entre eles;
g) Cooperação – existência de um espírito de ajuda mútua entre os membros da organização;
h) Liderança – a disposição dos membros da organização em aceitar a liderança e a direção de
pessoa qualificada.
O modelo aplicado por Sbragia (1983), em um estudo de clima organizacional em uma instituição
de pesquisa, utilizou um instrumento de coleta de dados com 20 fatores;
a) Estado de Tensão – grau com que as pessoas agem e decidem de forma lógica e racional;
b) Conformidade Exigida – grau de flexibilidade que os membros têm dentro do contexto
organizacional, ou seja, como as normas e regulamentos são percebidos por seus membros;
c) Ênfase na Participação – grau de envolvimento dos membros da organização no processo
decisório e da aceitação de idéias e sugestões;
d) Proximidade da Supervisão – indica como o controle é exercido pelo supervisor e qual o
grau de autonomia que o empregado tem para definir os métodos de trabalho;
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e) Consideração Humana - indica o grau de humanização com que a organização trata seus
membros;
f) Adequação da Estrutura – descreve quanto o esquema organizacional facilita as ações das
pessoas, em termos de normas e canais de comunicação consistentes com os requisitos do
trabalho;
g) Autonomia Presente – reflete o grau de liberdade que as pessoas têm para tomar decisões;
h) Recompensas Proporcionais – descreve como as pessoas são recompensadas pelo trabalho
e quão justas são a política de remuneração e os planos de carreira;
i) Prestígio Obtido – indica a percepção dos membros da organização de como são vistos
pelos agentes externos;
j) Cooperação Existente – descreve o grau de confiança entre os membros da organização e o
quão boa é a relação entre eles;
k) Padrões Enfatizados – descreve a ênfase que é dada nas metas e os padrões de
desempenho;
l) Atitude perante conflitos – descreve o grau com que as pessoas estão dispostas considerar
opiniões diferentes e a explicar os conflitos existentes;
m) Sentimento de Identidade – explicita quanto as pessoas sentem que pertencem a
organização;
n) Tolerância Existente – indica como os erros das pessoas são tratados pela organização;
o) Clareza Percebida – descreve o quanto a organização informa seus membros sobre os
assuntos relevantes para eles;
p) Justiça Predominante – explicita o grau com que os critérios de habilidade e desempenho
são consideradas nas decisões da organização;
q) Condições de Progresso – descreve o grau com que a organização disponibiliza
oportunidades e estimula o crescimento profissional;
r) Apoio Logístico Proporcionado – indica o quanto a organização provê às pessoas os
recursos necessários para um desempenho adequado;
s) Reconhecimento proporcionado – descreve o quanto o desempenho diferenciado é
valorizado e reconhecido pela organização;
t) Forma de Controle – descreve o grau com que a organização usa indicadores de
performance para melhorias ao invés de usá-los para punições.
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Este modelo foi aplicado por Coda (1997) em diversas pesquisas de clima organizacional
realizadas em empresas públicas e privadas no Brasil. Foi utilizado um instrumento de coleta que
possui 10 fatores, conforme descrito a seguir:
a) Liderança – descreve o grau de feedback e orientação fornecido ao subordinado sobre seu
desempenho e assuntos de seu interesse;
b) Compensação – descreve o equilíbrio do pacote de remuneração, ou seja, amplitude dos
benefícios, relatividade com mercado, concessão de promoções por desempenho;
c) Maturidade Empresarial – compreensão dos membros da organização sobre o mercado,
concorrentes e expectativas dos clientes; valorização de altos padrões de desempenho;
d) Colaboração Entre Áreas Funcionais – descreve o grau de respeito e colaboração entre as
diversas áreas para atingir os objetivos da organização;
e) Valorização Profissional – estímulo ao desenvolvimento e crescimento profissional,
disponibilização de oportunidades de crescimento e promoção;
f) Identificação Com a Empresa – sentimento de pertencer a uma grande equipe em busca de
objetivos mútuos;
g) Processo de Comunicação – rapidez na comunicação de decisões, informações necessárias
ao bom desempenho das pessoas são disponibilizadas de forma clara;
h) Sentido de Trabalho – importância do trabalho realizado para os objetivos da organização;
i) Política Global de Recursos Humanos – RH – apoio fornecido pelas políticas de RH e
importância desta área;
j) Acesso – grau de acesso a outros tipos de trabalho ao longo da carreira.
O modelo proposto por Kozlowski (1989) possuí uma escala com 11 dimensões conform
descrito a seguir:
a) Estrutura do Trabalho – indica como são percebidas a organização e a estrutura do
trabalho;
b) Entendimento do Trabalho – indica quão claro são os objetivos para os membros da
organização;
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O modelo Great Place to Work Institute – GPTW, consultoria americana que atua no Brasil
desde 1997, não se propõe a avaliar o clima organizacional e sim estabelecer um conjunto de
fatores que permita a comparação do grau de satisfação dos empregados em diversas organizações
empresariais. Na verdade, conforme descreve Levering (1984), no início a idéia era verificar se
existia alguma correlação entre a satisfação dos empregados e desempenho econômico/financeiro
da empresa. Depois de entrevistar empregados em diversas empresas americanas o autor concluiu
que um excelente lugar para trabalhar é onde o indivíduo confia na organização, tem orgulho do
que faz e gosta das pessoas com quem trabalha.
