ESTRATÉGIAS EM SERVIÇO SOCIAL
objeto de intervenção profissional
 O ponto articulador de todos os
textos é a permanente relação
entre história, estratégias e teoria.
 Essa relação permite desvendar
as relações e os significados das
posturas teóricas.
Nos textos se discutem as estratégias
de fortalecimento dos sujeitos, o
trabalho das relações de força para que
se possa desvendar e construir
mediações de mudanças de trajetórias,
sem os equívocos do voluntarismo e do
determinismo
ACERCA DO OBJETO DO SERVIÇO
SOCIAL: uma proposta de
desconstrução no contexto brasileiro
O objetivo desse capitulo é o de
situando teórico-historicamente os
momentos marcantes do processo de
descontinuidades e rupturas na
articulação do objeto do Serviço Social
ao longo de sessenta anos (se trata de
uma compreensão global)
Ele faz uma retrospectiva histórica com
o objetivo de ao mesmo tempo
desconstruir e construir o objeto do
Serviço Social
Discutir o objeto é inesgotável pela
mesma dinâmica de sua inserção
histórica e teórica, podendo-se
construir e desconstruir o objeto de
intervenção profissional, conforme as
diferentes perspectivas de análise nas
diversas conjunturas. (existe várias
compreensões influenciadas pela
conjunta histórica)
 Situando metodologicamente a
questão, é somente através da
perspectiva histórica que é possível
a construção e desconstrução do
Perspectiva Marxista que analisou o
capital, tomou como ponto de partida o
capitalismo na Inglaterra, na época o
mais avançado estruturado, para
desconstruir a história das relações de
classe antes do capitalismo
Atualmente o Serviço Social inscreve-se
num contexto que enfrenta as
constantes mudanças políticas e
econômicas, que alicerçadas no ideário
neoliberal, colocam a profissão diante e
um cenário regressista. Elevam-se as
terceirizações, privatizações e
alterações na relação capital e trabalho.
 o serviço social nesse contexto se vê
necessitado de reprocessar seu objeto
de intervenção referindo-o às situações
de desemprego, desresponsabilização
do Estado e responsabilização dos
indivíduos, e das novas gestões das
políticas sociais.
NO CONTEXTO DA DECADA DE 30
SS – 1930 - BRASIL – Capitalismo
dependente, burguesia
agroexportador, industrialização
incipiente // ascensão Getúlio Vargas //
mudanças no plano conhecimento
cientifico, no meio cientifico e
profissional predominou a biologização
social com uma influencia na moral e
ordem com base na igreja católica.
A desconstrução/ construção do objeto
do SESO nesse contexto se alicerça
tanto no processo conservador de
manutenção da ordem como no
processo renovador de mudança no
comportamento em função da norma.
O OBJETO DO SS – atua em 3
dimensões: politica, econômica e
cultural. Atua nas famílias e nas
pessoas para higiene, moral e inseridos
na ordem social.  Era a ordem social
para harmonizar as classes sociais e
edificar a “boa família” o “bom
operário” e o “homem” e a “mulher
sadios”
NO CONTEXTO DA DECADA DE 40 E 70
 Novo processo de
construção/desconstrução do
objeto de intervenção profissional
40/50- Mudanças na regulação
econômica, bipolarização do mundo
entre regimes capitalista e socialista,
Welfare State, aplicação de grande
quantidade de conhecimentos dos
esforços bélicos, abriu espaço no
mundo filosófico para o existencialismo
e o estruturalismo. O capitalismo
brasileiro no contexto de
desenvolvimento- desenvolvimentismo
no brasil JK
O OBJETO DO SS: sofre inflexões
significativas.  Não tendo mais como
eixo a ordem moral ou a higiene,
melhoria das condições de vida, do
meio e da comunidade deveria se dá
pela articulação da harmonia na relação
estado/sociedade “unido pelo bem
comum”. Exemplo dessa construção
teórica metodológica deveria ser vista
na formação de clube de mães. LBA –
os assistentes sociais trabalhavam com
as mães nesse clube, para mudar a
forma de cuidado em relação aos filhos
e proporciona condições para inserção
da mulher no mercado de trabalho.
