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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL
GRADUAÇÃO DE SERVIÇO SOCIAL

GILVÂNISSON RAFAEL SANTOS DE LIMA

A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES PARA


O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
(OSC’s - COMUNIDADES TERAPEUTICAS) E SEU FINANCIAMENTO NO ESTADO
DE ALAGOAS

Maceió – AL
2023
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GILVÂNISSON RAFAEL SANTOS DE LIMA

A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES PARA


O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
(OSC’s - COMUNIDADES TERAPEUTICAS) E SEU FINANCIAMENTO NO ESTADO
DE ALAGOAS

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade de Serviço Social, Campus
A. C. Simões, como parte dos requisitos necessários à
aprovação na disciplina de Oficina de Trabalho de
Conclusão de Curso, ministrada pela Professora
Mariana Alves de Andrade.

Maceió - AL
2024
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 4
2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 4
3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA .................................................. 5
4 OBJETIVOS ............................................................................................ 6
4.1 Objetivos gerais .................................................................................... 6
4.2 Objetivos específicos ........................................................................... 7
6 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 7
7 METODOLOGIA ..................................................................................... 7
8 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ......................................................... 8
9 DEPENDÊNCIA QUÍMICA E AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS.... 8
9.1 Políticas públicas frente a questão das drogas.................................. 9
10 A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA COMUNIDADE
TERAPÊUTICA ...................................................................................... 10
11 A RELATIVA AUTONOMIA DO ASSISTENTE SOCIAL NA ESFERA
DO TERCEIRO SETOR ......................................................................... 10
12 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS COMUNIDADES
TERAPEUTICAS..................................................................................... 12
13 FINANCIAMENTO DESTINADO AS COMUNIDADES
TERAPÊUTICAS DO ESTADO DE ALAGOAS...................................... 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 14
REFERENCIAS........................................................................................ 15
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1. INTRODUÇÃO

A dependência química é uma doença reconhecida pela Organização Mundial


de Saúde (OMS), e que devido ao crescente aumento no número de pessoas
dependentes de substâncias lícitas (álcool) e ilícitas, torna-se um assunto alarmante
que traz preocupação à sociedade. A dependência química é uma doença de múltiplos
características, que geram vários distúrbios e transtornos físicos e mentais para o
indivíduo. Tendo isso em vista, nota-se que é um problema social, uma expressão da
questão social, e, portanto, necessita de uma ação interventiva dos assistentes
sociais, principalmente na prevenção.
Este documento é composto por alguns tópicos de uma investigação. No
primeiro momento é abordado os aspectos para o conhecimento da evolução dessa
problemática e a relação com as instituições para o tratamento da dependência
química (comunidades terapêuticas) e a luta para a compreensão desta como doença.
E em um segundo ponto, é abordado sobre a política pública de enfrentamento.
No próximo momento, é realizado uma discussão acerca da intervenção do
assistente social nas comunidades terapêuticas, seguido da argumentação sobre a
relativa autonomia do assistente social nessas instituições.
E por fim, o último tópico vai tratar da atuação do assistente social nestas
instituições, como se dá seu perfil e intervenções nessa esfera.

2. JUSTIFICATIVA

Essa pesquisa está fundamentada no eixo Serviço Social: Fundamentos,


Formação e Trabalho Profissional, e tem a finalidade de explorar e dar maior clareza
ao tema abordado. Embora, seja, inicialmente superficial, o presente o documento
busca contribuir com os debates acerca da atuação profissional dos assistentes
sociais nas instituições para o tratamento da dependência química (comunidades
terapêuticas) que são OSC (organização da Sociedade Civil), tendo em vista o
crescente aumento da dependência química no país, que se tornou um grave
problema de saúde e social.
Iremos abordar a dependência química e as comunidades terapêuticas, a
intervenção e papel do assistente social no âmbito dessas instituições. Refletir sobre
quais são as estratégias e intervenções usadas na atuação direta e a importância do
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serviço social nesses espaços em tempos desafiadores, é de extrema importância


para a sociedade, tendo em vista que se dá como uma expressão da questão social
e, portanto, objeto do Serviço Social.

3. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Sabe-se que, atualmente, o assistente social apresenta-se introduzido em


vários campos sócio-ocupacionais, dentre eles o da saúde mental, e nesse contexto
dentro das instituições de tratamento da dependência química, as chamadas
comunidades terapêuticas. Contudo, é um espaço pouco debatido e ainda visto por
algumas partes com um certo receio por conta da problematização necessária na
esfera das políticas públicas no que tange o Ministério da Saúde e o Ministério da
Justiça, que tem perspectivas distintas. O Ministério da Saúde tem como pauta a
redução de danos para álcool e outras drogas e o Ministério da Justiça através da
antiga SENAPRED (Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas), que
fora modificada, em 2022 para DACT (Departamento de Apoio as Comunidades
Terapêuticas) e em 2023 teve o nome da pasta novamente alterado para DEPAD
(Departamento de Entidades de Apoio e Acolhimento Atuantes em Álcool e Drogas),
que prioriza a internação nas comunidades terapêuticas em uma perspectiva de
abstinência total e religiosidade.
Com isso, evidencio neste documento, através de algumas páginas, uma
investigação baseada na Política Nacional Sobre Drogas, Política de Saúde e seu
financiamento.
A questão da saúde mental e o confronto direto do uso abusivo de substâncias
psicoativas evidenciam desafios, de uma totalidade relevante na contemporaneidade,
requerendo uma conduta multidisciplinar e uma análise aprofundada das políticas
públicas que regem esses domínios. Esta pesquisa se propõe a investigar o campo
de interação entre a política de saúde mental, a política nacional sobre drogas e os
aspectos financeiros associados, direcionados às comunidades terapêuticas no
estado de Alagoas. O entendimento da composição desses três sujeitos é
fundamental para qualificar ou desqualificar a eficácia das intervenções, identificar
hiatos e sugerir melhorias no sistema de apoio aos indivíduos afetados por transtornos
mentais e dependência química.
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A política de saúde mental, enquanto componente essencial do sistema de


saúde, tem o intuito da promoção do bem-estar psicológico da sociedade e a garantia
do acesso apropriado a tratamentos e cuidados. Associado a isso, a política nacional
sobre drogas tem sua determinante nas diretrizes nacionais em conjunto com a
prevenção, tratamento e reinserção social dos dependentes de substâncias
psicoativas. Com a união dessas políticas, associada ao financiamento destinado a
essas OSCs (comunidades terapêuticas), se propõe a desempenhar um papel
importantíssimo na definição do alcance e da eficiência das ações voltadas aos
dependentes químicos.
Ao centralizar o olhar para o estado de Alagoas, essa pesquisa visa descrever a
conjuntura sobre as particularidades que influenciam a implementação do
financiamento destinado a essas comunidades terapêuticas em um contexto local e a
atuação dos assistentes sociais nessas áreas, para assim possibilitar uma melhor
compreensão acerca da atuação e atribuições do assistente social nas instituições
para o tratamento da dependência química (comunidades terapêuticas) e políticas
direcionadas ao enfretamento das drogas.
Além disso, tem o intuito de destacar a importância do assistente social e sua
atuação para a garantia de direito e suporte na ressocialização dos indivíduos, que
inúmeras vezes tem seus direitos violados. Somado a isso, existe a capacidade
profissional de modificar e se adequar as necessidades que lhe são apresentadas
afim de responder as contradições da sociedade e expressões da questão social.

5. OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral


Explicitar, com base no código de ética e projeto ético político do serviço social,
que o assistente social não deve limitar suas práticas e ações nas instituições para o
tratamento da dependência química (comunidades terapêuticas), entretanto, deve-se
levar em consideração alguns fatores econômicos e socias por parte do profissional,
para que ele aplique sua autonomia em continuar suas atividades sem ser assediado
moralmente dentro do campo de atuação e analisar as particularidades do
financiamento destinados as comunidades terapêuticas e sua efetividade no estado
de Alagoas.
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5.2 Objetivos Específicos


 Descrever e determinar o código de ética da profissão.
 Descrever e determinar o projeto ético político do serviço social, que é
explicitado na Lei de Regulamentação (Lei 8662/93).
 Analisar a relativa autonomia do assistente social nessa instituição.
 Analisar o financiamento as comunidades terapêuticas de Alagoas

