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Servico Social brasileiro:
cenarios e perspectivas nos anos 2000
2. Concordamos com Dias (1999), ao afirmar que [...] “todo processo conhecido como
reestruturagao produtiva nada mais é do que a permanente necessidade de resposta do capital
as suas crises. Para fazer-lhes frente é absolutamente vital ao capital — e aos capitalistas —
redesenhar nio apenas sua estruturagio econdmica”, mas, sobretudo, “reconstruir permanente-
mente a relagio entre as formas mercantis e o aparato estatal que lhe dá coeréncia e sustentação”.
3. Sobre o tema, ver o instigante ensaio de José Paulo Netto no posfácio a segunda edição
de Estruturalismo e miséria da razio. NETTO, J. P. Posfécio. In: COUTINHO, C. N. Estruturalismo
¢ miséria da raziio. 2. ed. Sio Paulo: Expressio Popular, 2012. Igualmente, o já clássico livro de
Harvey, Condigiio pds-moderna. HARVEY, D. Condigio pds-moderna. São Paulo: Loyola, 1993.
MOTA « AMARA,
6. Para um exame mais completo sobre essa discusséo, ver CASTELO, R. O social-liberalismo.
Auge e crise da supremacia burguesa na era neoliberal. São Paulo: Expressio Popular, 2014.
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CENÁRIOS, CONTRADIÇÕES E PELEJAS DO SERVIÇO SOCIAL
BRASILEIRO n
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MOTA * AMARAL
38
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— Especial estamos nos referindo à necessária transfom)léçãº
s programáticas
das competências profissionais forjadas pelas nova
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das políticas sociais, transformações estas q_ue tomam
conjunto de saberes que devem ser concebidos como co-nhemmentos
científicos, objeto de sistematizações, transmissão geracional, profis-
7. Sobre o tema, consultar a tese de doutorado de Marcia Regina Botão Gomes, Servigo
Social nas “consultorias empresariais”: entre o avango da profissio e o retrocesso das condigbes de tra-
balho, orientada por Dra. Lucia de Barros Freire, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2014.
MOTA * AMARA,
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12. Aqui cabe lembrar os ensinamentos gramscianos de que os elementos desta cultura
estão organicamente vinculados aos processos societdrios mais amplos e, portanto, as disputas
classistas. Nesse contexto, a anilise de correlagio de forgas indica que as classes dominantes
dispoem de uma fileira de intelectuais e intermedidrios que se antecipam aos momentos de
crise e formulam projetos, criam prticas e politicas capazes de trazer para suas trincheiras s
saidas provis6rias para o acirramento das contradigdes.
CENÁRIOS, CONTRADIÇÕES E PELE
JAS DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO
é
113. Sobre as particularidades do Serviço Social brasileiro, tematizado como profissão e área
de produção de conhecimentos, consultar Mota, A. E. Serviço Social brasileiro: profissão e área
do conhecimento. In: Katdlysis, Florianópolis, v. 16, número especial, 2013
MOTA * AMARAL
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a pro sional,
fisSocial.
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“fogo amig; o” do Servigo Social brast : ibil idades de con-
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político que — por desconhecimento ou op6ã
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no ambiente acadêmico e profissional uma
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tic a, o que oco rre é um a ressigni ficagao da direçã
Na pré ando de seus propósitos
e
projeto ético-político p rofissional, pinç
pondem pela totalidade
princípios aspectos e formulações que na o res
uma sup! osta frente ampla em
da direção estratégica da profissão, sob
defesa do projeto ético-politico.
eristicas da pratica politica
E preciso saber distinguir as caract
sub alternas e setores
ante as necessidades imediatas das classes
pauperizados, das formulagdes teérico-metodolégica
s e projetais
a ordem social,
que, vincadas pelo idedrio de construg 30 de outr
fenomenos,
permitem apanhar criticamente a imediaticidade dos
es e
identificando (como tratamos nos idos dos anos 1990) as relago
determinagdes subjacentes a capilaridade das demandas, descons-
o,
truindo-as enquanto objeto de conhecimento e não as cristalizand
exclusivamente, como novos objetos de intervengao, como postula
o pragmatismo responsavel, entre outros, pela “fetichizagdo” de
exigéncias técnico-profissionais e pela tendéncia de tecnificagao do
Servigo Social brasileiro.
—> Advém dai a preocupação emdemarcar as distinções entre a
dir_ngrª interventiva, comprovadamente objeto de fecundas sísg?-
%?É e campoda implementação de estratégiase táticas refe-
ríxgaldªp_ejg,p;ojegg ético-político profissional que Permitérfi por
em movimento direitos sociais, politicas, lutas e práh'cáá sociais, e a
Pºíl“,iª_ª_ªº,'"ª—ºªl (onde se incluem a prática profissional e a
formação), cuja relaçãode unidade com1.real
a idade não supõe a
subt raa çã
da relativ o da profissão nem a possibilidade
autonomia
CENÁRIOS, CONTRADIÇÕES E PELEJAS DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO
o
de e construçdeãoum conhecimento
to organicamente vinculado à crítica
dos meandros e fet
fehches que permitem a produção mgrod
e ugao dª
s&aedade burg esa.
O exercicio da sempre relativa autonomia profissional (lamamoto,
2007, p. 415; Mota, 1985, p- 129; Mota e Amaral, 1998, p. 42) é um
esforgo continuo que evidencia os limites e as possibilidades da in-
tervengao. Se, do ponto de vista da inserção do profissional de Ser-
viço Social nos processos e relações de trabalho, temos o estabeleci-
mento da relagao de controle e subordinagio, a natureza da relativa
autonomia técnica e tedrico-politica do profissional requer outras
mediagdes, afora a das relagdes de trabalho.
Referimo-nos a mediação das consciéncias individual (lasi, 2006)
e coletiva do sujeito profissional, ao dominio das categorias ontoló-
gicas e reflexivas explicativas dos fendmenos e ao conhecimento das
suas manifestagdes objetivas. Também, ao dominio institucional-legal
das politicas e aos processos a estas relacionados, cujas competéncias
profissionais para operar sinteses, proposi¢des, articulagdes e nego-
ciações (compativeis com cada estégio de dominio do objeto e per-
meabilidade socioinstitucional) são uma exigéncia teórica e operativa.
Somente sob essas condigdes pensamos ser possivel ampliar,
enriquecer e saturar de determinacdes as demandas profissionais que
emergem da complexa e contraditéria conjuntura de uma visao his-
térica e da critica radical.
Na auséncia dessa competéncia intelectual, que requer reflexao,
estudo, pesquisa e dominio de informagdes sobre a realidade, ganham
projecdo técnica a avaliagao e o julgamento dos resultados da ação
que, quase sempre, recaem na constatagao da impossibilidade de
utilizagio da teoria social critica, de inspiragao marxiana, para tratar
os fendmenos contemporéneos. Isso ocorre porque alguns profissionais
procuram na teoria marxiana inspiração para orientar ou instrumen-
tallzar mndmfanwnh’ as demandas profl;smna.bdn.dm_a_dm Assim,
atéad\ogam a pertinéncia do marxismo para explicar as macroestru-
l’uras mas praticam o praj namp e 0 empirismo para “J,LLQLJL&
requisitos da agao, sem mediagoes de qualquer ordem.
MOTA * AMARAL
EM
Referências
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