(PUERICULTURA COM POLICULTURA E
PREVENÇÃO)
O EIXO TEÓRICO / PRÁTICO -1940 -
CONSISTIA EM MELHORAR O MEIO E AS
CONDIÇÕES IMEDIATAS
O EIXO TEÓRICO / PRÁTICO -1930 –
CONSISTIA NA MUDANÇA DO
COMPORTAMENTO DO INDIVÍDUO E
DA FAMÍLIA.
1970 – apresenta uma síntese de
modelo (elaboração funcionalista) :
meio / personalidade - tende articular a
intervenção individual com a
intervenção comunitária e grupal , um
método único de intervenção com
“diagnóstico/tratamento/avaliação”
Obs – o funcionalismo no SS priorizava
a descoberta dos fatos, a existência
material. A realidade dos eventos
deveria ser encontrada em suas
manifestações no presente, por isso a
importância do trabalho de campo e da
observação participante.
O EIXO TEÓRICO-PRÁTICO
Tanto no período democrático como na
ditadura predominou uma visão liberal
da intervenção social, embasada no
esforço individual que consiste na
ênfase no “EU” do indivíduo, na
estimulação do esforço individual
(melhorar a si) ou comunitário (o meio)
- forte influência do Serviço Social
norte-americano  Essa perspectiva na
teorização norte-americana foi objeto
de crítica no livro Metodologia e
ideologia do trabalho social.
Visão desenvolvimentista do processo
social, ancorada na ideia de
crescimento econômico, pressupunha a
integração participativa de grupos ao
projeto hegemônico, articulado pelo
estado e concretizando variedade de
projetos locais, como habitacional que
o Seso se engaja. Na área rural o
serviço social ajudou a melhorar
condições de trabalho.
 O reforço dos valores dominantes
pressupunha o reforço da crença de
que todos podem se juntar para um
trabalho consensual em benefício
de “todos”
Na década de 1960, emerge uma crise
ideológica e política, no bojo de um
questionamento mais geral da
sociedade e da própria eficácia desse
modelo, que implicou desconstrução e
construção do objeto de intervenção
profissional
Questiona-se o caráter importado do
Serviço Social, sua ligação com as
classes e valores dominantes, a comportamento ou o meio, mas
dominação de classe presente, a contribuir para organização e
burocratização do Serviço Social.
 O questionamento duplo da
ideologia do esforço e do consenso,
a perspectiva e a prática de
transformação social através das
lutas sociais foram gerando um
processo de aproximação e de
aliança entre trabalhadores ou
assistentes sociais e as classes
trabalhadoras, traduzido na
construção de um processo de
compromisso entre profissionais e
povo e no trabalho do conflito e da
crítica, como base da intervenção
em Serviço Social. – base para o
movimento de reconceituação do
SESO
No bojo desses movimentos há uma
preocupação com o desenvolvimento
teórico do seso ao mesmo tempo que
a preocupação com a dimensão crítica
e política.
O objeto da intervenção passa a ser
construído/desconstruído
historicamente nessa correlação
de forças
O que desconstrói o objeto é sua
inserção teórica e prática nessa
disputa de posições político- teórica,
nesse enfrentamento de paradigmas
da compreensão da sociedade, de sua
estruturação e mudança: é assumir a
perspectiva do conflito, uma visão
política
 Uma parte do Serviço Social crítico
dos anos 80 assume uma
identidade completa com os
movimentos sociais, tendo como
objeto não mudar o
mobilização social nas lutas
específicas.
 Nos anos 90, há a mudança na
dinâmica dos próprios movimentos
sociais, com mais engajamento de
sujeitos específicos (mulheres,
vítimas, negros, gênero), assim, o
Serviço Social desconstrói e constrói
a questão da luta de classes tal
como colocada nos anos 60.