6. REFERENCIAL TEÓRICO

Com base no código de ética do serviço social, a Lei de regulamentação (Lei


8.662/1993), a autonomia relativa no exercício profissional do assistente social, de Elis
Taborda, Lilian dos Santos e Mariana Pfeifer, As políticas públicas e as comunidades
terapêuticas no atendimento à dependência química e a intervenção do(a) assistente
social, de Alyne Borges Rodrigues de Morais, Nara Graziela Avelar Silva e Sara Regina de
Castro Rosa, e o Serviço Social e Saúde Mental: atuação do assistente social em comunidade
terapêutica, de Camila Biribio Woerner, o paradoxo do cuidado: segregação e controle
institucional de pessoas usuárias de álcool e outras drogas na região metropolitana de Maceió,
de Laura Fernandes da Silva, a presente pesquisa tem como objetivo explicitar e dar
melhor compreensão acerca do desempenho profissional do assistente social nas
comunidades terapêuticas sob o aspecto dos campos sócio-ocupacionais da saúde
mental, bem como sua autonomia nas instituições do terceiro setor e o funcionamento
dos repasses financeiro as comunidades terapêuticas do estado.

7. METODOLOGIA

A abordagem desse documento se realiza através de uma pesquisa bibliográfica


e documental, com base em artigos científicos, leis, códigos e matérias, que busca a
compreensão interpretativa para o desempenho do assistente social nessa esfera.
Para o embasamento desta investigação, fora visitada bibliotecas digitais, como:

 Google acadêmico
 Periódicos CAPES/MEC
 Sites jornalísticos – G1.com.br
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 Planalto.gov
 Repositório UFAL

8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES FEVEREIRO MARÇO


Levantamento bibliográfico X X
Leitura e resumos documentais X X
Elaboração do projeto de TCC X
(primeiro modelo)
Elaboração do projeto de TCC X
(segundo modelo)
Entrega do projeto de TCC X
(segundo modelo)

9. DEPENDÊNCIA QUÍMICA E AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

O uso de drogas é um assunto de extrema preocupação para nossa


sociedade, e a presença dessas substâncias levanta uma mobilização em massa,
visto que sua introdução no cotidiano populacional, de forma descontrolada
aumentou desastrosamente nos últimos anos. Fato que acomete homens e
mulheres de diversas faixas etárias e classes sociais.

Em 2021, a UNIAD, fora elaborado um levantamento que mostra que durante


o primeiro ano da pandemia e o ano seguinte, houve um aumento significativo nos
internamentos decorrente do uso de drogas ilícitas.

Nestes meses de isolamento social observou-se um expressivo aumento no


número de internações hospitalares decorrentes de drogas ilícitas. De acordo
com dados do Ministério da Saúde, os hospitais credenciados pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) tiveram um aumento de 54% em 2020 no atendimento
de dependentes químicos se compararmos a 2019. Este aumento é
preocupante pois, nos últimos anos, nunca foi registrado tamanho
crescimento. (UNIAD, 2021).

Visando debater a questão do crescimento brusco e desse órgão “parceiro”,


que são as CTs no enfrentamento das drogas, faremos uma breve discussão.
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9.1 Políticas públicas frente a questão das drogas

O debate sobre políticas públicas sobre drogas é de extensa complexidade,


não podendo limita-la ao conflito entre legalização e proibição. Contudo, uma boa
resposta é focar na prevenção e atenção aos usuários dessas substâncias, ou seja, o
Estado deve investir mais na conscientização dos cidadãos sobre as consequências
do uso e dependência.

Construir uma nova política sobre drogas é imprescindível para reverter o


quadro atual de violência, descaso e dependência química que atinge os
jovens no país. A população jovem é um dos segmentos mais expostos às
consequências do proibicionismo, da repressão e da criminalização do uso,
características que estruturam o modelo das políticas públicas sobre o tema
em todos os níveis de governo (PLATAFORMA POLÍTICA, 2020, p. 1).

