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KANAANE, Roberto in COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES, Cap. 01 – Editora Atlas
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quanto nas condições estabelecidas pela própria organização, como fator fundamental
na determinação das concepções sobre o trabalho e na caracterização do mesmo nos
respectivos momentos históricos da sociedade industrial. E é aí que fica ressaltada a
importância da Antropologia nas organizações, que propicia a compreensão daquilo
que conhecemos por cultura organizacional.
Os estudos desenvolvidos por Taylor, no âmbito da organização e
racionalização do trabalho, trouxeram à tona um aspecto que ainda hoje perdura nos
sistemas contemporâneos de produção: a noção da divisão de trabalho. Este conceito
refere-se à divisão cartesiana dos meios de produção, no sentido de fazer prevalecer o
controle do próprio trabalho por parte daqueles que o administram - o administrador
científico - e também a especificação da execução do trabalho por aqueles que o
protagonizam. Fica dessa forma configurada a apropriação dos meios de produção por
uma classe pensante, que subordina a classe executora/operacional aos parâmetros
determinados e estabelecidos pelos primeiros. Evidentemente, esta configuração leva-
nos a considerar que a divisão do trabalho preconiza a divisão da sociedade em
classes sociais, reforça as diferenças sociais e estabelece limites que de certa forma
atuam como barreiras demarcadoras da ascensão social do indivíduo em dado
sistema de produção.
O conceito de trabalho produtivo está relacionado à questão da produtividade -
que encerra uma concepção ideológica - e implica necessariamente a consideração de
dois conceitos básicos: o de racionalidade e o de racionalização do trabalho. Tais
conceitos exigem que tenhamos equalizado as questões de tempo e logicidade em
prol da apropriação dos meios de produção. Como conseqüência, temos que visualizar
o trabalho em um sistema socioeconômico preciso, e em um modo de produção
concreto, sendo que ambos se inter-relacionam, fazendo surgir diferentes concepções
acerca dos sistemas econômicos que embasam os respectivos sistemas de produção:
sistema capitalista de produção, sistema social-democrata de produção, entre outros.
Ao se abordarem as questões referentes aos sistemas de produção e os
determinantes socioeconômicos, esbarram nos padrões internacionais que assinalam
a importância da qualidade nos processos de produção e a organização social do
trabalho. Os anos 90 fez surgir à preocupação com a qualidade de vida do trabalhador
e por extensão a qualidade do produto, como pré-requisitos para o passaporte do
Brasil para a internacionalização da economia, principalmente no que tange à
competitividade de mercado. Um dos mecanismos adotados pelas empresas, hoje,
refere-se à ISO-9000 (que tem como objetivo básico credenciar as organizações no
tocante aos padrões de eficiência e eficácia; o certificado ISO constitui-se num
passaporte para o mercado internacional). Tal sistemática vem sendo assimilada
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