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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA PAULISTA

SECRETARIA DE AÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

ALBERGUE MUNICIPAL/CASA DE PASSAGEM: ANÁLISE DA ESTRUTURA


ATUAL DO SERVIÇO PARA JUSTIFICATIVA E POSSIBILIDADES DE
AMPLIAÇÃO

Equipe Técnica e Coordenação


Albergue Municipal Maranata

2023
Sumário
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................................. 3
HIPÓTESE(S)........................................................................................................................... 3
JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 3
OBJETIVOS ............................................................................................................................. 4
Objetivo Geral: ..................................................................................................................... 4
Objetivos Específicos: .......................................................................................................... 4
METODOLOGIA .................................................................................................................... 4
RESULTADOS ......................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO
Por meio da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) de 1993, regulamentou-se o
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), como uma política não contributiva, dever do
Estado e direito de todo cidadão que dela necessitar, constituindo-se em um sistema de Política
de Proteção Social junto a outras políticas que visam promover cidadania. De acordo com
Santos (2011) para que as políticas públicas sejam levadas a termo considerando a diversidade
de interesses dos diversos atores públicos e privados, envolvidos na arena de disputas políticas
no seio da sociedade, cabe aos governos, nas suas diversas instâncias, cumprir de maneira
significativa o seu papel de agentes públicos de promoção da justiça social. O principal público
a ser trabalhado é a população em situação de rua, que de acordo com a Secretaria Nacional de
Assistência Social é definido como:
“A população em situação de rua é um grupo populacional heterogêneo,
constituído por pessoas que possuem em comum a garantia da
sobrevivência, por meio de atividades produtivas desenvolvidas nas
ruas, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a não
referência de moradia regular” (Brasil, 2006, p.24).
Esta população sofre portanto o processo de desfiliação social, que para Castel (1998),
é um processo de ruptura progressiva, no qual o indivíduo, ao não cumprir o compromisso
social nas relações de trabalho, é excluído pela sociedade, sendo marginalizado com a perda de
seus direitos sociais e reduzido a uma pessoa estragada e diminuída, reclassificado em outra
categoria social: vagabundo, preguiçoso, bêbado, mendigo, entre outros termos, nascendo daí
o estigma com o qual são marcados aqueles que vivem na condição de moradores de rua.
Atualmente enfrenta-se problemas como lotação e insatisfação quanto a entrada ao
serviço de acolhimento institucional “Albergue Maranata”, visto que o número limitado de
vagas não atinge a demanda dos usuários. A problemática principal é a falta de estrutura física,
visto que atualmente conta-se com 18 vagas, sendo 16 masculinas, 2 femininas. Em casos de
emergência, o equipamento possui 5 colchões reservas para ofertar, no entanto, atingir tal
demanda ultrapassa os limites impostos pela NOB-RH (2011, p.33), visto que a equipe de
referência deve ser disposta da seguinte maneira:
Assim sendo, demonstra-se por meio da estruturação das atividades e dos serviços de
PSE dados quantitativos, qualitativos e de contexto que revelam as principais atividades e
demandas para que assim seja possível a construção, articulação e análise a nível de Gestão
Municipal, visto que, tais fatos extrapolam os limites de atuação da coordenação e da equipe
técnica, pois o espaço físico e a disposição quantitativa da equipe de referência são limitadas.
De acordo com a Tipificação do serviço o acolhimento pode chegar em até 50 pessoas,
respeitando a proporcionalidade quanto à equipe técnica.

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PROBLEMA DE PESQUISA
Tendo em vista a Tipificação do serviço, seus usuários e as principais demandas
evidenciadas surge a questão: Quais as possibilidades para desenvolver maior abrangência e
efetividade na reinserção dos usuários na sociedade/família pela equipe técnica (serviço)? É
possível uma ampliação estruturada e efetiva de espaço físico e consequentemente de usuários
e equipe técnica qualificada?

HIPÓTESE(S)
Acredita-se que a expansão do espaço físico e da equipe técnica é uma alternativa para
maior abrangência do serviço. Além disso, o desenvolvimento das atividades pelo serviço de
PSE de média complexidade (Centro POP) é essencial para a continuidade no acompanhamento
dos casos pelas equipes técnicas, visto que com a estruturação de atividades para os usuários e
a articulação com a rede possam ser a alternativa para que o objetivo do serviço (reinserção,
superação da situação de vulnerabilidade social, potencialidades, fortalecimento de vínculos,
etc) sejam alcançados. É sabido que oficinas, grupos operativos ou de reflexão possam ser
ferramentas de transformação profundas que incentivem e fundamentem as tomadas de decisões
e autonomia dos usuários. Dessa forma, entende-se que em casos de alta demanda é necessária
uma maior articulação com a rede (Assistência Social, Saúde, Educação e convênios com outras
instituições) para que os serviços por si só se complementem e possam oferecer mais
alternativas e abrangência enquanto não são disponibilizadas vagas ou uma ampliação na
estrutura física e técnica.