Em caráter nacional, o principal instrumento normativo é Sistema Nacional de


Políticas Públicas sobre Drogas (Lei 11.640/19) que determina um regulamento para
o tratamento de usuários dependente destas substâncias proibidas e para a repressão
de sua venda e tipificando crimes ligados a droga com suas respectivas penalidades.
Existem uma variável quantidade de diferentes drogas, que necessariamente não
antecede a dependência ou provoca riscos a terceiros, contudo, se torna um tema
negligenciado.
Apesar do modelo que é aplicado e destinado às CTs, existe uma grande
contradição em parte destas instituições são corruptas ou não estão focadas na
recuperação destes indivíduos. Segundo o G1 (2022) essas comunidades recebem
milhões do poder público, mas não fazem o trabalho de cuidado, prevenção e
ressocialização que as mesmas se dispuseram. Para além disso, algo interessante e
para se indagar, é que os repasses à essas CTs estão ligadas a pasta de segurança
pública, e não a de saúde.
No Brasil, as CTs cresceram gradativamente e seguem modelos e critérios
recomendados pelo poder público. Algumas delas complementam seus serviços com
a inserção de profissionais especializados, como, médicos, psicólogos, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais etc., que foram adicionando e
reformulando técnicas ao repertório terapêutico.
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10. A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS INSTITUIÇÕES PARA O


TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA (COMUNIDADES TERAPÊUTICAS)

É fundamental destacar que os trabalhos em comunidades terapêuticas são


desenvolvidos com base na organização e particularidades das entidades. Para além
disso, outro ponto importante se dá pelo público atendido, como adultos,
adolescentes, idosos, homem e mulher, e a partir daí se monta um plano de ação e
atividades para cada instituição.
Essas unidades devem possuir uma capacidade, faixa etária, período de
acolhimento, regulamento interno, etc. além de uma equipe técnica, com o intuito de
ofertar um atendimento integral e observatório que dê prosseguimento a suas
demandas de forma qualificada.

Embora em alguns momentos algumas atividades acabem “sobrando” para o


assistente social, principalmente aquelas nas quais não há clareza com
relação a quem as executa. Nesses momentos é de fundamental importância
que o profissional tenha entendimento de suas atribuições embasado na
legislação pertinente para tal e no Código de Ética da profissão, de forma que
não seja absorvida por questões “urgentes” em detrimento das essenciais.
(WOERNER, 2015, P.179).

Inicialmente vale destacar que a função e reconhecimento do assistente social


no âmbito das comunidades terapêuticas se dá em um longo processo histórico de
luta, e que recentemente foi consolidado, tudo isso levando em consideração a
gênesis da profissão em seu caráter religioso e assistencialista, e não da luta e
garantia de direitos.
Durante sua atuação, o assistente social deve atuar na garantia de direitos, e
sua intervenção profissional ocorre junto com a realidade e seu processo de
reconstrução de forma periódica, tendo sempre um olhar crítico e uma escuta
qualificada. Contudo, sua intervenção tem como ponto principal a reinserção dos
dependentes químicos na sociedade e direcionar ou buscar parceiros externos que
possam qualificar os indivíduos que se encontram acolhidos nessas instituições

11. A RELATIVA AUTONOMIA DO ASSISTENTE SOCIAL NA ESFERA DO


TERCEIRO SETOR

A compreensão sobre o processo de trabalho do assistente social se dá por


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meio do referencial histórico e social que a profissão se desenvolve no contexto


brasileiro no decorrer de sua legitimação no país.
Diante de um ambiente de aumento exponencial das comunidades
terapêuticas, cria-se um novo panorama no mercado de trabalho nesses espaços
sócio-ocupacionais para o profissional do serviço social, entretanto, o crescimento
dessas instituições se dá pela lógica neoliberal, onde se dificulta e deteriora o as
políticas públicas, transferindo as responsabilidades do Estado para o setor privado.
Portanto, o assistente social passa atuar, também, nessas instituições, que em
sua maioria são de caráter religioso, e nessa perspectiva os responsáveis, donos,
pastores e/ou padres, ainda enxergam o serviço social como função assistencialista.
Nesse sentido, algumas vezes há uma resistência por parte da administração
da instituição na hora do assistente social aplicar os instrumentos teórico-
metodológicos, seu arcabouço teórico na prática profissional, tendo em vista que
algumas das instituições estão apenas para o recolhimento do repasse público e não
para a proposta principal para com o público alvo. Contudo, o profissional tem que
balizar algumas ações desempenhadas na instituição, e, aos poucos construindo uma
ponte sólida que chegue até o líder da organização.