O modelo proposto por Levering (1984) possuí cinco fatores: Credibilidade, Respeito, Justiça,
Orgulho e Camaradagem; apresentados a seguir:
a) Credibilidade – grau de acesso e abertura nas comunicações, competência em coordenar os
recursos humanos e materiais, integridade e consistência das decisões;
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LITWIN
FATORES KOLB SBRAGIA CODA KOZLOWISKI GPTM
STRINGER
Estrutura / Regras Sim Sim Sim - Sim -
Resp. / Autonomia Sim Sim Sim - Sim Sim
Desafios Sim Sim Sim Sim - Sim
Recompensa Sim Sim Sim Sim - Sim
Relações Interpessoais Sim Sim Sim Sim Sim Sim
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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pesquisa sobre isso do que aquela que faz pesquisa mas não tem grandes preocupações pelos seus
colaboradores, mas, a empresa que leva adiante as duas coisas, gestão do clima no dia-a-dia e
pesquisas periódicas com ações conseqüentes terá uma vantagem competitiva considerável.
Um dos fatores que levam as empresas a enfrentar a dificuldade de analisar o clima
organizacional é a necessidade de atender bem a seus clientes externos, ou seja, essa preocupação
não é gratuita. Baseia-se no fato de que, para atender bem a um cliente, o funcionário tem que
saber, poder e querer fazê-lo. A competência técnica cumpre a etapa do saber. O acesso aos
recursos necessários da conta do poder. Querer fazer depende do ânimo, do entusiasmo, do estado
de espírito, enfim, da satisfação das pessoas quando realizam o seu trabalho. É nesse ponto que o
próprio ambiente de trabalho pode motivar ou não as pessoas e comprometer a qualidade no
atendimento.
O Clima Organizacional não pode ser “criado” pela organização, no sentido literal de se
produzir alguma coisa num determinado momento, mas é algo que já existe, vivo e atuante, dentro
dela, resultante, principalmente, de fatores internos, das decisões tomadas e da maneira como o
pessoal é administrado pelos seus chefes, está ligado, diretamente, à maneira como o colaborador
percebe a organização com a sua cultura, suas normas, seus usos e costumes, como ele interpreta
tudo isso e como ele reage, positiva ou negativamente, a essa interpretação.
Também não podemos esquecer que, sendo a organização um verdadeiro universo de
diferentes interesses, conseqüência de posturas pessoais e profissionais diferenciadas, modo de
vida diversificado, maneira diferente de encarar o mundo, não existirá uma só empresa em que
todas as pessoas que dela participem tenham conceitos e valores uniformes. Não é correto
acreditar que todos, dentro da organização, frente às suas políticas, normas e costumes,
interpretem e reajam da mesma maneira, tenham os mesmos valores e a mesma intensidade de
aceitação ou rejeição sobre os mesmos aspectos ou acontecimentos da vida profissional e pessoal.
Chega-se a conclusão de o clima organizacional não é algo simples de ser analisado, mas,
trata-se de uma importante ferramenta de gestão que se bem utilizada pode agregar a organização
um grande diferencial competitivo.
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6. REFERÊNCIAS
BARÇANTE, Luiz César; CASTRO, Guilherme Caldas de. Ouvindo a voz o cliente interno:
Transforme seu funcionário num parceiro. Rio de Janeiro, RJ: Qualitymark, 1995.
CHANLAT, Jean- François. O indivíduo nas Organizações: dimensões esquecidas, vol. II, São
Paulo: Atlas, 1993.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 3. ed. São Paulo, SP: Atlas, 1993.
CODA, Roberto. Pesquisa de clima organizacional e gestão estratégica de recursos humanos. In:
BERGAMINI, Cecília W.; CODA, Roberto (org). Psicodinâmica da vida organizacional:
motivação e liderança. São Paulo: Atlas, 1997.
ETZIONI, Amitai: Organizações complexas: um estudo das organizações em face dos problemas
sociais. São Paulo: Atlas, 1976.
GAYOTTO, Maria Leonor Cunha; DOMINGUES, Ideli. Liderança: Aprenda a mudar em grupo.
Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1995.
PFEFFER, Jeffrey. Managing with Power: Politics and Influence in Organizations. Boston:
Harvard Business School Press, 1992.
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SCHNEIDER, B.; REICHERS, A. On the etiology of climates. Personnel Psychology, v.36, n.1,
p. 19-39, 1983.
SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Ed. Campus,
1998.
VERBEKE, W.; VOLGERING, M.; HESSELS, M. Exploring the conceptual expansion within
the field of organizational behavior: organizational climate and organizational culture. Journal of
Management Studies, v.35, n.3, p.303-329, 1998.
WOOD Jr, Thomaz. Executivos neuróticos, empresas nervosas. São Paulo: Negócio Editora,
2002.
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