JUSTIFICATIVA
Através da estruturação do trabalho da PSE no equipamento (Albergue Municipal)
pretende-se apresentar dados concretos do serviço para que sejam analisadas as estatísticas de
usuários em reinserção social e profissional e assim seja demonstrada a efetividade do trabalho.
O acolhimento ofertado necessita de um estudo diagnóstico detalhado de cada situação,
continuidade e estruturação para que os usuários possam reconhecer e potencializar ferramentas
que possibilitem a saída das ruas, isso é possível somente quando aspectos profundos são
transformados, muitas vezes, uma profissão não é suficiente para sustentar sua reinserção social
visto que anterior a isso está a autoestima, a autovalorização, a identidade, a relação com os
estigmas sociais perpetuados pela sociedade e os vínculos familiares há muito rompidos. Todos
estes aspectos estão submetidos ao tempo do processo que em média leva de 2 a 4 meses. É
necessário compreender que como outras áreas da rede pública, como a Saúde, o equipamento

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socioassistencial (Albergue Municipal) possui estrutura física e técnica limitada espacialmente
e quantitativamente, dessa forma, a liberação de vagas não acontece de forma imediata, pois
leva em consideração o processo de fortalecimento, superação da situação de vulnerabilidade e
conquista da autonomia do usuário.
Atualmente observam-se demandas nos usuários relacionadas à autoestima, abstinência
e labilidade emocional, saúde mental, falta de habilidades (práticas e sociais) para superação da
situação de vulnerabilidade/rua, vínculos familiares fragilizados. Outro fator que impacta o
trabalho é a falta de um automóvel e motorista habilitado para maior articulação de visitas e
suporte no acompanhamento.

OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Desenvolver a estruturação de um projeto de intervenção que possibilite a maior
abrangência do serviço de Proteção Social Especializado de Média e Alta Complexidade.
Demonstrar aos gestores como o trabalho está sendo executado pelo equipamento e quais os
resultados atingidos até o momento.

Objetivos Específicos:
- Objetivo exploratório: conhecer e identificar as principais demandas do serviço, para
desenvolver uma ação contextualizada e coerente;
- Objetivo descritivo: descrever e determinar as ações a serem desenvolvidas, espaços a
serem utilizados, temáticas a serem trabalhadas;
- Objetivo explicativo: Analisar e avaliar as ações desenvolvidas, assim como, seus
resultados, para que sejam compreendidos os desafios e aspectos potencializadores inerentes às
atividades propostas;

METODOLOGIA
As demandas e necessidades dominantes podem ser identificadas a partir da vivência do
serviço pela equipe técnica, por entrevistas com os usuários, bem como, a comparação e
entendimento da legislação vigente.
O projeto será desenvolvido principalmente nos estabelecimentos de Proteção Social
Especial de Alta complexidade, mais especificamente no Albergue Municipal Maranata (Casa
de Passagem).
Objetiva-se diversas modalidades de atividades, sendo elas:

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- Grupos operativos: O grupo operativo é uma abordagem que pode ser utilizada em
clínicas, escolas, organizações, comunidades e demais instituições, o que distingue é a tarefa
grupal. Mediados por atividades, os integrantes do grupo passam a interagir e se relacionar, e
no grupo operativo no cenário de ensino-aprendizagem, os indivíduos trabalham em relação a
um tópico (SANTOS et al., 2016).
- Oficinas profissionalizantes: Com o intuito de instrumentalizar os usuários para sua
reinserção do mercado de trabalho, objetiva-se efetuar parcerias e desenvolver cursos de pintura
texturizada, pizzaiolo, jardinagem, idiomas, técnicas de entrevista, educação financeira, etc.
Possibilidade de articulação com serviços de convivência e cursos ofertados pelo Fundo Social
do município.
- Grupos de reflexão: Rodas de conversa organizada pela equipe técnica com o intuito
de trabalhar aspectos referentes à saúde mental e demandas específicas, como identidade,
preconceitos, dependência química, emoções, estigmas sociais, família, etc.
Ex.: Rodas de conversa, sessão cinema; sessão de jogos (cooperatividade); meditação
guiada; mandalas criativas; filtro dos sonhos; danças circulares; etc.
- Planos Individuais de Acompanhamento (PIAs): O PIA é um instrumento que
auxilia no planejamento do trabalho social a ser desenvolvido com os usuários dos serviços
ofertados pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A elaboração do PIA favorece
possibilidades de Proteção Social, pelo desenvolvimento de ações focadas no indivíduo, mas
considerando sua família e comunidade (GESUAS, 2022).
- Palestras: Objetivando a aquisição e desenvolvimento de temáticas importantes,
como: redução de danos, higiene, DSTs, saúde mental, saúde bucal, aspectos nutricionais, etc.