Passa a ser exigido do assistente social
uma ampliação do seu trabalho
administrativo, para que o profissional
se torne um burocrata (administração
de papéis, de convênios, faça inspeção
de entidades, se está de acordo com as
normas e com a regulamentação e
fiscalize as entidades que fazem
convênios com o governo)
Abre-se um campo de intervenção
diversificado de prestação de serviços
de informação, organização, formação,
intercâmbio;
Diante das novas configurações dos
movimentos sociais, exige-se que os
profissionais
repensem as relações entre sociedade,
cultura, economia e subjetividade,
implicando uma articulação mais
complexa na construção de estima de
si, da identidade individual e coletiva,
na defesa de seus direitos e busca de
sua autonomia;
Fortalecimento ou empowerment
como objeto de intervenção
profissional (perda de poder das classes
subalternas, enfraquecimentos dos
sindicatos, acentuação da
competitividade individual)
CAPITULO II
 Tem como objetivo recolocar a
questão do objeto do Serviço Social
no momento em que se procede a
uma nova reforma curricular,
iniciada em 1993, após quatorze
anos de experiência com o currículo
implantado em 1982.
Nesses quatorze anos, a sociedade
brasileira vem experimentando grandes
mudanças decorrentes tanto do
processo de consolidação democrática,
que tem como marco a constituição de
1988, como do processo de
globalização econômica e redução do
Estado, desencadeado no governo
Sarney, acelerado no governo Collor e
continuado no governo de Cardoso;
 O capítulo traz o debate acerca do
objeto do Serviço Social a partir de
referências históricas necessárias,
incluindo a contribuição do autor
A CONSTRUÇÃO DO OBJETO
O livro de Josefa Batista Lopes (objetos
e especificidade do Serviço Social –
pensamento Latino-Americano (1979)),
analisa a diversidade
dos objetos, destaca duas grandes
possibilidades de construção do objeto,
dicotomizando-as em perspectiva da
integração social e perspectiva da
libertação social.
Iamamoto (1975) - a profissão como
função de controle e legitimação do
pode dominante. Sendo constituído
como instrumento do capital, pode
virar instrumento a serviço dos
trabalhadores. Mota (1991) parte dessa
mesma visão.
Netto (1992) afirma que cabe apenas
ao SS responder as demandas sociais
prático empíricas isso significa dizer
que em qualquer hipótese, o Serviço
Social não se instaurou como núcleo de
produtor teórico específico,
permanecerá profissão, e seu objeto
será um complexo heteróclito de
situações que demandam intervenções
sobre variáveis empíricas. Sendo assim
reduz a profissão apenas a executiva.
A consideração do SESO como uma
práxis social na relação sujeito/objeto
está presente em Faleiros (1981) e é
retomada por Myrian Baptista (1995)
 Baptista considera que o objeto da
intervenção profissional do assistente
social é o segmento da realidade que
lhe é posto como desafio, aspecto
determinado de uma realidade total
sobre o qual irá formular um conjunto
de reflexão e de proposições para
intervenção.
Maciel e Cardoso (1989) também parte
da práxis vendo o seso como uma
pratica na política.
Dias (1982) que vê o assistente social o
intelectual orgânico formulado pela
teoria gramsciana.
A definição da especificidade da
profissão e sua particularidade só se
define no contexto mais geral de uma
totalidade que precisa ser
desconstruída, analisada em suas
partes, em sua dinâmica, nas relações
de forças em presença, no confronto de
projetos e organizações para manter a
ordem, transformá-la, reconstruí-la, na
articulação de alianças e blocos
históricos em que se definem as
estratégias.
INSTITUIÇÕES E PODER
As reflexões sobre poder institucional e
o saber profissional vão recolocar a
questão do objeto profissional numa
ótica que aquela exclusiva de classe
contra classe, mas articulada a ela na
análise das relações de poder,
hegemonia e contra-hegemonia.