Desta forma, os argumentos postos a descrição e a análise do processo de


trabalho do assistente social no Terceiro Setor, se faz mediante a
identificação de seu objeto de intervenção o qual diz respeito às expressões
da questão social postas na sociedade brasileira. (NEVES E OLIVEIRA,
2018, p. 8)

Portanto, se faz necessário demonstrar as expressões da questão social como


objeto de trabalho, como exemplo as consequências catastróficas da precariedade
estrutural da educação como uma das formas de inserção do ambiente do uso de
drogas.
A autonomia profissional também constitui um dos desafios contemporâneos
postos ao Assistente Social, mesmo garantida como um dos seus direitos no
Artigo 2º, alínea “h”, do Código de Ética de 1993: “ampla autonomia no
exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar serviços profissionais
incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções” (CFESS, 2003, p.
13). Também é necessário salientarmos que é imprescindível ultrapassar o
aspecto legal e considerar a autonomia no sentido de formular respostas
profissionais críticas, coletivas, articuladas necessariamente às
necessidades da classe trabalhadora e pautadas no projeto ético-político
profissional do Serviço Social (SOUZA, 2012).

Nesse sentido, independente do caráter público, privado ou filantrópico, essas


instituições também são espaços de lutas, entretanto a hierarquia estrutural destas,
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são fatores que limitam o assistente social em sua ação profissional.

Embora os assistentes sociais possam atribuir uma direção social ao seu


exercício, a interferência dos organismos empregadores ocorre através do
estabelecimento de metas, normas, atribuições, condições de trabalho e
relações de trabalho (IAMAMOTO, 2004, p. 18).

Diante disso, sabe-se que o núcleo do projeto ético-político tem como o


reconhecimento da liberdade como valor central, o compromisso com a autonomia, a
emancipação da classe trabalhadora na sociedade capitalista, ligado a um projeto
societário da construção de uma nova sociedade, posicionando-se a favor da
equidade e da justiça social.

Na busca constante e incessante por sua autonomia profissional, percebe-se


que o assistente social elabora estratégias de superação aos limites
institucionais e a competência teórica, política e técnica ainda têm sido as
melhores aliadas num espaço de tantas contrariedades. Neste ponto é que a
discussão da relativa autonomia profissional do assistente social coaduna
tanto com as polêmicas que envolvem a relação teoria / prática no serviço
social, haja vista que ter o conhecimento de como todo o instrumental ético-
político pode e deve ser aplicado na prática profissional é elemento essencial
para que o assistente social avance na conquista de sua autonomia
profissional nos espaços onde está inserido. (TABORDA, MANN E PFEIFE,
2015)

12. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS COMUNIDADES TERAPEUTICAS

O assistente social é um profissional que tem uma formação de caráter


sociopolítico, crítico e interventivo, onde, o mesmo se utiliza do instrumental científico
multidisciplinar das ciências humanas e sociais, para se fazer analise necessária na
proposta de intervenção em refrações da questão social.
Esse profissional é extremamente importante nesse âmbito, pois sua
introdução nas comunidades terapêuticas é decorrente de inúmeros direitos violados.
Sua função, seu papel garante o direito de ir e vir, além de atuar diretamente no
diagnóstico e debate das condições socias dos acolhidos dessas entidades.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação (CF, 1988).

Nesse sentido, o assistente social deve utilizar a pratica reflexiva, debatendo e


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trazendo o usuário para, juntamente, fazer uma reflexão social, de forma que este
individuo consiga compreender, na medida do possível, a mobilidade da realidade
social em que se está inserido.
Tendo isso em vista, nota-se que o assistente social que ocupa-se
profissionalmente em comunidades terapêuticas deve lutar pela garantia de direitos,
romper com a desigualdade, que se dá diante da barbárie do modelo econômico
capitalista que produz e aumenta a desigualdade social, tal como defender e lutar pelo
fortalecimento dos movimentos sociais e estar sempre em defesa dos direitos da
classe trabalhadora para brigar por uma sociedade livre e emancipada.