RESULTADOS
Atualmente encontram-se pernoitando no equipamento aproximadamente 23 usuários,
portanto, o limite máximo de vagas. São ofertados pelo equipamento 16 vagas masculinas e 2
femininas. Caso haja situações emergentes existem em caráter de “reserva”, cinco colchões
sobressalentes para atendimento aos usuários, no entanto, não há camas para todos.
Dentre os usuários, encontram-se indivíduos que estão inseridos no processo de
reinserção a nível pessoal, burocrático, educacional, social e profissional, estes são usuários que
possuem naturalidade e vínculos familiares ou sociais (fragilizados/rompidos) no município
que foram encaminhados pelo Centro POP, pela equipe de Abordagem Social ou por outros
estabelecimentos da rede pública municipal. A eles são estabelecidos Planos Individuais de
Acompanhamento (PIA) e dessa forma, possuem a garantia de pernoite no equipamento até que

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sejam desligados ao conquistar a autonomia e independência financeira. Além deles, pernoitam
no equipamento usuários itinerantes que não possuem naturalidade ou vínculos no município,
utilizando o serviço de Casa de Passagem e demandas da Abordagem Social e/ou Guarda
Municipal que atende às denúncias ou ocorrências do município.
Na Tabela 1 constam os dados descritivos dos usuários atendidos e inseridos no Plano
Individual de Acompanhamento no ano de 2023, esses usuários foram inseridos no serviço entre
os meses de janeiro e março. Dentre eles estão usuários que abandonaram o serviço, que estão
sendo acompanhados atualmente, que foram desligados do equipamento por superação da
condição apresentada, casos específicos (pessoas em que estão sendo trabalhados os vínculos
familiares) e casos que são levados ao equipamento pela equipe de abordagem social.
Tabela 1.
Situação Masculino Feminino Total
Geral
Abandono 12 2 14
Acompanhamento 15 2 17
Desligado 3 1 4
Específicos 2 2
Via abordagem social 4 4
Total Geral 36 5 41

Na Tabela 2 constam dados descritivos e relacionados à reinserção profissional dos


usuários atendidos pelo serviço. No Gráfico 1 estão dispostos tais dados de forma ilustrativa e
percentual.

Tabela 2.
Situação: Acompanhamento

Status profissional Contagem de Nome do usuário


Empregado 12
Processo admissão 3
Desempregada - Gestante 1
Desempregado - Idoso 1
Total Geral 17

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Gráfico 1.

Na Tabela 3 estão dispostos dados descritivos relacionados ao tipo de entrada no


equipamento dos usuários que estão sendo acompanhados e estão Empregados ou em Processo
de admissão.

Tabela 3.
Situação: Acompanhamento

Situação/entrada no equipamento Contagem de usuários


Empregado 12
Demanda espontânea 2
Encaminhado pelo Centro POP 7
Via abordagem social 3
Processo admissão 3
Encaminhado pelo Centro POP 3
Total Geral 15

Pode-se analisar que dentre os usuários acolhidos, 15 estão em processo de admissão


ou empregados, destes 15, 5 estão sendo preparados e planejando seu desligamento, procurando
casas para alugar. Os demais usuários estão no processo de fortalecimento e efetivação pessoal
e profissional, necessitando de atingir passos anteriores ao aluguel de uma casa. Tais dados
podem ser vislumbrados no Gráfico 2.

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Gráfico 2.

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REFERÊNCIAS
Brasil, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional
de Assistência Sócia, Secretaria de Avaliação e Gesta da Informação. Relatório do I Encontro
Nacional sobre População em Situação de Rua. Brasília, 2006.
Castel, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Rio de
Janeiro, Vozes, 1998.
Santos, Gilberto, T. S. (2011). Políticas Públicas para a População em Situação de Rua.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola Nacional de Administração Pública. p.
1-44. Disponível em:
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3307/1/Gilmar%20Trindade%20dos%20Santos%2
0-%20Monografia%20vers%C3%A3o%20definitiva.pdf

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