 A pesquisa sobre instituição e o
Seso realizada o Nordeste trouxe a
luz a discussão sobre esse objeto
construído institucionalmente na
dinâmica das forças e interesses
institucionais.
A construção do objeto implica, tanto a
análise das questões mais gerais
(economia, instituições, políticas) como
dos micropoderes (lógica dos atores
sociais).
É numa complexa rede dominação e
resistência que se condicionam e
constroem considerando-se as
estratégias da ação profissional, ao
mesmo tempo as condições objetivas e
os recursos e dispositivos de ação dos
atores em presença.
Implementação das politicas sociais
para aqueles que necessitam desse
serviço
A PROTEÇÃO SOCIAL
Costa (1995), define proteção social
como sendo “um conjunto de
acontecimentos datados
particularidade, sempre circunscrito, e
localizados, identificados em sua às
regularidades voltadas para a defesa de
grupos e indivíduos em situação de
não-autonomia quanto a sua
sobrevivência.  Campo teórico de
interesse do Serviço Social mas que
pode muitas vezes se limitar aos
conceitos de “ajuda social”,
fragmentando o processo de trabalho
profissional.
No entanto, Faleiros critica Costa, pois
considera que do ponto de vista da
atuação profissional interventiva, o
foco do trabalho não é apenas
descobrir regularidades e padrões
como propõe Costa, mas trabalhar
estratégias de intervenção nas
diferentes trajetórias individuais e
coletivas que se produzem nas relações
sociais.
A QUESTÃO SOCIAL
A reforma curricular da ABESS/CEDEPSS
(1996) Assume a particularidade do SS
como que a especialização do trabalho,
inscrito na divisão social e técnica e
está organicamente vinculada às
configurações estruturais e
conjunturais da “questão social” e às
formas históricas de seu relações estruturais superestruturais do
enfrentamento. poder e suas manifestações concretas
nas relações do dia-a-dia.
 No contexto brasileiro segundo o
documento a questão social se A construção do objeto profissional é
traduz como “conservação, um processo político, teórico, histórico,
reatualização e aprofundamento imbricado e implicado tanto nas
da desigualdade”, dentro dos relações sociais como também nas
padrões de acumulação capitalista. relações particulares específicas e
gerais do campo das políticas e serviços
A expressão questão social é tomada
socias e das relações interprofissionais.
de forma muito genérica, embora seja
utilizada para definir uma - O foco da intervenção social se
particularidade profissional. constrói nesse processo de articulação
de poder dos usuários e sujeitos da
Surge na França em meados do século
ação profissional no enfrentamento das
XIX, diante das lutas dos operários e
questões relacionais complexas do dia,
das repressões sangrentas.
pois envolvem a construção de
No movimento de reconceituação estratégias para dispor de recursos,
recoloca- se a questão da luta de poder, agilidade, acesso, organização,
classes e o Serviço Social também informação e comunicação.
colocando a questão social, não como
A construção e desconstrução das
abolição da propriedade privada, mas
mediações no processo de fragilização
sim como processos de lutas e
e fortalecimento do poder implica um
movimentos sociais.
instrumental operativo para captar as
QUESTÃO SOCIAL TEM VARIOS relações e elaborar estratégias que
SIGNIFICADOS constituem o campo de uma profissão
de intervenção social na constante
Do ponto de vista epistemológico a
relação teoria/prática
questão social precisa ser vista à luz de
diferentes paradigmas
Na conjuntura contemporânea o
enfrentamento de interesses, grupos e
projetos num processo complexo de
relações de classe, gênero, culturas,
entre outros, trazendo à discussão as
mediações da subjetividade e que não
se resumem tout court na noção de
questão social.
FORÇAS E MEDIAÇÕES
É na perspectiva relacional que é
possível visualizar a questão do objeto
profissional sem perder a referências às