13. FINANCIAMENTO DESTINADO AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS DO


ESTADO DE ALAGOAS

Partindo de um contexto nacional, foi publicado um relatório em 2022, que


aborda o repasse de financiamento público para comunidades terapêuticas
espalhadas pelo Brasil entre os anos de 2017 a 2020. Esse estudo foi feito por duas
instituições em parceria, a Conectas Direitos Humanos e o Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento (CEBRAPE) e nos indica que o investimento do governo
federal nesse período foi de R$ 293 milhões de reais. Embora a pandemia tenha
impactado diretamente o aumento dessas verbas para repasse, surgiram novos
editais e vagas que indicavam uma recuperação nesse investimento.
Em uma base geral do país, Alagoas se destaca como um dos grandes
beneficiários desse investimento público. O documento aponta que cerca de R$33,5
milhões de reais foram destinados as comunidades terapêuticas entre os anos da
pesquisa (2017 a 2020), estando atrás, somente da grande São Paulo. Para além do
evidenciado nesse parágrafo, no que diz respeito a financiamento federal por
habitante, Alagoas liderou os estados recebendo R$ 465.000,00 por grupo de 100 mil
habitantes.
Entretanto, direcionado para Alagoas, sobre a transparência desses recursos,
não se é encontrado nenhum portal de transparência das OSC’s (comunidades
terapêuticas) sobre como é gasto o recurso, e nem a Secretaria De Prevenção A
Violência do estado de Alagoas repassa essas informações facilmente, esses dados
são repassados mediante contato prévio, e solicitado por email, onde, até a presente
data não obtive resposta sobre uma tabela de transparências de gastos de recurso.
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14. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo feito possibilitou compreender um pouco mais a atuação do assistente


social e sua relativa autonomia nas instituições para o tratamento da dependência
química (comunidades terapêuticas) e políticas públicas direcionadas ao
enfretamento das drogas.
Para além disso, essa pesquisa, enfatiza a relevância desse profissional e sua
atuação na garantia de direitos e ressocialização desses indivíduos, que
frequentemente tem seus direitos violados por algumas instituições.
Diante dessa constatação, o perfil do assistente social é compreendido como
uma combinação de experiencias e habilidades, com a capacidade de adaptar sua
abordagem profissional de acordo com as necessidades que lhe são apresentadas
afim de responder as contradições da sociedade e às expressões da questão social.
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REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CEFESS). Código de ética


Profissional do Assistente Social. Brasíliam 1993. Disponível em:
https://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf. Acesso em: 22 fev. 2024.

Comunidades terapêuticas recebem milhões do Poder Público para acolher


dependentes, mas submetem internos a castigos. G1, 2023. Disponível
em:https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/06/19/comunidades-terapeuticas-
recebem-milhoes-do-poder-publico-para-acolher-dependentes-mas-submetem-
internos-a-castigos.ghtml. Acesso em 15 fev. 2024.

Constituição de 1988. Disponível em: https://www10.trf2.jus.br/comite-estadual-de-


saude-rj/legislacao/constituicao-de-1988/ Acesso em 10 março 2024.

FIORE, Maurício et al. Financiamento público de comunidades terapêuticas brasileiras


entre 2017 e 2020. São Paulo: Conectas Direitos Humanos; CEBRAP, 2022. Disponível em:
https://www.conectas.org/wp-content/uploads/2022/04/Levantamento-sobre-o-investimento-
em-CTs-w5101135-ALT5-1.pdf. Acesso em: 20 de março 2024.

NEVES, S, L, S; OLIVEIRA, K, V, A, O. A prática do/da assistente social no terceiro


setor como luta e resistência. Disponível em:
https://periodicos.ufes.br/abepss/article/view/23377/16096. Acesso em: 23 fev. 2024.

MORAES, A, B, R.; SILVA, N, G, A.; ROSA, S, R, C. As políticas públicas e as


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intervenção do(a) assistente social. 2019. Disponível em:
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em:https://www.uniad.org.br/artigos/2-alcool/o-aumento-do-consumo-de-drogas-na-
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O trabalho do assistente social na prevenção da dependência química.


Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/saude/o-trabalho-doa-
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TABORDA, E; MANN, L, S; PFEIFER, M. A autonomia relativa no exercício


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março 2024.

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